Manual de Redacao e Estilo do Estadao - PDFCOFFEE.COM (2024)

EDUARDO MARTINS

3ª edição

© S.A. O Estado de S. Paulo Todos os direitos reservados

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Martins Filho, Eduardo Lopes, 1939— Manual de Redação e Estilo de O Estado de S. Paulo / Eduardo Martins. 3ª edição, revista e ampliada — São Paulo: O Estado de S. Paulo, 1997. 1. O Estado de S. Paulo (Jornal). 2. Jornalismo — São Paulo (Estado) — Manuais de estilo I. Título. 96—4983

CDD—808.06607

Índices para catálogo sistemático 1. Jornalismo: Redação e estilo: Retórica 808.06607 2. Redação jornalística: Retórica 808.06607

Coordenação Redação e Marketing de Circulação do Estado Produção e fotolitos Central de Artes do Grupo Estado Editoração eletrônica Carlos Alberto Kose Revisão Maria do Rosário Sousa Vera Fedschenko Leite Vera Lucia de Freitas Capa Flavio Bassani/Studio Maker

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Capítulo 1º – Normas internas e de estilo . . . . . . . . . . . . .

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Capítulo 2º – O uso da crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 315 Capítulo 3º – Os cem erros mais comuns . . . . . . . . . . . . . 321 Capítulo 4º – Guia de pronúncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 329 Capítulo 5º – Escreva certo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 333 Pesos e medidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 397 Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 399

Diretor-responsável Ruy Mesquita

Diretor Júlio César Mesquita

Diretor de Redação Aluízio Maranhão

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Missão Editar um veículo de comunicação e informação defensor da democracia, da livre iniciativa, idôneo, moderno e comprometido com o seu permanente aprimoramento. Ser inovador, oferecendo produtos e serviços de qualidade a seus leitores e anunciantes, promovendo o desenvolvimento dos seus recursos humanos e garantindo rentabilidade aos seus acionistas. Buscar constantemente o jornalismo diferenciado e investigativo, difusor de idéias pluralistas e que analise e interprete fatos isentamente e esteja sempre voltado para os interesses do cidadão.

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O Manual de Redação e Estilo de O Estado de S. Paulo virou notícia faz muito tempo, desde 1990, quando foi lançada sua primeira edição. Afinal, em um país que ostenta carências profundas no acesso das pessoas à cultura e informação e a tiragem média dos livros não se distancia da faixa dos 3 mil exemplares, um Manual com estas características já ultrapassa a barreira das 500 mil unidades distribuídas. Trata-se sem dúvida de uma boa notícia, por servir de termômetro do interesse em escrever melhor, num português objetivo e correto, mas sem pedantismos. De autoria do jornalista Eduardo Martins, 57 anos, 37 deles dedicados ao ofício de moldar textos na Redação do Estado, o Manual chega agora à terceira edição. Cada um dos seus verbetes traz a experiência de quem chefiou incontáveis editorias no jornal, foi seu secretário de Redação e já por oito anos auxilia a Direção da Redação no controle de qualidade dos textos publicados. Não é uma tarefa fácil. O mato-grossense Eduardo Martins lê o jornal diariamente com olhos de lupa, capazes de esquadrinhar de erros ortográficos a construções gramaticais mal desenhadas, passando por desobediências das normas adotadas pelo Estado para grafar datas, números, hora, nomes de personalidades estrangeiras, e assim por diante. Toda essa auditoria a serviço da Língua Portuguesa — e do leitor — se materializa em anotações à margem das páginas do jornal, encaminhadas a cada um dos editores para as providências necessárias. Esse trabalho permite a Eduardo dar tiros certeiros contra o desconhecimento da língua. Além de registrar os escorregões de repórteres e redatores, ele cotidianamente faz transmitir para cada um dos termi-

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nais de computador de todos os jornalistas do Estado regras e instruções extraídas do próprio Manual, ou impostas por situações novas, para que os erros deixem de ser cometidos. A missão de Eduardo Martins tem de ser cumprida em tempos difíceis, diante do grande estrago causado em atividades que dependem da Língua Portuguesa pelo longo período de trevas em que o ensino no País foi tragado pela falência da máquina pública. Hoje, fala-se e escreve-se pior que em gerações passadas. E as redações brasileiras não são nenhum oásis nesse deserto. Mas, se padecem da mesma síndrome que ataca nos exames para o vestibular e nos textos de telenovelas, as redações podem e devem se converter em sólidas trincheiras de defesa do conhecimento da língua. O Manual é uma afiada arma nessa guerra. Há 20 anos ou mais, as regras internas de redação eram exclusividade dos jornais. Não se pensava em editá-las para o público. Aquilo era coisa para dicionaristas e/ou gramáticos, pessoas tidas como grandes eruditos e detentores de um saber que beirava o inacessível. A profissionalização crescente da atividade jornalística, porém, permitiu que se percebesse que aqueles manuais poderiam ser editados em livro para um mercado carente de publicações voltadas para a aplicação prática da língua. Os jornais, tanto quanto outras mídias, vivem momento importante em sua história, acossados por novos sistemas de difusão de informações, surgidos na esteira de uma revolução tecnológica que em uma década e meia mostrou que pode haver inúmeras formas de transmitir uma notícia de maneira tão eficiente, atrativa e rentável quanto a impressa em uma folha de papel. Como competir no mercado de informações contra sistemas que distribuem notícias para computadores em velocidade superior àquela alcançada pelo rádio e TV? A pergunta martela a cabeça de editores de jornais no mundo inteiro. Um jornal como o Estado passou por desafios que o fizeram, em 122 anos de existência, um veículo de lingua-

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gem moderna, de paginação arejada, com novas seções e cadernos. Mas os desafios não se esgotam. Eles se sucedem e não permitem que nenhuma publicação possa se considerar uma obra acabada. Tudo, como a linguagem, está em constante evolução. Cada vez se tem menos tempo para a leitura, imperativo que fundamenta várias reformas em jornais baseadas no farto uso de ilustrações e no encurtamento do texto. É visível, nas duas últimas décadas, a tendência ao emprego parcimonioso de longos parágrafos, de frases intermináveis, verdadeiro teste de fôlego para quem se dispõe a praticar leitura em voz alta. O jornalismo está ficando mais objetivo, os textos, mais diretos e, por isso mesmo, se torna fundamental o bom manejo da língua. O Manual de Redação e Estilo sedimenta, ainda, uma histórica e gratificante convivência do Estado com o ensino e o conhecimento. A mesma preocupação que ligou o jornal à fundação da Universidade de São Paulo e a mesma convicção que o tornou pioneiro na criação do caderno Cultura, na década de 50, fazem-no lançar mais esta edição do Manual, adotado também em outros jornais e até como livro de auxílio para o ensino do Português nas escolas. Além de aperfeiçoar a qualidade de cada jornalista do Estado, o Manual democratiza um acervo de conhecimentos até bem pouco tempo atrás confinado nas redações. Os ventos que empurram o jornalismo para novas fórmulas de edição também varrem regras estabelecidas em outras atividades. Por isso, o Manual é feito a partir da preocupação com o que é moderno e eficiente na comunicação. Este é um motivo suficiente para garantirmos que novas edições virão.

Aluízio Maranhão Diretor de Redação

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Esta terceira edição do Manual de Redação e Estilo apresenta consideráveis alterações em relação à original, de 1990. Assim, centenas de verbetes foram acrescentados ao texto, para corrigir omissões ou incluir assuntos que passaram a ocupar o noticiário nos últimos anos. Simultaneamente o livro foi acrescido de três capítulos. O primeiro deles destina-se a resolver uma das dificuldades mais angustiantes de quem gosta de escrever: o uso da crase. Mas ele não apenas trata em profundidade da questão, como relaciona centenas de locuções em que o a acentuado está ou não presente. O segundo é uma relação daqueles que se consideraram os cem erros mais comuns do idioma, com uma explicação sucinta sobre a maneira de evitar cada um deles e outros semelhantes. Apesar de, na maioria, eles figurarem no corpo do Manual, com a sua publicação em um único bloco visou-se a fornecer ao leitor um roteiro sobre sua presença cada dia mais constante no idioma. O terceiro esclarece a pronúncia de algumas centenas de palavras sobre as quais costuma haver dúvidas, indicando onde recai o acento e se o som é aberto ou fechado. De qualquer forma, o objetivo deste trabalho continua o mesmo: expor, de modo ordenado e sistemático, as normas editoriais e de estilo adotadas pelo Estado. O Manual não pretende, com isso, tolher a criatividade de editores, repórteres e redatores, nem impor camisas-de-força aos jornalistas da empresa. Seu objetivo é claro: definir princípios que tornem uniforme a edição do jornal. Ele tem cunho eminentemente jornalístico. Por isso, mesmo os grandes capítulos da gramática foram reproduzidos com essa preocupação. É exemplo o uso do artigo, examinado em profundidade por se tratar de uma das questões mais diretamente relacionadas com a atividade do profissional da imprensa. O mesmo intuito

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orientou a exposição das normas ortográficas, do emprego do hífen, dos tempos e modos verbais, das instruções de estilo, do que se deve ou não usar. A extensão de alguns verbetes corresponde à importância que o assunto tem para a produção de um bom texto. Embora destinado a jornalistas, o livro pode também constituir eficiente auxiliar de todos aqueles que precisem escrever com regularidade, estejam se preparando para exames de redação ou queiram conhecer as principais particularidades da língua portuguesa. Os erros mais comuns do idioma mereceram atenção especial e não apenas se alerta o leitor para eles, como se mostra a melhor maneira de evitá-los, sempre que possível por meio de regras práticas. O volume está dividido em cinco partes. A primeira reúne, em ordem alfabética, verbetes que tornam claro o que se entende por um bom texto jornalístico e instruções práticas e teóricas para escrever bem, com correção e elegância. Sem se pretender um tratado de jornalismo, revela igualmente os princípios básicos para a edição do jornal. Ela relaciona ainda as normas internas do Estado, entre elas a maneira de usar negrito ou itálico, maiúsculas e minúsculas, números, formas de tratamento, abreviaturas, siglas, etc., e trata dos grandes capítulos da gramática, como a concordância, regência, formação do plural, normas de acentuação, conjugação verbal e uso do artigo. Finalmente, dá noções de ortografia (incluindo-se o uso do hífen) e estilo (palavras a evitar, boas e más construções da língua, etc.). Este é o capítulo básico do livro, servindo até mesmo de índice remissivo para todo o trabalho, pois contém chamadas para centenas de outros verbetes e para as demais seções do Manual. A segunda, terceira e quarta partes constituem os novos capítulos do volume, já mencionados. A última, Escreva Certo, é um vocabulário, destinado a esclarecer dúvidas a respeito da grafia das palavras. Inclui milhares de nomes comuns, próprios (à exceção dos nomes de pessoas) e geográficos, vocábulos estrangeiros ou já aportuguesados e marcas e nomes de produtos cada vez mais utilizados no noticiário. Nesta edição, a lista foi ampliada em cerca de 2 mil palavras, quase todas termos que surgiram na imprensa nos últimos anos.

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Na grande maioria, os exemplos constantes do Manual foram extraídos de jornais e revistas, o que lhes dá um caráter de permanente atualidade. Eles são abundantes e têm por objetivo manter o profissional o mais próximo possível das construções com que se defronta no dia-a-dia. As repetições que aparecem ao longo do livro são propositadas. Por isso, casos especiais de concordância podem constar do capítulo geral dedicado ao assunto e de verbetes isolados. O que se pretendeu foi fazer que o consulente nunca deixasse de encontrar as formas procuradas, em um ou outro local. E também, pela insistência, contribuir para que elas se fixassem melhor na memória. Os verbos mais comuns da língua portuguesa cuja regência possa oferecer dificuldades figuram no manual e se observou o critério do uso geral ou o dos exemplos dos bons autores. Com base na tradição da língua ou nos dicionários do gênero, em muitos casos o Estado optou por uma forma, entre duas ou mais possíveis: à menor dúvida sobre o assunto, nunca deixe de consultar o verbete respectivo, no primeiro capítulo do Manual. Como todo jornal, o Estado adota algumas formas próprias de redação, ortografia ou estilo. Sempre que isso ocorre, no entanto, faz-se a devida ressalva. Um exemplo: os dicionários grafam, em geral, oceano Atlântico, baía de Guanabara, golfo Pérsico, etc. No jornal, a palavra que indica o acidente tem inicial maiúscula: Oceano Atlântico, Baía de Guanabara, Golfo Pérsico, etc. Faz parte ainda deste volume uma relação de palavras vetadas. São termos que a Redação, a seu exclusivo critério, julga antijornalísticos, grosseiros, ultrabatidos ou, ao contrário, rebuscados demais para uso normal no noticiário. À exceção dos vocábulos vulgares (avacalhar ou esculhambar, por exemplo) ou chulos, os demais poderão ser admitidos em artigos ou crônicas de colaboradores externos, mas não em trabalhos idênticos dos profissionais da empresa. Alguns exemplos de palavras e expressões consideradas antijornalísticas ou sofisticadas: primeiro mandatário da Nação, burgomestre, transfusionado, soldado do fogo, agilização, necrópole, nosocômio, tantalização, programático, emergencial, alavancagem, a nível de, etc. Na consulta ao Manual, deverão ser obedecidas, entre outras, regras práticas como: a) As locuções, na quase totalidade dos casos,

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têm como base a sua palavra-chave. Assim, procure à medida que em medida, e não na letra a. Igualmente, de encontro a pode ser localizada em encontro e a nível de, em nível. b) O verbete entre aspas indica que se trata de forma errada ou não usada pelo jornal (exemplo: “congressual”). c) A referência prefira implica a existência de uma ou mais opções. Fica evidente que o Estado se definiu por uma delas, apenas. Para que o consulente não deixe de encontrar o que busca, esta edição do Manual criou centenas de remissões. Em raças e cães, por exemplo, indica-se que a explicação está em animais. Tentou-se também prever a que verbete o leitor iria recorrer para esclarecer determinada questão. Assim, em mim, abrem-se duas chamadas, para as expressões entre mim e ti e para eu fazer. Nas formas parecidas (como seção, secção, sessão e cessão), uma delas registra a diferença entre as palavras e nas outras se aponta em que verbete figura a explicação. Na preparação do Manual, foi muito importante a colaboração do filólogo Celso Cunha e da professora Flávia de Barros Carone, já falecidos. Os dois estudiosos do idioma deram opiniões valiosas a respeito de questões extremamente controvertidas do idioma e assuntos nos quais, pela própria dinâmica da língua, as gramáticas e dicionários ainda são omissos. Em sua memória, o nosso reconhecimento. E.M.

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Normas internas e de estilo Este capítulo do Manual de Redação e Estilo do Estado expõe as instruções gerais e específicas indispensáveis à preparação de um bom texto noticioso e agrupa, da maneira mais prática possível, as normas internas, gramaticais, ortográficas e de estilo necessárias a esse trabalho. Por normas internas entenda-se o conjunto de princípios destinado à uniformização do texto do jornal, desde o modo de grafar o próprio nome do Estado até a forma de usar o negrito e o itálico, as maiúsculas e minúsculas, os nomes próprios, as aspas, os sinais de pontuação, etc. Dada a sua óbvia importância para o texto de um jornal como o Estado, as questões gramaticais receberam atenção especial, entre elas as regras de concordância, as normas de acentuação, o emprego dos pronomes, o uso do artigo, a conjugação verbal, o infinitivo, a formação do plural, a utilização do hífen, etc. Dezenas de verbos também figuram neste capítulo, com a sua conjugação e regência. A crase, pela dificuldade que representa para grande número de pessoas, mereceu um capítulo especial deste livro, o 2º. Nele o leitor encontrará também algumas centenas de locuções com ou sem o a acentuado. Da mesma forma, palavras que poderiam oferecer problemas quanto à grafia mereceram transcrição, apesar de o capítulo Escreva Certo incluir grande parte das que o Estado julgou suscetíveis de dúvida. Esta parte do manual trata ainda, com riqueza de detalhes, de todas as questões de estilo consideradas essenciais para a produção de um texto elegante e correto. Ao mesmo tempo

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alerta para formas pobres ou viciosas de redação, para redundâncias comprometedoras, para modismos absolutamente descartáveis. Na parte jornalística propriamente dita, detalhes dispensáveis sobre leads, títulos, reportagem, etc., foram poupados ao leitor, mas se procurou, em todo o tempo, deixar clara a filosofia editorial do Estado a respeito dessas e de outras questões básicas do jornalismo. E, o que é fundamental, com o máximo possível de exemplos reais, para que o profissional saiba o que deve ou não fazer. Edição — Há uma série de itens deste capítulo que fornecem ao leitor razoável noção de conjunto sobre os conceitos inerentes à edição de um jornal. Por isso, embora cada um deles possa sempre ser consultado individualmente, recomenda-se a sua leitura em bloco, para que eles funcionem como um eficiente roteiro do texto noticioso. Esses verbetes, que consubstanciam os princípios e conceitos jornalísticos, éticos e profissionais do Estado, são: acusações, adjetivação, antinotícia, comparações, cronologia, declarações textuais, denúncias, duplo sentido, encampação, entrevista, erros, ética interna, eufemismo, exageros, explicação, fechamento, fluxo regular, gíria e linguagem coloquial, ilustrações, impessoalidade, impropriedades, indefinidos, intertítulos, jogos de palavras, leads, legendas, localização, lugar-comum, memória, modismo, mortes (como tratar), “muletas”, nariz-de-cera, notícia antecipada, notícias em seqüência, óbvio, opiniões, ouvir os dois lados, palavras dispensáveis, palavras e locuções vetadas, palavras estrangeiras, palavras inexistentes, pauta, pesquisa, pessoas no noticiário, pleonasmo, policial (noticiário), precisão, rebuscamento, regionalismos, remissão, repercussão, repetições, reportagem, ritmo da frase, segundo clichê, sentido incompleto, sentimentos, simplicidade, suíte, tamanho do texto, texto-legenda, títulos e valores absolutos. É indispensável que este capítulo seja lido atentamente, para que você saiba que tipo de informação esperar e obter dele: ele lhe será muito útil no dia-a-dia.

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Instruções gerais 1 — Seja claro, preciso, direto, objetivo e conciso. Use frases curtas e evite intercalações excessivas ou ordens inversas desnecessárias. Não é justo exigir que o leitor faça complicados exercícios mentais para compreender o texto. 2 — Construa períodos com no máximo duas ou três linhas de 70 toques. Os parágrafos, para facilitar a leitura, deverão ter cinco linhas cheias, em média, e no máximo oito. A cada 20 linhas, convém abrir um intertítulo. 3 — A simplicidade é condição essencial do texto jornalístico. Lembre-se de que você escreve para todos os tipos de leitor e todos, sem exceção, têm o direito de entender qualquer texto, seja ele político, econômico, internacional ou urbanístico. 4 — Adote como norma a ordem direta, por ser aquela que conduz mais facilmente o leitor à essência da notícia. Dispense os detalhes irrelevantes e vá diretamente ao que interessa, sem rodeios. 5 — A simplicidade do texto não implica necessariamente repetição de formas e frases desgastadas, uso exagerado de voz passiva (será iniciado, será realizado), pobreza vocabular, etc. Com palavras conhecidas de todos, é possível escrever de maneira original e criativa e produzir frases elegantes, variadas, fluentes e bem alinhavadas. Nunca é demais insistir: fuja, isto sim, dos rebuscamentos, dos pedantismos vocabulares, dos termos técnicos evitáveis e da erudição.

6 — Não comece períodos ou parágrafos seguidos com a mesma palavra, nem use repetidamente a mesma estrutura de frase. 7 — O estilo jornalístico é um meio-termo entre a linguagem literária e a falada. Por isso, evite tanto a retórica e o hermetismo como a gíria, o jargão e o coloquialismo. 8 — Tenha sempre presente: o espaço hoje é precioso; o tempo do leitor, também. Despreze as longas descrições e relate o fato no menor número possível de palavras. E proceda da mesma forma com elas: por que opor veto a em vez de vetar, apenas? 9 — Em qualquer ocasião, prefira a palavra mais simples: votar é sempre melhor que sufragar; pretender é sempre melhor que objetivar, intentar ou tencionar; voltar é sempre melhor que regressar ou retornar; tribunal é sempre melhor que corte; passageiro é sempre melhor que usuário; eleição é sempre melhor que pleito; entrar é sempre melhor que ingressar. 10 — Só recorra aos termos técnicos absolutamente indispensáveis e nesse caso coloque o seu significado entre parênteses. Você já pensou que até há pouco se escrevia sobre juros sem chamar índices, taxas e níveis de patamares? Que preços eram cobrados e não praticados? Que parâmetros equivaliam a pontos de referência? Que monitorar correspondia a acompanhar ou orientar? Adote como norma: os leitores do jornal, na maioria, são pessoas comuns, quan-

16 do muito com formação específica em uma área somente. E desfaça mitos. Se o noticiário da Bolsa exige um ou outro termo técnico, uma reportagem sobre abastecimento, por exemplo, os dispensa. 11 — Nunca se esqueça de que o jornalista funciona como intermediário entre o fato ou fonte de informação e o leitor. Você não deve limitar-se a transpor para o papel as declarações do entrevistado, por exemplo; faça-o de modo que qualquer leitor possa apreender o significado das declarações. Se a fonte fala em demanda, você pode usar procura, sem nenhum prejuízo. Da mesma forma traduza patamar por nível, posicionamento por posição, agilizar por dinamizar, conscientização por convencimento, se for o caso, e assim por diante. Abandone a cômoda prática de apenas transcrever: você vai ver que o seu texto passará a ter o mínimo indispensável de aspas e qualquer entrevista, por mais complicada, sempre tenderá a despertar maior interesse no leitor. 12 — Procure banir do texto os modismos e os lugares-comuns. Você sempre pode encontrar uma forma elegante e criativa de dizer a mesma coisa sem incorrer nas fórmulas desgastadas pelo uso excessivo. Veja algumas: a nível de, deixar a desejar, chegar a um denominador comum, transparência, instigante, pano de fundo, estourar como uma bomba, encerrar com chave de ouro, segredo guardado a sete chaves, dar o último adeus. Acrescente as que puder a esta lista. 13 — Dispense igualmente os preciosismos ou expressões que pretendem substituir termos comuns, como: causídico, Edilidade, soldado do fogo, elenco de medidas, data natalícia, primeiro mandatário, chefe

do Executivo, precioso líquido, aeronave, campo-santo, necrópole, casa de leis, petardo, fisicultor, Câmara Alta, etc. 14 — Proceda da mesma forma com as palavras e formas empoladas ou rebuscadas, que tentam transmitir ao leitor mera idéia de erudição. O noticiário não tem lugar para termos como tecnologizado, agudização, consubstanciação, execucional, operacionalização, mentalização, transfusional, paragonado, rentabilizar, paradigmático, programático, emblematizar, congressual, instrucional, embasamento, ressociabilização, dialogal, transacionar, parabenizar e outros do gênero. 15 — Não perca de vista o universo vocabular do leitor. Adote esta regra prática: nunca escreva o que você não diria. Assim, alguém rejeita (e não declina de) um convite, protela ou adia (e não procrastina) uma decisão, aproveita (e não usufrui) uma situação. Da mesma forma, prefira demora ou adiamento a delonga; antipatia a idiossincrasia; discórdia ou intriga a cizânia; crítica violenta a diatribe; obscurecer a obnubilar, etc. 16 — O rádio e a televisão podem ter necessidade de palavras de som forte ou vibrante; o jornal, não. Assim, goleiro é goleiro e não goleirão. Da mesma forma, rejeite invenções como zagueirão, becão, jogão, pelotaço, galera (como torcida) e similares. 17 — Dificilmente os textos noticiosos justificam a inclusão de palavras ou expressões de valor absoluto ou muito enfático, como certos adjetivos (magnífico, maravilhoso, sensacional, espetacular, admirável, esplêndido, genial), os superlativos (engraçadíssimo, deliciosíssimo, com-

17 petentíssimo, celebérrimo) e verbos fortes como infernizar, enfurecer, maravilhar, assombrar, deslumbrar, etc. 18 — Termos coloquiais ou de gíria deverão ser usados com extrema parcimônia e apenas em casos muito especiais (nos diálogos, por exemplo), para não darem ao leitor a idéia de vulgaridade e principalmente para que não se tornem novos lugares-comuns. Como, por exemplo: a mil, barato, galera, detonar, deitar e rolar, flagrar, com a corda (ou a bola) toda, legal, grana, bacana, etc. 19 — Seja rigoroso na escolha das palavras do texto. Desconfie dos sinônimos perfeitos ou de termos que sirvam para todas as ocasiões. Em geral, há uma palavra para definir uma situação. 20 — Faça textos imparciais e objetivos. Não exponha opiniões, mas fatos, para que o leitor tire deles as próprias conclusões. Em nenhuma hipótese se admitem textos como: Demonstrando mais uma vez seu caráter volúvel, o deputado Antônio de Almeida mudou novamente de partido. Seja direto: O deputado Antônio de Almeida deixou ontem o PMT e entrou para o PXN. É a terceira vez em um ano que muda de partido. O caráter volúvel do deputado ficará claro pela simples menção do que ocorreu. 21 — Lembre-se de que o jornal expõe diariamente suas opiniões nos editoriais, dispensando comentários no material noticioso. As únicas exceções possíveis: textos especiais assinados, em que se permitirá ao autor manifestar seus pontos de vista, e matérias interpretativas, em que o jornalista deverá registrar versões diferentes de um mesmo fato ou conduzir a notícia segundo linhas de raciocínio

definidas com base em dados fornecidos por fontes de informação não necessariamente expressas no texto. 22 — Não use formas pessoais nos textos, como: Disse-nos o deputado... / Em conversa com a reportagem do Estado... / Perguntamos ao prefeito... / Chegou à nossa capital.../ Temos hoje no Brasil uma situação peculiar. / Não podemos silenciar diante de tal fato. Algumas dessas construções cabem em comentários, crônicas e editoriais, mas jamais no noticiário. 23 — Como norma, coloque sempre em primeiro lugar a designação do cargo ocupado pelas pessoas e não o seu nome: O presidente da República, Fernando Henrique Cardoso... / O primeiro-ministro John Major... / O ministro do Exército, Zenildo de Lucena... É em função do cargo ou atividade que, em geral, elas se tornam notícia. A única exceção é para cargos com nomes muito longos. Exemplo: O engenheiro João da Silva, presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi), garantiu ontem que... 24 — Você pode ter familiaridade com determinados termos ou situações, mas o leitor, não. Por isso, seja explícito nas notícias e não deixe nada subentendido. Escreva, então: O delegado titular do 47º Distrito Policial informou ontem..., e não apenas: O delegado titular do 47º informou ontem. 25 — Nas matérias informativas, o primeiro parágrafo deve fornecer a maior parte das respostas às seis perguntas básicas: o que, quem, quando, onde, como e por quê. As que não puderem ser esclarecidas nesse parágrafo deverão figurar, no máximo, no se-

18 gundo, para que, dessa rápida leitura, já se possa ter uma idéia sumária do que aconteceu. 26 — Não inicie matéria com declaração entre aspas e só o faça se esta tiver importância muito grande (o que é a exceção e não a norma). 27 — Procure dispor as informações em ordem decrescente de importância (princípio da pirâmide invertida), para que, no caso de qualquer necessidade de corte no texto, os últimos parágrafos possam ser suprimidos, de preferência. 28 — Encadeie o lead de maneira suave e harmoniosa com os parágrafos seguintes e faça o mesmo com estes entre si. Nada pior do que um texto em que os parágrafos se sucedem uns aos outros como compartimentos estanques, sem nenhuma fluência: ele não apenas se torna difícil de acompanhar, como faz a atenção do leitor se dispersar no meio da notícia. 29 — Por encadeamento de parágrafos não se entenda o cômodo uso de vícios lingüísticos, como por outro lado, enquanto isso, ao mesmo tempo, não obstante e outros do gênero. Busque formas menos batidas ou simplesmente as dispense: se a seqüência do texto estiver correta, esses recursos se tornarão absolutamente desnecessários. 30 — A falta de tempo do leitor exige que o jornal publique textos cada dia mais curtos (20, 40 ou 60 linhas de 70 toques, em média). Por isso, compete ao redator e ao repórter selecionar com o máximo critério as informações disponíveis, para incluir as essenciais e abrir mão das supérfluas. Nem toda notícia está jornalisticamente tão bem encadeada que possa ser cortada pelo pé sem maiores prejuízos. Quando houver tempo,

reescreva o texto: é o mais recomendável. Quando não, vá cortando as frases dispensáveis. 31 — Proceda como se o seu texto seja o definitivo e vá sair tal qual você o entregar. O processo industrial do jornal nem sempre permite que os copies, subeditores ou mesmo editores possam fazer uma revisão completa do original. Assim, depois de pronto, reveja e confira todo o texto, com cuidado. Afinal, é o seu nome que assina a matéria. 32 — O recurso à primeira pessoa só se justifica, em geral, nas crônicas. Existem casos excepcionais, nos quais repórteres, especialmente, poderão descrever os fatos dessa forma, como participantes, testemunhas ou mesmo personagens de coberturas importantes. Fique a ressalva: são sempre casos excepcionais. 33 — Nas notícias em seqüência (suítes), nunca deixe de se referir, mesmo sumariamente, aos antecedentes do caso. Nem todo leitor pode ter tomado conhecimento do fato que deu origem à suíte. 34 — A correção do noticiário responde, ao longo do tempo, pela credibilidade do jornal. Dessa forma, não dê notícias apressadas ou não confirmadas nem inclua nelas informações sobre as quais você tenha dúvidas. Mesmo que o texto já esteja em processo de composição, sempre haverá condições de retificar algum dado impreciso, antes de o jornal chegar ao leitor. 35 — A correção tem uma variante, a precisão: confira habitualmente os nomes das pessoas, seus cargos, os números incluídos numa notícia, somas, datas, horários, enumerações. Com isso você estará garantindo outra condição essencial do jornal, a confiabilidade.

19 36 — Nas versões conflitantes, divergentes ou não confirmadas, mencione quais as fontes responsáveis pelas informações ou pelo menos os setores dos quais elas partem (no caso de os informantes não poderem ter os nomes revelados). Toda cautela é pouca e o máximo cuidado nesse sentido evitará que o jornal tenha de fazer desmentidos desagradáveis. 37 — Quando um mesmo assunto aparecer em mais de uma editoria no mesmo dia, deverá haver remissão, em itálico, de uma para outra: Mais informações sobre o assunto na página... / A repercussão do seqüestro no Brasil está na página... / Na página... o prefeito fala de sua candidatura à Presidência. / Veja na página... as reações econômicas ao discurso do presidente. 38 — Se você tem vários originais para reescrever, adote a técnica de marcar as informações mais importantes de cada um deles. Você ganhará tempo e evitará que algum dado relevante fique fora do noticiário. 39 — Nunca deixe de ler até o fim um original que vá ser refeito. Mesmo que você tenha apenas 15 linhas disponíveis para a nota, a linha 50 do texto primitivo poderá conter informações indispensáveis, de referência obrigatória. 40 — Preocupe-se em incluir no texto detalhes adicionais que ajudem o leitor a compreender melhor o fato e a situá-lo: local, ambiente, antecedentes, situações semelhantes, previsões que se confirmem, advertências anteriores, etc. 41 — Informações paralelas a um fato contribuem para enriquecer a sua descrição. Se o presidente dorme durante uma conferência, isso é notícia; idem se ele tira o sapato, se fica conversando enquanto alguém discursa,

se faz trejeitos, etc. Trata-se de detalhes que quebram a monotonia de coberturas muito áridas, como as oficiais, especialmente. 42 — Registre no texto as atitudes ou reações das pessoas, desde que significativas: mostre se elas estão nervosas, agitadas, fumando um cigarro atrás do outro ou calmas em excesso, não se deixando abalar por nada. Em matéria de ambiente, essas indicações permitem que o leitor saiba como os personagens se comportavam no momento da entrevista ou do acontecimento. 43 — Trate de forma impessoal o personagem da notícia, por mais popular que ele seja: a apresentadora Xuxa ou Xuxa, apenas (e nunca a Xuxa), Pelé (e não o Pelé), Piquet (e não o Piquet), Ruth Cardoso (e não a Ruth Cardoso), etc. 44 — Sempre que possível, mencione no texto a fonte da informação. Ela poderá ser omitida se gozar de absoluta confiança do repórter e, por alguma razão, convier que não apareça no noticiário. Recomenda-se, no entanto, que o leitor tenha alguma idéia da procedência da informação, com indicações como: Fontes do Palácio do Planalto... / Fontes do Congresso... / Pelo menos dois ministros garantiram ontem que..., etc. 45 — Na primeira citação, coloque entre parênteses o nome do partido e a sigla do Estado dos senadores e deputados federais: o senador João dos Santos (PSDB-RS), o deputado Francisco de Almeida (PFL-RJ). No caso dos deputados estaduais de São Paulo e dos vereadores paulistanos, mencione entre parênteses apenas a sigla do partido. 46 — O Estado não admite generalizações que possam atingir toda

20 uma classe ou categoria, raças, credos, profissões, instituições, etc. 47 — Um assunto muito sugestivo ou importante resiste até a um mau texto. Não há, porém, assunto mediano ou meramente curioso que atraia a atenção do leitor, se a notícia se limitar a transcrever burocraticamente e sem maior interesse os dados do texto. 48 — Em caso de dúvida, não hesite em consultar dicionários, enciclopédias, almanaques e outros livros de referência. Ou recorrer aos especialistas e aos colegas mais experientes. 49 — Veja alguns exemplos de textos noticiosos objetivos, simples e diretos, constituídos de frases curtas e incisivas (todos eles saíram no Estado como chamadas de primeira página): Os juros passaram a ser fator importante para os consumidores dispostos a fazer compras neste fim de ano. Dos 261 paulistanos ouvidos pelo InformEstado, 82,8% disseram que vão gastar menos no Natal em relação ao ano passado. O alto custo do financiamento das compras foi apontado por 34,5% dos entrevistados como motivo básico para a decisão. O comércio e a indústria reduziram as margens de lucro, o governo atenuou as restrições ao crédito e o mercado oferece produtos mais baratos que no último Natal, mas os juros pesam. A sonda liberada pela nave Galileu mergulhou ontem por cerca de 75 minutos na atmosfera de Júpiter, até ser pulverizada pela pressão dos

gases que constituem o planeta. Foi a primeira vez que um equipamento terrestre chegou a um dos grandes planetas distantes do sistema solar. A cápsula enviou informações sobre a temperatura e a composição química de Júpiter. O governo pretende retirar do Congresso o projeto de reforma da Previdência e reapresentá-lo em duas partes. Uma vai incluir os pontos em que existe consenso entre os parlamentares e a outra, só os temas polêmicos, como os que tratam dos servidores públicos, militares e professores. O presidente Fernando Henrique Cardoso passou ao seu vice, Marco Maciel, a tarefa de analisar os efeitos políticos da decisão, depois que o ministro da Previdência foi afastado das negociações. Irrequieto, Carlos Nunzio sugeria chamar-se César e levava no bolso uma sovela, instrumento pontiagudo usado pelos sapateiros. Logo despertou a suspeita da polícia e foi preso anteontem como o possível “maníaco do estilete”, que já atacou sete mulheres na zona leste. Na delegacia, os policiais o filmaram e exibiram o teipe às vítimas. Mas nenhuma o identificou e Carlos foi libertado ontem à tarde. A tradicional chuva de papel picado que encerra o ano na Bolsa de Valores de São Paulo teve clima de festa para os operadores, mas de melancolia para os aplicadores. Os investimentos em ações acusaram perda real de 16,7% e a comemoração foi dos que optaram pela renda fixa. Os CDBs, em primeiro lugar, renderam 25,89% acima da inflação.

21 As cidades e as praias ganham nova vida com o verão, que começa oficialmente hoje às 6h18. A moda impõe modelos arrojados às mulheres, com ombros e costas de fora. A minissaia também faz parte do visual de São Paulo e outras capitais. No Rio, Santos, Guarujá, Ubatuba, Bertioga e outros pontos preferidos dos veranistas, é tempo de biquíni, saladas, sorvete e alegria. Frank Sinatra, cantor que embalou três gerações, completa 80 anos terça-feira. Apelidado simplesmente de A Voz, imitava Bing Crosby, mas superou o ídolo. Ganhou 1 disco de multiplatina, 1 de platina e 21 de ouro. Fez filmes, venceu um Oscar. Foi amigo de John Kennedy e do gângster Lucky Luciano. Teve mulheres fantásticas. Viveu. My Way é a música que o representa. Sensível às mudanças de ventos, ansiosa e arrogante ao mesmo tempo, a França funciona como um pisca-alerta. Suas crises indicam sempre que as sociedades estão dando alguma virada. As greves monumentais que lançam às ruas do país 1 milhão de manifestantes podem significar uma dolorosa entrada de toda a Europa numa nova etapa da modernidade. Hoje é o dia em que Cannes vai parar. À espera de um olhar. Ou de um sorriso. Não pelo filme, Milagro. Mas pelo diretor, Robert Redford. Um outsider. Na tela, uma Pasionaria: Sônia Braga. Veja, ao contrário, três parágrafos de sete linhas cheias sem nenhum ponto e repletos de intercalações que

dificultam a seqüência normal da leitura: O fazendeiro e piloto de aviões Carlos de Almeida Valente, que mora na cidade de Prateados, no extremo norte do País, apontado pela Polícia Federal como um dos reis do contrabando e transportando em seus aviões bimotores e turbinados mais de 70% das mercadorias contrabandeadas dos Estados Unidos e Paraguai para o Brasil, terá seus negócios financeiros investigados pela Receita Federal, que fará completa devassa nas suas empresas. A esperada divulgação, na noite de sexta-feira, do INPC de janeiro, que, pela primeira vez em quase 20 meses, voltou a ser utilizado como parâmetro para a correção de um agente econômico — no caso, os salários — e apresentou uma variação recorde de 35,48%, veio confirmar o que já se temia: os níveis de recomposição dos salários, que pela fórmula aprovada pelo Congresso Nacional vão variar de apenas 1,51% a 7,48%, não são suficientes sequer para fazer frente à inflação real de fevereiro. De sua casa, no elegante bairro de Beverly Hills, o papa da psicologia esportiva norte-americana, mais de 40 livros publicados, traduzido até para o russo ainda em plena época da guerra fria, o dr. Briant Cratty, orientador do grupo de psicólogos da equipe olímpica de Tio Sam, levantou da poltrona e, numa ligação para o ginásio onde a seleção do país gastava as últimas energias em jogo que não influiria na sua colocação, mandou chamar o especialista que cuidava do vôlei e foi direto ao assunto.

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A

Abolir

Instruções específicas

A. Ver há, a, página 137. A (para). 1 — Verbos como dar, enviar, informar, escrever, consagrar, causar e outros semelhantes ou equivalentes exigem a preposição a, e não para. Repare que todos obedecem a esta estrutura: dar (enviar, informar, dedicar, causar, devolver, vender, distribuir, etc.) alguma coisa a alguém. 2 — Eis alguns deles: aconselhar, atribuir, causar, ceder, comunicar, conceder, conferir, consagrar, dar, dedicar, devolver, dirigir, dispensar, distribuir, doar, emprestar, encaminhar, entregar, enviar, facultar, fornecer, informar, mandar, ministrar, ocasionar, oferecer, ofertar, outorgar, pagar, participar, prestar, proporcionar, receitar, recomendar, render, restituir, revelar e vender. 3 — Exemplos: Deu (cedeu, devolveu, entregou, emprestou, enviou, mandou, ofereceu, ofertou, restituiu) o livro ao amigo. / Causaram (ocasionaram) danos ao aparelho. / Atribuímos (concedemos, conferimos, outorgamos) o prêmio aos vencedores. / Dispensaram (dedicaram) atenção aos favelados. / Prestaram (renderam) homenagem aos pracinhas. / Comunicaram (informaram, participaram, revelaram) o fato aos familiares. / Pagou a dívida ao amigo. 4 — Com verbos de movimento, a indica deslocamento rápido, provisório, e para, deslocamento demorado

ou definitivo: Vai a Paris (vai e volta logo). / Vai para Paris (vai de mudança ou vai para ficar algum tempo). / Levou os filhos à casa da mãe (levou e trouxe de volta). / Levou os filhos para a casa da mãe (levou e deixou, pelo menos por algum tempo). / Veio ao Brasil (veio e voltou para o seu país). / Veio para o Brasil (veio e ficou pelo menos algum tempo). A algum lugar e não em. Com verbos de movimento, use a e não em: Fui ao teatro (e não no). / Cheguei à cidade (e não na). / Chamaram-no ao telefone. / Levou os filhos ao circo. / Desceu ao segundo andar. / Voltou ao Brasil. / Saiu à janela. Igualmente: chegada a, ida a, vinda a. Abade. Feminino: abadessa. “Abalo sísmico”. Prefira terremoto, tremor de terra ou simplesmente abalo. Abdicar. 1 — Prefira a regência indireta: D. Pedro I abdicou da coroa do Brasil. / Nunca abdicava dos seus princípios. 2 — A forma direta (abdicou o trono, abdicou os seus princípios), menos usada, deve ser admitida somente em artigos ou comentários assinados. 3 — O verbo pode também ser intransitivo (dispensa complemento): D. Pedro I abdicou. / Por já estar muito velho, o rei achou melhor abdicar. Abdome. Prefira esta forma a abdômen. Abençoar. Conjuga-se como magoar (ver, página 166). Abolir. Conjugação. Pres. ind.: Aboles, abole, abolimos, abolis, abolem. Pres. subj.: Não existe. Imper. afirm.: Abole, aboli. (Não tem a 1ª pessoa do pres. ind.)

Abreviaturas Abreviaturas. 1 — Nos textos corridos, evite ao máximo usar abreviaturas: Comprou 3 quilos (e não 3 kg) de carne. / O carro rodou 243 quilômetros (em vez de 243 km). / O terreno media 25 hectares (e não 25 ha). / Chegou às 8 horas (e não às 8 h). / Um galão americano tem 3,785 litros (e não 3,785 l). De qualquer forma, repare que existe espaço (3 kg) entre o número e a abreviatura que exprime valor ou grandeza. 2 — Quando necessário, porém (títulos, tabelas, quadros ou textos específicos em que medidas ou grandezas apareçam com muita freqüência), consulte a lista de abreviaturas deste manual (verbete seguinte). No caso de textos em que a grandeza ou medida vá aparecer muitas vezes, é possível abreviá-la, desde que ela apareça por extenso pelo menos na primeira vez em que for citada. 3 — Os títulos dr. e dra. (só para médicos), sr. e sra. ou d. (dom e dona) devem ser escritos de preferência na forma abreviada e com inicial minúscula. (Pela norma oficial, são em maiúsculas: Dr. Antônio, Sr. José dos Santos.) 4 — Abrevie igualmente as formas cerimoniosas de tratamento; só que, neste caso, use iniciais maiúsculas: S. Sa. (e não Sua Senhoria), V. Exa. (e não Vossa Excelência), S. Ema. (e não Sua Eminência). 5 — Não abrevie outros títulos como: prof. Antônio (use professor Antônio), eng. José (engenheiro José), gen. Tinoco (general Tinoco). Exceção: transcrição de documentos ou listas de promoções das Forças Armadas. 6 — Nenhuma das abreviaturas do sistema métrico decimal tem ponto ou plural: 1 km, 6 km (e nunca 6 kms.), 1 h, 5 h (e nunca 5 hs.), 2m, 6 kg, 16 l (e não ls.), 25 ha, 30 t, 40 g, 57 min, 18 s, 18h16min14s (só neste

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Abreviaturas caso, sem espaço entre os números e a abreviatura). 7 — Têm plural com s as abreviaturas constituídas pela redução de palavras e as que representam títulos ou formas de tratamento: sécs. 15 e 16, págs. 54, 55 e 56 e segs., srs., sras., drs., dras., S. Sas. (repare que o S. de Sua fica invariável), V. Exas. (o mesmo ocorre com o V. de Vossa), etc. Exceção: d. (para dons e donas). 8 — Também recebem s as abreviaturas que se identificam com siglas: dois PMs, cinco TVs, quatro GPs, 8 HPs, etc. 9 — Alguns plurais se fazem com a duplicação da letra: A. (autor), AA. (autores), E. (editor), EE. (editores). A duplicação da letra pode também indicar o superlativo: D. (digno), DD. (digníssimo). 10 — As indicações a.C. e d.C. (antes e depois de Cristo) devem ser empregadas abreviadamente e com o a e o d em minúsculas. 11 — Evite abreviar São e Santo, a não ser nos títulos. A forma é S. para ambos os casos: S. José, S. Amaro, S. Catarina (e não Sto. Amaro ou Sta. Catarina). 12 — Apenas em casos excepcionais, e mesmo assim somente nos títulos, se admitirá que um nome geográfico seja abreviado: P. Prudente, C. do Jordão, R. G. do Norte, A. Latina, N. York (repare que são formas feias, graficamente). Poderá ter livre curso nos títulos, por já se tratar de caso consagrado, a abreviatura S. (de São, Santo e Santa): S. Carlos, S. André. 13 — Três nomes de cidades poderão, apenas nos títulos, ser substituídos por siglas: SP (São Paulo), BH (Belo Horizonte) e NY (Nova York). Use Rio, e não RJ, porque o número de sinais é praticamente o mesmo. 14 — As abreviaturas dos nomes dos Estados são constituídas sempre de duas letras, ambas maiúsculas e sem ponto: SP, AM, BA, GO, PE, etc.

Abreviaturas 15 — Por questões gráficas, o Estado não usa, nas abreviaturas, as formas em que determinada letra ou conjunto de letras aparece em corpo reduzido e no alto da palavra: sr.a, dr.a, ex.ma, c.el. Empregue, simplesmente: sra., dra., exma., cel., etc. 16 — Por motivo de simplificação, as abreviaturas aparecem, na maior parte dos casos, sem pontos intermediários: HP, e não H.P.; CIF, e não C.I.F.; rpm, e não r.p.m.; SOS, e não S.O.S., etc. 17 — Mesmo nos endereços (a não ser que se trate de uma série deles e haja necessidade de economizar espaço), evite as abreviaturas: Rua Augusta (e não R. Augusta), Avenida Paulista (em vez de Av. Paulista), Praça do Patriarca (e não Pç. do Patriarca), Largo do Tesouro (e não Lgo. do Tesouro). Da mesma forma, tel., em vez de telefone, só quando for muito necessário. 18 — Os símbolos químicos podem ser representados por uma ou duas letras. Quando por uma, ela é sempre maiúscula; quando por duas, a primeira é maiúscula, a segunda, minúscula e não há ponto: P (fósforo), I (iodo), N (nitrogênio), Ag (prata), Ca (cálcio), Cs (césio), etc. Os símbolos não figuram na lista de abreviaturas do manual por não terem maior interesse jornalístico, mas constam do Dicionário Aurélio, no nome do elemento químico. 19 — Use S.A. como abreviatura de Sociedade Anônima, por ser a forma oficial, e não S/A. 20 — Recorra sempre à abreviatura TV para o nome da emissora, e nunca às formas Tv ou Tevê: TV Globo (e não Tv Globo ou Tevê Globo), TV Bandeirantes, etc. 21 — Só abrevie as palavras artigo ou artigos (art. ou arts.) em textos oficiais quando for essa a forma original. Caso contrário, use a palavra por extenso.

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Abreviaturas 22 — Se tiver necessidade de formar abreviaturas (em casos excepcionais, apenas), o procedimento recomendado é fazê-las terminar numa consoante e não em vogal. Assim, fil. ou filos. para filosofia, fís. para física, etc. Se cortar a palavra num grupo de consoantes, mantenha-as: depr. para depreciativo, e não dep., ópt. e não óp. para óptica, etc. 23 — O acento existente na palavra original mantém-se na abreviatura: pág., págs. (páginas), séc., sécs. (séculos). 24 — Ver também siglas, página 267. Abreviaturas (lista). A. — autor aa. — assinados(as) AA. — autores a.C. — antes de Cristo a.D. — anno Domini Al. — Alameda alm. — almirante alm.-esqdra. — almirante-deesquadra a.m. — ante meridiem ap. — apartamento AR — Administração Regional asp. — aspirante Av. — Avenida bel. — bacharel brig. — brigadeiro btl. — batalhão °C — grau centesimal, centígrado ou Celsius c.-alm. — contra-almirante cap. — capitão cap. — capítulo cap.corv. — capitão-de-corveta cap.frag. — capitão-de-fragata cap.m.g. — capitão-de-mar-e-guerra caps. — capítulos cap.-ten. — capitão-tenente cav. — cavalaria cc. — centímetro cúbico cel. — coronel cg — centigrama(s) C.G.S. — centímetro, grama, segundo

Abreviaturas Cia. — companhia CIF — cost, insurance and freight (custo, seguro e frete) cl — centilitro(s) cm — centímetro(s) cm2 — centímetro(s) quadrado(s) cm3 — centímetro(s) cúbico(s) cm/s — centímetro(s) por segundo cód. — código com. — comandante comp. — companhia (militarmente) Cr$ — cruzeiro Cz$ — cruzado d. — dom d. — dona D. — digno d.C. — depois de Cristo DD. — digníssimo dec. — decreto dg — decigrama(s) DL — Decreto-Lei dr. — doutor dra. — doutora dras. — doutoras drs. — doutores E. — editor E — Este ed. — edição EE. — editores EM — Estado-Maior Ema. — Eminência emb. — embaixador eng. — engenheiro(a) Esc. — Escola etc. — et cetera ex. — exemplo(s) Exa. — Excelência exma. — excelentíssima exmo. — excelentíssimo Fed — Federal Reserve (o Banco Central dos EUA) fem. — feminino fl. — folha fls. — folhas FOB — free on board (livre a bordo) fr. — frei g — grama(s) gen. — general GMT — Greenwich Meridian Time (hora do meridiano de Greenwich)

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Abreviaturas GW — gigawatt h — hora(s) ha — hectare(s) hab. — habitante(s) hl — hectolitro(s) HP — horse-power (cavalo-vapor) ib. — ibidem (no mesmo lugar) id. — idem (o mesmo) i.e. — id est (isto é) ilma. — ilustríssima ilmo. — ilustríssimo inf. — infantaria Jr. — Júnior °K — grau(s) Kelvin kg — quilograma(s) kHz — quilohertz km — quilômetro(s) km2 — quilômetro(s) quadrado(s) km/h — quilômetro(s) por hora KO — nocaute kV — quilovolt(s) kVA — quilovolt(s)-ampère(s) kW — quilowatt(s) kWh — quilowatt(s)-hora l — litro(s) lb. — libra, libra-peso log. — logaritmo LP — long-playing Ltda. — Limitada m — metro(s) m2 — metro(s) quadrado(s) m3 — metro(s) cúbico(s) mA — miliampère(s) maj. — major mal. — marechal méd. — médico mg — miligrama(s) MHz — megahertz min — minuto(s) ml — mililitro(s) mlle. — mademoiselle (senhorita) mm — milímetro(s) mm2 — milímetro(s) quadrado(s) mm3 — milímetro(s) cúbico(s) MM. — meritíssimo mme. — madame m/min — metro(s) por minuto mons. — monsenhor mr. — mister (senhor) mrs. — mistress (senhora)

Abreviaturas m/s — metro(s) por segundo MTS — metro, tonelada, segundo mV — milivolt(s) MW — megawatt N — Norte NCz$ — cruzado novo N. da R. — nota da redação N. do A. — nota do autor N. do E. — nota do editor N. do T. — nota do tradutor NE — Nordeste N.N. — abreviatura com que se oculta um nome em programas, cartazes, subscrições, etc. nº — número N. S. — Nosso Senhor N. Sa. — Nossa Senhora N.T. — Novo Testamento O — Oeste obs. — observação op. cit. — opus citatum (obra citada) oz. — onça(s) (peso) pág. — página págs. — páginas pe. — padre p. ex. — por exemplo pg. — pago Ph.D. — Philosophiae Doctor (doutor em filosofia) pl. — plural p.m. — post meridiem prof. — professor profa. — professora profas. — professoras profs. — professores P.S. — post scriptum (pós-escrito) pt — ponto QG — quartel-general R. — Rua R$ — Real Revmo. — Reverendíssimo rpm — rotação por minuto rps — rotação por segundo s — segundo(s) (de tempo) S. — Santa, Santo, São S — Sul S.A. — Sociedade Anônima sarg. — sargento s/d — sem data séc. — século

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Abreviaturas sécs. — séculos seg. — seguinte segs. — seguintes S. Ema. — Sua Eminência S. Emas. — Suas Eminências S. Exa. — Sua Excelência S. Exas. — Suas Excelências SOS — sinal de socorro sr. — senhor sra. — senhora sras. — senhoras S. Revma. — Sua Reverendíssima S. Revmas. — Suas Reverendíssimas srs. — senhores srta. — senhorita S. Sa. — Sua Senhoria S. Sas. — Suas Senhorias t — tonelada tel. — telefone ten. — tenente ten.-cel. — tenente-coronel Trav. — Travessa TV — televisão V — volt(s) V. — você VA — volt-ampère V. A. — Vossa Alteza v.-alm. — vice-almirante V. Ema. — Vossa Eminência V. Emas. — Vossas Eminências V. Exa. — Vossa Excelência V. Exas. — Vossas Excelências V. Revma. — Vossa Reverendíssima V. Revmas. — Vossas Reverendíssimas vs. — versus (contra) V. S. — Vossa Santidade V. Sa. — Vossa Senhoria V. Sas. — Vossas Senhorias VT — videoteipe W — watt(s) W — Oeste w.c. — water-closet Wh — watt-hora x — versus (no futebol) yd — yard(s) (jarda) (No Estado, use as abreviaturas dessa forma. Pela norma oficial, as que indicam títulos ou formas de

Abrir tratamento têm inicial maiúscula: Cel. Augusto, Sr. Antônio, D. Luciano, Dra. Angélica, etc.) Abrir. Alguém abre alguma coisa ou alguma coisa abre-se (de preferência): Prefeito abre centro hoje / Feira abrese (e não abre) com móveis do futuro Abster-se. Conjugação. Pres. ind.: Abstenho-me, absténs-te, abstém-se, abstemo-nos, abstendes-vos, abstêm-se. Imp. ind.: Abstinha-me, etc. Pret. perf. ind.: Abstive-me, etc. M.-q.perf. ind.: Abstivera-me, etc. Fut. pres.: Abster-me-ei, etc. Fut. pret.: Abster-me-ia, etc. Pres. subj.: Que me abstenha, etc. Imp. subj.: Se me abstivesse, etc. Fut. subj.: Se me abstiver, etc. Imper. afirm.: Abstém-te, abstenha-se, abstenhamo-nos, abstendevos, abstenham-se. Ger.: Abstendose. Part.: Abstido. Acabamento final. Redundância. Acabar. 1 — Acabar, com maior propriedade, equivale a completar, terminar, concluir: Já acabaram o serviço. / Pretende acabar o livro esta semana. 2 — Ninguém, no entanto, acaba uma greve, uma assembléia ou um déficit. Use estes equivalentes mais corretos: Acordo põe fim (e não acaba) à greve dos metalúrgicos. / Professores suspendem (e não acabam) a greve. / Bancários encerram (e não acabam) a assembléia. 3 — Intransitivamente, porém, esse uso é correto: Acaba a greve dos portuários. / Acaba a assembléia dos motoristas de táxi. Acabar com. 1 — Significa pôr fim a ou destruir, dar cabo de: A empresa acabou com as mordomias. / Sua força acabou com os adversários. 2 — Por isso, para dizer que alguma coisa se encerra simultaneamente com outra, use termina ou encerra-se: Bienal termina (encerra-se) hoje com promoções (para evitar o duplo sentido presente em acaba hoje com promoções). Acaso, caso. Com se, use acaso: Se acaso você chegasse... / Se acaso você quiser... Caso rejeita o se: Caso você quei-

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Acentuação ra... / Caso você chegasse... Acaso pode também aparecer em frases como: Acaso lhe perguntaram alguma coisa? Aceitado, aceito. Com ter e haver, use aceitado; com ser e estar, aceito: Tinha (havia) aceitado, foi (estava) aceito. Acender-se. Alguma coisa se acende e não acende, apenas: A lâmpada acendeu-se. / Seus olhos acenderam-se de emoção. Acendido, aceso. Com ter e haver, use acendido; com ser e estar, aceso: Tinha (havia) acendido, foi (estava) aceso. Acentuação. 1 — Proparoxítonas Acentuam-se todas as palavras proparoxítonas: século, ávido, decrépito, Câmara, súbito, cômodo, quiséssemos, faríamos. Observação. Incluem-se nesta regra as palavras terminadas em ditongos crescentes: água, mágoa, área, superfície, Antônio, inócuo, iníquo, cônscio, tênue, série, míngua, cartório, miséria, lábio, aéreo, vácuo, oblíquo, abstêmio, relíquia, ambíguo, deságüe, bilíngüe. 2 — Paroxítonas Acentuam-se as paroxítonas terminadas em l, n, r, x, i, is, u, us, ei, eis, um, uns, ão, ãos, ã, ãs, ps: móvel, estável, Aníbal, hífen, elétron, Nélson, açúcar, fêmur, revólver, látex, tórax, júri, cútis, vírus, bônus, pônei, fósseis, fôsseis, fórum, álbuns, órgão, órgãos, acórdão, acórdãos, órfã, órfãs, ímã, ímãs, bíceps, fórceps. Observações a) As paroxítonas terminadas em ons mantêm o acento, inexistente no caso de ens: nêutrons, elétrons, prótons, cólons, hifens, viagens, liquens, homens, nuvens. b) Os prefixos terminados em i ou r não têm acento: semi-automático, anti-séptico, super-homem, inter-regional.

Acentuação c) Pode-se ainda considerar a regra inversa: acentuam-se todas as paroxítonas, à exceção das terminadas em a, as, e, es, o, os, am, em e ens. Exemplos: casa, antenas, fome, condes, lucro, Carlos, falam, imagem, origens. 3 — Oxítonas Acentuam-se as terminadas em a, as, e, es, o, os, em e ens: Pará, Satanás, café, revê, invés, vocês, complô, cipó, compôs, avós, porém, também, contém, retêm, reféns, convéns, parabéns. Observações a) Não se acentuam as oxítonas terminadas em i, is, u e us precedidas de consoante: parti, Paris, Edu, tatu, Perus, tabus. b) Acentua-se o porquê tônico: o porquê da crise. c) As formas verbais oxítonas em a, e e o, seguidas de lo, la, los e las, recebem acento: amá-lo, fazê-la, compô-los, dispô-las, repô-las-ia, descrevê-los-íamos, matá-lo. Se a letra final for i, precedida de consoante ou vogal não pronunciada, não existe acento: pedi-las, parti-lo, segui-los, impedi-la. 4 — Monossílabos Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em a, as, e, es, o e os: já, gás, fé, crê, pés, mês, Jô, Jó, nós, pôs, dá-lo, fá-lo-ia, vê-las, pô-los. Observações a) O acento permanece nos prefixos pós, pré e pró: pós-operatório, préhistória, Pró-Memória. b) Os monossílabos em i, is, u, us, em e ens não têm acento: vi, quis, cru, nus, bem, vens. c) O quê tônico é acentuado: Não sei por quê. / Para quê? / O quê da questão. / Um quê maiúsculo. / Um quê de mistério. 5 — Encontros vocálicos a) Os ditongos abertos éi, éis, éu, éus, ói e óis são sempre acentuados: idéia, papéis, chapéu, mausoléus, he-

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Acentuação róis, anzóis, réis, rói, sóis, céus, véu. Os ditongos ai, au e ui, porém, não têm acento: incaico, arauto, gratuito (úi). b) O hiato ôo, quando no fim da palavra, recebe acento, mesmo que se trate do plural ou de redução: enjôo, vôo, vôos, abençôo, zôo, zôos. c) A forma êem — dos verbos dar, crer, ver, ler e derivados — tem circunflexo no primeiro e: dêem, crêem, vêem, lêem, descrêem, revêem, relêem. d) Nos grupos gue, guem, gues, gui, guis, que, quem e ques, acentua-se o u tônico: apazigúe, argúem, averigúes, argúi, argúis, obliqúe, obliqúem, obliqúes. Se a terminação for gua ou qua, não existe acento: averigua (gúa), apaziguas (gúas), obliqua (qúa) e obliquas (qúas). 6 — I e u dos hiatos Têm acento o i e o u tônicos, acompanhados ou não de s, que não formem ditongo com a vogal anterior e estejam isolados na sílaba: caída (ca-í-da, i isolado na sílaba), ateísta (ate-ís-ta, grupo is isolado na sílaba), juíza, raízes, proíbe, truísmo, saúde, miúdo, reúnem, Criciúma, feiúra. Observações a) Não se acentuam o i nem o u, porém, se formarem sílaba com l, m, n, r e z (porque não estarão isolados na sílaba) ou forem seguidos de nh: Raul, Ataulfo, ruim, amendoim, Coimbra, caindo, Constituinte, oriundo, diurno, sairmos, atrairdes, poluir, juiz, raiz, bainha, campainha, moinho. b) Mesmo que se trate de palavras oxítonas, o i e o u deste caso (isolados na sílaba) são acentuados: Caí, Jundiaí, Havaí, saí, Tambaú, Jaú, Itaú, baús, Crateús, teiú. c) A regra vale também para as formas verbais seguidas de lo, la, los e las: distraí-lo, substituí-la, atraí-losá, subtraí-las-emos.

Acerca de, cerca de... d) Não se acentua, nas palavras paroxítonas, a vogal repetida: Saara, xiita, Mooca. e) Mesmo precedidos de vogal, os ditongos iu e ui não têm acento: saiu, contribuiu, possuiu, instituiu, pauis (de paul). 7 — Acento diferencial Persiste nas seguintes palavras: côa e côas (verbo coar ou substantivo, sinônimo de coação); fôrma (para diferenciar de forma); pára (verbo e prefixo, como em pára-quedas), mas não em paras nem param; péla e pélas (verbo pelar ou sinônimo de bola); pêlo e pêlos (cabelo); pélo (verbo pelar); pêra (fruta, barba e interruptor), mas não peras; Pêro (nome ou fruta); pôde (para diferenciar de pode, com som aberto); pólo e pólos (parte da Terra e jogo); pôr (verbo, para diferenciar de por, preposição); têm (verbo, plural) e vêm (verbo, plural). Os vocábulos pôla, pôlas, pôlo e pôlos mantiveram o acento, mas não são de uso jornalístico. O sinal foi abolido, no entanto, em todos os demais casos: ele (antes, êle), selo, aquele, toda, ovo, fosse, almoço, esteve. 8 — Acento grave Existe apenas nas crases: à, às, àquela, àquelas, àquele, àqueles, àquilo, àqueloutro, àqueloutros, àqueloutra, àqueloutras. 9 — Abreviaturas Se numa abreviatura se mantém a sílaba acentuada da palavra, o sinal permanece: séc. (século), págs. (páginas), côn. (cônego). 10 — Trema Usa-se quando o u depois do q ou g for pronunciado: agüentar, seqüestro, tranqüilo, lingüiça, qüinqüênio, eqüino, freqüente, conseqüência, agüei, Birigüi, ambigüidade, eqüestre, Anhangüera. Repare que só existe trema antes de e e i.

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Acessar Não têm acento 1 — Os vocábulos formados pelo acréscimo da terminação mente e dos sufixos iniciados por z: solidamente (antes, sòlidamente), cortesmente (antes, cortêsmente), sozinho (antes, sòzinho), cafezal (antes, cafèzal). 2 — A terminação amos do pretérito (para muitos, amámos, desejámos), até porque no Brasil o som é fechado: amamos (mâ), desejamos (jâ). 3 — As terminações ai (cantai), au (cacau, mau), ia (varia), ie (assobie), io (sadio), oa (coroa), oe (abençoe), ua (perua), ue (atue) e uo (recuo). A situação não se altera se houver s: Batatais, Manaus, pedias, desafios, atues, etc. 4 — O o fechado do grupo vocálico oio: apoio, comboio, joio. 5 — O plural das palavras terminadas em ês: meses, portugueses, corteses. Acerca de, cerca de, há cerca de. 1 — Acerca de. Equivale a sobre, a respeito de: Falou acerca da nomeação, do autor, do governo. / Explique-me tudo acerca do PIS. 2 — A cerca de ou cerca de. Corresponde a perto de, aproximadamente: Os jogadores ficaram a cerca de 20 metros uns dos outros. / Cerca de 100 pessoas estavam ali. / Dizia isso a cerca de 50 alunos. / O exército ficou reduzido a cerca de duas dezenas de homens. / Encontreio a cerca de dois quilômetros da casa. 3 — Há cerca de. Usa-se no lugar de faz aproximadamente, desde mais ou menos: Há cerca de dois anos o governo baixou essas medidas. / Partiu há cerca de 15 minutos. Acessar. Use o verbo apenas como sinônimo de acionar ou chamar um arquivo na informática. Mas ele não significa ter acesso a uma rodovia, por exemplo, como nesta frase: A melhor maneira de “acessar” o (de chegar ao, de atingir o) Guarujá no momento é pela balsa.

Achar, encontrar Achar, encontrar. Use achar para definir aquilo que se procura e encontrar para o que, sem intenção, se apresenta à pessoa: Achou o que procurava. / O menino achou o cão perdido. / Agricultores encontram fóssil em São José do Rio Preto. / Documento raro encontrado no porão da biblioteca. Acidente, incidente. Acidente é um acontecimento imprevisto ou infeliz, desastre: acidente de trânsito, o acidente entre o ônibus e o caminhão, um acidente na estrada, acidente de trabalho, acidente pós-operatório. Incidente designa circunstância casual, episódio, peripécia, atrito: Um incidente entre os dois políticos. / O incidente fez que rompessem a amizade. Aconselhar. Regência. 1 — Aconselhar alguém ou alguma coisa (tr. dir.): Os pais aconselharam o filho. / O líder aconselhou o emprego da persuasão. 2 — Aconselhar alguma coisa a alguém (tr. dir. e ind.): Aconselhou repouso ao doente. / Aconselhou aos sonegadores que pagassem seus débitos. / Todos lhe aconselharam cautela. 3 — Aconselhar alguém a alguma coisa (tr. dir. e ind.): Todos o aconselharam a esperar. / Aconselhei os irmãos a interná-lo. 4 — Aconselhar, apenas (intr.): É um homem que sabe aconselhar. 5 — Aconselhar-se com ou sobre (pron.): Todos se aconselharam com o advogado. / Aconselhouse sobre o que fazer nesse caso. Acontecer. 1 — Use o verbo apenas no seu significado mais específico, de suceder de repente. Acontecer dá sempre uma idéia de inesperado, desconhecido, imponderável, como nos exemplos: Caso acontecesse o desabamento, muitas mortes poderiam ocorrer. / O fato aconteceu há cem anos. / Se algum mal lhe acontecer, ninguém será culpado. 2 — No sentido de ser, haver, realizar-se, ocorrer, suceder, existir, verificar-se, dar-se, estar marcado para, re-

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Acontecer corra, com maior propriedade, a uma destas opções (entre parênteses): O show acontece às (está marcado para as) 22 horas. / A manifestação aconteceu (realizou-se, foi) ontem. / Embora raramente aconteçam (ocorram) casos de apreensão de entorpecentes... / Está previsto para acontecer em (está previsto para, simplesmente) dezembro. / Se a saída de X realmente acontecer (suceder)... / O pontapé inicial acontecerá (será dado) no dia 30. / A falta não aconteceu (existiu). / Festival acontece (realiza-se, começa) sem o maestro. / Não aconteceu (houve) o debate marcado. / A recessão já acontece (existe, chegou). / Os recursos não vêm acontecendo (aparecendo, surgindo). A semântica explica a razão: acontecer tem traços comuns a esses verbos, mas não o significado completo deles. Por isso, seu uso é impróprio ou inadequado nos casos referidos. 3 — Outra opção é mudar a frase e usar o agente como sujeito (em vez do ato por ele praticado): A polícia apreendeu (em vez de a apreensão aconteceu) a mercadoria. / Milton Nascimento canta hoje (em vez de o show de Milton Nascimento acontece hoje). / Os jogadores se reapresentam (em vez de a reapresentação dos jogadores acontece) às 9 horas. / O jogador renovará o contrato (em vez de a renovação do contrato acontecerá) segunda-feira. / A sessão começou (em vez de o início da sessão aconteceu) às 15 horas. 4 — Com os pronomes indefinidos e demonstrativos, porém, e com o que interrogativo, o uso de acontecer é apropriado: Tudo acontece aqui. / Isso não aconteceria se ele fosse avisado. / Como acontece isso? / Nada acontece sem que ele saiba. / O que aconteceu na cidade? 5 — O verbo só se conjuga nas terceiras pessoas: acontece, aconteceram, aconteceria, acontecessem, etc.

Acórdão Acórdão. Plural: acórdãos. Acordar. Use acordar como despertar e equivalentes. No sentido de ajustar, combinar, acertar, resolver de comum acordo, prefira uma destas formas. Acudir. Conjugação. Pres. ind.: Acudo, acodes, acode, acudimos, acudis, acodem. Pres. subj.: Acuda, acudas, acuda, acudamos, acudais, acudam. Imper. afirm.: Acode, acuda, acudamos, acudi, acudam. Acumular. Um prêmio ou alguma coisa acumula-se, e não acumula, apenas: Prêmio da Sena acumula-se (e não acumula) novamente. / Os livros acumulavam-se (e não acumulavam) sobre a mesa. Acusações. 1 — Nunca atribua um crime a alguém, a menos que a pessoa tenha sido presa em flagrante (e não haja dúvidas a respeito da sua culpa) ou confessado o ato. Mesmo que seja a polícia quem faça a acusação, recomenda-se cautela para que o jornal, involuntariamente, não difunda uma versão que se possa demonstrar equivocada ou inverídica. Assim, a não ser nos casos notórios, refira-se sempre ao acusado nestes termos: Fulano de tal, acusado de ser o matador de... / Fulano de tal, acusado de ser o principal receptador de jóias da cidade... Nunca afirme que ele “é o matador” ou “é o principal receptador”, a não ser nas hipóteses já mencionadas. 2 — O Estado não publica insultos ou acusações de irregularidades, crimes e corrupção em off (sem que o denunciante tenha o nome revelado), como, por exemplo: Segundo fontes do Planalto, o ministro demitido pelo governo recebia comissões de empreiteiras. / Corre na cidade que fulano já mandou matar mais de dez adversários políticos. / Consta que o deputado João da Silva não honra os compromissos assumidos. Lembre-se: a responsabilidade por acusações graves como essas (mas totalmente vagas) passa toda para o jornal.

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Adequar 3 — Isso não significa que você não possa divulgar acusações sem atribuílas a uma fonte. Se o seu informante é da mais absoluta confiança ou se você tem documentos que fundamentem a denúncia, deve publicá-la. É direito do editor ou da Direção da Redação, porém, conhecer a origem das informações para decidir sobre a conveniência ou não da publicação, uma vez que, também neste caso, a responsabilidade final cabe sempre ao Estado. 4 — Nos títulos, especialmente, estas instruções deverão ser seguidas à risca. Como norma, procure sempre mostrar ao leitor que se trata de uma acusação ou denúncia, e não de um fato provado: Deputado acusa ministro de desvio de verbas / Ministro acusado de desviar verbas / Empreiteiro denuncia concorrência. 5 — Finalmente, lembre-se de que todo acusado tem o direito de resposta. O ideal é publicar a denúncia e a explicação ou a réplica do acusado ao mesmo tempo. Se a simultaneidade for absolutamente impossível (por não se localizar o acusado, por exemplo), não deixe a resposta passar do dia seguinte. Ouvir o atingido pelas denúncias é essencial, mesmo que você tenha a certeza da procedência das informações contra ele. 6 — Ver também denúncias, página 90. “Acusar que”. Acusa-se alguém, mas não se acusa que alguém... Adentrar. Não use. Opções: entrar, penetrar, ingressar. Adentro. Uma palavra só: mato adentro, porta adentro, país adentro, noite adentro. Adequar. Conjugação. Pres. ind.: Adequamos, adequais (não tem as outras pessoas). Pres. subj.: Não tem. Imper. afirm.: Adequai vós. Os demais tempos são regulares: adequava, adequou, adequaria, adequasse, etc. Em vez dos inexistentes “adequa” ou “adeqüe”,

Aderir use, portanto, ajusta, ajuste, adapta, adapte ou equivalente. Aderir. Conjugação. Pres. ind.: Adiro, aderes, adere, aderimos, aderis, aderem. Pres. subj.: Adira, adiras, adira, adiramos, adirais, adiram. Imper. afirm.: Adere, adira, adiramos, aderi, adiram. “Adiar para depois”. Redundância. Não use. Só se pode adiar alguma coisa para depois, para outro dia ou para o futuro. Adivinhar, adivinho. Com di. Adjetivação. O texto noticioso deve limitar-se aos adjetivos que definam um fato (noticioso, pessoal, vizinho, próximo, sulino, etc.), evitando aqueles que envolvam avaliação ou encerrem carga elevada de subjetividade (evidente, imponderável, belo, bom, ótimo, inteligente, infinito, etc.). Mesmo nas matérias opinativas, em que o autor tem maior necessidade de recorrer aos adjetivos, a parcimônia é boa conselheira. O jornalista pode sempre mostrar que um temporal foi devastador e um incêndio foi violento. Ou que uma peça constitui retumbante fracasso. Tudo isso sem poluir seu texto com dezenas de qualificativos. Em qualquer tipo de texto, porém, tome cuidado com os “adjetivos fortes”: eles seguramente surpreenderão o leitor, no mau sentido, ou lhe darão a idéia de que alguém tenta impingirlhe opiniões definitivas sobre algo ou alguém: borbulhante cemitério, nudez estonteante, exuberante modelo, cidade esfuziante, movimento frenético, sucesso reluzente, idéia fantástica, espetáculo maravilhoso, cenário deslumbrante, iluminação feérica, participação brilhante, artista genial, monumental inteligência, êxito retumbante, atuação irrepreensível, desempenho perfeito. Adjetivo por advérbio. 1 — O adjetivo pode exercer a função de advérbio, quando então fica invariável (em

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Advérbios em mente geral, pode ser substituído pela forma em mente ou pela expressão de modo...): Falem baixo (de modo baixo). / Respondam alto (de modo alto). / Eram pessoas demasiado (demasiadamente) desconfiadas. / Tossia forte (fortemente). / Eles não raro (raramente) se perdiam. / O punhal feriu fundo (de modo fundo). / Ela falava áspero. / Agiu rápido. / Precisamos pensar claro. / Não podiam andar mais ligeiro. / Foram direto ao assunto. / Olhou-a firme. / Chegam breve ao Brasil. / Compra barato e vende caro. / Saíram súbito da sala. / Falemos sério. / Vejam primeiro quem vem. / Escreve gostoso (de modo gostoso). 2 — Além desses adjetivos, funcionam como advérbios, entre outros: afoito, calmo, delgado, direito, diverso, duro, exato, fiado, fino, folgado, frio, grosso, imenso, infinito, junto, manifesto, mole, rasgado, rijo, segundo e suave. Administração regional. Em maiúsculas quando especificada: Administração Regional (ou Regional, apenas) da Lapa, Administrações Regionais (ou Regionais) da Sé e Pinheiros. Em minúsculas quando não especificada: a administração regional, essa administração regional, a regional, essa regional, as regionais, as administrações regionais. Administrar. Construções como administrar a situação, administrar o conflito, administrar a vitória, etc., não existem formalmente no idioma e só devem ser usadas em textos muito especiais, mas não no noticiário. Advérbios em mente. 1 — Os advérbios terminados em mente formam-se pelo acréscimo do sufixo à flexão feminina do adjetivo: espertamente, francamente, lindamente. 2 — Se o adjetivo terminar em ês, apenas se adiciona a terminação mente: portuguesmente, burguesmente. 3 — Repare que o acento original do adjetivo

Advertir desaparece: logicamente (e não lògicamente, como antes), portuguesmente (e não portuguêsmente), somente, etc. 4 — Quando houver mais de um advérbio na frase, use o sufixo apenas no último, deixando os demais adjetivos na forma feminina: Ali estava ela, sóbria e elegantemente trajada. / Dura, mas lealmente disputadas, eram eleições decisivas para o destino do país. 5 — Por uma questão de ênfase, a terminação mente pode ser repetida: Agia sempre ponderadamente e calmamente (no Estado, porém, use a forma reduzida). Advertir (conjugação). Como servir (ver, página 266): advirto, advertes; que eu advirta; etc. Advertir (regência). 1 (tr. dir.) — Admoestar, observar, prevenir: O pai advertiu severamente os filhos. / EUA advertem que reagirão aos ataques no Golfo Pérsico. / Só então advertiu que era tarde. / Escapou do perigo porque o advertiram. 2 (tr. ind.) — Atentar: Custou, mas advertiu naquele detalhe. 3 (tr. dir. e ind.) — Advertir alguém de alguma coisa ou advertir a alguém alguma coisa: O governo adverte o País dos riscos da recessão. / Fazenda adverte o presidente de que a inflação foge ao controle. / Advertiuo de que se enganava. / As empresas advertiram aos consumidores que iam faltar produtos no mercado. Observação: Com as preposições para, sobre e contra, use alertar. Aedes. Em itálico. Aedes tem inicial maiúscula: Aedes aegypti, Aedes albopictus (tigre-asiático). Aero... Liga-se sem hífen ao termo seguinte. O h intermediário desaparece, enquanto o r e o s devem ser dobrados: aeroespacial, aeroclube, aerorraquia, aerossol, aeroterrestre. “Aeródromo”. Use apenas aeroporto. Afazer. Conjuga-se como fazer (ver, página 127). Afegão. Use esta forma, e não afegane. Flexões: afegã, afegãos, afegãs.

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Agitar Aficionado. Um c só. Afim, afim de, a fim de. 1 — Afim, numa única palavra, corresponde a semelhante ou parente por afinidade: almas afins, vocábulos afins, o sogro é afim (parentesco sem laço sanguíneo) da nora. 2 — A fim de equivale a para: Chegou cedo a fim de terminar o serviço. 3 — Estar a fim de, no sentido de estar com vontade de, só deve figurar em textos coloquiais ou declarações: Está a fim de sair hoje. Afora. Concordância. Ver exceto, página 122. Afora, a fora. 1 — Afora, numa palavra só, significa à exceção de, além de, para o lado de fora, ao longo (tempo e espaço): Saíram todos, afora (menos, à exceção de) o pai. / Teve sete filhos, afora (além de) alguns bastardos. / Saiu pela porta afora (para o lado de fora). / Andou pelo Brasil afora (ao longo, espaço). / Não estudou pelo ano afora (ao longo, tempo). 2 — A fora, separadamente, existe apenas em oposição a dentro: De dentro a fora. Aforismo. E nunca aforisma. Afro. 1 — Pode ser adjetivo e substantivo, flexionando-se normalmente: os povos afros, ritmos afros, música afra, cabeleiras afras, os afros do centro do continente, etc. 2 — Como prefixo, exige hífen na constituição de adjetivos pátrios: afro-asiáticos, afrobrasileiro, afro-lusitano, afro-negro. Nos demais compostos, não há hífen: afrolatria, afrogenia, etc. “Agilizar”, “agilização”. Palavras vetadas. Use dinamizar, tornar mais ágil, acelerar, apressar, estimular ou incentivar, conforme o caso (e os substantivos correspondentes). Agitar. Evite. A palavra cria títulos muito genéricos, como: Greve de jogadores agita Fluminense. / Tiroteio agita favela. / Atentado agita Jeru-

Agradar salém. Greve, tiroteio e atentado fazem bem mais do que agitar um lugar. Agradar. 1 — Use agradar como transitivo indireto (com preposição a) no sentido de satisfazer, contentar: As novas medidas agradaram aos empresários. / Nada lhe agradaria mais. 2 — Como transitivo direto (sem preposição), empregue agradar apenas como equivalente a acariciar, afagar: Agradou o filho. 3 — O verbo pode ainda ser intransitivo: O espetáculo agradou muito. E pronominal: Agradava-se dos amigos. Agradecer. Regência. 1 (tr. dir.) — Mostrar-se grato por: Agradeceu o favor recebido. 2 (tr. ind.) — Demonstrar gratidão: Recebi o livro e ainda não lhe agradeci. 3 (tr. dir. e ind.) — Demonstrar gratidão a alguém: Agradeceu a Deus a graça alcançada. / Agradeceulhes a gentileza. 4 (intr.) — Ganhou um presente e nem agradeceu. Observações: Como se agradece sempre a alguém, não existe a forma “agradecêlo”, mas apenas agradecer-lhe. Igualmente não se agradece alguém por alguma coisa, como neste exemplo real: Técnico “agradece jogador” pela homenagem. Agravante. Palavra feminina: a agravante, uma agravante. Agredir. Conjugação. Pres. ind.: Agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, agridem. Pres. subj.: Agrida, agridas, agrida, agridamos, agridais, agridam. Imper. afirm.: Agride, agrida, agridamos, agredi, agridam. Agreement. Use a forma inglesa, agreement, e não a francesa, agrément. “Agricultável”. Prefira cultivável. Agro... Liga-se sem hífen à palavra ou elemento de composição seguinte: agroaçucareiro, agrogeografia, agroindústria, agropecuária, agrovila. Aguar. Verbo regular. Conjugação. Pres. ind.: Águo, águas, água, aguamos,

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Alcorão aguais, águam. Pret. perf.: Agüei, aguaste, aguou, aguamos, aguastes, aguaram. Pres. subj.: ágüe, ágües, ágüe, agüemos, agüeis, ágüem. Imper. afirm.: água, ágüe, agüemos, aguai, ágüem. Imper. neg.: Não ágües, não ágüe, não agüemos, não agüeis, não ágüem. Aids. Inicial minúscula: Aumenta o número de casos de aids. Ajuda de custo. E não de custas. Ajudar. Regência. 1 — Ajudar alguém ou alguma coisa: Ajudou o pai, ajudou os amigos. / Óculos ajudam a leitura. 2 — Ajudar alguém em (antes de substantivo) ou ajudar alguém a (antes de infinitivo): O filho ajuda o pai na loja. / Todos o ajudaram no serviço. / Ele o ajudou a conseguir emprego. / O menino ajudou a mãe a sair. 3 — Ajudar a: Ler ajuda a pensar. 4 — Ajudar a alguém: Eles ajudaram ao amigo. / Não lhe posso ajudar agora. (É regência a evitar, porém.) 5 — Ajudar, apenas: Disse que queria ajudar e não atrapalhar. / Procure alguém para ajudar. 6 — Ajudar-se: Todos se ajudaram. / Se ele não se ajudasse, não teria sarado. ...al. Cuidado, pois o sufixo forma palavras eruditas e às vezes pernósticas: demissional, emergencial, laboratorial, congressual, ficcional, dialogal, situacional, etc. “À la”. Use à, apenas, e não à la em frases como: Piloto à Senna (e não à la Senna), decisão à mineira (e não à la mineira). Igualmente, filé à moda (e não à la moda). Alá. Desta forma, e não Allah. Alazão. Flexões: alazã, alazões (prefira) e alazães. Alcaide. Apenas em editoriais ou artigos assinados, como sinônimo de prefeito. Feminino: alcaidessa. Álcool. Plural: álcoois. Alcorão. Use esta forma, e não Corão. Plural: Alcorões (prefira) e Alcorães.

Aldeão Aldeão. Flexões: aldeã, aldeões (prefira), aldeães e aldeãos. Além. Dispensa também e ainda: Além de criticar a oposição, censurou os aliados (e não “também censurou” ou “ainda censurou”). Além... Exige hífen: além-atlântico, além-fronteiras, além-mar, além-túmulo, Além-Paraíba. No entanto: Alentejo, alentejano. Alemão. Flexões: alemã, alemãs e alemães. Alemão-ocidental. Flexões: alemãesocidentais, alemã-ocidental e alemãsocidentais. Alemão-oriental. Flexões: alemãesorientais, alemã-oriental e alemãsorientais. Alerta. 1 — Palavra invariável quando interjeição ou advérbio: Alerta! Os inimigos vêm aí. / Os homens vigiavam o farol alerta (alerta = atentamente). 2 — É variável quando adjetivo, com o sentido de atento, ou substantivo, como sinônimo de aviso: Vigiam com cuidado, são homens alertas (= atentos). / Ambos estavam alertas (= atentos). / As sentinelas deram vários alertas. Alertar. Regência. 1 — A regência usual é a direta: O barulho alertou os vigilantes. 2 — Admite-se, modernamente, o verbo como transitivo direto e indireto (alertar alguém de, para, sobre e contra alguma coisa): Alertou-o de que este não era o momento. / Alertou o amigo para (sobre) os riscos da decisão. / O governador alertou os cidadãos contra o radicalismo. 3 — Também pode ser usada a forma alertar para (apenas nos títulos), sem menção à pessoa ou coisa alertada: Médicos alertam para o perigo do uso de pesticidas. / Relator alerta para atraso na votação do projeto. 4 — Não existe a forma alertar que (alerta-se alguém, mas não se alerta que). Alface. Palavra feminina: a alface.

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Algum (alguns) de (dentre) Algo de. Concordância: ver alguma coisa de, nesta página. Alguém. 1 — Deve ser empregado apenas no sentido positivo: Alguém está aí? / Queria ser alguém na vida. / Se alguém perguntar, diga que saímos. 2 — Em frases negativas, use ninguém: Falou o que quis, sem que ninguém (e não alguém) o contestasse. / Não via ninguém (e não alguém) que pudesse ajudá-lo. Algum. 1 — Antes do substantivo, tem valor positivo: É necessário algum (um, certo) esforço para aprender. / Traga algum (qualquer) amigo com você. / Algum dia o País resolverá seus problemas. 2 — Depois do substantivo, equivale a nenhum e deve ser precedido de outra negativa, em geral não, nada, sem ou nem: Não fez esforço algum para aprender. / Chegou ontem, sem trazer amigo algum com ele. / Não aceitava gentilezas nem favor algum. 3 — Quando as expressões de modo, de maneira, de forma, de jeito e equivalentes dão valor negativo à oração, algum dispensa o uso de não, nem, nada e sem: De maneira alguma faremos isso. / De modo algum pude convencê-la. Alguma coisa de. Concordância. 1 — O adjetivo que vem depois não varia: Ela tem alguma coisa de bom (e nunca de boa). / A moça ocultava alguma coisa de misterioso (e não de misteriosa). 2 — Se não houver preposição, faz-se a concordância normal: Ela tem alguma coisa boa. / A moça ocultava alguma coisa misteriosa. 3 — Seguem a mesma norma nenhuma coisa de, qualquer coisa de, algo de, nada de e tudo de: Ela tem tudo de bom. / A moça não tem nada de misterioso. Algum (alguns) de (dentre). Concordância. 1 — No singular, o verbo concorda com algum: Algum de nós estará presente. / Algum de vós será convidado. / Algum deles concordará conosco. 2 — No plural, o verbo concorda com a palavra, expressão ou

Álibi pronome que vier depois de alguns de ou alguns dentre: Alguns de nós estaremos presentes. / Alguns dentre vós sereis convidados. / Alguns deles concordarão conosco. 3 — Modernamente, a tendência — já aceita pelos gramáticos — é levar o verbo para a terceira pessoa: Alguns de nós estarão presentes. / Alguns dentre vós serão convidados. / Alguns de nós continuam vivos. 4 — Seguem a mesma regra: diversos de, muitos de, nenhum de, poucos de, qual(is) de, qualquer (quaisquer) de, quantos de, um (uns) de e vários de. Álibi. Aportuguesado, com acento. Plural: álibis. Alternativa. 1 — Não use a forma outra alternativa, uma vez que a alternativa é sempre outra: Não havia alternativa. / Eles não tinham alternativa. 2 — Evite, igualmente, única alternativa: se não há outra possibilidade, não se pode falar em alternativa. Substitua a palavra, neste caso, por saída, opção, recurso, procedimento, possibilidade, etc. Alto-falante. Plural: alto-falantes. E atenção: alto e não “auto-falante”. Alto-forno. Plural: altos-fornos. Alto-relevo. Plural: altos-relevos. Alunissar, alunissagem. Use estas duas formas para definir o ato de pousar na Lua ou o próprio pouso. Alvorada. Formas corretas: Palácio da Alvorada, o Alvorada. Amálgama. Palavra proparoxítona. Embora admita os dois gêneros, prefira o masculino: um amálgama, o amálgama. Ambi... Liga-se sem hífen à palavra ou elemento de composição seguinte: ambidestro, ambiesquerdo, ambissinistro, ambivalente. Ambos, ambos os. 1 — Use apenas estas duas formas, uma vez que ambos os dois e ambos de dois, embora corretas, devem limitar-se às transcrições ou aos textos literários. 2 — A palavra

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Aneurisma refere-se tanto a pessoas como a coisas, órgãos ou grupos: Ambos chegaram atrasados. / Que livros escolheu? Ambos. / Nesse cenário, ambos, soldados e jagunços, mediam forças. 3 — Quando o substantivo determinado por ambos estiver claro, é obrigatório o uso do artigo: Representava ambas as casas do Congresso. / Consulte ambos os livros. / Segurou o rosto com ambas as mãos. 4 — Escreva, sem receio, pessoas de ambos os sexos: ninguém vai pensar em hermafroditas. A menos de. Ver há menos de, página 138. À mesa. Na locução, à dá idéia de proximidade, equivalendo a junto à: Sentou-se à mesa. / Tomou lugar à mesa. Na mesa seria sobre a: Subiu na mesa para trocar a lâmpada. Da mesma forma, ao volante, à máquina (e não na máquina), ao piano, à janela, etc. A meu ver. E não ao meu ver. Amoral, imoral. Amoral equivale a que não tem o senso da moral: Trata-se de um indivíduo amoral. / A arte, para Oscar Wilde, é amoral (e nunca imoral). Imoral designa o que viola os princípios da moral: Trata-se de um indivíduo imoral (isto é, libertino, lascivo). / Este livro é imoral. Amostragem. Use a palavra somente para designar o processo de seleção de uma amostra com fins estatísticos: A amostragem utilizada na pesquisa... Nos demais casos, o que se deve empregar é amostra, simplesmente. Amsterdã. Desta forma. Os naturais da cidade são: amsterdamês, amsterdamesa, amsterdameses e amsterdamesas. Anão. Flexões: anã, anões (prefira) e anãos. Ancião. Flexões: anciã, anciãos (prefira), anciões e anciães. Andaluz. Feminino: andaluza. Aneurisma. Palavra masculina: o aneurisma.

Anexado, anexo Anexado, anexo. Para expressar uma ação, use anexado tanto com ter e haver como com ser e estar: Tinha (havia) anexado, foi (estava) anexado aos autos. Prefira anexo como adjetivo: casa anexa, documentos anexos. Anexo. 1 — Não tem função de advérbio. Dessa maneira, são incorretas as formas: “Anexo” envio a carta. / “Em anexo” envio a carta. / “Anexo” a esta envio a carta. 2 — Como adjetivo, sua forma habitual, anexo deve figurar em frases como: Envio a carta anexa. / Prédios anexos ao central. / Anexas lhes encaminho as citações. / A certidão está anexa aos autos. Anfitrião. Flexões: anfitriã (prefira), anfitrioa e anfitriões. Anglo... 1 — Hífen na formação de adjetivos pátrios: anglo-americano, anglo-brasileiro, anglo-saxão. Anglo-catolicismo segue a mesma norma. 2 — Nos demais compostos, não há hífen: anglofilia, anglofobia, anglomaníaco. Animais. 1 — Use inicial minúscula para designar as raças de animais: cavalo manga-larga; gado santa gertrudes, holandês, aberdeen, jérsei; cão pastor alemão, fox-terrier, rottweiler, weimaraner; gato siamês; canário roller, etc. Repare que muitos nomes já estão aportuguesados. 2 — Para a formação do feminino, ver macho, fêmea, página 166. Aniversário. Como o próprio nome diz, só ocorre uma vez por ano. Assim, como não existe aniversário mensal ou trimestral, use data-base ou vencimento para aplicações: As cadernetas com vencimento (ou data-base) hoje pagarão rendimentos de 5%. Ano. a) Sem ponto: no ano 2000, em 2010, etc. b) Ver ao ano, ao dia, ao mês, página 38. “Ano que vem”. Prefira as formas no ano que vem ou no próximo ano, mais eufônicas que “ano que vem” ou “ano próximo”: O IR mudará no ano que vem (ou no próximo ano).

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Anti... Ansiar. Conjuga-se como odiar (ver, página 203): anseio, anseia, anseiam, anseie, anseiem, etc. Antártida. Desta forma. O adjetivo, porém, é antártico: zona glacial antártica, continente antártico, aves antárticas. Ante... Hífen antes de h, r e s: ante-histórico, ante-republicano, ante-sala. Nos demais casos, o hífen não existe: anteato, anteestréia, anteontem, antediluviano. “Antecipar que”. Alguém antecipa alguma coisa, mas não antecipa que... Ante o, ante a. Sem preposição ou crase: Sucumbiu ante o perigo (e não ante ao). / O Palmeiras caiu ante a Portuguesa (e não ante à). Antes de, antes que. 1 — Antes de rege palavras: Antes de sair, pediu um favor. / Partiu antes do amanhecer. 2 — Antes que liga orações: Saia antes que eu me irrite. / Seu vulto era visível antes mesmo que acendesse a luz. / Tomei a decisão antes que ele o fizesse. Antever. Conjuga-se como ver (ver, página 297): antevejo, antevês; antevia; antevi; que eu anteveja; se eu antevisse; se eu antevir; etc. Anti... 1 — É seguido de hífen quando o segundo elemento começa por h, r e s: anti-histamínico, anti-rábico, antiséptico, anti-semita. Nos demais casos: antiaéreo, antiespasmódico, antiinflacionário, antiofídico, anticristo, antimatéria, etc. 2 — Use o prefixo sempre com hífen quando ele se ligar a um nome próprio, substituindo a preposição contra: anti-Brasil, anti-Gorbachev, anti-Clinton, anti-EUA, anti-Rússia, anti-Mirage. 3 — Quando anti se liga a um substantivo comum, o adjetivo resultante não tem plural: carros antitanque (e não antitanques), medicamentos antichoque.

Antiguidade Antiguidade. Use sem trema, em qualquer sentido: Loja de antiguidades. / Referências à Antiguidade. Antinotícia. Procure, na notícia, explicar sempre o que aconteceu, em vez do que não aconteceu. Haverá sempre uma forma positiva — basta procurála — de transmitir a informação ao leitor, seja no lead, seja no título. Veja alguns exemplos condenáveis de lead negativo: O novo pedido de licença do cargo, feito pelo prefeito paulistano, não foi votado ontem pela Câmara Municipal. / O presidente da República não irá mais ao Pará amanhã, como estava programado, para assistir ao assentamento de 500 famílias na Fazenda Lajeado. / O Conselho Nacional de Trânsito não decidiu ontem sobre o novo limite de velocidade nas principais estradas brasileiras. / A dívida contraída pela Cesp continua sem explicações. / Não houve nenhuma novidade ontem nas investigações realizadas pela polícia de São Paulo para localizar o “maníaco do ácido”. Em todos esses casos, a abertura recomendável teria obrigatoriamente de revelar a causa de nada disso ter acontecido. Veja uma solução: Por causa do agravamento das divergências entre o governo e o Congresso, o presidente da República decidiu cancelar a viagem que faria amanhã ao Pará, para assistir ao assentamento de 500 famílias na Fazenda Lajeado. / Só na próxima semana a Câmara Municipal decidirá sobre o pedido de licença do prefeito que, por falta de quórum, deixou de ser votado ontem. Proceda da mesma forma nos títulos, fugindo das formas pouco elucidativas como: Sobrevivente não presta depoimento / Exames do deputado não terminaram / Presidente não vai ao Pará / Nada decidido sobre velocidade. / Filho de ministro não presta novo depoimento.

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Aonde, onde Seria indispensável nesses títulos dizer, por exemplo: Médicos impedem depoimento de sobrevivente / Deputado fará exames por mais três dias / Presidente cancela visita ao Pará / Adiada decisão sobre velocidade. / Filho de ministro recusa-se a depor de novo. Antropo... Liga-se sem hífen à palavra ou elemento de composição seguinte: antropocêntrico, antropogeografia, antropomagnetismo, antropossociologia. Anuir. 1 — É transitivo indireto e exige as preposições a e em: O juiz anuiu ao desejo do promotor. / Todos anuíram em sair. / Anuíram à proposta, ao pedido, à intenção. 2 — Pode ser intransitivo (sem complemento): Convidou-os a ficar e eles anuíram imediatamente. “Anvers”. Use Antuérpia. Ao ano, ao dia, ao mês. 1 — Adote essas formas apenas para taxas e juros. Assim: O banco cobrava juros de 100% ao ano. / A poupança crescia 6% ao ano. 2 — Em todos os demais casos, use por ano, por mês, por dia: Os funcionários recebiam 15 salários por ano (e não “ao ano”) / Eram turistas que podiam viajar para o exterior várias vezes por ano / A festa era realizada duas vezes por mês. / Andava 10 quilômetros por dia. 3 — Escreva igualmente por semana, por quinzena, por semestre, etc. Ao mês. Ver ao ano, ao dia, ao mês, nesta página. Aonde, onde. 1 — Aonde usa-se com verbos de movimento: Aonde ele foi? / Aonde essas medidas do governo vão levar? / Aonde nos conduzirão esses desmandos? 2 — Onde indica permanência: Onde ele está? / Encontrou os livros onde lhe indiquei. / Onde passaremos o dia? 3 — Em termos práticos, aonde pode ser substituído por a que lugar, para que lugar, enquanto onde equivale a em que lugar.

Apagar-se Apagar-se. Prefira esta forma, e não apagar, apenas: A luz apagou-se. / É preciso evitar que os fornos se apaguem. Aparecida. A cidade é Aparecida, e não “Aparecida do Norte”. Apaziguar. Conjuga-se como averiguar (ver, página 50). Apelar para. 1 — O certo é apelar para e não apelar a: Agricultores apelam para o governo. / Pais apelam para secretário contra escola. / Não sabiam para quem apelar. 2 — Se a estrutura da frase exigir outro para, use então recorrer em vez de apelar: A propaganda recorre ao nu masculino para atrair o público feminino. 3 — Existe ainda a forma apelar de (interpor recurso): O advogado apelou da sentença. Apelidos. 1 — No caso de ser necessário identificar as pessoas por apelidos, escreva-os em itálico: Zelão, o Gordo, Fumaça, etc. 2 — A norma não vale para os apelidos de domínio público ou de esportistas, que devem ser grafados em corpo normal: Chico Buarque, Zé Ramalho, Juca de Oliveira, Careca, Bebeto, Didi, etc. Apiedar-se. Prefira ter pena de. Se necessário, porém, conjugue o verbo como regular: eu me apiedo, tu te apiedas; que eu me apiede, que tu te apiedes (e não que eu me apiade); etc. “Apoiamento”. Não existe. Use compromisso de apoio ou forma semelhante. “Apontar que”. Alguém aponta alguma coisa, mas não aponta que... Aportuguesamento. Ver palavras estrangeiras, página 209. Após. Usa-se em formas como: Saiu após o pai. / Ano após ano. / Após si. / Falaremos após. / Após o jogo. Após ao, do jargão esportivo, não existe. Sempre que possível, porém, prefira depois de, mais usual. Aposentar-se. Alguém se aposenta e não aposenta, simplesmente: Muitos

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Aposto acham que o brasileiro se aposenta cedo. / Ele já se aposentou. Após mais particípio. Com particípio, use depois de e nunca após: depois de realizado (e não após realizado), depois de promulgada (e não após promulgada), etc. Aposto. 1 — É a palavra ou expressão que explica ou resume outro termo da oração: A CBS, rede de televisão dos EUA, denunciou o tráfico de influência no governo. / Veneza, a cidade dos canais, atrai visitantes do mundo todo. / Guimarães Rosa, escritor, era diplomata de carreira. / Nós, pobres mortais, só podíamos fazer-lhe as vontades. / Jack, o Estripador, foi tema de dezenas de filmes. Quando vem depois do fundamental (a palavra modificada), o aposto fica entre vírgulas, como nos exemplos acima. 2 — Procure distinguir jornalisticamente os casos em que o aposto vai entre vírgulas ou não. a) Usa-se entre vírgulas o nome do detentor de um cargo ou a qualificação de uma pessoa quando só uma pessoa pode ocupar o cargo ou ter determinada qualificação: O jogador foi recebido no Rio pela mulher, Angélica. (Se a frase, sem vírgula, fosse “o jogador foi recebido no Rio pela mulher Angélica”, isso indicaria que o jogador tem mais de uma mulher.) / O senador foi à festa com a namorada, Elizeth. (Se fosse “O senador foi à festa com a namorada Elizeth”, a falta da vírgula indicaria que ele tem mais de uma namorada.) Veja outros exemplos: O presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, garantiu... (só há um presidente da República). / O governador de São Paulo, Mário Covas, requereu ontem... (só há um governador de São Paulo). b) Não existe vírgula quando mais de uma pessoa pode ocupar o cargo ou ter determinada qualificação: O promotor de Justiça João de Almeida

Apóstrofo enviou ontem... (há mais de um promotor de Justiça). / O ex-presidente da República Fernando Collor declarou... (há mais de um ex-presidente da República vivo). / O deputado federal por São Paulo Delfim Netto pediu... (há mais de um deputado federal por São Paulo). / Antônio chegou à festa com o filho Marcos (essa forma indica que Antônio tem mais de um filho). Se ele só tivesse um filho, o certo seria: Antônio chegou à festa com o filho, Marcos. c) Um erro comum é acreditar que o último ex tem seu nome entre vírgulas. Isso não acontece e deve-se proceder da forma explicada no item 2: O ex-presidente da República Itamar Franco (aplica-se a regra de que ele é um ex-presidente entre vários) não foi convidado para a solenidade. / O exgovernador de São Paulo Luiz Antonio Fleury Filho (também é um ex-governador entre vários) perdeu o controle anteontem... / O ex-técnico da seleção brasileira Carlos Alberto Parreira (é um ex-técnico da seleção, entre vários) admitiu os desentendimentos com... 3 — O aposto pode ter uma oração como fundamental: O governo perdeu seu maior trunfo, a confiança que o povo tinha no novo plano. / Disselhe o que queria: que todos deixassem logo o prédio. 4 — O aposto concorda com o fundamental, sempre que possível: A empresa, proprietária da marca... / A praça, a mais bela da cidade... / Os produtos, artigos de luxo... / Nós, brasileiros, temos fama de homens cordiais. 5 — Ver também cargos (como usar), página 57. Apóstrofo. O uso do apóstrofo (’) limita-se a estes casos: a) Para indicar a supressão da vogal em certas palavras compostas ligadas pela preposição de: mãe-d’água,

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Aprovar caixa-d’água, pau-d’água, galinhad’angola, pau-d’arco, pau-d’alho, etc. b) Por extensão, em expressões equivalentes a palavras compostas: gota d’água, falta d’água e rasos d’água (olhos). Nos demais casos, use de água: gole de água, jatos de água, etc. Na linguagem literária ou coloquial, mas apenas em casos raros e especiais, é possível aparecerem as variantes: n’água (cair n’água, dar com os burros n’água), d’alma (espelhos d’alma, suspiros d’alma), d’ouro (sonhos d’ouro), n’alma (tristezas n’alma) e minh’alma (vivem ainda em minh’alma...). c) Para reproduzir certas pronúncias populares: ’tá, ’teve (embora, em exemplos semelhantes, o sinal possa ser omitido, desde que se ressalte tratar-se de forma popular). d) Para indicar a supressão ou fusão de letras nos versos por exigências da metrificação: c’roa (coroa), esp’rança (esperança), of’recer (oferecer), ’star (estar), co’este (com este), per’la (pérola), etc. Aprazer. Conjugação. Pres. ind.: Aprazo, aprazes, apraz, aprazemos, aprazeis, aprazem. Imp. ind.: Aprazia, aprazíamos. Pret. perf. ind.: Aprouve, aprouveste, aprouve. M.-q.-perf. ind.: Aprouvera, aprouveras, aprouvera. Fut. ind.: Aprazerei, aprazerás, aprazerá. Fut. pret.: Aprazeria, aprazerias. Pres. subj.: Apraza, aprazas. Imp. subj.: Aprouvesse, aprouvesses. Fut. subj.: Aprouver, aprouveres. Ger.: Aprazendo. Part.: Aprazido. Aprender. Antes de infinitivo, exige a: Aprendeu finalmente a respeitar os outros. Aprovar. Governos não aprovam projetos nos Legislativos. Assim, o correto é: O governo tentará conseguir a aprovação rápida das reformas constitucionais. / O governo quer fazer aprovar no Congresso lei que simplifique os processos judiciais. / A Prefeitura quer convencer a Câmara a aprovar

“Aprovar que” (ou quer fazer a Câmara aprovar...) a nova Lei do Zoneamento. E não: O governo quer aprovar no Congresso as reformas constitucionais. / A Prefeitura quer aprovar na Câmara a nova Lei do Zoneamento... “Aprovar que”. Alguém aprova alguma coisa, mas nunca se aprova que (alguém tenha feito algo, por exemplo). Aproximadamente. 1 — Indica arredondamento: Aproximadamente cinco pessoas, aproximadamente 20 crianças. Assim, nunca escreva: Aproximadamente três pessoas, aproximadamente 123 crianças, etc. 2 — A concordância é expressa pelo numeral ou equivalente: Perdeu-se aproximadamente 1 tonelada de cereais. / Aproximadamente 20 carros se chocaram. Aproximar-se. Alguém ou alguma coisa aproxima-se de, e não aproxima de apenas: A temperatura aproxima-se (e não aproxima) dos 40 graus. / Este é o exemplo que mais se aproxima do caso citado. Aquele. Ver este, esse, aquele, página 117. Àquele, àquela, àquilo. Em vez de a aquele, a aqueles, a aquela, a aquelas e a aquilo, usam-se as formas àquele, àqueles, àquela, àquelas e àquilo: Deu o livro àquele aluno (ou àqueles alunos). / Fez o elogio àquela moça (ou àquelas moças). / Referiu-se àquilo. Aquele de. Concordância no singular: Aquele de nós que irá. / Aquele de vós que fará. / Aquele dentre eles que sairá. No plural: Aqueles de nós que iremos. / Aqueles de vós que fareis. / Aqueles dentre eles que sairão. Modernamente, admite-se também: Aqueles de nós que irão. / Aqueles de vós que farão, etc. Aquele que. Use aquele que, em vez de o que, apenas quando esta construção for de difícil pronúncia. Assim: O livro é aquele a que me referi, em vez de: O livro é o a que me referi. Nos demais casos, prefira o que: Este disco

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Arruinar é o que pedi. / Condenou os que não o favoreciam. Aquém... É sempre seguido de hífen: aquém-fronteiras, aquém-mar, aquém-oceano, aquém-pireneus. No entanto: aquentejano. Aqui. Não pode ser usado para substituir São Paulo ou o Brasil em frases como: São Paulo joga hoje aqui. / Sting já está aqui. / Habitação, aqui, é um problema sério. / Ninguém mais quer viver aqui. Aquilo. Ver este, esse, aquele, página 117. Ar condicionado, ar-condicionado. Sem hífen, é o próprio ar: O ar condicionado lhe faz mal. Com hífen, designa o aparelho: Comprou um ar-condicionado. Plural: ares-condicionados. Areal, areão, arear. Sem i. Argüir. Conjugação. Pres. ind.: Arguo, argúis, argúi, argüimos, argüis, argúem. Imp. ind.: Argüia, argüias, etc. Pret. perf. ind.: Argüi, argüiste, argüiu, argüimos, argüistes, argüiram. M.-q.-perf. ind.: Argüira, argüiras, argüira, etc. Pres. subj.: Argua, arguas, etc. Imper. afirm.: Argúi, argua, arguamos, argüi, arguam. Arqui... Exige hífen antes de h, r e s: arqui-hiperbólico, arqui-romântico, arqui-secular. Nos demais casos: arquiavô, arquiesdrúxulo, arquiinimigo, arquidiocese, arquimilionário. Arrear, arriar. Arrear — preparar, enfeitar: Arreou o cavalo. Arriar — baixar: Arriou a bandeira. Ar refrigerado, ar-refrigerado. Sem hífen, é o próprio ar: O ar refrigerado lhe faz mal. Com hífen, é o aparelho: Mandou consertar o ar-refrigerado. Plural: ares-refrigerados. Arreglo. E não “arrego”: O lutador pediu arreglo. / Não era homem de arreglos. “Arriscando cair”. Use ameaçando cair. Arruinar. Conjugação. Pres. ind.: Arruíno, arruínas, arruína, arruinamos, arruinais, arruínam. Pres. subj.: Arruíne, arruínes, arruíne, arruinemos, ar-

Artesão ruineis, arruínem. Imper. afirm.: Arruína tu, arruinai vós. Nos demais tempos, o acento cai na terminação e não no i (arruinei, arruinara, etc.). Artesão. Flexões: artesã e artesãos. Artigo definido. Veja algumas das principais situações em que se usa o artigo definido (o, a, os, as): 1 — Uso geral a) Individualiza o substantivo: O marido, a mulher e os filhos compareceram à festa. / Aquele era o dono da empresa. b) Dá ênfase a uma situação única: Não era um jornalista; era o jornalista. c) Precede os nomes de trabalhos literários e artísticos (se o artigo fizer parte do nome, irá em maiúsculas): Gostava mais do Quincas Borba que das Memórias Póstumas de Brás Cubas. / Preferia Os Lusíadas às Memórias do Cárcere. d) Particulariza nomes de coisas (prédios, edifícios, veículos, embarcações, etc.) e a concordância se faz com a idéia expressa pela coisa: a (nave) Challenger, o (porta-aviões) Minas Gerais, o (prédio) Martinelli, o (edifício) Joelma, o (navio) Ana Néri, o (remédio) AZT. e) Exprime no singular a idéia de plural de um gênero, categoria, grupo ou substância: O tamoio aliou-se ao francês, no Rio. / “O sertanejo é antes de tudo um forte.” f) Com função pronominal, evita um sentido ambíguo: Entre o exército brasileiro e o argentino. O segundo o deixa claro que se trata de dois exércitos e não de um constituído de brasileiros e argentinos simultaneamente. 2 — Com possessivo a) É facultativo o uso do artigo antes de possessivo que acompanha um substantivo: meu carro, o meu carro; sua casa, a sua casa; prejudicar nossa viagem, prejudicar a nossa viagem. Para muitos autores, com a

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Artigo definido omissão do artigo a frase ganha em leveza. Assim, a forma Sua mãe, seu pai e seu irmão cantam bem tem mais ritmo que A sua mãe, o seu pai e o seu irmão cantam bem. b) Usa-se o artigo se o possessivo estiver isolado e se pretender particularizar a afirmação: Esta casa é a minha. / Todos devem zelar pelo nome dos seus. c) Não se usa o artigo quando o possessivo pertence a uma fórmula de tratamento, faz parte de um vocativo ou equivale a alguns, muitos: Recorro a (e não à) Vossa Senhoria. / Nossa Senhora chorava. / Veja, meu amigo, quanta maldade. / Todos temos nossos defeitos. d) Também não têm artigo expressões como em minha opinião, a meu ver, a seu ver, em meu poder, em nossas mãos, a seu bel-prazer, por vossa vontade, por meu mal, algo de seu, muito de meu, etc. e) O artigo substitui o possessivo quando usado antes do nome de partes do corpo, peças de roupa, objetos de uso pessoal, faculdades do espírito e relações de parentesco: Mexeu os braços (e não os seus braços). / Passou a mão pelos cabelos. / Vestiu a camisa e as calças. / Colocou os óculos, a capa e o chapéu, e saiu. / Lembrava-se remotamente do pai. 3 — Com nomes geográficos a) Usa-se normalmente o artigo com os nomes de países, regiões, continentes, montanhas, vulcões, desertos, constelações, rios, lagos, oceanos, mares e grupos de ilhas: o Brasil, os Estados Unidos, a Antártida, a Baixada Santista, a Europa, os Alpes, os Andes, o Vesúvio, o Saara, o Cruzeiro do Sul, a Ursa Maior, o Tietê, o Titicaca, o Atlântico, o Mediterrâneo, os Açores. Exceção. Alguns países e regiões, no entanto, rejeitam o artigo: Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe,

Artigo definido Macau, Timor, Andorra, Israel, Aragão e Castela. b) Não se usa o artigo definido, em geral, com os nomes de cidades, de localidades e da maioria das ilhas: São Paulo, Visconde de Mauá, Malta, Cuba. Exceção. Nomes de cidades que se formaram de substantivos comuns conservam o artigo: o Recife, o Rio de Janeiro, o Porto, o Havre, o Cairo. Algumas ilhas também mantêm o artigo: a Córsega, a Sicília, a Sardenha, a Madeira, a Groenlândia. c) Com relação aos Estados brasileiros, há alguns que admitem o artigo e outros, não. Ver quais são no verbete Estados (artigo), página 116. d) Não se usa o artigo, em geral, com nomes de planetas e estrelas: Urano, Plutão, Sírius, Canópus. Exceções: a Terra e o Sol. e) Os pontos cardeais e colaterais exigem artigo (mesmo quando designam ventos): “São os do Norte que vêm.” / A caravana dirigia-se para o sul. / Está soprando o noroeste. Quando indicam apenas direção, dispensam o artigo: Vento de leste. / Caminhadas de norte a sul. f) Há artigo quando se qualifica ou determina um nome geográfico: Visitei a Roma do Coliseu. / Era a estratégica Malta. / Morei no São Paulo dos cafezais (Estado). / Mudou-se para a São Paulo da garoa (cidade). 4 — Com nomes próprios a) Não se usa o artigo quando se trata de personagens ilustres, de pessoas com as quais não se tem intimidade e de nomes de santos: Admirava Joana d’Arc. / Chegou com Maria. / Era devota de Santo Antônio. Exceção. Existe artigo quando se designa a festa referente ao santo: Assisti ao melhor São João da minha vida. b) Usa-se o artigo para indicar intimidade com a pessoa, determinação de um nome próprio e apelido ou qualificativo de pessoas: Andava sempre com o João. / Admirava o Napoleão

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Artigo definido conquistador. / Ali estava o Barbudo. / Descendia de Isabel, a Redentora. Exceção: Frederico Barba-Roxa. 5 — Com títulos e pronomes de tratamento a) Usa-se o artigo em títulos que indicam profissão, cargo ou condição: o professor João Carlos, o general Ernesto Geisel, o doutor Pereira da Cunha, a escritora Lygia Fagundes Telles. b) Usa-se o artigo com as palavras senhor, senhora e senhorita: O senhor João dos Santos morreu ontem. / Falou com a senhora baronesa. / Perguntou pela senhorita Maria. Não se usa o artigo, porém, quando alguém se dirige à própria pessoa: Adeus, senhor Antônio. c) Não se usa o artigo antes das formas dom, frei, sóror e monsenhor e antes dos títulos e denominações de origem estrangeira, como madame, lorde, sir, lady, etc.: Era frei Ambrósio que chegava. / Falou com dom Luciano. / Conhecia monsenhor Vicente. / Casou-se com madame Claude. / Os ingleses encantam-se com lady Diana. d) Não se usa o artigo antes das formas de tratamento iniciadas por possessivo: Entrego o livro a Vossa Excelência. / Ali estava Sua Alteza. 6 — Casos especiais a) Nas enumerações, o uso do artigo depende da necessidade ou não de especificação: O Brasil, a Argentina e o Uruguai debateram a dívida externa (especificado). / Falava corretamente português, italiano e francês (não especificado). b) Quando empregado com um substantivo de uma série, o artigo deve ser usado para os demais: O Brasil, a Argentina e o Uruguai discutiram... e não O Brasil, Argentina e Uruguai discutiram... c) Pode-se usar o artigo apenas com o primeiro substantivo, desde que os demais representem um conjunto

Artigo definido estreitamente unido: Para sua tese, recolheu as histórias, mitos, superstições e provérbios correntes na região. d) Quando se trata de coisas diferentes expressas pelo mesmo substantivo, repete-se o artigo; quando se trata da mesma coisa, não: Apoiava o antigo e o atual governo. / O goleiro dominava a pequena e a grande área. / Tinha o vago, mas persistente sentido da morte. / Ouviram a nova e discutível versão da música. / Deulhe a triste ou melancólica notícia. e) A repetição do artigo dá ênfase à frase: Era o mesmo, o verdadeiro, o inigualável Anselmo. f) Seqüência de superlativos exige repetição: Era o mais competente, o mais culto e o mais premiado dos repórteres do jornal. / Ali estava a maior, a melhor e a mais bela modelo do país. 7 — Omissão do artigo a) Jornalisticamente, admite-se a omissão do artigo definido, apenas nos títulos, como medida de economia de sinais: Agora, governo usa inflação que quiser. / Brasil repele acusações de imperialismo. b) Mantenha o artigo, porém, mesmo nos títulos, com superlativos ou palavras de sentido absoluto: Ministro diz que Brasil é o país mais protecionista. / Cai o último invicto. c) Com os particípios e com os verbos intransitivos colocados antes do sujeito, use sempre o artigo: Desconhecido o paradeiro do menino. / Acusado o ministro da Fazenda. / Chega hoje o presidente da França. 8 — Não se usa o artigo a) Em provérbios, comparações breves, sentenças e antes de substantivos de sentido geral ou indeterminado: Amor com amor se paga. / Vermelho como sangue. / Tempo é dinheiro. / Cortesia impõe cortesia. / Criança tem mais disposição que adulto. b) Quando se emprega o verbo ser para uma definição: “Política é a arte

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Artigo definido do possível.” Se o verbo for outro, não há definição e usa-se o artigo: A política trata... / A medicina busca recursos... c) Nos vocativos: Que quer, homem? / Ande logo, irmão. d) Com expressões como cheirar a, saber a, pedir perdão, pedir esmola, fazer penitência, declarar guerra, ouvir missa, dar esmola, etc.: Isto cheira a rosas. / A bebida sabe a vinho. / O país declarou guerra aos vizinhos. / O filho pediu perdão ao pai. e) Antes das palavras casa, terra (opondo-se a bordo, que também dispensa o artigo) e palácio: Veio de casa. / Foi para casa. / Avistou terra. / Desceu a terra. / Gritou de bordo. / O senador foi chamado a palácio. / O presidente ainda estava em palácio. Há artigo se estiver claro o sentido de determinação: Voltou à casa dos pais. / Avistou a terra desejada. / Não conhecia o Palácio dos Bandeirantes. f) Depois de cujo: Era o homem cujo pai (e nunca cujo o pai) procurávamos. g) De forma repetida, com os superlativos o mais, os mais: Eram os profissionais “os mais” competentes. Há três formas possíveis (prefira a primeira): Eram os profissionais mais competentes. / Eram os mais competentes profissionais. / Eram profissionais os mais competentes. h) Antes de palavras que designam matéria de estudo: Lecionava matemática. / Estudava português. i) Quando palavras (e seus sinônimos) como tempo, motivo, oportunidade, ensejo, ocasião, disposição, força, valor e ânimo (para alguma coisa) estão associadas a verbos como haver, ter, faltar, dar, pedir e equivalentes: Não tive tempo para sair. / Pediu nova oportunidade para provar sua competência. / Faltou-lhe ânimo (ou disposição) para enfrentar o desafio. / Pedimos permissão para ficar.

Artigo indefinido Artigo indefinido. O artigo indefinido (um, uma, uns e umas) serve principalmente para apresentar pessoas, objetos ou espécies ainda desconhecidas (ao contrário do artigo definido, que se refere em geral a algo já mencionado: o homem, os princípios, a Constituição, a mãe e as filhas, etc.): Ali estava um homem ou uma mulher? / Era um belo pôr-do-sol, com uma cor que o casal jamais havia visto. Deve, porém, ser evitado, especialmente nos títulos, quando desnecessário ou quando não tiver função na frase: Indústria rejeita (um) aumento generalizado de impostos / Atleta recebe (um) troféu na Itália. 1 — Use o artigo a) Para dar realce ao substantivo: O menino era um gênio. / O desenhista tem um traço admirável. b) Para esclarecer melhor substantivo já empregado anteriormente com artigo definido: Fez a advertência necessária, uma advertência que não deixava margem a dúvidas. / Trazia consigo o livro de hábito, um livro velho e já sem capa. c) Para representar, no singular, toda uma espécie ou categoria: Este, sim, é um profissional. / Um homem não pratica atos tão cruéis. d) Para indicar aproximação ou arredondamento (sempre antes de numeral): Morei ali uns seis anos. / A conversa consumiu uma boa meia hora. e) Em correlação com outro: Um assaltante entrou no banco e o outro, no carro. / Uns chegaram e os outros saíram. f) Antes de nomes próprios, para indicar semelhança, representação de espécie ou família e aspectos imprevistos de uma pessoa: Agia como um Torquemada. / Faltava um De Gaulle na França. g) Para designar obras de um artista: Roubado um Renoir no Louvre. / Tinha um Miró na sala.

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Artigo indefinido h) Com nomes geográficos, quando qualificados: Um Amazonas de águas barrentas. / Viu uns Andes desconhecidos e nevados. i) Para indicar intensidade, em expressões coloquiais: Mostrava uma inocência... / Era dado a uns repentes. / Deu um olhar... 2 — Dispense o artigo À exceção dos casos de realce e dos outros mencionados no item 1, os artigos um, uma, uns, umas podem, quase sempre, ser evitados (ou melhor, devem, pois seu uso excessivo constitui galicismo). Veja se a frase não se altera com a supressão do artigo. Se não, considere-o dispensável. E evitável, como nos casos abaixo: a) Antes dos adjetivos ou pronomes igual, semelhante, tal, certo, outro e qualquer: O senador falava com (uma) igual solenidade. / Nunca lhe ocorrera (uma) semelhante idéia. / Recusou-se a proferir (um) tal disparate. / A providência chegou com (um) certo atraso. / O casal teve (um) outro filho um ano depois. / Havia (uma) outra coisa de que não sabia. / Não aceita (um) qualquer emprego. Exceções. Admite-se o artigo, porém, em casos nos quais o adjetivo ou pronome vem depois do substantivo e quando tal torna indeterminado um nome de pessoa: Pediu uma camisa igual à do amigo. / Tinha uma pele semelhante à minha. / A menina disse uma coisa certa. / Está aí um tal Alfredo. / Traga os meninos um dia qualquer. Com frases negativas ou interrogativas, porém, recomenda-se a omissão do artigo: Jamais se leu besteira igual. / Nunca se cometeu barbaridade tal. / Quem produziria artigos semelhantes? b) Logo depois do verbo ser, ainda mais se a supressão der harmonia à frase: O jogador era (um) homem de

Artigos duas caras. / Ele é (um) repórter muito competente. c) Em expressões comparativas: Estava em (uma) tão deplorável situação como o pai. / Queria ganhar (um) melhor salário. / Buscava (uma) maior aproximação com os filhos. / O sol queimava qual (uma) fornalha. d) Em expressões de quantidade: Trouxe (uma) grande porção de mantimentos. / Havia (uma) enorme quantidade de erros no texto. / Conseguiu (um) pequeno capital para iniciar o negócio. / Era (uma) gente humilde. e) Nas enumerações: (Uma) Mesa, (um) armário e (umas) cadeiras acumulavam-se nos cantos do salão. / Estavam ali: pai, irmão, (uns) velhos amigos e (uns) companheiros de trabalho, a confortá-lo. f) Nos apostos: O amigo, (um) jornalista experiente, ensinou-lhe os segredos da profissão. / A esposa, (uma) mulher muito doente, exigia atenção permanente. 3 — Fuja das muletas O artigo indefinido aparece muitas vezes nos títulos de maneira forçada, para o redator ganhar espaço. Evite esse recurso, porque fica evidente o artificialismo no uso do artigo, como nesta série de exemplos reais: Deputados são convidados para (um) almoço / Brasileiro vai receber (um) título na França / Porteiro evita (um) assalto a (um) apartamento / Físicos produzem (uma) nova proteína / Proposta de (um) deputado provoca (uma) enorme reação / Autônomos condenam (um) aumento do ISS / Vereadores preparam (uma) emenda que altera o zoneamento / Este cavalo tem (um) bom desempenho na grama. 4 — Adote o certo Como artigo, pronome ou numeral, eis alguns usos corretos do um ou uma: Governo cancela mais uma na guerra às credenciais / Mais uma loja

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Aspas multada pela fiscalização / Vaga no Ministério destina-se a um nordestino / Bolsa converte mil ações em uma / Polícia atira em manifestantes: um morre / Elizabeth II em Berlim, em um gesto político (ênfase) / CIA deu um milhão a (um) dissidente iraniano (o primeiro um, numeral, justifica-se, mas o segundo surge como simples muleta). Artigos. 1 — Até 9, em ordinais; de 10 em diante, use cardinais: artigo 1º, artigo 7º, artigo 10, artigo 42. 2 — No texto corrido, empregue a palavra por extenso. Só adote a forma abreviada na transcrição de documentos em que ela figure dessa maneira. 3 — Abreviatura: art., arts. A seu ver. E não “ao seu ver”. Igualmente: a meu ver, a nosso ver, etc. Aspas. 1 — Servem principalmente para indicar a reprodução literal de um período, oração, trecho de frase, palavra, lema ou slogan: Foi Euclides da Cunha quem escreveu: “O sertanejo é antes de tudo um forte.” / Segundo o ministro, “o aumento das exportações é a única saída para a economia brasileira no momento”. / O presidente afirmou que a gravidade da crise política “não permite hesitações”. / O professor considerou “impiedosa” a nova sistemática do Imposto de Renda. / Ministro repele “ameaças”. / O tema da redação do vestibular foi: “O homem e a máquina”. / “Ordem e Progresso” é o dístico da Bandeira. 2 — As aspas podem ser empregadas também para ressaltar o valor de uma palavra ou expressão ou para indicar o seu uso fora do contexto habitual: Circunlóquio significa “rodeio de palavras”. / Para ele, existe sempre um “mas” em tudo. / Paris é considerada a “Cidade Luz”. / O exército rechaçou nova ofensiva dos “ultras”. 3 — O Estado escreve em corpo diferente (e não entre aspas) os nomes

Aspirar de obras artísticas e científicas e os apelidos: O Memorial de Aires. / O assaltante Janjão. Nos títulos, porém, use entre aspas essas palavras e expressões. 4 — As palavras estrangeiras vão em corpo comum no texto, e não entre aspas: Bancos cobram maior spread do Brasil. / Reunião discute técnicas de marketing. / No programa do show, rock, jazz e funk. 5 — Na transcrição de íntegras, documentos, discursos, etc., abra aspas apenas no começo e no fim do texto, e não a cada início de parágrafo. Se você acrescentar algum título auxiliar ao texto, feche aspas antes dele e as abra novamente depois. 6 — Se a frase inteira estiver entre aspas, o sinal de pontuação (ponto final, de interrogação, de exclamação, etc.) será englobado por elas; caso contrário, ficará depois das segundas aspas: Disse o artista plástico: “Alguém discorda dessa filosofia de vida?” / O artista plástico disse que vivia “para pintar” e pintava “para viver”. / Segundo o professor, “a força criativa da economia já se transferiu para o setor informal”. / Quem se lembra ainda do “nada a declarar”? / Todos garantiram: “Iremos até o fim.” 7 — Use a aspa simples (’) para marcar a frase, expressão ou palavra de um texto que já esteja entre aspas: Diz a nota oficial: “O governo rejeita a classificação de ‘omisso e insensível aos anseios populares’ que consta do manifesto da oposição.” / O documento diz: “A euforia do ‘já ganhou’ pode prejudicar o candidato.” / “É preciso”, advertiu o deputado, “evitar que das galerias partam novos gritos de ‘canalhas’ ou ‘vendidos’ contra nós.” 8 — Em casos excepcionais (economia de sinais, por exemplo), admitese a aspa simples nos títulos, em vez das duplas: Governo adverte: ‘Chega de demagogia’.

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Assim como 9 — Quanto ao uso jornalístico das aspas na reprodução de afirmações ou opiniões, consulte o verbete declarações textuais, página 86. Aspirar. Regência. 1 (tr. dir.) — Inalar, respirar, absorver: Aspirou o ar viciado. / Aspiramos o doce perfume. 2 (tr. ind.) — Desejar muito, pretender: Aspirava ao cargo de gerente. / Era tudo a que aspirava. 3 — Não admite a forma pronominal lhe, que deve ser substituída por a ele, a ela: O valor do prêmio fez que aspirassem ardentemente a ele. Assassinar. Significa matar premeditadamente: Assassinou o adversário. Nos demais casos use matar: Matou o ladrão. Assassino de. Parricida — do pai; matricida — da mãe; fratricida — do irmão ou da irmã; filicida — do filho; uxoricida — da esposa; mariticida — do marido; infanticida — de uma criança, especialmente de recém-nascido; regicida — de um rei; deicida — de um deus; homicida — de outra pessoa; suicida — de si próprio. Os substantivos correspondentes: parricídio, matricídio, fratricídio, etc. Assentir. Regência. 1 — No sentido de concordar, consentir, prefira a regência assentir em: Assentiram em ficar. / Assentiu em fazer a doação. / Assentiu no pedido. 2 — Como sinônimo de ceder ou aceder, assentir constrói-se melhor com a: Assentiu ao pedido da filha. / Assentiu aos desejos dos colegas. 3 — Pode ainda ser intransitivo (sem complemento): Insistiram tanto que ele assentiu. Assessoria. Use Assessoria de Imprensa, desde que o órgão tenha esse nome formal. A pessoa é assessor de Imprensa. Assim como. Concordância. 1 — No caso de sujeito composto ligado por assim como, o verbo concorda com o primeiro deles: O pai, assim como o

Assistência filho, sofre de diabete. A razão do singular: há uma idéia de predominância do primeiro elemento sobre o segundo. Proceda da mesma forma com bem como, com, como, da mesma forma que, do mesmo modo que, etc. 2 — O plural se justifica apenas nos casos (raros) em que se queira atribuir a mesma importância aos dois sujeitos: O presidente, assim como (bem como, com, como, da mesma forma que, do mesmo modo que) o primeiro-ministro, compareceram à cerimônia. Assistência. Apenas no basquete. No futebol, use passe. Assistir. l — No sentido de presenciar ou comparecer, exige sempre a preposição a: Assisti ao jogo. / A comitiva assistiu à abertura dos trabalhos da Câmara. / Os fiéis assistiram à missa. Observações. Uma vez que não existe voz passiva com verbo transitivo indireto, é errado dizer: O jogo “foi assistido” (o certo: visto, presenciado) por 50 mil pessoas. Ainda sobre um jogo ou espetáculo, não se pode escrever que alguém queria “assisti-lo”, mas apenas assistir a ele (pelo fato de o verbo ser indireto, rejeita o o como complemento). 2 — Como sinônimo de prestar assistência a, ajudar, socorrer, o verbo constrói-se em geral com objeto direto: O médico assistiu o doente. / Os governos federal e estadual assistiram os flagelados. 3 — Com a preposição a, pode ainda equivaler a favorecer, caber (direito ou razão), caso em que admite também o pronome lhe: Não assistia direito algum aos reclamantes. / É claro que lhe assiste razão nesse caso. 4 — À exceção do item 3, assistir rejeita lhe. Assim, para substituir a frase nós assistimos à sessão, só se pode dizer que assistimos a ela e não que “lhe” assistimos. Assumir. 1 — Em inglês é que assumir significa supor, tomar como certo, admitir, considerar. Por isso, use uma dessas opções em frases como: “Assu-

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Atender mindo” (supondo, considerando) que a idéia seja viável, como executá-la? / Consulado “assume” (admite, reconhece) que há falhas nos vistos. / Médico “assume” (admite) ter abusado de paciente. / “Assumindo” (tendo como certo, admitindo) que ocorresse a fecundação, o desenvolvimento do embrião seria duvidoso. 2 — Não use, portanto, em nenhuma hipótese, a forma assumir que... 3 — No sentido de chamar ou tomar para si, o que se assume é a responsabilidade, o risco, o dever, a autoria, a função, o encargo de alguma coisa, e não essa coisa em si. Veja os exemplos: O grupo assumiu a autoria do atentado (e não o grupo assumiu o atentado). / O funcionário assumiu a responsabilidade pelos erros (e não assumiu os erros). / O Banco Central assumiu o encargo das negociações (e não assumiu as negociações). Asterisco. E não “asterístico”. Astro... Liga-se sem hífen ao termo seguinte: astroarqueologia, astronavegação, astrorriza, astrossofia. A tempo. Ver há tempo, a tempo, página 138. Até ... não. Use nem e não “até ... não”: Nem o presidente ficou alheio às divergências (em vez de: “Até” o presidente “não” ficou alheio às divergências). Atender. 1 — Para pessoas, use a regência direta (atender alguém): O médico atendeu o doente. / O governo atenderá os prefeitos. / O ministro atendeu-os. Empregue também esta forma para telefone, campainha, bairro, cidade, região, etc., porque fica claro que se atendeu quem fez a ligação telefônica ou tocou a campainha e os moradores do bairro, cidade, região, etc.: Atendeu o telefone. / O prefeito e o vice atenderam a Vila Jaguara. / O governador disse que atenderá os municípios do sudeste do Estado. 2 — Para coisas (pedidos, sugestões, intimações, etc.), adote a regên-

Atentado cia indireta (atender a): Atendeu aos pedidos do pai. / Atenderam aos conselhos, às solicitações, ao requerimento, aos avisos, à intimação. Atentado. Um grupo reivindica ou assume a autoria de um atentado, e não o próprio atentado. Atenuante. Palavra feminina: a atenuante, algumas atenuantes. Até o, até ao. Use até o, até a, até os e até as, em vez de até ao, até à, até aos e até às: Vou até o fim. / Levou a visita até a porta. / Estendeu suas terras até os limites do Estado. / Até as 8 horas. Até porque. a) Porque em uma palavra só: Não deve se arrepender, até porque deixou o time em boa situação. b) A forma seria por que apenas no caso de substituir por qual, pelo qual: Até por que (por qual) caminho ele foi queriam saber. Aterrissar. 1 — Com dois ss. Use também pousar e descer. 2 — Evite os modismos aterrissar na mesa de alguém, aterrissar no Congresso, aterrissar no Planalto, etc. 3 — Para pouso na Lua, use os termos alunissar e alunissagem. Ateu. Feminino: atéia. Atingir. Sem preposição: As medidas econômicas atingiram principalmente os (e não aos) mais pobres. / As pedras atingiram as crianças (e não às). / O frio atingiu o (e não ao) nível mais intenso. / A inflação atingirá 2% este mês (e não a 2%). À-toa, à toa. 1 — À-toa é adjetivo invariável com o sentido de irrefletido, fácil, desprezível: problema à-toa, serviço à-toa, indivíduo à-toa, pessoas à-toa. 2 — Sem hífen, à toa significa sem destino, irrefletidamente, ao acaso, inutilmente: Fez o sacrifício à toa. / Andava à toa pela cidade. / Brigou com o amigo à toa. Atol. Inicial maiúscula: Atol de Mururoa, Atol das Rocas.

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Aumentativos Atrair. Conjuga-se como cair (ver, página 55). Atrás, atraso, atrasar. Sempre com s. Através de. 1 — Através exige sempre a preposição de. 2 — A locução, no seu sentido correto, equivale a por dentro de, de um lado a outro, ao longo de: Cavalgou através de prados e florestas. / Viajou através de todo o país. / Olhava através da janela. / Foi sempre o mesmo homem honesto através de anos e anos. 3 — Por isso não use através de como por meio de, por intermédio de ou por simplesmente, preferindo uma dessas formas: Soube da notícia pelo (e não “através do”) rádio, pela imprensa, pela televisão. / Os mudos se comunicam por meio de gestos. / A notícia chegou por intermédio do porta-voz. / O gol foi marcado por Túlio. / O assunto foi resolvido por meio de decreto. Audio... Liga-se sem hífen ao elemento seguinte: audiofreqüência, audiograma, audiotransformador, audiovisual. À uma. Ver uma (crase), página 294. Aumentar. Regência. 1 — Aumentar alguma coisa: As montadoras aumentaram os preços ontem. / Não parava de aumentar seu patrimônio. / O binóculo aumenta os objetos. / O estado de saúde aumentou sua ansiedade. 2 — Aumentar alguma coisa em: Aumentou o preço em 10%. / Aumentou o preço em 50 reais. / Aumentou em dez metros o comprimento da barreira. 3 — Aumentar em: A cidade não parava de aumentar em população. / O som aumentou em intensidade. 4 — Aumentar de: Aumentou de peso. 5 — Aumentar, apenas: Os problemas do País aumentaram muito. / Os preços aumentam todo dia. Aumentativos. A exemplo dos diminutivos, procure evitá-los, ou usá-los com muita parcimônia, mesmo em textos coloquiais. Os que já se incorporaram à linguagem habitual, no

Aumentos entanto (portão, casarão, etc.), poderão ser livremente empregados. Atente para as normas que regulamentam a questão: a) Os aumentativos formam-se principalmente com a desinência ão (feminino: ona): barracão, papelão, paredão, caldeirão, grandão (grandona), chorão (chorona), mandão (mandona), solteirão (solteirona), etc. b) Outros sufixos aumentativos: aça (barcaça), aço (balaço, ricaço), alha (muralha, fornalha), alhão (grandalhão, vagalhão), alho (chocalho), anzil (corpanzil), arão (casarão), aréu (fogaréu, povaréu), arra (bocarra), arrão (santarrão), asco (penhasco), astro (criticastro, poetastro), az (vilanaz, ladravaz), ázio (copázio), eira (fogueira), eirão (vozeirão), eiro (cruzeiro), ório (finório), orra (cabeçorra), uça (dentuça), zão (pezão) e zarrão (homenzarrão e canzarrão). c) Cuidado, pois o aumentativo pode assumir caráter pejorativo, de desprezo ou de ironia: bobão, covardão, vermelhão, poetaço, mulheraça, bobalhão, gentalha, amarelão, etc. d) Não estranhe: muitas palavras femininas têm aumentativos masculinos, como cabeção, portão, mulherão, figurão, caixão, casarão, caldeirão, etc. e) Evite os aumentativos que surgem como meros modismos. Exemplos: zagueirão, goleirão, becão, juizão, chutaço, defesaça, goleiraço, etc. Aumentos. 1 — Ao noticiar aumentos de preços, nunca deixe de mencionar o novo valor, a porcentagem do aumento e o preço anterior. Informe também se é o primeiro, terceiro ou quinto do ano e quanto o resultado acumulado já acusa. Se possível, compare sempre esse total com o índice de inflação até o momento (mostre se o aumento supera o índice ou fica abaixo dele). 2 — No caso dos carros, além de informar a porcentagem do aumento, registre o preço atual e o anterior

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Avisar de alguns dos principais modelos da fábrica. Ausência. No singular em frases como: Com a ausência de Pedrinho e Almeida, o time... / Os presentes criticaram a ausência do governador e do prefeito na solenidade (e nunca “as ausências”). Austro... Liga-se com hífen ao termo seguinte na formação de adjetivos pátrios: austro-alemão, austro-brasileiro, austro-húngaro. Auto... Hífen antes de vogal, h, r e s: auto-afirmação, auto-estrada, autoindução, auto-ônibus, auto-hipnose, auto-retrato, auto-suficiência. Em outros casos: autodeterminação, autobiografia, autolotação, autovacina. Autobiografia. Alguém escreve a autobiografia, e não a sua autobiografia (redundância). Autópsia. Embora haja restrições à formação desta palavra, use-a livremente. “Avacalhação”, “avacalhar”. Não use. São vulgaridades. “Avant-première”. Prefira pré-estréia. Avaro. Sem acento (pronuncia-se aváro). Avenida. Inicial maiúscula: Avenida Faria Lima. Averiguar. Conjugação. Pres. ind.: Averiguo, averiguas, averigua, averiguamos, averiguais, averiguam. Pret. perf. ind.: Averigüei, averiguaste, averiguou, etc. Pres. subj.: Averigúe, averigúes, averigúe, averigüemos, averigüeis, averigúem. Imper. afirm.: Averigua, averigúe, averigüemos, averiguai, averigúem. Avestruz. Prefira o masculino: o avestruz. Avisar. Regência. 1 — Avisar alguém: Achou mais prudente avisar os colegas. / Quis avisá-lo logo. 2 — Avisar alguém de (para ou sobre): Avisou os amigos dos (para os, sobre os) riscos que corriam. / Avisou-os da (sobre a) tragédia. / Avisou-a para que evitas-

À vista de se os lugares desertos. 3 — Avisar alguma coisa a alguém (forma condenada por alguns gramáticos): Avisou aos convidados que não queria presentes. / Avisou-lhes que nada pretendia para si. 4 — Avisar de alguma coisa: Avisou dos perigos que corriam. 5 — Avisar, apenas: Quem avisa amigo é. / Ele chegou ontem sem avisar. 6 — Nunca use o verbo com dois objetos diretos, como em: O piloto avisou “os” passageiros “que” o avião ia pousar (o certo: avisou aos passageiros que... ou avisou os passageiros de que...). À vista de. Ver vista, página 312. Aziago. Sem acento (a pronúncia correta é aziágo). Azul-marinho. Palavra invariável: gravata azul-marinho, ternos azul-marinho. Marinho segue a mesma regra: gravata marinho, ternos marinho.

Bacanal. Palavra feminina: a bacanal. Bahia. 1 — Com h quando designa o nome do Estado. 2 — O h cai, porém, nos termos derivados: baiano, baianidade, coco-da-baía, laranja-da-baía, etc. Baía. Escreva Baía de Guanabara, de Todos os Santos, de Paranaguá, etc. Bairro. Inicial minúscula: o bairro de Pinheiros. Baixo. Use a baixo em frases como: Olhou-o de alto a baixo. Baixo-relevo. Plural: baixos-relevos. Baixo-ventre. Plural: baixos-ventres. Balança, balanço. Balança comercial, balanço de pagamentos. “Bâle”. Use Basiléia. Baliza. Com z, assim como balizar ou balizamento. Bandeira Nacional. Iniciais maiúsculas.

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Barra Bandeirante(s). 1 — Bandeirante, sem s: o bandeirante (desbravador), população bandeirante (paulista), o bandeirante (o paulista), uma bandeirante (moça adepta do bandeirantismo). Todas essas formas admitem plural: os bandeirantes (desbravadores e paulistas), homens bandeirantes (paulistas), as bandeirantes (moças). Ainda Bandeirante, sem s, mas como nome próprio: o avião Bandeirante, um Bandeirante, a Casa do Bandeirante, o Bandeirante (de Birigüi). 2 — Bandeirantes, nome próprio, com s: dois Bandeirantes (aviões), Rodovia dos Bandeirantes, Avenida dos Bandeirantes (São Paulo), Palácio dos Bandeirantes, Rede Bandeirantes, Bandeirantes (cidade do Paraná). Bangue-bangue. Desta forma. Banir. Conjuga-se como abolir (ver, página 22): Banes, bane; bane tu, bani vós. Não tem a 1ª pessoa do pres. ind. e todo o pres. subj. Banto. E não “bantu”. Barão. Feminino: baronesa. Barato. 1 — Barato já encerra idéia de preço. Dessa forma, preço barato é redundância. Escreva livro barato, produtos baratos. Para preço, use baixo, mínimo, reduzido, insignificante, etc. 2 — Como adjetivo, a palavra varia: Comprou roupas baratas. / Pôs anúncio procurando uma casa barata / Só freqüenta lugares baratos. 3 — Como advérbio, permanece invariável: Comprei barato estas frutas. / Até que saíram barato tamanhos desaforos. / As frutas custam 10% mais barato (e não mais baratas) a partir de amanhã. Barman. Plural: barmen. Barra. Use a barra: 1 — Em formas como km/h, homens/hora, tonelada/mês, carros/dia. 2 — Para separar um verso do outro, em composição recorrida. 3 — Na alternativa e/ou (Estariam ali os pais e/ou os filhos). 4 — Nas datas: 3/6/90.

Basiléia Basiléia. E não “Basel”. Bastante. 1 — É invariável (advérbio) no sentido de muito, suficientemente: Estavam bastante preocupados. / Todos ficaram bastante satisfeitos. 2 — É variável (adjetivo) quando equivale a suficiente, que basta: Havia provas bastantes do crime. / Somos bastantes (suficientes) para fazer o trabalho. 3 — Não use a palavra como sinônimo de muitos, em grande quantidade, em frases deste gênero: Havia “bastantes” (muitas) pessoas na praça. / “Bastantes” (muitas) escolas aumentaram as mensalidades. Bastar. Concorda regularmente com o sujeito: Bastam estes exemplos. / Três salários mínimos já lhe bastam para viver. Bastião. Plural: bastiões (prefira) e bastiães. Batavo. E nunca “bátavo”. Bate-estaca. Um bate-estaca, dois bateestacas. Bater. Um carro bate ou alguém bate com o carro em alguma coisa: O carro bateu no ônibus. / O motorista bateu com o carro em dois ônibus. Mas não: O motorista “bateu o carro” em dois ônibus. Bater (horas). Concordância. Ver horas, página 140. Bávaro. Natural da Baviera (e não “da Bavária”). “Beijing”. Use Pequim. Bem... Exige hífen antes de palavra que tenha vida autônoma ou quando a pronúncia o justifique: bem-acabado, bem-aventurado, bem-comportado, bem-dormido, bem-educado, bemfazer, bem-feito, bem-humorado, bem-intencionado, bem-lançado, bem-nascido, bem-posto, bem-querer, bem-sucedido, bem-vindo. Exceções: bendito, benfazejo, benfeitor, benfeitoria, benquerença, benquerente, benquistar, benquisto. (Veja no capítulo Escreva Certo a relação das

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Bimensal, bimestral palavras em que bem se liga com hífen ao termo seguinte.) Bem como. Concordância. Ver assim como, página 47. Bem-vindo. Desta forma. Benvindo é nome de homem. Bênção. Plural: bênçãos. Bendizer. Conjuga-se como dizer (ver, página 99). Beneficência. E nunca “beneficiência”. Da mesma forma, beneficente, e não “beneficiente”. Beneficiar. O verbo é direto: Seu governo beneficiou os (e não “aos”) parentes. / O árbitro beneficiou a (e não “à”) equipe da casa. Berbere. Sem acento (pronuncia-se berbére). Bestialógico. E não “bestialógio”. Bexiga. E não “Bixiga” (São Paulo). BH. Aceitável, apenas em títulos, para substituir Belo Horizonte. “Bi”. Nunca use, muito menos em títulos, para substituir bilhão ou bilhões. Bi... Liga-se sem hífen ao elemento seguinte, eliminando-se o h intermediário e duplicando-se o r e o s: biatômico, bicampeonato, bielétrico, bigranulado, biebdomadário, biiodeto, bilateral, biovulado, birreator, bissexual, biunívoco. “Bicha”. Não use, especialmente para designar homossexual. Se se tratar do verme, prefira lombriga. Bilhão. a) Atenção: o valor não é o mesmo em todos os países. No Brasil, na França e nos Estados Unidos, o número equivale a mil milhões (1 mais 9 zeros: 1.000.000.000). Na Inglaterra, na Espanha, na Alemanha, em Portugal e em outros países, corresponde a um milhão de milhões, ou um trilhão no Brasil (1 mais 12 zeros: 1.000.000.000.000). b) Concordância. Ver milhão, página 177. Bimensal, bimestral. Bimensal — que ocorre ou circula duas vezes por mês, quinzenal: pagamento bimensal, revista bimensal. Bimestral — que

Bio ocorre ou circula de dois em dois meses: rodízio bimestral, revista bimestral. Bio... Liga-se sem hífen ao termo seguinte, duplicando-se o r ou s que inicie sílaba: bioastronomia, bioenergia, biobotânico, biomagnético, biorritmo, biossatélite. Biópsia. Prefira biópsia a biopsia, embora ambas as formas sejam corretas. Birigüi. Com trema e sem acento no i. Bisavô, trisavô, tetravô. Bisavô — pai do avô. Trisavô — pai do bisavô. Tetravô — pai do trisavô (variante popular: tataravô). Da mesma forma, bisavó, trisavó e tetravó (tataravó, na forma popular). Dessa forma, tetravô (ou tataravô) não é o pai do bisavô, como se usa habitualmente. Bisneto, trineto, tetraneto. Bisneto — filho do neto. Trineto — filho do bisneto. Tetraneto — filho do trineto (variante popular: tataraneto). Como se vê, o tetraneto (ou tataraneto) não é o filho do bisneto, como se usa habitualmente. Blitz. Existem dois equivalentes em português: incursão (guerra) e batida (policial). Plural: blitze. Boa parte. Concordância no singular: Boa parte das sugestões será aproveitada. / Boa parte das pessoas já passou. Boa vontade. 1 — Boa vontade e má vontade, bom gosto e mau gosto, bom humor e mau humor funcionam como uma única palavra quando precedidos de mais, menos, muito e pouco. 2 — O mesmo ocorre com outras expressões semelhantes. Assim, use: mais boa vontade (e não melhor vontade), mais má vontade (e não pior vontade), mais bom gosto, mais mau gosto, mais bom humor, mais mau humor. 3 — Igualmente, menos boa vontade, menos má vontade, etc. 4 — Muito e pouco concordam com a expressão: muita boa vontade, pouca má vontade. 5 — Com as palavras

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Bolsa de Valores compostas, a concordância torna-se mais óbvia: mais boa-fé, muita boafé, mais má-fé, pouca boa-fé, muitas boas-vindas, poucas boas-festas. 6 — Usam-se essas expressões também com melhor e pior: a melhor boa vontade, o pior mau humor, o melhor bom gosto, a pior má-criação, a pior má-fé, a melhor boa-fé, etc. Boca-a-boca, boca a boca. Quando substantivo, tem hífen (é o próprio processo): O boca-a-boca é a melhor forma de divulgar uma peça teatral. Sem hífen, é mera locução (indica a forma do processo): A notícia correu boca a boca. Bochincho. E não “bochicho” e muito menos “buxixo”. Boemia. Já é aceitável o brasileirismo boemia (mía), em vez do erudito boêmia (vida noturna), conforme registram o Aurélio e o Vocabulário Ortográfico, da Academia Brasileira de Letras. Use apenas Boêmia, porém, para designar a região da Europa. Bojo. Evite a expressão “no bojo de”, ruim jornalisticamente. Bola da vez. Modismo. Evite. Bolsa de Valores. 1 — Inicial maiúscula: a) Para uma ou mais bolsas específicas. Assim: a Bolsa de Valores de São Paulo, a Bolsa de Valores do Rio, a Bolsa de São Paulo, a Bolsa do Rio, a Bolsa de Nova York, as Bolsas de Valores de São Paulo e do Rio, as Bolsas de São Paulo e do Rio. b) Quando a palavra Bolsa estiver substituindo a Bolsa de São Paulo (neste caso ela pode aparecer sem o nome da cidade) ou de outra cidade (mas sempre com o nome desta cidade citado): Estrangeiros fazem Bolsa bater recorde (era a de São Paulo). / Crise derruba Bolsa em São Paulo. / Queda do dólar afeta Bolsa em Nova York. 2 — Inicial minúscula: Quando a palavra for usada genericamente ou para duas ou mais bolsas não especificadas no título. Exemplos: O melhor investimento atualmente é

Bom jogar na bolsa. / Crise derruba bolsas. / Exemplo mexicano afeta bolsas da América Latina. / Entrada de dólares anima as bolsas. Bom. Ver em é preciso, página 111, a concordância de é bom. Bomba. 1 — Liga-se com hífen a outro substantivo: argumento-bomba, carros-bomba. 2 — Evite as locuções cair, estourar e explodir como uma bomba, que são lugares-comuns. Bonachão. Flexões: bonachona e bonachões. Bons motivos para comemorar. Lugarcomum. Não use. Bordel. Plural: bordéis (Bordéus é nome de cidade). Borderô. Desta forma. Bordéus. Aportuguesamento do nome da cidade francesa Bordeaux. Bordo. Use a bordo de apenas no sentido literal (a bordo do navio, passageiros a bordo) e nunca no figurado, mero modismo (a bordo do mandato, a bordo do marido, a bordo de seus sentimentos, etc.). Borgonha. Aportuguese o nome da região francesa. Bossa nova, bossa-nova. 1 — Sem hífen, designa maneira recente de fazer alguma coisa: a bossa nova (na música). 2 — Com hífen, é o adjetivo correspondente, que não varia no plural: música bossa-nova, teatro bossa-nova, concepções bossa-nova. Botijão. Prefira esta forma a bujão. Branco. Não existe voto “branco”, mas apenas em branco. Brandir. Conjugação. Só tem as formas em que ao d se segue e ou i: brande, brandiu, etc. Brás. Com s para designar tanto o bairro como os nomes próprios: Venceslau Brás, Brás Cubas, etc. Brecht. Atenção para o primeiro nome: Bertolt e não Bertold. Bruços. De bruços, no plural.

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Cacoete Bucho, buxo. Bucho — estômago; buxo — planta. Bulir. Conjuga-se como acudir (ver, página 31): bulo, boles; bulia; que eu bula; bole tu, buli vós; etc. Buquê. Desta forma, tanto para o ramalhete de flores como para o aroma do vinho. Burgomestre. Aceitável apenas em editoriais ou artigos — mas nunca em reportagens ou notícias como sinônimo de prefeito. Button. E nunca “bottom”, que significa fundo, traseiro, em inglês, nem “botton”. “Buxixo”. Não existe. O certo é bochincho. Buzina. Com z.

Cabeleireiro. Atenção para o i. Caber. Conjugação. Pres. ind.: Caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem. Pret. perf. ind.: Coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam. M.-q.-perf. ind.: Coubera, couberas, coubera, coubéramos, coubéreis, couberam. Imp. subj.: Coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis, coubessem. Fut. subj.: Couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem. Não tem imperativo. Os demais tempos são regulares. (Particípio: cabido.) Cabo. Inicial maiúscula: Cabo da Boa Esperança. Cabo eleitoral. Sem hífen. Cabul. Escreva desta forma o nome da capital do Afeganistão. Cacoete. Significa tique, mania. Por isso, é inadequado escrever que um jogador “não tem cacoete de atacante”.

Cacófato Cacófato. É o encontro de sílabas, em palavras diferentes, formando som desagradável ou palavra obscena. Não deve constituir preocupação obsessiva de quem escreve, mas há cacófatos perfeitamente evitáveis, como por razões (por motivos), triunfo da (vitória da), etc. Eis alguns casos que ocorrem com freqüência e, entre parênteses, opções para contorná-los: paraninfo de ou da, bafo de ou da (hálito de ou da), boca dela (sua boca), de então (daí, dessa época), já nela, por rádio (pelo rádio), por radiação (pela radiação), por razões (por motivos), por cada (para cada, por), conforme já, o time já, deu-me já, critica Garcia, Lorca ganha, marca gol, nunca gostou (jamais gostou), confisca gado, critica governador, ela tinha, só linha, etc. Se necessário, mude a estrutura da frase para fugir, pelo menos, aos mais flagrantes. Cada. 1 — Acompanha um substantivo, outro pronome ou numeral e, no uso correto, indica diversidade de ação: Usa cada dia (um dia um, outro dia outro) um terno diferente. / Cada jornalista tem seu estilo. / Cada macaco no seu galho. 2 — Se a ação for a mesma, deve-se usar todo: Faz a barba todo dia (em vez de cada dia). / Estuda inglês todo dia (e não cada dia). / Muda de casa todo ano (e não cada ano). 3 — Não pode ser usado antes de plural (cada férias, cada óculos, cada núpcias), mas apenas antes de numeral: cada 3 dúzias, cada seis pessoas, cada 30 dias. Concordância, neste caso: Cada 3 dúzias custam... / Cada seis pessoas vão... / Cada 30 dias representam... 4 — Pode combinar-se com qual e um, quando falta o substantivo: Cada qual sabe o que fazer. / Venha cada qual com seu par. / Cada um herdará duas casas. / Veja se cada uma sabe como agir. 5 — Cada um é também a forma correta nas referências a valores expressos

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Caixa anteriormente: As blusas custam 40 reais cada uma (e não 40 reais cada). / Vendia livros a 30 reais cada um (e não a 30 reais cada). 6 — Não se usa cada um, porém, antes de substantivos que indicam valor ou medida: Cada hora (e não cada uma hora), cada real (e não cada um real), cada quilômetro, cada quilo, cada ano, etc. A razão: cada já encerra a idéia de unidade. Cada qual. Verbo na terceira pessoa do singular quando cada qual resumir uma enumeração: Médico, jornalista, engenheiro, cada qual tem sua ética. Cada um. Verbo na terceira pessoa do singular: Cada um deles tem seu quarto. / Cada um de nós trabalha em empresas diferentes. / Cada um de vós será chamado a opinar. A concordância é a mesma se cada um resume uma enumeração: Pai, mãe, filho, cada um tinha seu quarto. Cães. Ver animais, página 37. “Cafetão”. Vulgaridade. Use cáften. Cair. Conjugação. Pres. ind.: Caio, cais, cai, caímos, caís, caem. Imp. ind.: Caía, caías, caía, caíamos, caíeis, caíam. Pret. perf. ind.: Caí, caíste, caiu, caímos, caístes, caíram. M.-q.perf. ind.: Caíra, caíras, caíra, caíramos, caíreis, caíram. Fut. pres.: Cairei, cairás, cairá, cairemos, caireis, cairão. Fut. pret.: Cairia, cairias, cairia, cairíamos, cairíeis, cairiam. Pres. subj.: Caia, caias, caia, caiamos, caiais, caiam. Imp. subj.: Caísse, caísses, caísse, caíssemos, caísseis, caíssem. Fut. subj.: Cair, caíres, cair, cairmos, cairdes, caírem. “Cair geada”. A geada não cai, embora alguns dicionários usem o termo nesse sentido. Ela é produto da condensação das gotas de orvalho na planta. Escreva, por isso, formar-se geada ou gear. Caixa. 1 — A palavra é feminina quando designa seção, repartição ou órgão: Foi até a caixa. / A Caixa Econômica. 2 — Como livro de escrituração,

Caixa de... tem o gênero masculino: Registrou as despesas no caixa. 3 — Por fim, se se refere ao funcionário, concorda com o sexo deste: Ele é o novo caixa do banco. / Ela era a caixa da empresa. Caixa de... O outro elemento vai para o plural: caixa de fósforos, caixa de palitos, caixa de sapatos, etc. Calda, cauda. Calda — solução de açúcar: calda de caramelo. Cauda — rabo, apêndice: cauda do macaco, piano de cauda. Câmara. A casa do Congresso chama-se, oficialmente, Câmara dos Deputados (e não “Câmara Federal”). Os vereadores são membros da Câmara Municipal. Pode-se usar Câmara, apenas, desde que fique claro a qual delas o texto se refere. Câmera. Designe desta forma o aparelho fotográfico, de cinema, de vídeo, etc. Escreva, no entanto, música de câmara e não de câmera. Caminhoneiro, caminhonete. Use estas formas em lugar de camioneiro e camioneta. Campeonato. Inicial maiúscula: o Campeonato Brasileiro de Futebol, o Campeonato Paulista, o Campeonato Gaúcho, o Campeonato Espanhol, etc. “Campesinato”, campesino. Campesinato não existe em português (use categoria rural ou os trabalhadores rurais) e campesino deve ser substituído por agrícola, rural ou campestre, conforme o caso. Camponês. Quando se tratar do Brasil, substitua a palavra por lavrador, agricultor, trabalhador rural, plantador, cortador de cana (se for o caso), etc. Campos Elísios. E não “Elíseos”. Câmpus. Aportuguesado: o câmpus, os câmpus. Canal. Inicial maiúscula: Canal da Mancha. Candidato a. 1 — Os cargos a que as pessoas se candidatam ficam sempre no singular: candidatos a deputado (e

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Caráter não a deputados), a líder, a vereador, a prefeito, a médico, a fiscal, a datilógrafo, etc. 2 — Se as candidatas forem mulheres, há duas possibilidades: a) O cargo fica no masculino se puder ser ocupado por pessoas de qualquer sexo: Ela foi candidata a prefeito. / Há 50 candidatas a deputado em São Paulo. / Eram 30 candidatas a datilógrafo. b) Se o cargo se destinar apenas a mulheres, fica no feminino: Eram dez candidatas a secretária (presume-se que se exijam mulheres apenas). / Havia muitas candidatas a costureira. 3 — A preposição usada com candidato, candidatura e candidatar-se é a e não para: Candidato a governador, candidatura ao Senado. / Candidatou-se a um ministério. Cânon. Plural: cânones. Cão. Feminino: cadela. Plural: cães. Capelão. Plural: capelães. Capitais brasileiras. Ver Estados, página 116. Capital. Inicial minúscula, seja a referência a São Paulo ou a qualquer outra capital do País: A capital. / Chuva causa mortes na capital. / Trânsito pára a capital. / A capital de São Paulo, a capital fluminense, a capital federal, as capitais. Capitão. Flexões: capitã (prefira), capitoa e capitães. Capítulos. Até 10, em ordinais; de 11 em diante, em cardinais. Use algarismos arábicos, e não romanos: capítulo 1º, capítulo 10º, capítulo 25. Capta/capita. Captar, decapitar, per capita, desta forma. Cara. Quando se tratar de pessoas, prefira rosto. Cara-pálida. Com hífen. Plural: caraspálidas. Cara-pintada. Com hífen. Plural: caraspintadas. Caráter. Plural: caracteres.

Cardio... Cardio... Liga-se sem hífen à palavra ou elemento seguinte. Exemplos: cardiograma, cardiologia, cardiorrespiratório, cardiovascular. Cargos (como usar). 1 — A instituição que alguém representa tem inicial maiúscula. Assim: a Presidência da República, o Ministério da Fazenda, a Secretaria do Planejamento, a Procuradoria-Geral da República, a Consultoria-Geral da República, a Vice-Presidência da República, a Superintendência do Abastecimento. 2 — O ocupante do cargo, no entanto, é indicado com inicial minúscula: o presidente da República, o ministro da Fazenda, o secretário do Planejamento, o procurador-geral da República, o consultor-geral da República, o vice-presidente da República, o prefeito de São Paulo, o superintendente do Abastecimento, o gerente de Esportes, o diretor de Circulação, o assessor de Imprensa, o diretor de Futebol, o gerente de Pesquisas e Planejamento, etc. 3 — Cargo antes. Com raras exceções, o cargo ou a qualificação de uma pessoa deve vir antes do nome, porque é ele (ou ela) que justifica a sua presença no noticiário: O governador de São Paulo, Mário Covas... / O prefeito de São Paulo, Celso Pitta... (e nunca: Mário Covas, governador de São Paulo..., ou Celso Pitta, prefeito da capital...) Da mesma forma: O diretor da Receita Federal, João de Almeida, revelou... / O técnico do Cabrobó, João da Silva... 4 — Feminino. O Estado adota no feminino o título dos cargos ocupados por mulheres ou a sua qualificação. Assim: ministra, primeira-ministra, senadora, deputada, governadora, secretária, prefeita, vereadora, juíza, promotora, procuradora, desembargadora, advogada, engenheira, capitã, etc. Atenção: use presidente tanto para o homem como para a mulher.

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Cargos (hífen) 5 — Título ou qualificação. Procure dar sempre um título ou qualificação à pessoa incluída no noticiário: o príncipe Charles, a princesa Anne, a rainha Elizabeth, o papa João Paulo II, o empresário Antônio Ermírio de Moraes, o escritor Jorge Amado, o tenista Pete Sampras, o piloto Michael Schumacher, o cantor Emílio Santiago, o compositor Chico Buarque, o professor João de Almeida, o advogado Saulo Ramos, a dona de casa Joana Rodrigues, etc. 6 — Governo federal. O Estado designa governo e governo federal com inicial minúscula. Assim: O combate à sonegação proposto pelo governo federal será uma tarefa difícil de ser cumprida. / É mais um tributo imposto pelo governo. Cargos (hífen). 1 — Use hífen na designação dos cargos que fazem parte da hierarquia normal das empresas particulares e públicas e entidades. Assim: secretário-geral, diretor-responsável, diretor-financeiro, secretário-executivo, diretor-gerente, sóciogerente, diretor-administrativo, editor-chefe, editor-executivo, gerenteadministrativo, diretor-adjunto, editor-assistente, diretor-comercial, primeiro-secretário, etc. 2 — Só não haverá hífen quando essas palavras forem ligadas pela preposição de: diretor de Redação, gerente de Vendas, diretor de Finanças, chefe de Produção, editor de Texto, secretário de Esportes, ministro da Fazenda, chefe de Reportagem, etc. 3 — É importante não confundir o caso dos cargos de hierarquia interna com a simples denominação da atividade de uma pessoa. Dessa forma, não existe hífen em: jornalista econômico, diretor teatral, cientista político, cronista esportivo, engenheiro eletrônico, engenheiro civil, cirurgião plástico, médico operador, ator cômico, assessor legislativo, etc.

Cargos (uso da vírgula) 4 — No caso de patentes militares, porém, use o hífen, mesmo com de: capitão-de-mar-e-guerra, capitão-defragata, general-de-exército, generalde-divisão, general-de-brigada, etc. Cargos (uso da vírgula). Ver aposto, item 2, página 39. Carioca, fluminense. Carioca — da cidade do Rio de Janeiro: moça carioca, praias cariocas, a prefeitura carioca. Fluminense — do Estado do Rio de Janeiro: cidades fluminenses, as serras fluminenses, o governo fluminense. O governo ou o governador é sempre fluminense. Da mesma forma, Assembléia Legislativa fluminense, polícia fluminense. Com relação à cidade do Rio de Janeiro, use prefeito carioca, Câmara carioca, etc. Carnaval. Inicial minúscula: carnaval. Caro. 1 — Caro já significa de preço elevado. Dessa forma, “preço caro” constitui redundância. Escreva: O pão está caro. / Artigos caros. O preço pode ser alto, elevado, exagerado, excessivo, etc. 2 — Quando adjetivo, varia: Comprou roupas caras. / Só freqüenta lugares caros. / Estas frutas são caras. 3 — Como advérbio (equivale a de modo caro), permanece invariável: Comprei caro estas frutas. / Vendeu caro as duas casas. / Pagou caro aqueles desaforos. / As bebidas custam 25% mais caro a partir de amanhã. Carros. No caso do aumento do preço dos carros, além de informar a porcentagem da elevação, registre o preço atual e o anterior de alguns dos principais modelos da fábrica. Carta Magna. Iniciais maiúsculas. Cartel. Inicial maiúscula: Cartel de Medellín. Casal. Concordância no singular: O casal João da Silva e Maria Santini dançou muito na festa (e nunca “dançaram”). Casar. Regência. 1 — Casar alguém (tr. dir.): O juiz os casou no cartório. / O deputado casou a filha ontem. / O es-

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Cediço critor casa bem as idéias. 2 — Casar alguém ou alguma coisa com ou a: O padre casou o empresário com a modelo. / Ele casava a fraqueza com a indiferença. / Seu texto casava a elegância ao apuro lingüístico. 3 — Casar com (tr. ind.): A moça casou com o tio. / O deputado casou com a senadora. 4 — Casar, apenas (intr.): O jogador casou muito jovem. / Quando nem esperava mais, casou. 5 — Casar-se com ou a (pron.): Ele se casou com a vizinha. / Sua mágoa casou-se com o despeito. / Suas aspirações casavam-se às do pai. Caso. 1 — Ver acaso, página 27. 2 — Com inicial minúscula quando sinônimo de episódio: caso Watergate, caso Lubeca. Cassete. Funciona como palavra invariável quando acompanha um substantivo: fita cassete, gravadores cassete. Castelão. Flexões: castelã (prefira), casteloa, castelana, castelões (prefira) e castelãos. Castelhano. Ver espanhol, página 114. Cataclismo. E não “cataclisma”. Catalão. Flexões: catalã e catalães. Catalisar. Com s, assim como catalisador. Cateter. Sem acento (pronuncia-se catetér). Caudal. No masculino: o caudal, um caudal. CD-ROM. Plural: CD-ROMs. Atenção. Não pronuncie CD-“rum”, mas CDrôm. Ceasa. É o nome popular, em São Paulo, da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp) e do local onde está situada. No texto, use a forma Ceagesp. Em outras cidades e Estados, existem órgãos chamados Ceasa, redução de Central de Abastecimento S.A. Cediço. Forma correta, e não “sediço”.

Cela, sela Cela, sela. Cela — aposento; sela — assento. Centigrama. Palavra masculina: dois centigramas. Centímetro. Ver distância, página 98. Centro... Exige hífen na formação de termos geográficos ou gentílicos: centroamericano, centro-africano, CentroOeste, Centro-Sul. Nos demais sentidos, liga-se à palavra ou elemento de composição seguinte sem hífen: centroavante, centroencefálico, centromédio, centrossomo. Cerca de. 1 — Indica arredondamento, assim como coisa de ou perto de: cerca de cinco crianças, perto de dez homens, coisa de mil pessoas. Assim, nunca indique números exatos com essas formas: cerca de 18 pessoas, perto de 74 homens, coisa de 152 crianças. 2 — A concordância é expressa pelo numeral ou equivalente: Cerca de mil pessoas se reuniram ali. / Perto de uma tonelada de gêneros foi perdida na enchente. / Existiam cerca de 50 crianças em cada sala. / Cabia ali coisa de uma centena de livros. 3 — Diferença entre acerca de, a cerca de, cerca de e há cerca de: ver acerca de, página 29. Cerebro... Liga-se sem hífen ao elemento seguinte: cerebrocardíaco, cerebropsicose, cerebrorraquidiano. Exceção: cérebro-espinhal. Certificar. Regência. 1 — Certificar alguma coisa: A decisão certificou seus conhecimentos. 2 — Certificar alguém de alguma coisa: Certificaramno da decisão. / Certificaram os amigos do ocorrido. / Queria certificá-lo da verdade. 3 — Certificar alguma coisa a alguém: Certificaram-lhe o ocorrido. / Certificou-lhe que ninguém duvidava da sua competência. 4 — Certificar-se de: Queria certificar-se da verdade. / Pretendo certificar-me dos acontecimentos. Certo. 1 — Antes do substantivo, equivale a algum, qualquer: Tinha certas regalias. / Certo dia ele chegou, tão

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Chamar misteriosamente como partira. / A amizade de certas pessoas não faz falta. 2 — Depois do substantivo, equivale a verdadeiro, definido, exato: A amizade das pessoas certas faz falta. / Ele chegou no dia certo. / Escolheu a carreira certa. 3 — Só quando existe idéia de ênfase, pode aparecer o um antes de certo (o normal, porém, é a omissão do artigo): Não escondia uma certa mágoa. / Tinha certa necessidade de afirmação. / Levou certo tempo para se retirar. / Chegou certo dia sem avisar. / Guardava certa graça da juventude. Cerzidor. Feminino: cerzideira. Cerzir. E não “serzir”. Cesárea, cesariana. Desta forma, um termo com e e outro com i. Prefira, no entanto, cesariana ou operação cesariana. Cessão. Ver seção, página 261. Chacina. Chacina não mata pessoas, nem provoca a morte delas, porque é efeito e não causa. Assim, é errado escrever: Chacina “mata” seis na periferia. / Chacina “causa a morte” de mãe e dois filhos. Veja opções corretas: Mãe e dois filhos executados na periferia. / Chacina deixa três mortos na periferia. / Mãe e dois filhos são vítimas de chacina. Chamar. Regência. 1 — Chamar alguém: Chamou o filho e saíram. / Chamou-o às 6 horas. 2 — Chamar alguém para ou a: Chamou os funcionários para uma reunião. / Chamou os filhos a si. / Chamou-os para avisálos do jogo. 3 — Chamar por alguém: Chamou por eles. / Chamou pelos amigos. 4 — Chamar alguém ou alguma coisa de: Chamou o inimigo de covarde. / Chamou a atitude de intempestiva. / Chamou aquela idéia de agressão à nacionalidade. 5 — Chamar, apenas: Todos começaram a chamar ao mesmo tempo. / Pôs-se a chamar, em vão. / O telefone está chamando. 6 — Chamar-se: Ele se chama Antônio. / Chamou-se louco.

Chamar a atenção 7 — Há outras construções possíveis, que convém evitar, no entanto, por terem uso jornalístico muito restrito: O amigo chamava-o perdulário. / Chame-lhe Maria, se você quiser. / Chamou-lhe de ingênuo. / Chamou sonhador ao amigo. Chamar a atenção. Chama-se a atenção de alguém, mas ninguém “é chamado à atenção”. Chamariz. E não “chamarisco”. Champanhe. Palavra masculina: o champanhe. Chance. Use a palavra apenas no sentido positivo: O time ainda tem chances de ser campeão. Nos demais casos, recorra a risco, possibilidade ou probabilidade: Droga reduz risco (e não “chance”) de enfarte. / Pacientes desse grupo têm maiores possibilidades (e não “chances”) de contrair a doença. / A probabilidade (e não “chance”) de um réu negro ser condenado é muito maior. Chanceler. Na Alemanha e na Áustria, corresponde a primeiro-ministro e não a ministro das Relações Exteriores. Chão. Como adjetivo (plano, franco, simples, despretensioso), admite feminino, chã: idéias chãs, palavras chãs, maneira chã. Plural: chãos (substantivo e adjetivo). “Chargeado”. Não existe em português. Use atacado, assediado ou acossado. Charlatão. Flexões: charlatã (prefira), charlatona, charlatães (prefira) e charlatões. Chassi. Use chassi no singular e chassis no plural. Chato. 1 — Pode ser usado normalmente como sinônimo de plano, liso: Era um objeto chato como um disco voador. 2 — No entanto, para substituir maçante, restrinja seu emprego à linguagem coloquial ou às frases entre aspas. No lugar, conforme o caso, recorra a desagradável, aborrecido, monótono ou cansativo.

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Cidades (nomes reduzidos) Chave. Liga-se com hífen a outro substantivo e não varia no plural: questãochave, postos-chave. “Checar”. Anglicismo a evitar. Verificar, conferir, confrontar e comparar têm o mesmo significado. Substitua checagem pelos substantivos correspondentes. Chefe. A mesma forma para o masculino e o feminino: o chefe, a chefe, as chefes. Chegar a. 1 — Verbos de movimento exigem a e não em: Delegação russa chega hoje a (e não “em”) São Paulo. Igualmente: A chegada do jogador ao (e não “no”) Brasil está marcada para amanhã. 2 — Chegar em, só na designação de tempo (Chegará em meia hora. / Chegamos em cima da hora) ou com a palavra casa (Chegou tarde em casa). “Chic”. Use chique ou elegante. China. Elemento usado nos adjetivos pátrios compostos: sino. Exemplos: sino-brasileiro, sino-japoneses. Chope. Use a forma aportuguesada: um chope, três chopes. Chorão. Flexões: chorona e chorões. Chuchu. Forma correta. Chutar, chute. Só no futebol. No basquete, use arremessar e arremesso. “Ciclo vicioso”. Não existe. O certo é círculo vicioso. Cidadão. Flexões: cidadã e cidadãos. Cidades (nomes reduzidos). 1 — O Estado rejeita, tanto nos títulos como no noticiário, as formas abreviadas “Caraguá” (por Caraguatatuba), “Guará” (por Guaratinguetá), “Itaquá” (por Itaquaquecetuba) e “Pinda” (por Pindamonhangaba). Use sempre o nome completo da cidade. 2 — Prefira sempre Rio a Rio de Janeiro. 3 — Nos títulos, São Paulo pode ser abreviada para SP, Belo Horizonte, para BH e Nova York, para NY. Mas não use PA para Porto Alegre nem LA para Los Angeles.

Cientificar Cientificar. Regência. 1 — Cientificar alguém: Antes de mudar o projeto, é preciso cientificá-los. 2 — Cientificar alguém de alguma coisa: O governo cientificou o País das mudanças na Previdência. / Venho cientificá-lo da nossa decisão. 3 — Cientificar-se de alguma coisa: Queria antes cientificar-se do ocorrido. Cima. O a não se junta a cima em frases como: Olhou-a de baixo a cima (para cima). Cinco-estrelas. Ver estrelas, página 118. Cine. A redução só pode ser usada antes de um nome: Cine Brasil. Não escreva, porém: Fecha mais um “cine” (mas cinema) em São Paulo. Cinqüenta. É a forma correta, e nunca “cincoenta”. Use igualmente cinqüentenário, cinqüentão, etc. Cintra, Sintra. Cintra é tanto sobrenome quanto o nome de uma serra de Minas. A sede de concelho ou serra de Portugal chama-se Sintra. Circuito. Sem acento (pronuncia-se circúito). Circular. Um documento circula, mas não se pode “circular um documento”. Assim, escreva: O documento (o jornal) circulou entre todos os funcionários da empresa (e nunca: A empresa “circulou” o documento (o jornal) entre os funcionários). O certo, neste caso, é: A empresa fez o documento (o jornal) circular entre os funcionários. Circular com desenvoltura. Modismo. Evite. Círculo vicioso. E não “ciclo vicioso”. Cirurgião. Flexões: cirurgiã, cirurgiões (prefira) e cirurgiães. Cis... Liga-se sem hífen ao termo seguinte: cisalpino, cisplatino, cisrenano, cisserrano, cisuraniano. Cisto. Prefira quisto. “Citar que”. Cita-se alguma coisa ou alguém, mas não se cita que: Citou vários autores que defendiam a mesma

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CNPq teoria (em vez de: “Citou que” vários autores defendiam a mesma teoria). Citibank. Sem y, assim como a holding do grupo, Citicorp. Para a forma abreviada, use Citi. Cizânia. Desta forma. Clã. Palavra masculina: o clã, os clãs. Classificação. Mesmo que haja mais de um concorrente de um campeonato ou torneio em 1º, 2º, 3º, 4º lugar, etc., a classificação será apresentada sempre nesta ordem, sem saltar posições. Exemplo: 1º — Michel Renault e Franz Mann, 18 pontos; 2º — Charles Smith e Alain Piccoli, 16 pontos; 3º — Carlino Autobelli, 12 pontos (e nunca: 1º — Michel Renault e Franz Mann, 18 pontos; 3º — Charles Smith e Alain Piccoli, 16 pontos; 5º — Carlino Autobelli, 12 pontos). Adote o mesmo critério para o futebol, vôlei, basquete ou qualquer outro esporte. Classificação, classificar-se. Use a preposição para: Conseguiu classificação para o torneio. / Classificou-se (e não “classificou” apenas) para a final do campeonato. Clipe. Aportuguesado. Plural: clipes. Club, Clube. Seguem-se os nomes de alguns clubes em que a palavra aparece ora grafada como Club, ora como Clube: Automóvel Club do Brasil, Automóvel Clube Paulista, Clube Alto dos Pinheiros (SP), Clube Naval (Rio), Club Transatlântico (SP), Country Club (Rio), Esporte Clube Pinheiros (SP), Esporte Clube Sírio (SP), Iate Clube do Rio de Janeiro, Jockey Club Brasileiro, Jockey Club de São Paulo, Touring Club e Itanhangá Golf Club. CNBB. Conferência (e não “Confederação”) Nacional dos Bispos do Brasil. CNEN. Desta forma, em cA. CNPq. Nome da entidade: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (a designação Conselho Nacional de Pesquisas é antiga).

Co... Co... De acordo com as normas oficiais, “é seguido de hífen, quando tem a significação de a par e o segundo elemento possui vida autônoma na língua”: co-autoria, co-beligerante, cocontratante, co-doador, co-eleito, cofundador, co-gerir, co-herdeiro, co-inquilino, co-mandatário, co-nacional, co-opositor, co-participante, co-produção, co-réu, co-secante, co-tangente, co-unívoco, co-valência, co-variação. Como são inúmeras as exceções ou casos em que fica difícil aplicar a regra geral, convém consultar o dicionário. Alguns exemplos de palavras em que o prefixo co se liga sem hífen ao elemento seguinte: coaglutinação, coessência, coestaduano, coeternidade, cofunção, coirmão, coligação, comistura, conotação, coobrigação, correlativo, correligionário, covolume. Cobrar. Cobra-se alguma coisa (a alguém), mas não se cobra alguém: Eles cobraram as horas extras. / Os deputados cobraram-lhe o apoio prometido (e não: Eles “cobraram o presidente”. / Eles “cobraram o presidente” pelo apoio prometido). Cobrir. Conjugação. Pres. ind.: Cubro, cobres, cobre, cobrimos, cobris, cobrem. Pres. subj.: Cubra, cubras, cubra, cubramos, cubrais, cubram. Imper. afirm.: Cobre, cubra, cubramos, cobri, cubram. Os demais tempos são regulares. Coca, cocaína. Coca é a planta e cocaína, a droga: Mastigou as folhas de coca. / Era viciado em cocaína. Cogitar. 1 — Use cogitar, de preferência, como indireto: Ninguém cogitara de deixá-lo sozinho. / Descansar era tudo de que cogitava naquele momento. 2 — Mais raramente, constróise também com as preposições em e sobre: Prometeu cogitar na sugestão. / Ficou a cogitar sobre como poderia sair daquela situação. 3 — Por admitir a regência direta, pode ser em-

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Coletivos pregado na passiva: O assunto não foi cogitado na reunião. Coimbra. Adjetivo pátrio: coimbrão. Feminino: coimbrã. Plural: coimbrãos. Coisa de. Ver cerca de, página 59. Colaborar. Colabora-se com alguém, mas se colabora para alguma coisa: Os empresários colaboraram com os políticos. / Tudo colabora para o sucesso da campanha. / Ele colaborou para as obras da igreja. Colarinho-branco. Com hífen designa a pessoa: Era um crime típico de colarinho-branco. / A punição foi baseada na Lei do Colarinho-Branco. “Colchão”. A carne é coxão (de coxa) e não “colchão”: coxão mole, coxão duro. Colchetes. Servem para intercalar observações em textos alheios: “Aí eu disse ao Petrônio [Petrônio Portela, então presidente do Senado] que o projeto não poderia ser aprovado.” Coleção de ... O outro elemento vai para o plural: coleção de selos (e não “de selo”), coleção de botões, de livros, etc. Cólera. Use a palavra no feminino, tanto para designar fúria, raiva, quanto a doença: Enfrentou a cólera da multidão. / Eram doentes contaminados pela cólera. Coletivos. Segue-se uma relação de coletivos, alguns óbvios e outros menos conhecidos. Da lista foram excluídos termos que, embora específicos, não têm uso jornalístico (como fato, para cabras, ou cáfila, para camelos). Se não encontrar a palavra adequada, lembre-se de que muitos deles funcionam como curingas, caso de bando, grupo, turma, etc.: Alcatéia — de lobos, de javalis, de panteras, de hienas. Armada — de navios de guerra. Arquipélago — de ilhas. Arsenal — de armas e munições. Assembléia — de pessoas reunidas. Atlas — de mapas.

Coletivos Baixela — de utensílios de mesa. Banca — de examinadores. Banda — de músicos. Bando — de pessoas em geral, de aves, de ciganos, de bandidos. Batalhão — de soldados. Bateria — de peças de guerra, de cozinha, de instrumentos de percussão, de perguntas. Biblioteca — de livros catalogados. Bosque — de árvores. Buquê — de flores. Cabido — de cônegos. Cacho — de bananas, de uvas. Cambada — de coisas que estejam penduradas no mesmo gancho ou de ladrões, malandros, moleques. Cancioneiro — de canções, de poesias líricas. Caravana — de viajantes, de estudantes, de peregrinos. Cardume — de peixes. Cinemateca — de filmes. Claque — de pessoas pagas para aplaudir. Clero — de sacerdotes em geral. Colégio — de eleitores, de cardeais. Coletânea — de textos escolhidos. Colônia — de imigrantes, de bactérias, de formigas. Comunidade — de cidadãos. Concílio — de bispos convocados pelo papa. Conclave — de cardeais reunidos para eleger o papa. Congresso — de deputados, de senadores, de diplomatas, de cientistas, de estudiosos. Consistório — de cardeais presididos pelo papa. Constelação — de astros, de estrelas. Cordilheira — de montanhas. Corja — de pessoas ordinárias em geral: corja de bandidos, bêbados, vagabundos, assassinos. Coro — de anjos, de cantores. Corpo — de alunos, de eleitores, de jurados. Discoteca — de discos ordenados.

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Coletivos Elenco — de artistas, de atores, de jogadores. Enxame — de abelhas. Esquadra — de navios de guerra. Esquadrilha — de aviões. Fauna — de animais de uma região. Feixe — de raios luminosos, de lenha. Flora — de plantas de uma região. Fornada — de pães. Frota — de navios de guerra ou mercantes e de veículos pertencentes à mesma empresa. Gado — conjunto de animais criados em fazendas. Galeria — de quadros, de estátuas e de objetos de arte em geral. Grupo — de pessoas ou coisas em geral: grupo de rapazes, de trabalhadores, de ilhas, de casas. Hemeroteca — de jornais e revistas arquivados. Horda — de indisciplinados, de selvagens. Junta — de dois bois, de médicos, de examinadores, de governantes. Júri — de pessoas que julgam. Legião — de soldados, de anjos, de demônios. Leva — de presos, de recrutas. Manada — de gado grosso em geral: manada de bois, burros, búfalos, cavalos, éguas, elefantes. Matilha — de cães de caça. Molho — de chaves, de verdura. Multidão — de pessoas. Ninhada — de pintos. Nuvem — de fumaça ou de coisas de tamanho reduzido: nuvem de gafanhotos, de pernilongos. Pelotão — de soldados. Pilha — de coisas dispostas umas sobre as outras: pilha de livros, pratos, tijolos, discos. Pinacoteca — de quadros. Plantel — de animais de raça. Praga — de insetos nocivos. Prole — de filhos. Quadrilha — de ladrões, de bandidos. Ramalhete — de flores.

Colocação Rebanho — de gado de corte, leiteiro ou produtor de lã: rebanho de bois, cavalos, carneiros, ovelhas, cabras. Réstia — de cebolas, de alhos. Revoada — de qualquer ave em vôo: revoada de pardais, de pombos. Roda — de pessoas. Ronda — de policiais em patrulha. Seleta — de textos escolhidos. Tripulação — de marinheiros ou aeronautas. Tropa — de muares. Trouxa — de roupas. Turma — de pessoas reunidas: turma de estudantes, trabalhadores, médicos. Universidade — de faculdades. Vara — de porcos. Viveiro — de aves presas, de peixes confinados. Vocabulário — de palavras. Colocação. 1 — Não use colocação como sinônimo de sugestão, observação, ressalva, idéia: Ele fez uma “colocação”. / Era uma “colocação” equivocada. / A “colocação” apresentada pelo deputado... 2 — Empregue, no lugar, alguma das palavras mencionadas ou outra equivalente em sentido. Proceda da mesma forma com colocar. Colocação das palavras na oração. 1 — Adjetivo a) O adjetivo vem normalmente depois do substantivo: Homem alto. / Prédios velhos. / Pedra dura. / Partido democrático. b) Por ênfase, eufonia, ritmo ou clareza da frase, pode-se colocar o adjetivo antes do substantivo: A arisca ave. / A bela moça leu um bom livro. / O esperto menino. / O ativo deputado. / Os terríveis momentos. / As alegres comadres. c) Os superlativos melhor, pior, maior e menor precedem o substantivo: O melhor amigo. / A pior declaração. / O maior problema (e não o problema maior). / Os menores objetos.

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Colocação das palavras na oração d) Alguns adjetivos assumiram posição fixa em relação ao substantivo: Mero acaso, mera coincidência. / Verdade nua. / Senso comum. / Mão direita, mão esquerda. e) Em muitos casos, a posição do adjetivo altera o seu significado. Dizse então que, colocado depois do substantivo, o adjetivo está no sentido real e antes, no figurado: homem bom (bondoso), bom homem (ingênuo); homem grande (alto), grande homem (eminente); menino pobre (sem recursos), pobre menino (coitado); dirigente alto (de grande estatura), alto dirigente (importante); redator simples (singelo), simples redator (mero). f) Com bom e mau, o sentido mais comum é o figurado, vindo, por isso, o adjetivo antes do substantivo (e, na maior parte das vezes, a associação adjetivo—substantivo forma como que uma palavra composta): bom dia, má hora, mau hálito, boa vontade, bons ventos, bom gosto, mau costume, mau aspecto, má forma, bom pressentimento, boa vitória, boa ocasião. Se o significado for o real, o adjetivo ficará normalmente depois do substantivo: homem mau, homem bom, ação má, água boa, meninos maus. g) Com os indefinidos, a alteração de sentido torna-se ainda mais pronunciada: alguma coisa (uma), coisa alguma (nenhuma); certo homem (um determinado), homem certo (exato); qualquer pessoa (alguma), pessoa qualquer (desqualificada). 2 — Artigo, pronome e numeral Vêm normalmente antes do substantivo: o caso, um caso; esse livro, nosso livro; todo dia, cada reportagem; três horas, sexto dia. Exceções. a) Por questão de realce ou eufonia, os possessivos e demonstrativos podem seguir-se ao substantivo: Com amigo meu ninguém faz

Colocação dos termos na oração isso. / Referiu-se de novo à casa, casa essa que ninguém conhecia. b) Os numerais sucedem ao substantivo quando designam datas, páginas, partes de uma obra, artigos de lei, decretos e portarias, papas, reis, séculos e endereços: dia 7, página 14, capítulo 6º, artigo 2º, parágrafo 1º, João XXIII, Luís XV, século 20, casa 25, apartamento 16. 3 — Verbo O verbo auxiliar precede o principal: Pretendia saber. / Foi morto na guerra. / Estava ferido. / Tinha-se formado. / Queria sair. 4 — Advérbio a) Os advérbios que acompanham um adjetivo, um particípio isolado e outro advérbio usualmente se colocam antes deles: Uma jovem tão bela. / O letreiro estava meio apagado. / Ficou muito desconfiada. / Tocou muito bem. b) Os advérbios de modo (assim, bem, mal, depressa, devagar, melhor, pior e os terminados em mente) que modificam o verbo vêm geralmente depois dele: O menino desenha bem (mal). / Os velhos caminhavam devagar (depressa). / Sua saúde está melhor (pior). / Ela andava assim. / Desapareceu rapidamente. / Morreu subitamente do coração. / Os governantes parecem estar revendo lentamente essa posição. c) Os advérbios de tempo e de lugar, assim como as expressões equivalentes, podem colocar-se antes ou depois do verbo (entre eles, estão: agora, ainda, amanhã, hoje, ontem, antes, cedo, depois, então, já, nunca, sempre, à noite, à tarde, de dia, de manhã, em breve, de vez em quando, abaixo, acima, adiante, aí, além, ali, aqui, atrás, cá, dentro, fora, lá, longe, onde, ao lado, em cima, de perto, por onde, para baixo, etc.): De vez em quando alguém se feria ali. / Em breve ele estará longe. / Aqui dentro faz tanto frio como lá fora. / Ele veio atrás de nós. /

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Colocação dos termos na oração Já lhe pedi para ficar sempre entre nós. / Para baixo todo santo ajuda. d) Só inicie frase com advérbio, porém, quando ele ou a locução com esse valor tenham função essencial na oração: Aqui se faz, aqui se paga. / Amanhã, finalmente, o lançamento da Challenger 45. / Agora o governo fala em conter gastos. / Na sextafeira, bem cedo, partirão para o Rio. / Com pressa, ele pedia que todos saíssem. Nos demais casos, coloque o advérbio ou a expressão com esse valor na posição que as normas recomendam. Assim: TV mostra amanhã Corinthians x Botafogo. / O Brasil abre na segunda-feira a Assembléia-Geral da ONU. / Sai hoje a relação dos concorrentes ao Oscar. / Eles devem realmente ser os melhores. E não: Amanhã, TV mostra... / Segunda-feira, o Brasil abre... / Hoje, sai a relação... / Realmente, eles devem ser... 5 — Não e nem Estas negativas precedem sempre o verbo: Não disse. / Não foi trabalhar nem se justificou. Colocação dos termos na oração. A oração em português é a direta, isto é, sujeito (quando houver), predicado e complementos (quando houver): O tempo está firme. / Deve chover amanhã. / O governo alterou as normas do Imposto de Renda. / O rio transbordou. Se houver dois complementos, o objeto direto em geral antecede o indireto: Os EUA deram ontem um ultimato à Líbia. / A enfermeira envolveu a criança no cobertor. / O aluno devolveu o livro à biblioteca. 1 — Sujeito depois do verbo a) Na passiva com o pronome se: Fazem-se ternos. / Vendem-se frutas. / Constroem-se casas. Note que na voz passiva o sujeito recebe a ação (ternos são feitos, frutas são vendidas, casas são construídas). Há casos em que o se indica apenas um verbo

Colocação dos termos na oração pronominal e o sujeito vem antes deste porque se trata da voz ativa (o sujeito pratica a ação): O vizinho mudou-se. / O país declarou-se em guerra. b) Nas orações reduzidas de gerúndio, particípio e infinitivo: Retirandose o valentão, todos respiraram aliviados. / Retirado o valentão, todos respiraram aliviados. / Ao se retirar o valentão, todos respiraram aliviados. c) Em geral, nas orações iniciadas pelos advérbios interrogativos ou por pronome interrogativo que não seja sujeito: Aonde se dirigem eles? / Como morrem os homens? / Quem somos nós para esperar essa graça? / Por que saiu ele tão cedo? / Que disse ela? / Quanto custa uma dúzia de ovos? O sujeito vem antes, porém, quando a frase tem a locução é que, quando se inicia a frase com o sujeito e quando a palavra interrogativa figura no fim da frase: Onde é que você estava? / Esse livro por que está aqui? / Ele queria o quê? d) Nas orações exclamativas e imperativas: Vivam as férias! / Morra o ditador! / Como é dura a vida! / Benza-os Deus! / Vejam todos este exemplo. e) Nas orações que explicam citações: “O país precisa de todos os cidadãos”, disse o presidente. / “Terra à vista”, exclamou o marinheiro. f) Nas orações condicionais construídas sem conjunção: Fossem eles mais novos... / Tivéssemos nós outra opção... / Fizessem os homens por merecer... / Pudessem eles chegar mais cedo... g) Em orações de caráter narrativo: Corria a década de 30... / Passaram anos e anos... / Chegara o tempo da esperança... h) Em certas construções com verbos que só se usam na terceira pessoa (pelo menos em sentido restrito): Acontecem coisas incríveis aqui. / Restou-lhe o filho como consolo. /

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Colocação dos termos na oração Basta um dia. / Faltam homens no regimento. i) Em geral, nas orações com verbos intransitivos: Chega hoje o presidente da República. / Sopra o vento, ruge o leão e a manhã desponta. / Brilha o sol. / Nasce o dia. / Dormem as crianças. / Prossegue o festival de nomeações. / Recomeçam as aulas. j) Quando se quer ressaltar a idéia expressa por um verbo de ligação (ser, estar, parecer, ficar, permanecer, etc.): Este não era o seu dia. / Estava crua a comida. / Ficava longe aquele posto. / Permanecia parado na esquina o carro da polícia. 2 — Outros casos a) O verbo figura no começo da oração que determina tempo, distância, peso, medida ou número: São 5 horas. / São 6 quilômetros daqui até o centro. / Faltam só 30 metros. / Eram 30 meninos. b) A ênfase pode fazer que o objeto direto ou indireto venha antes: Desta água não beberei. / Comida para todos prometeu o governador. c) O verbo inicia frases de caráter existencial: Era uma vez um sapo que virou príncipe. / Existem naquela área muitos índios. d) O sujeito pode ser deslocado para o fim da frase quando se quer chamar a atenção sobre ele: O chefe é ele. / Se ninguém quiser ir, vou eu. e) As orações que servem de sujeito ao verbo de ligação (ser, estar, parecer, ficar, etc.) vêm, em geral, depois deste: Estava acertado que ele seria promovido. / É justo que todos o reverenciem. / Parece certo que ninguém o indicou. / É preciso muita cautela. / É necessário maior cuidado. / É proibido pisar na grama. f) Na passiva com o verbo ser, o particípio inicia a frase, se esta exprime desejo ou vontade: Benditos sejam vossos pais. / Amaldiçoados sejam os assaltantes.

Colocação pronominal g) As orações que servem de sujeito ou complemento a outras seguemse ao verbo principal: Não se sabe se ele chegou. / Esperamos que ele consiga o lugar. / Concordo em que fiquem conosco. / Seu mal é não ser realista. / Tinha medo de que não o compreendessem. Em um ou outro caso, porém, essas orações podem vir antes da oração principal ou estar intercaladas nela: Que falavam mal, percebia-se logo. / Se ele chegou, não se sabe. / O deputado, se era contra o projeto, não o dizia. h) As orações subordinadas adjetivas (são introduzidas quase sempre por um pronome relativo e têm como antecedente um substantivo ou pronome) podem vir depois da oração principal ou nela ser intercaladas: Estas eram as mulheres de quem gostavam. / As mulheres de quem gostavam eram estas. / O modo como o fizeram indicava sua origem. / Conseguiu tudo quanto queria. / O pai, que amava os filhos, não queria separarse deles. / Acharam o local onde estava enterrado o tesouro. / O local onde estava enterrado o tesouro permanecia ignorado. i) As orações subordinadas adverbiais (são introduzidas por conjunções e exprimem circunstâncias de tempo, modo, fim, causa, condição, etc.) podem aparecer antes, no meio ou depois da oração principal: Quando o vimos, deixamos a sala. / Nós, quando o vimos, deixamos a sala. / Deixamos a sala, quando o vimos. / Apesar de serem os melhores, não foram aprovados. / Não foram aprovados, apesar de serem os melhores. / Porque acreditava no médico, o doente levantou-se. / O doente levantou-se porque acreditava no médico. Colocação pronominal. A norma da língua é a colocação do pronome átono (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, lhes, os, as) depois do verbo: As reuniões do Congresso iniciaram-se ontem. / Os

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Colocação pronominal meninos feriram-se no acidente. (Veja no fim do verbete as normas usadas no Estado para a colocação de pronomes.) Determinadas palavras ou tipos de frase, porém, exigem que o pronome fique antes do verbo: As reuniões do Congresso, que se iniciaram ontem, nada prometem de novo este ano. / Os meninos não se feriram no acidente. Como o pronome não pode vir depois de um verbo no futuro do presente ou futuro do pretérito (antigo condicional), nesses casos o pronome é intercalado no verbo: Dir-se-ia que todos ficaram satisfeitos. (E não: Diria-se que...) Pronome antes do verbo (próclise) 1 — Verbo precedido de palavras de sentido negativo (não, nunca, jamais, nada, nenhum, nem, ninguém): O homem não se alterou. / Nada me revolta. / Jamais lhe explicaram a razão. / Nunca vos procuraram? / Ela não foi nem se deixou levar. / Ninguém nos perdoará a ausência. / Nenhum dos passageiros se feriu no acidente. 2 — Verbo precedido de advérbio (aqui, ali, cá, lá, muito, bem, mal, sempre, somente, depois, após, já, ainda, antes, agora, talvez, acaso, porventura): Aqui se faz, aqui se paga. / Já nos convidaram. / Muito lhe agradeço o favor. / Sempre lhe dizia que viesse. / Depois eu os procuro. / Ainda nos pedirá desculpas. / Talvez se interne amanhã para tratamento. / Agora vos digo: sois o mais gentil. / Acaso lhe interessa este livro? Observação. Se depois do advérbio se fizer uma pausa, em geral expressa pela vírgula, o pronome ficará depois do verbo: Antigamente, falava-se muito nesse assunto. / Hoje, escreve-

Colocação pronominal se muito e pensa-se pouco. / Ali, precisa-se de empregados. 3 — Verbo precedido de que, em qualquer sentido (menos quando substantivo): É o que lhe pedi. / Digalhe que se vá embora. / O livro que você nos emprestou é ótimo. / Desconheciam o assunto de que lhe haviam falado. Quando substantivo: O quê da questão foi-lhe mostrado. / O quê (letra) escreve-se com acento. 4 — Verbo precedido de conjunção subordinativa (porque, embora, conforme, se, como, quando, conquanto, caso, quanto, segundo, consoante, enquanto, quanto mais... mais): Não foi trabalhar porque se havia machucado. / Como nos prometeram, chegaram cedo. / Se os homens se compenetrarem... / Embora lhe tenha avisado... / Conforme o alertara... / Quando o amigo se preparava para sair... / Caso lhe interesse saber... / Tanto se preocupava quanto se divertia. / Agiu segundo (consoante, conforme) o irmão lhe sugerira. / Quanto mais a polícia se omite, mais os assaltos se alastram. 5 — Verbo precedido de pronome relativo (o qual, quem, cujo, onde): As mulheres às quais nos referimos... / É o homem a quem se atribuiu a missão. / Em São Paulo, onde se radicou... / O pedido cujo atendimento se recomenda... 6 — Verbo precedido de pronome indefinido (algum, alguém, diversos, muito, pouco, vários, tudo, outrem, algo): Algum se salvará. / Alguém o traria de qualquer forma. / Muito (ou pouco) se espera dele. / Nada se perde, tudo se transforma. / Algo me diz que ele virá hoje. 7 — Verbo precedido de pronome demonstrativo (isto, isso, aquilo): Isto me agrada. / Isso te satisfaz? / Aquilo lhe diz respeito. 8 — Em frases que exprimem desejo ou exclamação: Deus lhe pague! / Bons ventos o levem. / Bons

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Colocação pronominal olhos o vejam. / Nossa Senhora a proteja. / Macacos me mordam! / Raios o partam! 9 — Verbo no gerúndio precedido da preposição em ou de advérbio: Em se tratando de esporte, prefere o futebol. / Não o fazendo, você se arrisca a perder o amigo. / Bem o dizendo, mal o negando. 10 — Verbo precedido das conjunções coordenativas não só... mas também, quer... quer, já... já, ou... ou, ora... ora: Não só me trouxe a encomenda, mas também me ofereceu um presente. / Quer se retire, quer se acomode... / Ou se afasta ou se enquadra nas normas. / Ora se irrita, ora se mostra alegre. Observação. As conjunções coordenativas e, mas, porém, todavia, contudo e portanto não atraem o verbo. 11 — Com as formas verbais proparoxítonas: Nós lhe perdoaríamos a desfeita. / Nós o teríamos feito. / Nós nos derramávamos em elogios. 12 — Nas orações iniciadas por pronome interrogativo: Quem te falou a respeito do caso? / Como o puderam fazer? Pronome depois do verbo (ênclise) 1 — Por ser a norma da língua, embora o português do Brasil tenha a tendência oposta: Os carros chocaram-se de frente. / As crianças punham-se a chorar quando sentiam fome. Regra prática — O pronome vem depois do verbo quando não há nenhuma palavra que o atraia. 2 — Quando o verbo inicia a frase: Deram-lhe o recado, afinal? / Fala-se muito nesse problema agora. / Vendem-se apartamentos. / Procura-se um bom empregado. Para lembrar. Não se inicia período com pronome oblíquo. Admite-se essa forma apenas na linguagem coloquial ou nas declarações colocadas entre aspas: “Me dê

Colocação pronominal a mão”, dizia a moça. / “Me faça um favor.” 3 — Com o gerúndio (não precedido de em ou advérbio): Apagou a luz, deixando-nos no escuro. / Não queira enganá-lo fazendo-se de pobre. 4 — No imperativo afirmativo: Vamos, amigos, cheguem-se aos bons. / Meu filho, prepara-te, apressa-te. Pronome intercalado (mesóclise) 1 — Para iniciar frase: Poder-se-á fazer a festa amanhã. / Dir-lhe-ia todos os desaforos que pudesse. / Trálo-á a reboque. 2 — Quando não existe nada que atraia o verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito (antigo condicional): O torneio iniciar-se-á no domingo. / A vida devolvê-lo-ia à realidade. Observação. Por estarem hoje mais ligadas à linguagem erudita, convém, no entanto, sempre que possível, evitar essas formas. Veja opções: A festa poderá ser realizada (ou feita) amanhã. / Pretendia, queria, ia dizer-lhe todos os desaforos que pudesse. / Vai trazê-lo a reboque. Casos opcionais 1 — Com os pronomes pessoais: Ela disse-me assim, ela me disse assim. / Eu o procuro amanhã, eu procuro-o amanhã. / Nós recompusemonos, nós nos recompusemos. A eufonia, porém, recomenda o pronome antes do verbo, neste caso. 2 — Com o infinitivo que não faça parte de locução verbal: Sem os forçar a nada, sem forçá-los a nada. / Até se chegar à solução, até chegar-se à solução. / Depois de se pôr à disposição, depois de pôr-se à disposição. / Por lhes trazer a fita, por trazer-lhes a fita. Exceções. Não combine por com os

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Colocação pronominal pronomes o, a, os, as (use por fazê-los, apenas, em vez de “por os fazer”) nem a com os pronomes o, a, os e as (use preferia morrer a deixá-la, a deixálos, etc., em vez de “a a deixar”, “a os deixar”). Locuções verbais 1 — Verbo auxiliar mais infinitivo a) Se não houver atração, o pronome fica depois do auxiliar ou do infinitivo: Quero-lhe dizer a verdade, quero dizer-lhe a verdade. / A moça deve-se resguardar, a moça deve resguardar-se. b) Se houver atração, o pronome fica antes do auxiliar ou depois do infinitivo: Não lhe quero dizer a verdade, não quero dizer-lhe a verdade. / A moça jamais se precisava resguardar, a moça jamais precisava resguardarse. 2 — Verbo auxiliar mais preposição e infinitivo a) Se não houver atração, o pronome fica depois da preposição ou do infinitivo: Deixou de a procurar, deixou de procurá-la. b) Se houver atração, o pronome fica antes do auxiliar ou depois do infinitivo: Não a deixou de procurar, não deixou de procurá-la. Observação. Tanto no caso 1 como no 2, a colocação do pronome depois do infinitivo é a preferível (dizer-lhe, procurá-la). 3 — Verbo auxiliar mais gerúndio a) Não havendo atração, o pronome fica depois do auxiliar ou do gerúndio: Vinha-lhe dizendo a verdade, vinha dizendo-lhe a verdade. / A festa estava-se realizando, a festa estava realizando-se. / Ia-se desfazendo, ia desfazendo-se. Preferíveis: Vinha-lhe dizendo, estava-se realizando, ia-se desfazendo.

Colocar b) Havendo atração, o pronome fica apenas antes do auxiliar: Não lhe vinha dizendo a verdade. / Sabia que a festa se estava realizando ali. / Tudo se ia desfazendo. 4 — Verbo auxiliar mais particípio a) Não havendo atração, o pronome fica depois ou antes do auxiliar: Os chefes haviam-no recomendado, os chefes o haviam recomendado. / O amigo tinha-lhe feito um favor, o amigo lhe tinha feito um favor. No início de frase, ocorre apenas a mesóclise: Ter-lhe-ia dito algo desagradável? / Dir-se-ia que não pretendia voltar. b) Havendo atração, o pronome fica apenas antes do auxiliar: Quis saber por que o haviam recomendado. / O amigo também lhe tinha feito um favor. / Quem lhe teria dito algo desagradável? Para lembrar: Em nenhuma hipótese o pronome pode estar depois do particípio, sendo, pois, absurdas formas como “dito-lhe”, “recomendadoo”, “feito-nos”, “pedido-lhes”, etc. Observações finais 1 — As normas de atração ou não do pronome levam em conta a oração completa. Considere-se, por exemplo, o período: Nunca, diga-se a propósito, lhe pedi favor algum. Há duas orações: Nunca lhe pedi favor algum / diga-se a propósito. O nunca atrai o lhe da oração principal (nunca lhe pedi), mas não o se da oração complementar (diga-se a propósito). Outro exemplo: O homem que anda muito na rua cansa-se mais. Existem igualmente duas orações: O homem cansa-se mais/que anda muito na rua. O se de cansa-se fica depois do verbo porque não há nada na oração principal que atraia o pronome (o homem cansa-se).

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Colocar Mais um caso: Era dono da loja que, recorde-se, vendia artigos importados. 2 — O que subentendido atrai o pronome como se estivesse expresso na frase: Requeiro se digne informarnos (que se digne). / Peço-lhe me deixe sair (que me deixe). 3 — Pronome depois do futuro do presente ou do pretérito. Em nenhuma hipótese pode ocorrer um caso desses, sendo, pois, absurdas formas como “teria-lhe” dito, “faria-se” o trabalho, “poderia-se” realizar, “diria-se” que ele estava atrasado, “farão-lhe” a vontade, “direi-lhe” a verdade, “contará-nos” tudo a respeito do caso. No “Estado” O Estado aceita o uso, no noticiário, do pronome oblíquo colocado entre dois verbos, sem necessidade de se ligar por hífen ao primeiro deles. Trata-se de uma característica do português do Brasil que não é mais possível desprezar: Ele estava se preparando para sair. / Falta d’água pode se agravar hoje. / Ele tinha se revoltado contra o pai. / Devia estar se aborrecendo com tudo aquilo. / Queria se livrar do amigo. / Vai se casar esta semana. / Esses homens podem nos ajudar. / Venho lhe trazer o meu apoio. / Tinha nos decepcionado. Colocar. 1 — Colocar significa pôr em algum lugar e deve ser usado para coisas materiais: Colocou o copo no armário. / Colocou os azulejos na parede. 2 — Pôr se emprega nas locuções e frases feitas, no sentido figurado e na definição de coisas abstratas e do espírito: pôr em prática, pôr frente a frente, pôr o dedo na ferida, pôr em xeque, pôr em pratos limpos, pôr um ponto final, pôr fogo, pôr o assunto em dia, pôr a mesa, pôr os pensamentos em ordem, etc. 4 — Em qualquer situação, sempre que possível, prefira pôr a colocar.

Colorir Colorir. Conjugação. Só tem as formas em que ao r se segue e ou i: colore, colorimos, etc. Com (concordância). Ver concordância (verbo, sujeito composto, item d, página 75). Com... Hífen antes de vogal: comaluno, com-irmão. Nos demais casos: combatente, concelebração, confederado, consacerdote, contorção. Coma. Use a palavra no masculino para definir o estado de saúde e, por extensão, insensibilidade, apatia: o coma do doente, coma (=apatia) político, coma profundo. Comando militar. l — Para o chefe de um Comando Militar, use as formas: o comandante militar do Sudeste, o comandante militar do Planalto (e não o comandante do Comando Militar do Sudeste, etc.). 2 — Ver quais são os comandos no verbete militares, página 178. Começar. Antes de infinitivo, exige a: O prédio começou a cair. / Vai começar a chover logo. Comemoração de. Use em comemoração de, e não em comemoração a: Em comemoração dos 25 anos de casado. / Em comemoração do centenário de fundação da cidade. Comemorar. Use o verbo apenas no sentido de celebrar, festejar, evitando o seu emprego em frases como comemorar o centenário da morte de alguém, comemorar o cinqüentenário do terremoto que destruiu alguma cidade, etc. Nestes casos, recorra a assinalar, marcar, lembrar, evocar ou reviver. Proceda da mesma forma com comemoração e comemorativo. “Comentar que”. Alguém comenta alguma coisa, mas não comenta que... “Comentar sobre”. 1 — O verbo pede objeto direto: Os alunos comentavam favoravelmente a aula (e não “sobre” a aula). / O técnico não quis comentar a expulsão do jogador. 2 — Com sobre, use fazer comentários: Os

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Comparações alunos fizeram comentários sobre a aula. Comercializar. Envolve uma série de operações e não a venda pura e simples. Assim: Os agricultores têm dificuldades para comercializar a safra. / Os artesãos vão vender (e não “comercializar”) os produtos na feira. Proceda da mesma forma com comercialização. Comissão. Com inicial maiúscula apenas quando particularizada: Comissão de Finanças, as Comissões de Justiça e Orçamento. Nos títulos ou segunda referência, em minúsculas: O projeto, já aprovado pela comissão... / Ministro deporá em comissão. Commodity. É o singular. Plural: commodities. “Commonwealth”. Use Comunidade Britânica. Com nós, com vós. São corretas essas formas quando o pronome tem complemento ou reforço: Eles queriam falar com nós mesmos (ou com vós mesmos), e não “conosco mesmos” nem “convosco mesmos”. Da mesma forma: com nós dois, com vós todos, com nós ambos, com vós outros, com nós próprios, etc. Com o objetivo de. Prefira para. Como. Concordância. Ver assim como, página 47. “Como sendo”. Expressão ruim, desnecessária e evitável: Foi considerado “como sendo” o melhor em campo. Use simplesmente: Foi considerado o melhor em campo. / Julgaram-no (como sendo) o melhor jornalista do ano. “Como se recorda”, “como se sabe”. Frases feitas inaceitáveis. Como, na maior parte dos casos, não se recorda nem se sabe, explique ao leitor os antecedentes do caso, sem rodeios desnecessários. Comparações. Por transmitirem freqüentemente uma imagem afetada, quando não artificial, as comparações

Comparações (formas) devem ser usadas com extremo rigor ou evitadas, o que é sempre mais prudente. Mesmo na linguagem coloquial, recomenda-se cautela. Atente para alguns maus exemplos (reais) do recurso às comparações: Para sua substituição, há tantas possibilidades quanto estrelas no universo. / A cidade no Natal volta a ficar movimentada como um formigueiro. / Ele reclamou feito um louco. / Estava apanhando mais do que judas em sábado de Aleluia. / Soltava fogo pelo nariz como um dragão. / Uma vez aberto o pacote, as promessas vão para o lixo, como o papel dos embrulhos. / As bandas de rock surgem e somem como cogumelos ou definham tão celeremente quanto libélulas. / Ficou perdido como um náufrago. Embora não constituam propriamente comparações, existem imagens de reforço da frase que têm quase a mesma função e incorrem em idêntico tipo de risco: Uma avalanche de fotógrafos cercou o artista. / Havia na sala um clima de velório. / Previa-se um calor de rachar catedrais. Devem ser evitadas a todo custo, em benefício da objetividade. Comparações (formas). 1 — Nas comparações é indiferente o uso de do que ou que: É mais rico do que ou que o pai. / Ninguém se empenhou mais pela aprovação do projeto do que ou que ele. O do que, de certa maneira, é mais coloquial e o que aparece com maior freqüência na linguagem escrita. 2 — Mesmo que as formas pareçam pouco eufônicas, são as locuções ao do, do do e equivalentes que devem ser usadas quando se omite uma palavra nas comparações: Seu carro era inferior ao do amigo. / O índice ficou acima do do ano passado. / As vendas de março podem ficar abaixo das de fevereiro. É como se se escrevesse: Seu carro era inferior ao carro do amigo. / O índice ficou

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Competir acima do índice do ano passado. / As vendas de março podem ficar abaixo das vendas de fevereiro. 3 — Do e da simplesmente não estabelecem comparações, sendo, pois, erradas formas como: Estava com três pontos a mais “da” (o certo do que a) Portuguesa. / Pediu 2 mil lugares a mais “do” (o certo: do que o) autorizado. 4 — É italianismo usar daquele e daquilo para introduzir comparações. Assim: O clube gastou mais que arrecadou (e não “daquilo” que arrecadou). / Era mais violento do que os que chegaram depois (e não “daqueles” que chegaram depois). Comparecer. 1 — Prefira a forma comparecer a e não em: Compareceu ontem ao tribunal. / Compareceu à reunião, à assembléia. 2 — Com em, é apropriado este uso: Tem comparecido muito em público. 3 — O verbo admite ante ou perante quando significa prestar contas: Compareceu ante o rei. / Compareceu perante o Tribunal de Justiça. 4 — Pode também dispensar complemento: Apesar de convidado para a festa, não compareceu. Comparecimento. No singular em frases como: O comparecimento de Juca e Alemão ao treino atraiu grande número de torcedores. / Os presentes elogiaram o comparecimento do governador e do prefeito à solenidade (e nunca “os comparecimentos”). Compartilhar. Regência. 1 (tr. dir.) — O funcionário compartilhou o sucesso da empresa. / A esposa compartilhou a sua dor. 2 (tr. ind.) — Não compartilhava da alegria da família. 3 (tr. dir. e ind.) — Ele compartilhou suas vitórias com os amigos. Compelir. Conjuga-se como aderir (ver, página 32): compilo, compeles; que eu compila, etc. Competir. Conjuga-se como servir (ver, página 266): compito, competes; competia; que eu compita; compete tu, competi vós; etc.

Complicar-se Complicar-se. Alguma coisa se complica e não complica, apenas: A situação do time complicou-se. / Seu mal complicou-se nos últimos dias. Comprazer-se. Conjugação. Pres. ind.: Comprazo, comprazes, compraz, comprazemos, comprazeis, comprazem. Imp. ind.: Comprazia, comprazias, comprazia. Pret. perf. ind.: Comprazi, comprazeste, comprazeu, comprazemos, comprazestes, comprazeram (prefira) ou comprouve, comprouveste, comprouve, comprouvemos, comprouvestes, comprouveram. M.-q.-perf. ind.: Comprazera, comprazeras, comprazera (prefira) ou comprouvera, comprouveras, comprouvera. Fut. ind.: Comprazerei, comprazerás. Fut. do pretérito: Comprazeria, comprazerias. Pres. subj.: Compraza, comprazas. Imp. subj.: Comprazesse, comprazesses (prefira) ou comprouvesse, comprouvesses. Fut. subj.: Comprazer, comprazeres (prefira) ou comprouver, comprouveres. Ger.: Comprazendo. Part.: Comprazido. Comprimento, cumprimento. Comprimento significa extensão, distância: o comprimento da mesa, 6 quilômetros de comprimento. Cumprimento equivale a saudação ou ato de cumprir: um cumprimento com a cabeça, o cumprimento das leis. Computar. Não tem as três primeiras pessoas do pres. ind.: “computo”, “computas”, “computa” (só se usam as três do plural, computamos, computais, computam), o pres. subj. (não existe “compute”, “computem”, etc.), nem o imper. neg. O imper. afirm., portanto, admite apenas a forma computai vós. Comunicar. 1 — Comunica-se alguma coisa a alguém, mas não se comunica alguém sobre (ou de) alguma coisa: O ministro comunicou as decisões aos assessores. / O ministro comunicoulhes as decisões. / O ministro comunicou as decisões a eles. Nunca,

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“Conclusão final” porém: O ministro “comunicou os assessores” sobre as ou das decisões. 2 — Da mesma forma, ninguém pode ser comunicado (mas informado, avisado ou cientificado) de alguma coisa: Foi informado (e não “comunicado”) sobre a decisão. / Foi avisado (e não “comunicado”) de que não deveria voltar aqui. / Foram cientificados (e não “comunicados”) sobre as novas normas da empresa. Atenção. Escrever que alguém “foi comunicado de” alguma coisa é considerado pelos gramáticos um dos erros graves do idioma. “Comunidade Européia”. Passou a chamar-se União Européia. Concelho. Com c indica circunscrição administrativa: Leiria é sede de concelho. Concertar, consertar. Concertar é o mesmo que ajustar, conciliar: Concertar opiniões, divergentes. Consertar significa reparar, corrigir: Consertar a casa, o carro, a roupa. / Consertar o que dissera. Concerto, conserto. Concerto define espetáculo musical, acordo, harmonia: concerto para piano e orquestra, o concerto das nações, concerto grosso, concerto de vozes, concerto de louvores. Conserto corresponde a reparo, reforma: o conserto do carro, o conserto da casa. Concitar. A regência mais usada jornalisticamente é concitar alguém a alguma coisa: Os líderes concitaram a população a reagir. / Todos o concitaram à luta. Conclamar. No sentido de convidar, convocar, a regência normal é conclamar alguém para alguma coisa: Conclamaram os amigos para ajudá-los. / O governo conclamou o país para a luta contra a droga. “Conclusão final”. Redundância (a menos que se trate de uma série de conclusões parciais que conduzam a uma definitiva).

Concordância Concordância. Adjetivo com substantivo Para efeito de concordância, as normas válidas para o adjetivo aplicamse também ao pronome, artigo, numeral e particípio. O substantivo a que eles se referem pode às vezes dar lugar a um pronome. 1 — Fundamentos a) O adjetivo concorda com o substantivo em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural): Prédio alto. / Casa branca. / Homens bons. / Mesas antigas. / Duas mulheres. b) O adjetivo irá para o plural masculino quando pelo menos um dos substantivos for masculino: Homens e mulher bons. / Médico e enfermeiras dedicados. / Aí compreendidos estes e aquelas. c) Mantém-se a concordância mesmo que haja preposição entre o adjetivo e o substantivo: Desgraçados dos homens. / Coitadas das mulheres. 2 — Adjetivo com dois ou mais substantivos Esteja o adjetivo antes ou depois dos substantivos, você acertará sempre se fizer a concordância no plural: “A mão esquerda, entre cujos índice e polegar...” / Terno e gravata escuros. / Ótimos texto e conhecimentos. / Atentos o governo e as Forças Armadas. / Reajustados o salário mínimo e os aluguéis. / Convocados o Senado, a Câmara e o Supremo. / Mortos pai e filho no litoral. Observações a) O adjetivo colocado antes de dois ou mais substantivos pode concordar com o substantivo mais próximo: Branca túnica e sandália. / “...notando o estrangeiro modo e uso.” / Ótimo texto e conhecimentos. / Seu pai e filhos. / Suas filhas e mulher.

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Concordância O adjetivo, no entanto, vai obrigatoriamente para o plural se os substantivos forem predicativos do objeto, nomes próprios, títulos ou formas de tratamento: Julgava perdidas a fé e a esperança (predicativo do objeto). / Trazia espertos o desejo e as virtudes (pred. do obj.). / A Justiça declarou culpados o pai e a filha. / Os irmãos Caetano e Bethânia. / Os apóstolos Pedro e Paulo. / Os generais Costa e Silva e Médici. / Os srs. Silva e Cia. b) Se o adjetivo vem depois de dois ou mais substantivos, pode também concordar com o mais próximo: Um terno e uma gravata escura. / Ternos e gravata escura. / Terno e gravatas escuras. / Elogiamos o seu esforço, empenho e dedicação extrema. Quando os substantivos são sinônimos ou formam gradação (como no último exemplo acima), há gramáticos que defendem a concordância — que, no entanto, não é obrigatória — com o mais próximo. 3 — Verbo de ligação Com verbo de ligação (ser, estar, parecer, ficar, etc.), o adjetivo vai para o plural, em qualquer caso, e segue as normas gerais de concordância: O depoimento e o laudo pericial eram conclusivos. / A loja e a residência estavam inundadas. / As casas e o prédio de apartamentos pareciam velhos. / Eram justos o preço fixado e a comissão. / Estavam liberados a testemunha e o réu. Apenas se o verbo de ligação estiver antes dos substantivos, admite-se também a concordância com o mais próximo (no Estado, prefira o plural, de qualquer forma): Era justo o preço fixado e a comissão. / Estava liberada a testemunha e o réu. 4 — Um substantivo e dois ou mais adjetivos a) Substantivo antes Há três possibilidades: Os governos brasileiro e francês; o governo

Concordância brasileiro e o francês; o governo brasileiro e francês. / Os poderes temporal e espiritual; o poder temporal e o espiritual; o poder temporal e espiritual. A primeira forma (Os governos brasileiro e francês, os poderes temporal e espiritual) é jornalisticamente a mais recomendável, embora a segunda (O governo brasileiro e o francês, o poder temporal e o espiritual) soe melhor em alguns casos. Convém, apenas, evitar a terceira (O governo brasileiro e francês, o poder temporal e espiritual), por induzir a duplo sentido. b) Substantivo depois Admitem-se quatro formas: A primeira e a segunda série; a primeira e segunda série; a primeira e a segunda séries; a primeira e segunda séries. / O quarto e o sétimo andar; o quarto e sétimo andar; o quarto e o sétimo andares; o quarto e sétimo andares. As melhores: A primeira e a segunda série, a primeira e segunda séries. / O quarto e o sétimo andar, o quarto e sétimo andares. 5 — Adjetivos compostos Só o último elemento é flexionado: estudos histórico-filosóficos, tecidos azul-claros, relações anglo-francobrasileiras, partidos social-democratas, partidos democrata-cristãos, homens bem-intencionados, notícias extra-oficiais, países não-alinhados, política econômico-financeira, vida profissional-amorosa. Exceção. Flexionam-se os dois termos de surdomudo, seja a palavra adjetivo composto ou substantivo: Homens surdosmudos, moça surda-muda, mulheres surdas-mudas, os surdos-mudos, a surda-muda, as surdas-mudas. 6 — Casos especiais Veja cada um deles nos verbetes um e outro, nem um nem outro, próprio, junto, menos, possível (o mais, o menos, o melhor, o pior), anexo, cores, um dos que, incluso, etc.

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Concordância Verbo 1 — Regra básica O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa: O prédio ruiu. / Ele chegou ontem. / Nós pedimos para sair. / Alugam-se apartamentos. / Os ministros anunciaram o novo pacote. 2 — Sujeito composto Adote como norma: o sujeito composto leva o verbo para o plural, esteja o verbo antes ou depois do sujeito. Exemplos: Partiram lotados o trem e o ônibus. / O homem e o filho feriram-se no acidente. / Reportagem, crítica e comentário têm lugar num jornal ou revista. Observação. O verbo pode ficar no singular (no Estado, apenas em textos especiais e declarações) nos seguintes casos: a) Verbo antes do sujeito composto: Passará o céu e a terra. / “... se a tanto me ajudar engenho e arte.” / Saiu João e os demais. Exceção. Se os sujeitos forem todos nomes próprios ou se indicarem reflexibilidade, reciprocidade, o plural será obrigatório: Vieram Maria, Pedro e João. / Feriram-se o agressor e a vítima. / De ambos os lados, cresceram o rancor e o ódio. b) O sujeito composto indica uma gradação, crescente ou decrescente: “Uma palavra, um gesto, um olhar bastava.” / “O próprio interesse, a gratidão, o mais restrito dever fica impotente...” c) O sujeito é formado por palavras sinônimas ou tomadas como um todo: “A vida e o tempo nunca pára.” / “Estes receios, este proceder meticuloso pode matar-nos.”. d) Se os dois sujeitos estiverem ligados pela preposição com ou por outras palavras e locuções que indiquem companhia, o verbo ficará no singular se o primeiro elemento prevalecer sobre o segundo. E nesse caso convém colocar o segundo entre vírgulas:

Concordância O rei, com a corte e toda a nobreza, participou da missa solene. Proceda da mesma forma nas frases em que o com é substituído por locuções de sentido equivalente ou aproximado: O presidente, ao lado dos ministros, deu início às solenidades. / O general, acompanhado do ajudante-deordens, passou as tropas em revista. O plural justifica-se apenas nos casos (mais raros) em que ambos os elementos têm igual ênfase: A mãe com a filha foram salvas do incêndio. 3 — Pronomes pessoais A primeira pessoa prevalece sobre a segunda e a terceira, a segunda prevalece sobre a terceira e o verbo fica no plural: Eu e tu chegamos cedo (eu + tu = nós). / Eu, tu e a tua irmã fomos aprovados (eu + tu + tua irmã, que equivale a ela, no caso). / Tu e ele viestes de carro (tu + ele = vós). / Tu e os Pires perdestes o trem (tu + eles = vós). / Tu e teu pai saístes do edifício juntos (tu + ele = vós). / Ele e a mãe eram bem-vindos (ele + ela = eles). / Eu e as bicicletas nos chocamos (eu + elas = nós). / Tu e os carros já estais à vista (tu + eles = vós). Observações a) Modernamente, admite-se o verbo na terceira pessoa do plural quando tu e vós se combinarem com ele, eles ou equivalentes (por causa da dificuldade no uso do tempo verbal correspondente a vós): Tu e os carros já estavam à vista. / Eles e vós já têm lugares marcados. b) Se o verbo estiver antes dos pronomes, a concordância pode ser feita com o mais próximo (no Estado, porém, coloque o verbo no plural): Era ele e sua tia que chegavam. / Poderás tu e o motorista levar-me ao Centro? 4 — Sujeito constituído de orações ou infinitivos O verbo fica no singular: Que ele entre e saia a toda hora não causa espanto. / Andar e nadar faz bem à saúde. / Comer, dormir e vadiar era

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Concordância só o que queria. / “Serem os homens uma coisa e parecerem outra é fácil.” Exceção. Verbo no plural se houver contraste entre os sujeitos ou se estiverem substantivados: O comer e o dormir engordam uma pessoa. / Nascer e morrer fazem parte da vida. 5 — Sujeitos resumidos por um pronome indefinido O verbo fica no singular quando os sujeitos são resumidos pelos pronomes tudo, nada, nenhum, cada um, cada qual, outro, ninguém, alguém, isso, isto, aquilo: Casas, pontes, estradas, tudo se perdeu com a enchente. / Amigos, colegas, parentes, ninguém o alertou sobre os riscos da viagem. / Pai, mãe, irmã, alguém deve chamá-lo à realidade. / Médico, engenheiro, advogado, cada qual tem seu código de ética. 6 — Coletivo ou palavras que dêem essa idéia a) Sem complemento — Concordância normal com o verbo: O povo saiu. / A gente chegou. / Os cardumes subiam o rio. b) Com complemento — Faça a concordância do verbo com o sujeito, no singular, e não com o complemento, no plural: A maioria dos empregados chegou atrasada no dia da enchente. / A maior parte dos trabalhos figurava na exposição. / Grande número de pessoas aderiu à iniciativa. / Estava destruída parte dos afrescos. / Um sem-número de crianças fazia barulho. / Boa parte dos habitantes mora na periferia. / Um grupo de ladrões dominou os clientes do banco. / Uma porção de crianças esperava a distribuição dos alimentos. / Uma equipe de policiais prendeu os seqüestradores. / Um total de 20 técnicos participou da operação. Observação. Aceita-se (no Estado, apenas em textos especiais ou declarações) a concordância com a idéia de plural expressa pelo complemento em casos como: A maioria das pes-

Concordância soas foram feridas. / Grande número de passageiros deixaram de pagar a passagem. 7 — Palavras no plural, mas com idéia de singular O verbo fica no singular: Pêlos ainda tem acento. / Nós é um pronome. / Casas está no plural. / Frases é o sujeito da oração. / Lágrimas é coisa que ele não tem. 8 — Nomes próprios no plural a) Sem artigo — Verbo no singular: Andradas fica em Minas. / Memórias Póstumas de Brás Cubas consagrou Machado de Assis / Divinas Palavras já foi representada em São Paulo (é uma peça). b) Com artigo no plural — Verbo no plural, faça ou não o artigo parte do nome: As Memórias Póstumas de Brás Cubas lhe causaram profunda impressão. / Os Estados Unidos representam... / Os Andes constituem... / Os Alpes ficam... / Os Lusíadas imortalizaram Camões. / Os Sertões consagraram Euclides da Cunha. / Os Maias deram a Eça inegável prestígio. Exceção. Com o verbo ser e predicativo no singular, o verbo pode ficar no singular: Os Lusíadas é a obraprima de Camões. / Os Sertões é o nome da obra que imortalizou Euclides da Cunha. 9 — Nas indicações de preço, medida, quantidade, porção ou equivalente Verbo no singular: Três quilômetros é muito. / Dois capítulos é pouco. / Mil reais é demais por esse artigo. / Cem dólares pode parecer exagerado. / Cem vagas representa muito nessa escola. / Dois terços de um meio é dois sextos. / Quatro anos de mandato é pouco, julga o presidente.

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Concordância Exceção. Com dias e horas, a concordância é a normal: Eram 9 horas. / São 6 horas. / Hoje é dia 15 de agosto. / Hoje são 15 de agosto. 10 — Sujeito no singular e predicativo no plural Com o verbo ser (e mais raramente parecer), ocorre a concordância por atração, isto é, se o sujeito estiver no singular e o predicativo no plural, o verbo concordará com o predicativo, e não com o sujeito: O que lhe peço são fatos concretos. / Tudo são flores. / Nada são flores. / Tudo parecem flores. / Isto são os ossos do ofício. / Isso eram manobras inconseqüentes. / Aquilo foram histórias. / Amor são venturas e sofrimento. / Sua maior alegria continuam sendo os filhos. / O grande prazer das crianças vinham sendo aqueles brinquedos. / O resto (ou o mais) são casos sem importância. Observações a) Se o sujeito for pessoa ou nome de pessoa, a concordância se fará regularmente: Joana é as delícias da mãe. / O homem é cinzas. / O filho era as venturas do casal. b) Se o sujeito for nome de coisa, poderá, para muitos gramáticos, ficar no singular: A comida era só verduras. O verbo no plural, no entanto, tem o apoio da maioria dos estudiosos (A comida eram só verduras) e é a forma adotada pelo Estado. 11 — Predicativo é substantivo abstrato O predicativo não concorda com o sujeito quando é substantivo abstrato: As espinhas ou acnes são um enigma para a medicina (e não são enigmas). / Para muitos, as cadernetas de poupança eram a melhor garantia para o futuro (e não eram as melhores garantias). / Estas providências foram a salvação das finanças da empresa.

Concordância 12 — Pronome pessoal com predicativo a) Se o pronome pessoal vem depois do verbo, o verbo concorda com ele: O autor do livro sou eu, mas o editor sois vós. / O responsável pelo erro somos nós (preferível: Os responsáveis...). / O chefe és tu. / Os herdeiros somos eu e teus irmãos. b) Havendo dois pronomes pessoais, a concordância se faz com o primeiro: Eu não sou você. / Nós não somos você. / Tu não és eu. / Ele não é eu (ou tu). 13 — Pronome interrogativo com predicativo Nas orações que comecem com pronome interrogativo, o verbo concorda com o substantivo ou pronome pessoal: Que são objetos diretos, Pedro? / Que somos nós? / Quem sois vós? / Quem és tu? / Quem teriam sido os autores do atentado? / Que são três dias? 14 — Concordância com a idéia Há casos em que a concordância se faz com a coisa subentendida e não com o nome que a expressa: A Vozes foi premiada com o Jabuti (subentende-se a editora). / A Faria Lima vive congestionada (avenida). / O Joelma pegou fogo num 1º de fevereiro (edifício). / O Paraíba é sinuoso (rio). / São Paulo é a mais populosa (cidade). / São Paulo é o mais populoso (Estado). / A Gustavo Barroso está avariada (fragata). / A Apollo foi à Lua (nave). / A Dersa será reformulada (empresa). / O Opala (carro), a Caravan (perua). 15 — Formas de tratamento O verbo concorda com a pessoa que recebe o tratamento: Vossa Excelência está errado (homem), Vossa Excelência está errada (mulher). / Sua Santidade chegou atrasado (o papa). / Vossa Alteza é bondoso (príncipe), Vossa Alteza é bondosa (princesa).

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Concordância 16 — Nós no lugar de eu Quando o pronome nós substitui eu (plural de modéstia), o verbo fica no singular: Estamos grato por tudo (eu estou). / Somos favorável à decisão (eu sou). É forma a evitar, porém. 17 — Nós subentendido Quando a pessoa que fala se inclui num grupo, o verbo concorda com o pronome nós: Todos aprovamos a decisão (eu + eles, nós + eles). / Éramos seis na casa. / Os paulistas (nós, os paulistas) somos descendentes dos bandeirantes. / A causa teria mais força do que supomos os leigos. 18 — Verbos impessoais Como não existe sujeito, o verbo fica na 3ª pessoa do singular: Choveu muito em São Paulo este ano. / Ventava demais naquele morro. / Já houve ocasiões mais favoráveis que esta. / Fazia frio de madrugada. / Pode haver muitas pessoas no show. l9 — Sujeito indeterminado O verbo vai para a 3ª pessoa do plural: Pediram-me que a procurasse. / Estão guiando muito mal nas estradas paulistas. / Disseram-lhe que saísse. Se a indeterminação do verbo for indicada pelo pronome se, usa-se a 3ª pessoa do singular: Cantou-se e tocou-se muito ali. / Ainda se vive mal em muitas regiões brasileiras. / Vive-se e morre-se de amor. 20 — Sujeito que representa a mesma pessoa ou coisa O verbo fica no singular: Deus, o Criador, o Onipotente, paira sobre todas as coisas. / “Esse primeiro palpitar da seiva, essa revelação da consciência a si própria, nunca mais me esqueceu...” (M. de Assis) / O presidente da República e membro da ABL convidou... Erros Alguns erros de concordância vêmse tornando muito comuns. Por isso,

Conde esteja atento para que não apareçam no seu texto. Veja as situações em que a maior parte deles ocorre (todos os exemplos são reais): 1 — Verbo, complemento, aposto ou oração dependente colocados antes do sujeito: Serão realizados hoje os sorteios (e nunca “será realizado”). / Viu como era feita (e não “era feito”) a aguardente. / Está marcada (e não “marcado”) para o dia 22 uma grande manifestação. / Terão tempero caseiro os quitutes... (e não “terá”) / Os contratos trazem embutida (e não “embutido”) uma correção. / Foi publicada (e não “publicado”) no Diário Oficial uma relação... / Não deixam (em vez de “deixa”) de causar estranheza certas situações... / Ficou constatada (e não “constatado”) apenas uma forte torção... / Chegam (e não “chega”) a ser irritantes (e não “irritante”) os constantes erros... / Tem de ser levada (e não “levado”) em conta a disposição... / Se prevalecerem (em vez de “prevalecer”) as evidências... / São importantes (e não “é importante”) esses pontos... / Errados, errados mesmo (e não “errado, errado mesmo”) são os termos... 2 — Núcleo do sujeito distante do verbo: Os preparativos para a criação do novo bairro já estavam praticamente concluídos (e não “já estava”...). / As execuções determinadas por partidos clandestinos de esquerda, na década de 70, eram (e não “era”) uma verdade incontestável. / Férias fora de hora levam (e não “leva”) mães ao pânico. / As acusações ao presidente daquele sindicato de trabalhadores demonstravam (e nunca “demonstrava”) a possibilidade... 3 — Núcleo do sujeito no singular acompanhado de uma expressão preposicionada no plural, que completa ou altera o seu sentido — o verbo fica no singular (não deixe que a falsa noção de plural influencie a concor-

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Confidenciar dância): Como essa diversidade de assuntos não agradava (e nunca “agradavam”) aos leitores... / A produção dos especiais de música brasileira é de (e nunca “são de”...) / A fulminante ascensão do candidato nas pesquisas eleitorais mudou (e não “mudaram”) o conceito... / O preço das passagens aéreas sobe (e não “sobem”) hoje. / A publicação das fotos da modelo prejudicou (e não “prejudicaram”) a sua reputação. 4 — O que exige o verbo no singular e no masculino: O que se ouvia eram frases indignadas (e nunca o que “se ouviam”...). / O que não é admitido é a internação... (e não o que não “é admitida”...). 5 — É que não varia em frases como as que se seguem (repare que está intercalada uma expressão preposicionada): É nesses movimentos que a plástica sobressai (e nunca “são” nesses movimentos que...). / É sobre esses aspectos que ele deve meditar (e não “são” sobre esses aspectos que...). / É dessas coisas que (em vez de “são” dessas coisas que...). 6 — Bastar, existir, faltar, restar e sobrar variam normalmente: Bastam alguns minutos. / Falou sobre as diferenças que existiam entre eles. / Existem muitas concepções equivocadas. / Faltam motivos que expliquem o crime. / Restavam poucas pessoas na sala. / Sobram idéias, mas faltam meios para pô-las em prática. Conde. Feminino: condessa. Condor. O certo é condor (dôr) e não “côndor”. “Conferência de imprensa”. Em português, use entrevista coletiva. Conferir. Conjuga-se como servir (ver, página 266). Confidenciar. O verbo significa dizer em segredo, em confiança, na intimidade, e está sendo muito usado erradamente no lugar de revelar ou infor-

Confrade mar. Veja como empregá-lo corretamente: O diretor da organização confidenciou a amigos que não vai tomar a iniciativa de deixar o cargo. / O deputado confidenciou à família que não será candidado à reeleição. Ou seja, disseram em segredo, em confiança, na intimidade. Nos casos seguintes, no entanto, confidenciar não tem sentido: “Realmente, a negociação está adiantada”, confidenciou (disse, garantiu, informou, adiantou) o diretor do time no vestiário. / A atriz confidenciou (revelou) à revista Notícias que está esperando um filho. / O líder confidenciou (comunicou, revelou, informou) aos 400 convencionais qual a posição do partido na questão. Confrade. Feminino: confreira. Confraternizar. Sem se: Os amigos confraternizam. / Confraternizava até com os adversários. “Congressual”. Use do Congresso e nunca congressual. Conquistar o seu espaço. Lugar-comum. Evite. Conseguir. Conjuga-se como servir (ver, página 266). “Conseguir com que”. Fazer com que é que admite a preposição. Use conseguir que em frases como: Ele conseguiu que todos os convidados comparecessem à festa (e não conseguiu com que). “Consenso geral”. Redundância. Não existe consenso de alguns, por exemplo. Consentir. Conjuga-se como mentir (ver, página 177). Consertar, conserto. Ver concertar e concerto, página 73. Consigo. Só pode ser usado com o sentido reflexivo: Ele fala consigo mesmo. / Os homens carregam consigo as suas penas. / O fotógrafo trouxe consigo as anotações do repórter. Embora admissível em Portugal, é incorreto no Brasil o uso de consigo co-

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Consumar, consumir mo equivalente a com você, com o senhor. Não escreva, pois: Quero falar consigo. / Vou consigo. Constroem. Sem acento. Construir. Conjugação. Pres. ind.: Construo, constróis, constrói, construímos, construís, constroem. Imper. afirm.: Constrói, construa, construamos, construí, construam. Os demais tempos são regulares. Consulesa. Designa tanto a mulher do cônsul como a funcionária que exerce o cargo. Consumar, consumir. Conjugação (pela ordem). Pres. ind.: Consumo, consumas, consuma, consumamos, consumais, consumam; consumo, consomes, consome, consumimos, consumis, consomem. Imp. ind.: Consumava, consumávamos, consumavam; consumia, consumíamos, consumiam. Pret. perf. ind.: Consumei, consumou, consumamos, consumaram; consumi, consumiu, consumimos, consumiram. M.-q.-perf. ind.: Consumara, consumáramos, consumaram; consumira, consumíramos, consumiram. Fut. pres.: Consumarei, consumará, consumaremos, consumarão; consumirei, consumirá, consumiremos, consumirão. Fut. pret.: Consumaria, consumaríamos, consumariam; consumiria, consumiríamos, consumiriam. Pres. subj.: Consume, consumes, consume, consumemos, consumeis, consumem; consuma, consumas, consuma, consumamos, consumais, consumam. Imp. subj.: Consumasse, consumássemos, consumassem; consumisse, consumíssemos, consumissem. Imper. afirm.: Consuma tu, consume você, consumemos nós, consumai vós, consumem vocês; consome tu, consuma você, consumamos nós, consumi vós, consumam vocês. Imper. neg.: Não consumes tu, não consume você, não consumemos nós, não consumeis vós, não consumem vocês; não consumas tu, não consu-

Contabilizar ma você, não consumamos nós, não consumais vós, não consumam vocês. Ger.: Consumando; consumindo. Part.: Consumado; consumido. Contabilizar. Evite o modismo. O verbo deve ser substituído por computar, experimentar, contar, levantar, acusar ou registrar em orações como: Caixa “contabiliza” (registra, acusa) grande procura pelos financiamentos. / Partido “contabiliza” (experimenta, sofre) seis grandes derrotas no Estado. / Sua peça até agora “contabilizou” (acusou, reuniu) um público de 52 mil pessoas. / O acidente “contabilizou” (deixou) 12 mortos e 25 feridos. / A prefeitura passou o dia “contabilizando” (levantando) os prejuízos causados pela chuva. Contar. Equivale a relatar, descrever, referir: Náufrago conta como conseguiu salvar-se. / Mulheres contam as torturas do carrasco. Não tem, porém, o sentido de dizer ou afirmar que lhe é inadequadamente atribuído em frases como: O presidente do Banco Central contou que o governo acredita na queda da inflação. / O técnico contou também que os jogadores não haviam cumprido as determinações. / O delegado contou que o esquema de segurança visava a proteger os atletas. Contendo. É errado o uso de contendo no lugar de com em frases como: Uma casa com (e não contendo) cinco quartos. / Documentos com (e não contendo) dados incorretos. / Reportagens com (e não contendo) informações tendenciosas e contraditórias. Contestar. Em espanhol significa responder a, e não contrariar. Contingente. E não “contigente”. “Continuar ainda”. Redundância. Continuar já encerra a idéia de ainda. Use apenas: Ele continua lá. / O governo continuava a emitir dinheiro. Contra. 1 — Não equivale a em relação a, em comparação a ou enquanto,

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Contrário como tem sido impropriamente usado em frases do tipo de: A carne subiu 80% contra um aumento de 35% em média de outros produtos. Formas viáveis: A carne subiu 80%, enquanto o aumento de outros produtos foi de 35% em média. / A carne subiu 80% em relação a (em comparação a) um aumento de 35% em média de outros produtos. 2 — Contra tem plural, quando substantivado: Os prós e os contras. / Os contras da Nicarágua. Contra... Hífen antes de vogal, h, r e s: contra-almirante, contra-ataque, contra-espião, contra-indicação, contra-ofensiva, contra-harmônico, contra-revolução, contra-regra, contra-senso. Nos demais casos: contracheque, contradança, contramão, contragolpe, contratempo. “Contraceptivo”. É mera transposição do inglês contraceptive. Por isso, use anticoncepcional. Contradizer. Conjuga-se como dizer (ver, página 99): contradigo, contradizes; contradizia; contradisse; contradissera; contradirei; contradiria; que eu contradiga; se eu contradissesse; se eu contradisser; contradize tu, contradizei vós; contradizendo, contradito. Contrair. Conjuga-se como cair (ver, página 55). Contralto. O contralto (se se tratar de homem ou menino com essa voz) e a contralto (cantora): o contralto João Carlos; a contralto Luísa da Silva; Francisca Pinheiro, contralto brasileira; etc. Contramão. Pode ser substantivo (O carro entrou na contramão), adjetivo invariável (pista contramão, ruas contramão) e advérbio (O motorista entrou contramão. / Sua casa fica contramão para mim). Contrário. 1 — A locução ao contrário indica oposição: O policial não se omitiu no acidente, mas, ao contrário, até participou do salvamento das

Contratação vítimas. 2 — Ela não pode ser utilizada, por isso, quando indica mera substituição ou alternativa: “Ao contrário” (o certo: de maneira diferente) do que pensavam, machucou a perna e não a cabeça. / Trouxe o jornal e não a revista, “ao contrário” (diferentemente) do que haviam pedido. Contratação. No singular em frases como: A contratação de Pedrinho e Carlos pelo time... / Com a contratação de mais três jogadores, o time... (e nunca “as contratações”). Convalescença. E não “convalescência”. Convergir. Conjuga-se como aderir (ver, página 32): convirjo, converges; convirja, convirjas; converge tu, convergi vós. Convertidos em. E não “para”: Os valores foram convertidos em dólares. Convidar. Antes de infinitivo, exige a: Tempo bom convida a sair. Convir. Conjuga-se como vir (ver, página 308): convenho, convéns, convém; convinha; convim, convieste, conveio; que eu convenha; que eu conviesse; se convier; convindo (part. e ger.); etc. “Conviver junto”. Redundância. Conviver já encerra a idéia de companhia. Copa. Com inicial maiúscula antes do nome que determina: Copa União, Copa do Mundo. Com minúsculas, porém, na segunda referência: A copa, essa copa. / Conquistou a copa. Cópias. Livros e discos têm exemplares e não “cópias”, mera transposição do inglês copy (plural: copies): O livro já vendeu 400 mil exemplares (e não “cópias”). / O disco já sai com 800 mil exemplares encomendados. Cor (concordância). Ver nomes de cor, página 191. Cor-de-carne. Invariável: maiôs cor-decarne. Cor-de-rosa. Invariável: blusas cor-derosa.

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Cotia, cutia Cores. O certo é em cores e não “a cores”: transmissão em cores, televisão em cores. Corinthians. Desta forma. O torcedor é corintiano, sem h. Corpo a corpo, corpo-a-corpo. Sem hífen, a locução designa a forma da luta: Lutavam corpo a corpo. Com hífen, designa a própria luta e não varia no plural: O terrível corpo-acorpo, os terríveis corpo-a-corpo. / Houve um corpo-a-corpo entre os lutadores. “Correr atrás do prejuízo”. Além de constituir modismo, é expressão incorreta. Corre-se atrás do empate, da vitória, da vantagem, do título, do lucro e nunca “do prejuízo”. Corrigido. Use corrigido tanto com os auxiliares ser e estar (e não correto) quanto com ter e haver: O trabalho foi corrigido ou já estava corrigido. / O repórter tinha (ou havia) corrigido o texto. Não confunda com a forma O trabalho estava correto, em que correto não é particípio, mas adjetivo (equivalente a certo, sem erros). Corrimão. Plural: corrimãos (prefira) e corrimões. Corriola. E não “curriola”. Corroborar. Corrobora-se alguma coisa ou alguma coisa com outra: Ele corroborou o argumento. / O cientista corroborou a teoria com as suas pesquisas. Corroem. Sem acento. Cortesão. Flexões: cortesã, cortesãos (prefira) e cortesões. Coser, cozer. Coser a roupa (costurar), cozer os alimentos (cozinhar). Costa, costas. No singular equivale a litoral: Percorreu toda a costa. No plural, à parte do corpo: Dor nas costas. / Machucou as costas. “Costurar um acordo”. Modismo. Não use. Cotia, cutia. Cotia — cidade; cutia — animal.

Coxão Coxão. E não “colchão” (mole ou duro) para a carne. Cozer. Ver coser, página 82. Craque. Aportuguesado, tanto para designar o atleta quanto a imitação de barulho ou a quebra financeira. Crase. Ver página 315. Crer. Conjugação. Pres. ind.: Creio, crês, crê, cremos, credes, crêem. Pret. perf. ind.: Cri, creste, creu, cremos, crestes, creram. Pres. subj.: Creia, creias, creia, creiamos, creiais, creiam. Pret. imp. subj.: Cresse, cresses, cresse, crêssemos, crêsseis, cressem. Fut. subj.: Crer, creres, crer, crermos, crerdes, crerem. Imper. afirm.: Crê, creia, creiamos, crede, creiam. Imper. neg.: Não creias, não creia, não creiamos, não creiais, não creiam. Part.: Crido. Crescer. Alguma coisa cresce, mas não se cresce alguma coisa. Assim: O país espera que o número de empregos cresça. E não: O país espera “crescer” o número de empregos. “Criar novos”. Redundância. Criar já encerra a idéia de novo. Escreva, assim, criar mil empregos por dia e não criar mil novos empregos por dia, criar opções e não criar novas opções, etc. Crisântemo. E não “crisantemo” (crisantêmo). Cristão. Flexão: cristã e cristãos. Cronologia. No desfecho de coberturas que se arrastem por meses ou anos, uma forma prática de situar o leitor no tempo é publicar a cronologia dos acontecimentos, com uma indicação sumária dos dias em que houve algum fato digno de nota. Com matéria de pesquisa (que pode sair paralelamente), nem sempre se obtém o mesmo efeito. Croqui. É o singular. Plural: croquis. Cujo. 1 — O uso correto de cujo (cuja, cujos e cujas) exige três condições: a) haver antecedente (possuidor) e conseqüente (coisa possuída) diferentes;

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Cujo b) existir equivalência com do qual (da qual, dos quais e das quais); c) estar clara a idéia de posse. Exemplos: O país cuja população cresce sem parar enfrenta problemas. / Os meninos cuja mãe estava sendo operada aguardavam no corredor. Desdobrando a explicação: a) Há antecedentes, possuidores (o país, os meninos), e conseqüentes, coisas possuídas (cuja população, cuja mãe), ambos diferentes; b) existe equivalência com do qual: o país a população do qual cresce sem parar, os meninos a mãe dos quais estava sendo operada; c) está clara a idéia de posse: a população é do país e a mãe, dos meninos. Regra prática. Inverter os termos e ligá-los pela preposição de, caso em que fica evidente a noção de posse: a população do país, a mãe dos meninos. Outros exemplos de cujo corretamente empregado: Eis a carta cujo conteúdo você desconhecia (o conteúdo da carta). / Veja os livros cujos autores lhe recomendei. / São os heróis cujos feitos glorificamos. / Os homens cuja honra e coragem sobressaíam (a honra e a coragem dos homens). / O jornal cujo espírito e cuja tradição elogiaram. 2 — Se o verbo, palavra ou expressão que se segue a cujo exige preposição, ela terá de ser usada com esse relativo: O repórter a cujo texto nos referimos (e não “cujo texto nos referimos”). / Os pensadores de cujos princípios discordamos. / A casa por cujos portões passamos. / O jornal em cuja redação trabalharam. / A matéria para cujo vestibular se prepararam. / O espetáculo a cujo início assistiram. / O médico de cuja memória somos cultores. / A obra em cujos princípios se inspirou e a cuja argumentação cedeu. Os exemplos equivalem a: O repórter ao texto do qual nos referimos./

Cujo com pronome Os pensadores dos princípios dos quais discordamos. / A casa pelos portões da qual passamos. / O jornal na redação do qual trabalharam. 3 — O antecedente e o conseqüente de cujo podem ser uma expressão, desde que de sentido completo (em outras palavras: como se fossem uma palavra composta): O jornal cuja Editoria de Política... / A Editoria de Política cujos repórteres... / O hotel cujo chefe de portaria... / O chefe de portaria cujos subordinados... / O amigo cujo nome de batismo... / O clube cuja lista de sócios... 4 — É erro repetir o antecedente depois de cujo (a moça cujo livro da moça, os heróis cujos feitos dos heróis, etc.) e também usar artigo após o pronome (a moça cujo “o” livro, os heróis cujos “os” feitos, o médico cuja “uma” preocupação, etc.). 5 — Se não houver relação de posse, torna-se incorreto o uso de cujo, mesmo que o pronome possa ser substituído por dos quais: Os clubes que fazem parte do grupo, “cujos principais” são o São Paulo, o Palmeiras e o Santos. Como falta a coisa possuída, eis a frase certa: Os clubes que fazem parte do grupo, dos quais os principais são ... 6 — Outros exemplos de frases erradas com cujo (note: cujo não corresponde a o qual): O 9 de julho de 1932, em cuja data... (use data na qual). / Não sei de cujo livro você falou (falta antecedente). / Referiu-se a negócios cujos (que os) clientes da corretora não conseguiram honrar. / Herdou uma fazenda cuja fazenda (que, a qual) o tornou rico. / O prêmio foram 10 mil reais, cuja importância depositou no banco (importância que ou a qual depositou no banco). / Os amigos de cujos (dos quais) se separou (falta conseqüente)... / O carro cujo (que, o qual) quebrou não era dele. Cujo com pronome. O cujo atrai o pronome localizado na mesma oração: É

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D’água um pedido cujo despacho se recomenda. / A carta cujo conteúdo o intrigava finalmente ia ser aberta. Cumprimento. Ver comprimento, página 73. Cupido, cúpido. Cupido — deus do amor; cúpido — ganancioso, ambicioso, ávido: homem cúpido, olhares cúpidos. Cupom. Use cupom e cupons (e não cupão). Curinga. E não “coringa”. Curriculum vitae. Prefira currículo(s), a menos que se queira dar muita ênfase à carreira da pessoa. Curta-metragem. Plural: curtas-metragens. Curto-circuito. Plural: curtos-circuitos. Custa. O certo é à custa de e não “às custas de”: Vive à custa da mulher. / Elegeu-se deputado à custa de conchavos. Custar barato, custar caro. Barato e caro não variam depois de custar: Combustíveis custam 30% mais caro (e não caros). / Esses artigos custam barato (e não baratos). / A carne já custa mais caro (e não cara). / As blusas custam mais barato (e não baratas) que as camisas. Cutia. Ver Cotia, página 82. Czar. Desta forma. Derivados: czarina (a imperatriz), czaréviche (príncipe herdeiro), czarevna (princesa herdeira), czarismo e czarista.

D’água. 1 — É a forma empregada nas palavras compostas: caixa-d’água, mãe-d’água, barriga-d’água, galinha-d’água, olho-d’água, paud’água. 2 — Por extensão, pode ser usada em expressões que equivalem

Dali a, daqui a a palavras compostas: gota d’água, falta d’água e rasos d’água (olhos). Nos demais casos, prefira da ou de água: jatos de água, gole de água, pureza da água, barulho da água, etc. 3 — Em casos especiais, admite-se n’água: caiu n’água, dar com os burros n’água, etc. (Sobre casos análogos, ver apóstrofo, página 40). Dali a, daqui a. 1 — Sempre com a quando indicarem tempo ou medida: Dali a meia hora, dali a dez quilômetros, daqui a seis meses, daqui a dois dias (e não dali meia hora, daqui dez dias, etc.). 2 — Atenção: nunca use daqui “há” dois meses, dali “há” dez dias, erros graves. Damas. O jogo é de damas, no plural. Da mesma forma que. Concordância. Ver assim como, página 47. Daquelas, daqueles. Sempre no plural em frases como: Está num dia daqueles. / Nunca aceitaria uma situação daquelas (e nunca “daquele”, “daquela”). Daquele, daquilo. Ver comparações (formas), página 72. Daqueles que. Concordância. Ver dos que, página 102. Daqui a. Ver dali a, nesta página. Dar (horas). Concordância. Ver horas, página 140. Dar a. É a, e não para, a preposição exigida por dar: Deu boas explicações aos (e não “para os”) eleitores. / Evitou dar apoio ao candidato. / Dava sempre contribuições à instituição. / Deram as características do carro aos policiais. Dar à luz. É esta a expressão correta, e não “dar a luz a” ou “dar à luz a”: Professora deu à luz quíntuplos. / Deu à luz um menino. / Amaldiçoou a mulher que o dera à luz. São erradas, portanto, as formas: Professora deu à luz “a” quíntuplos. / Deu a luz “a” um menino. / Amaldiçoou a mulher que “lhe” dera à luz.

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De a, de o, de ele, de aquele Dar entrada a. Desta forma: dar entrada a um processo. Dar-se ao luxo, ao trabalho. As duas expressões estão corretas. O pronome oblíquo funciona como objeto direto e ao luxo ou ao trabalho, como objeto indireto: Ele se deu ao luxo de ir àquele restaurante. / Dei-me ao trabalho de arrumar a estante esta manhã. Data-base. Plural: datas-base. Datas. 1 — Vão sempre em algarismos: Chega dia 9. / O prazo vence em 1º de junho. / Avenida 9 de Julho, Largo 7 de Setembro, Rua 2 de Outubro. 2 — Ver expressões de tempo, página 124. Davi, David. Use Davi para o personagem bíblico e David para o nome de quem se assine dessa forma: David Cardoso, David Niven, David Bowie. De. 1 — Use de, e não em, para definir o material de que alguma coisa é feita: artesanato de (e não “em”) madeira, cesta de (e não “em”) palha, peças de bronze, jaquetas de antílope, calças de couro, laje de concreto, ponte de aço, blusas de lã, camisas de seda, etc. 2 — Ver também “em seda”, página 105. De a, de o, de ele, de aquele. Não se faz a contração da preposição com o artigo quando este é parte do sujeito, nem da preposição com o pronome se ele funciona como sujeito ou o determina. Assim, eis os exemplos corretos: Apesar de o (e não do) presidente ter dito a verdade, ninguém acreditou nele. / Depois de a (e não da) equipe ter sido escalada, ele pediu para jogar. / O fato de o consumidor verse obrigado a pagar mais... / Apesar de aqueles (e não daqueles) criminosos terem sido capturados... / Depois de esses fatos terem ocorrido... / Antes de estes dirigentes se pronunciarem... / É hora de ela ir embora. / O fato de esta experiência ser marcante... / Apesar de este número ser difícil de confirmar... / O fato de ela

Deão ter-se alegrado... / Reclamou por a (e não pela) irmã não ter sido promovida. / Insistiu em o (e não no) filme ser exibido. / Acreditou em ela ser inocente (e não nela). / Assistiram a o (e não ao) Congresso ser fechado. De qualquer forma, evite as formas a o, por o, por a, em o, em ela, ruins jornalisticamente, e construa a frase de outra maneira. Observação. Há gramáticos que aceitam essa contração; o Estado, porém, segue a norma da língua. Deão. Plural: deões (prefira), deães e deãos. “De até”, “em até”. Use até, simplesmente: Pagamento até cinco prestações mensais. / Carro financiado até 20 meses. Debacle. Prefira ruína, derrota, catástrofe. De baixo, debaixo. Separado em frases como olhar de baixo a cima, roupa de baixo. Nos demais casos, debaixo: Subiu depressa, mas agora está debaixo. / Estava debaixo da árvore. Debater. Regência. 1 (tr. dir.) — Empresários querem debater o pacto. 2 (tr. dir. e ind.) — Empresários querem debater pacto com trabalhadores. 3 (intr.) — Não estavam debatendo, estavam discutindo. 4 (pron.) — O doente debatia-se no leito. 5 — Não existe a forma debater sobre alguma coisa (use debater pacto, por exemplo, e não debater sobre pacto). Debruçar-se. Alguém se debruça e não debruça, simplesmente: A moça debruçou-se na janela. / Debruçou-se a noite toda sobre os livros. Debutante, debutar. Aceitáveis apenas para definir a apresentação de uma jovem à sociedade. Nos demais casos, use estreante e estrear. Decerto. Uma palavra só. Decigrama. Palavra masculina: um decigrama. Decímetro. Ver distância, página 98. Décimo terceiro. Sem hífen.

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Declarações textuais Declarações textuais. 1 — A reprodução de declarações textuais (entre aspas) é importante e valoriza o texto. E principalmente mostra ao leitor que houve preocupação do repórter em recolher opiniões ou frases originais, expressivas, marcantes, de efeito ou espirituosas. 2 — É preciso, porém, ter o senso exato da medida: nem declarações textuais em excesso, que dêem ao leitor a impressão de informações derramadas na lauda sem nenhum critério, nem declarações textuais de menos, que não permitam ao leitor ao menos saber se o repórter efetivamente falou com o entrevistado ou se apenas recolheu informações de segunda mão sobre as suas opiniões. 3 — Algumas recomendações de ordem prática sobre a forma de utilizar este recurso: a) Procure usar declarações textuais a cada um ou dois parágrafos da matéria. Uma frase por parágrafo já seria uma boa medida e ela funcionaria quase como uma testemunha que confirmasse a história ou fato que o repórter quer levar ao leitor. Exemplo: A queda de uma barreira provocou congestionamento de 20 quilômetros na Marginal do Pinheiros, em São Paulo. “Foi horrível”, disse a advogada Denise Barros, que ficou presa no trânsito durante quatro horas. O texto conta uma história e usa a personagem para lhe dar veracidade. O leitor tenderá a confiar mais nas informações que lhe estão sendo transmitidas (não é só o repórter que está dizendo aquilo; outra pessoa está confirmando a informação). b) É preciso, no entanto, saber usar bem as aspas. Veja como a frase seria reproduzida erradamente: A advogada Denise Barros, que passava pelo local, diz que “foi horrível ficar presa no trânsito durante quatro horas”. O recomendável: “Foi horrível”, disse a advogada Denise Barros, que passa-

Declarações textuais va pelo local. “Fiquei presa no trânsito durante quatro horas.” Repare que não há necessidade de nenhum outro verbo declarativo depois da segunda frase: fica claro que é a mesma pessoa quem fala. c) Não coloque nunca ponto para dar continuidade a uma declaração entre aspas. Por exemplo: “Foi horrível. Fiquei quatro horas presa no trânsito”, disse a advogada Denise Barros. O certo é quebrar a frase ao meio: “Foi horrível”, disse a advogada Denise Barros. “Fiquei quatro horas presa no trânsito.” d) Apenas na transcrição de trechos de discursos, pronunciamentos, documentos oficiais, ordens do dia e mais alguns poucos textos como esses, será permitida a inclusão de mais de uma frase entre aspas. Mesmo assim, a indicação virá sempre antes do trecho reproduzido, e nunca depois. O certo: Explicou o presidente: “Em 1950, havia dois partidos de um só criador, Getúlio Vargas. Os líderes do PSD não tinham o menor constrangimento em votar no candidato do PTB. Afinal, eram todos ex-governadores nomeados por ele. A situação agora é muito diferente.” O errado: “Em 1950, havia dois partidos de um só criador, Getúlio Vargas. Os líderes do PSD não tinham o menor constrangimento em votar no candidato do PTB. Afinal, eram todos exgovernadores nomeados por ele. A situação agora é muito diferente”, explicou o presidente. Em entrevistas ou na reprodução de declarações isoladas, esta forma está vetada. e) Finalmente, não despeje sobre o leitor uma torrente interminável de aspas, como neste exemplo: O prefeito declarou que “o problema dos ambulantes vai ser resolvido” e “o centro da cidade ficará limpo até o fim do mês”, porque “o compromisso

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Declarações textuais dele é com a população de São Paulo” e não apenas “com os que votaram nos candidatos do partido”. 4 — Nunca deixe de pôr entre aspas as palavras e expressões contundentes, redundantes ou óbvias que, pela estrutura da frase, possam ser atribuídas pelo leitor ao jornal, quando na verdade são do entrevistado: O time entrará em campo amanhã, “a menos que seja novamente burlado em seus direitos”, advertiu o presidente. / Para o economista, o orçamento municipal é simplesmente “irresponsável”. / O assaltante disse estar arrependido do crime, embora saiba que isso “não traz a menina de volta”. / Ministro critica “histéricos” do mercado financeiro. 5 — Não recorra às declarações textuais apenas como forma de contornar as dificuldades que você esteja tendo para traduzir as informações ou opiniões do entrevistado. Mesmo que este diga, por exemplo, que o vulto era de difícil visualização, você, com maior propriedade, escreva simplesmente: Segundo o entrevistado, a pessoa (ou figura ou vulto) era difícil de identificar (ou distinguir ou ver). 6 — Embora as declarações entre aspas devam transcrever com fidelidade as palavras do entrevistado, adapte o texto às normas gramaticais, acerte as concordâncias, elimine as repetições muito freqüentes e contorne os vícios de linguagem. A menos, claro, que haja alguma razão para manter literalmente o texto. 7 — A adaptação do texto às normas lingüísticas não deve, porém, permitir que ele assuma caráter artificial. Uma jovem cantora, por exemplo, dificilmente diria frases como estas que lhe foram atribuídas: “Tudo entre nós sempre foi resolvido no seio da família” ou “Meu pai não pôde aceitar verme posar nua para uma revista”. A expressão seio da família e a forma

Defender não pôde aceitar ver-me posar soam falsas no contexto. 8 — Pode haver casos em que convenha ressaltar os erros ou as formas estranhas das declarações textuais. Nesse caso, nunca deixe de acrescentar um sic!, entre parênteses, logo depois do erro ou da afirmação. 9 — Declarações textuais só devem abrir notícia ou reportagem quando forem realmente de grande importância: “O Brasil voltará a honrar seus compromissos.” Com esta declaração, o ministro X pôs fim ontem à moratória que o País havia decretado um ano antes. 10 — Não permita que a declaração entre aspas mude o sujeito da oração, transformando o discurso indireto em direto: O prefeito garantiu que “eu não permitirei esse descalabro”. O sujeito estava na terceira pessoa (garantiu) e passou para a primeira (permitirei), quebrando o ritmo e a estrutura do texto. Casos semelhantes podem ser contornados por construções como: “Não permitirei esse descalabro”, garantiu o prefeito. / O prefeito garantiu: “Não permitirei esse descalabro.” / O prefeito garantiu que não permitirá “esse descalabro”. Outros exemplos igualmente inaceitáveis: O presidente disse que “chegou ao meu conhecimento que...”/ O diretor da TV informou que, “se tivéssemos obtido a liminar, ...” / O maestro afirmou que “podemos muito bem fazer um hino...” / A modelo acha que tem um lado sensual “do qual muito me orgulho”. / O ditador reservava seu tempo livre “para aprofundar-me em assuntos como história e economia”. 11 — Mesmo que não altere a pessoa do verbo, o uso de pronomes possessivos (nosso, seu, sua, etc.) também indica a mudança do sujeito: Disse que durante o dia “desempenhava muito bem suas funções na cozinha”. A única coisa que ele poderia

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Deflagrar ter dito era: “Durante o dia, desempenhava minhas funções na cozinha.” Outros exemplos errados: O empresário afirmou também que “tudo será feito na nossa empresa para conquistar o mercado de supergelados”. / Segundo o artista, “ninguém muda o meu pensamento”. 12 — Abra e feche aspas cada vez que truncar uma declaração por observações introduzidas no texto: “A nação”, prosseguiu o deputado, “espera agora que o governo finalmente revele os nomes dos corruptos.” 13 — Nos diálogos, use travessões e não aspas: Com um largo sorriso, o presidente disse ao visitante: — O senhor chegou na hora. O chefe do Gabinete comunicou então a presença de mais um convidado. — Antônio Carlos, você foi um tigre — saudou o presidente. — Por aqui, senhores. E se dirigiu com os dois recém-chegados para o salão de recepção. 14 — Ver também os verbetes aspas, página 46, e encampação, página 105. Defender. Use substantivo e não infinitivo depois: Comissão defende indenização para torturados (e não “defende indenizar”). “Defender que”. Ninguém defende que, mas defende alguma coisa: Deputado defende a fusão de bancos (em vez de: Deputado defende que bancos devam se fundir). Da mesma forma: Jornal defende apoio dos EUA ao Brasil na ONU (e não: Jornal defende que EUA devem apoiar o Brasil na ONU). Déficit. Desta forma. Plural: déficits. “Definir que”. Alguém define alguma coisa, mas não define que... Deflagrar. Prefira decretar, iniciar, abrir, provocar, desencadear: A insatisfa-

De forma que ção popular provocou a rebelião (em vez de deflagrou). / Depois de duas horas de reunião, os metalúrgicos decretaram a greve. / Manobras de bastidores abrem a sucessão (em vez de deflagram). / Os estudantes iniciaram (e não deflagraram) o movimento às 10 horas. De forma que. Ver de maneira que, nesta página. Defronte de. E não “defronte a”: Ficou parado defronte do palanque. De Gaulle. 1 — Com d minúsculo quando se citar o nome todo: o general Charles de Gaulle. Com D maiúsculo quando se usar a forma reduzida: o general De Gaulle. 2 — Não há nenhuma prova de que o general tenha dito que “o Brasil não é um país sério”. Evite a citação, portanto. Deitar-se. Alguém se deita e não deita, apenas: Ele se deita cedo todo dia. / O Sol deita-se mais tarde no verão. / Todos se deitaram no chão, quando os assaltantes mandaram. Deixar claro, evidente. 1 — O adjetivo varia nas locuções deixar claro, evidente, nítido, patente e outras do gênero: Eles deixaram clara (e não claro) sua intenção. / Deixaram evidentes (e não evidente) suas pretensões. / Havíamos deixado nítidas (e não nítido) nossas preferências. / Deixaram patentes (e não patente) os riscos que todos iriam correr. 2 — A locução só fica invariável se for seguida de que: Deixaram claro que as decisões eram arriscadas. “Deixar com que”. Use deixar que, em frases como: O excesso de trabalho não deixou que (em vez de “deixou com que”) ele tirasse férias naquele mês. Fazer é que admite o com, mas deixar, não. Deixar mais infinitivo. 1 — Não flexione o infinitivo: Deixe as lágrimas rolar. / Os policiais deixaram as pessoas sair. 2 — Ver infinitivo, página 145.

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Democrata-cristão, ... Deixe-me dizer, deixe-o fazer. E nunca “deixe eu dizer”, “deixe ele fazer”, etc. Deletar. Aceitável apenas na informática. Nos demais casos, use apagar, desfazer, suprimir: Queria apagar (e nunca “deletar”) aquelas impressões da memória. Demais, de mais. 1 — Numa palavra só, tem o sentido de em excesso, muito, demasiadamente: Fala demais. / Havia gente demais ali. Equivale ainda a além disso, os restantes: Chegou cansado; demais, estava doente. / Os demais convidados... 2 — De mais equivale a a mais (e opõe-se a de menos): Recebeu dinheiro de mais. / Isso não é nada de mais. De maneira que. É a locução correta, assim como de modo que, de forma que, de sorte que (e nunca de “maneiras” que, de “modos” que, de “formas” que...). Use sempre essas formas, em vez de “de maneira a”, “de modo a”, “de forma a”, “de sorte a”, etc.: Fez o trabalho de maneira que agradasse ao chefe (e não de maneira a agradar ao chefe). / Voltou o rosto de modo que não fosse visto de frente (em lugar de de modo a não ser visto). / Preencheu o formulário de forma que não deixasse dúvidas (e não de forma a não deixar dúvidas). Democrata, democrático. Use democrata como substantivo: Os democratas defendem a pluralidade partidária. E democrático como adjetivo: São homens democráticos, princípios democráticos, atitudes democráticas, etc. Exceção: democrata, como adjetivo, apenas quando se referir a partidos chamados Democratas (como o dos EUA): Os candidatos democratas (isto é, adversários dos republicanos). Democrata-cristão, democrata-social. O plural, tanto do adjetivo como do substantivo, é democrata-cristãos e democrata-sociais: partidos democrata-cristãos, organizações demo-

De modo que crata-sociais; os democrata-cristãos, os democrata-sociais. De modo que. Ver de maneira que, página 89. Demolir. Conjugação. Só tem as formas em que ao l se segue e ou i: demole, demoliram, etc. Denegar. Prefira negar, recusar, rejeitar. Denegrir. Conjuga-se como agredir (ver, página 34): denigro, denigres; denegri; que eu denigra; se eu denegrisse; etc. Dengue. 1 — Palavra feminina quando designa a doença: a dengue, a dengue hemorrágica (transmitida pelo mosquito Aedes aegypti). O tigre-asiático (Aedes albopictus) é responsável por outra forma da dengue. 2 — Dengue, no masculino, significa dengo: o dengue da passista. Dente de leite. O dente vai sem hífen e a categoria esportiva, com: Dentistas criam banco de dentes de leite. / Começa hoje o campeonato dos dentesde-leite. Dentre. Use dentre apenas quando puder substituí-lo por do meio de: Ressurgiu dentre os mortos. / Dentre todos ele saiu vencedor. / Tirou uma dentre as cinco moças para dançar. / Era o cientista que, dentre todos os homens, sobrevivera milagrosamente. Nos demais casos, o correto é entre. Dentro de. 1 — Use dentro de, corretamente, como equivalente a no interior de, no íntimo de ou no espaço de (sentido concreto): dentro de casa, dentro de mim, dentro de alguns dias. 2 — Se o significado não for esse, recorra a em, de acordo com, segundo ou equivalente (entre parênteses, a opção recomendável): A divergência dentro do partido (no partido), dentro do Palácio do Planalto (no Palácio), dentro do Parque Antártica (no Parque), dentro dessa filosofia (segundo essa filosofia), dentro desse ponto de vista (de acordo com), den-

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Denúncias tro da democracia que se pretende adotar (segundo, de acordo com), dentro da estratégia da entidade (segundo), dentro do que se acredita ser possível (de acordo com), etc. “Denunciar que”. Não use esta forma, pois ninguém “denuncia que”. Denuncia-se alguma coisa: Deputado denuncia desvio de verbas (e não: Deputado “denuncia que” verbas foram desviadas). Denúncias. 1 — Como intérprete do leitor, o Estado se sente no dever de publicar toda denúncia fundamentada que lhe chegue ao conhecimento. Aliás, o jornal considera essa uma de suas funções sociais mais importantes, por estar diretamente ligada à defesa da moral pública e do dinheiro do contribuinte. O cidadão merece ser defendido em todos os planos, municipal, estadual e federal. Por isso, o repórter deve empenhar-se em manter essa característica permanente do jornal. Veja alguns exemplos de matérias de denúncia: desvio ou má aplicação de verbas públicas; conchavos entre parlamentares e governantes em prejuízo da população; favorecimento oficial a empresas particulares; concorrências com cartas marcadas; obras dispendiosas, cujo custo não corresponda à utilidade; tráfico de influência; apadrinhamento e nepotismo no serviço público; compras públicas sem concorrência; mordomias e gastos exagerados de servidores, governantes ou parlamentares; viagens desnecessárias à custa do governo, com diárias elevadas; transações duvidosas em qualquer nível da administração pública; uso de recursos públicos em benefício de particulares; manipulação dos bancos estaduais em favor de empresas de protegidos; salários públicos em desacordo com a realidade do País, etc. 2 — O jornal exige, no entanto, que os fatos sejam apurados com rigor,

Depor devendo os repórteres ou editores conservar em seu poder, durante o tempo conveniente, os documentos comprobatórios das irregularidades apontadas. As denúncias feitas por terceiros cujo nome não possa ser divulgado deverão, sempre, ser conferidas com alguma outra fonte de confiança. 3 — Ao montar a matéria, se você sentir alguma insegurança na manipulação dos dados, não hesite em recorrer a especialistas (advogados, economistas, etc.), para que nenhuma informação corra o risco de desmentido. Assim, só considere o texto em condições de publicação quando tiver comprovado todas as denúncias nele incluídas. 4 — Finalmente, não pense em denúncia apenas quando o dinheiro público estiver envolvido. Há fatos aparentemente corriqueiros cuja divulgação poderá melhorar muito o dia-adia do leitor, como: coleta de lixo malfeita; mudanças de trânsito realizadas sem critério; derrubada irregular de árvores; poluição de áreas por indústrias que não observem as normas ambientais; contaminação dos rios da cidade; poluição sonora; invasão de áreas residenciais pelo comércio, etc. Repare que esses assuntos figuram com freqüência nas cartas dos leitores. Por que então não tomar a iniciativa também? 5 — Ver também acusações, página 31. Depor. 1 — Depõe-se em algum lugar e não a alguém ou a algum órgão: Depôs na (e não “à”) comissão. 2 — Pode-se também depor, apenas: Convocado, recusou-se a depor. Deputado por. E não de: deputado por São Paulo, deputado pelo Ceará. “De que”. 1 — Nenhum verbo direto — responde à pergunta o quê — aceita a forma de que. Por isso, ninguém acredita de que, julga de que, pensa de que, crê de que, comenta de que, nota

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Descoberta, descobrimento de que, declara de que, afirma de que, etc., mas acredita que, julga que, pensa que, afirma que, e assim por diante. 2 — Ver em que (com preposição), página 244, o uso de locuções como ter confiança, esperança, desejo de que. De repente. a) Desta forma, e não “derrepente”. b) Cuidado com o uso excessivo: a expressão tornou-se modismo ou “muleta”. Derreter-se. Alguma coisa se derrete e não derrete apenas: A neve (ou o gelo) derreteu-se. / Sua frieza derreteu-se. Desagradar. Use o verbo sempre como transitivo indireto (com preposição a): A nova exigência do CMN desagradou aos bancos. / Quando estava mal-humorado, tudo lhe desagradava. / A proposta desagradou ao Nordeste. Como pronominal, o verbo pede a preposição de: Desagradou-se da atitude dos amigos. Desaguar. Conjuga-se como aguar (ver, página 34): deságua, deságuam, etc. Descarrilar. Use apenas esta forma, assim como descarrilamento, em vez de descarrilhar, desencarrilhar, etc. Descartar. 1 — Como sinônimo de afastar, deve ser sempre acompanhado das palavras possibilidade, hipótese, probabilidade, idéia, sugestão, proposta e outras semelhantes em frases como: Governo descarta possibilidade de acordo com credores (e não: Governo descarta acordo com credores). / Estado descarta hipótese de intervenção em hospital. / Economista descarta probabilidade de aumento da inflação. / Ministério descarta a idéia de abono. / Sindicatos descartam proposta de greve. 2 — Sempre que possível, substitua descartar, com vantagem, por afastar (afasta possibilidade, afasta hipótese, afasta idéia, etc.). Descoberta, descobrimento. 1 — Use descobrimento para designar o ato de descobrir: descobrimento do Brasil, descobrimento da energia atômica

Descobrir (note que a coisa descoberta já existia). 2 — Descoberta equivale a invenção: a descoberta da bomba atômica, a descoberta da vacina contra a paralisia infantil, a descoberta da penicilina, a descoberta da cura do câncer. Descobrir. Conjuga-se como cobrir (ver, página 62). Descolamento. E não “deslocamento” da retina. Descortino. Forma correta, e não “descortínio”. Descrer. Conjuga-se como crer (ver, página 83). “Descrever que”. Alguém descreve alguma coisa, mas não descreve que... Descriminar, discriminar. 1 — Descriminar equivale a inocentar, tirar o caráter de crime de: descriminar (e não descriminalizar ou descriminizar) o uso da maconha. 2 — Discriminar significa distinguir, segregar, separar: discriminar o parceiro, discriminar as minorias raciais. Os substantivos correspondentes seguem a mesma norma: descriminação (e não descriminalização ou descriminização) do uso da maconha, discriminação racial. Desde. 1 — Sempre sem crase: Desde as duas horas (e não “desde às”). / Desde o dia anterior (e não “desde ao”). 2 — Não pode ser usado em expressões como: A Rádio Tal, transmitindo desde Ribeirão Preto (use transmitindo de Ribeirão Preto), ... / O presidente, falando pelo telefone desde Amsterdã (de Amsterdã), ... 3 — O uso normal de desde é com até (e mais raramente com a): Navegou desde o Atlântico até o Pacífico. / Desde o pai e a mãe aos filhos, genros e noras, todos estavam presentes. 4 — Com expressões de tempo, pode ser usado isoladamente ou com até: Está doente desde a semana passada. / Trabalhava desde a alvorada até o anoitecer. 5 — A locução desde que significa a partir do momento em que, uma

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Despencar vez que: Ficou encantado desde que (a partir do momento em que) a conheceu. / Desde que (uma vez que) se julga superior, deve fazer o serviço sozinho. Desfazer. Conjuga-se como fazer (ver, página 127). Desfrutar. Prefira a regência direta: Desfrutou bons momentos em companhia da namorada. / O país desfruta a reputação de bom pagador. / Desfrutou seus bens até a morte. (Modernamente, já se admite a forma desfrutar de.) Desgovernar. Um veículo desgovernase, e não desgoverna, apenas: O caminhão desgovernou-se na ladeira. Desimpedir. Conjuga-se como pedir (ver, página 215). Desmentir. 1 — Conjuga-se como mentir (ver, página 177). 2 — Prefira a forma desmentir alguma coisa a desmentir que: O Planalto desmente rompimento com a oposição (e não: O Planalto desmente que vá romper com a oposição). Com que, use negar: O Planalto nega que pretenda romper com a oposição. Desmi(s)tificar. 1 — Desmistificar equivale a revelar a verdadeira feição de, desmascarar, desmoralizar: Erros seguidos o desmistificaram diante da platéia. / O adversário conseguiu desmistificar sua aura de sábio. Desmitificar corresponde a tirar o caráter de mito de: A Rússia desmitificou a figura de Stalin. / A sociedade moderna desmitificou o tabu do sexo. Desobedecer. Regência. Ver obedecer, página 201. De sorte que. Ver de maneira que, página 89. Despedir. Conjuga-se como pedir (ver, página 215). Despencar. Como o verbo tem valor absoluto, é errado escrever, por exemplo: IR do setor financeiro despenca 41,9%. Usar essa forma equivale a dizer que o eleitorado prefere 51,8%

Despender um candidato ou que uma empresa exorbita 88,9% nos preços. Siga uma destas opções: IR do setor financeiro cai 41,9% (fica claro que ele despencou) / IR do setor financeiro despenca. O mesmo raciocínio se aplica à variação dos índices da Bolsa de Valores. Despender. Desta forma. Despercebido. 1 — Em textos jornalísticos, o correto é despercebido (que não foi notado, que não atraiu a atenção): O fato passou despercebido aos jornalistas. 2 — Desapercebido tem uso muito mais restrito e significa desprevenido, desprovido: desapercebido de dinheiro, de recursos; desapercebido para a guerra. Despir. Conjuga-se como servir (ver, página 266): dispo, despes; que eu dispa; etc. Desprendimento. E não “despreendimento”. Desses, destes. Sempre no plural em frases como: Jamais diria uma coisa dessas (e não “dessa”). / Nunca aceitaria um absurdo destes. / Você concorda com um disparate desses? Desses que. Concordância. Ver dos que, página 102. Destaques. 1 — Use negrito (modo 1 do terminal), caso o corpo do texto seja o normal, e negrito itálico (modo 5) caso o corpo seja o negrito): a) No nome do jornal e suas variantes: O Estado de S. Paulo, Estado e Estadão. b) Nas perguntas das entrevistas tipo pingue-pongue: Estado — Por que o senhor renunciou ao cargo? João de Almeida — Achei que não havia mais condições para ficar no governo. c) Nas notas publicadas no pé dos artigos, comentários, etc., para indicar quem é o autor: X é professor de Literatura da USP. / Y é secretáriogeral do Ministério da Justiça. d) Nas chamadas da 1ª Página e nas chamadas internas para outras pági-

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Destaques nas: Página A17 / Mais informações nas páginas A14, B16 e C8 / Íntegra do projeto na página A8 e) Na assinatura, por extenso ou com iniciais, colocada no pé da matéria e na referência à participação de outros profissionais no texto: (João de Almeida) / J. A. / Colaborou Carlos da Silva. / Colaboraram Carlos da Silva e Alberto Moreira. 2 — Use itálico (modo 4 do terminal), caso o corpo do texto seja o normal, ou corpo normal (modo 0), caso o corpo seja o itálico: a) No nome dos cadernos, suplementos ou seções do Estado e dos demais órgãos jornalísticos da empresa ou de seus produtos: Caderno 2, Estadinho, Jornal da Tarde, Agência Estado, Rádio Eldorado, Jornal do Carro, Espaço Informal. b) No nome dos demais jornais e revistas: Jornal do Brasil, The New York Times, Le Monde, Veja, Newsweek. Observação. Use o mesmo corpo do texto para o nome das emissoras de rádio e TV: Rádio Cultura, Rede Globo, TV Record (com a única exceção da Rádio Eldorado). c) No nome de obras artísticas em geral (músicas, filmes, vídeos, peças de teatro, painéis, quadros, esculturas, livros, programas de rádio e TV, etc.): Coração de Estudante, Let it Be, a Sonata ao Luar, A Última Tentação de Cristo, Macunaíma, o vídeo Vida sem Cor, Vestido de Noiva, Guernica, Abaporu, Os Maias, Novo Dicionário Aurélio, Estadão no Ar, Domingão do Faustão, História de Amor. Não vai em itálico, porém, o nome de conferências, simpósios, cursos, congressos, etc., que, de qualquer forma, deverá ser escrito com iniciais maiúsculas: A América Latina e os Países do Primeiro Mundo, A Influência da Televisão na Formação da Personalidade da Criança, O Século 21.

Destroem d) Nas palavras de gíria ainda não absorvidas pelo idioma ou nos termos empregados no sentido figurado: A moça considerou o livro chocante. / O prefeito criticou os pianistas do Congresso. / Um puxador de automóveis, os cigarras, um espianto, a cortadeira (ladra), o presunto, um berro (revólver). / Tirar um sarro. / Saca! Legal! Falou! e) Nos apelidos (desde que não de domínio público): Fininho, Russo, Alemão, Carlinhos Gordo, Zé Catimba, etc. Em corpo normal, no entanto: Xuxa, Pelé, Gugu (apresentador), Vicentinho, Betinho, Luizão. f) Para destacar alguma palavra da frase: O orador pronunciou o corrupto com ênfase. / No caso, ladrão é um termo muito forte. g) Nos nomes científicos de animais e plantas: Aedes aegypti, Coffea arabica. Use também itálico nos gêneros (inseto do gênero Glossina), mas não nas ordens ou famílias: família das leguminosas, ordem das rosales. h) Para marcar o nome de cada cidade mencionada no mesmo texto: O presidente da República disse ontem, em Ribeirão Preto, que... Já em Brasília, à noite, insistiu... i) Na remissão a outros textos publicados na mesma edição: A colocação dos times no Campeonato Paulista (ver ao lado) revela... / O decreto do presidente da República sobre a reformulação do Imposto de Renda (íntegra na página B8) mostra... / No seu discurso aos novos oficiais (ver abaixo), o ministro do Exército garantiu... 3 — Não vão em negrito nem em itálico: a) As palavras em destaque nos títulos, olhos, janelas e legendas, que deverão ser escritas entre aspas: “Estado” ganha o Prêmio Esso. / “Os Íris” se torna o quadro mais caro do mundo. / Foge o assaltante “Barão”.

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Deter b) As palavras ou locuções estrangeiras. Evite-as ao máximo, mas, quando necessárias, vão no mesmo corpo do texto: rock, jazz, best seller, libor, shopping center, pizza, in memoriam, tour de force, parti pris. (Se você não estiver escrevendo para o jornal, no entanto, convém marcar esses termos com negrito, itálico ou aspas.) c) Os nomes, modelos e tipos de navios, aviões, foguetes, naves espaciais, satélites, sondas, armamentos, veículos em geral, etc.: Minas Gerais, Bateau Mouche, Costa Marina, Jaú, 14 Bis, Phantom, Mirage, Boeing, DC10, Sputnik, Challenger, Endeavour, Telstar, Urutu, Escort, MercedesBenz. d) O nome de sociedades, escolas, associações e empresas estrangeiras ou brasileiras e o de produtos comerciais: Harvard, British Petroleum, Exxon, Bank of America, Votorantim, Aços Villares, Martini, Bombril, Coca-Cola, Chivas Regal. Destroem. Sem acento. Destróier. Plural: destróieres. Destruir. Conjuga-se como construir (ver, página 80). Desvalido. Sem acento (pronuncia-se desvalído). Desvalorizar-se. Alguma coisa se desvaloriza e não desvaloriza, apenas: A moeda desvaloriza-se todo dia. / Suas ações desvalorizaram-se. Desviar-se. Alguém ou alguma coisa se desvia e não desvia, apenas: O motorista conseguiu desviar-se a tempo. / O carro desviou-se do pedestre. / A prefeitura não se desviou das metas traçadas. Detalhe. É redundância falar em “pequenos detalhes”. Todo detalhe é pequeno. Deter. Atenção para algumas formas: detinha (e não “detia”); deteve, detiveram (e não “deteu”, “deteram”); detivera (e não “detera”); se ele detives-

Deterioração se (e não “se ele detesse”); se ele detiver (e não “se ele deter”). Deterioração. Formas corretas: deterioração, deteriorar(-se), deteriorado, deteriorável. E não “deteriorização”, “deteriorizar”, etc. Deteriorar-se. Alguma coisa se deteriora e não deteriora, apenas: As relações entre eles deterioraram-se. / A carne deteriorou-se. “Detetizado”. De DDT só pode derivar dedetizado, e não “detetizado”, erro muito comum. Detonar. 1 — Significa fazer explodir, disparar, produzir explosão: A espoleta não detonou. / O assaltante detonou a arma. 2 — Nao use o verbo no sentido figurado, como sinônimo de provocar, desencadear, destruir, fazer sucesso, porque se trata de modismo: O fumo provoca (e não “detona”) a asma em crianças. / As críticas desencadearam (e não “detonaram”) a crise. / O jogador destruiu (e não “detonou”) o trabalho do técnico. / A artista arrasou (e não “detonou”) em Angra. De vez que. Ver vez, página 307. Devido a. 1 — Não use essa locução no lugar de por causa de, em razão de, graças a, em virtude de, em conseqüência de. Ela pode sempre ser substituída por uma dessas, em frases como: O empate não provocou surpresa, por causa da (e não devido à) igualdade entre os dois times. / Em conseqüência do (e não devido ao) forte calor, a cidade... / A informação não estava disponível por causa de, em razão de, em conseqüência de (e não devido a) problemas de comunicações. / Graças à, em virtude da (e não devido à) boa forma física, fez a caminhada sem se cansar. 2 — Devido a varia quando se refere diretamente a um substantivo ou pronome, equivalendo a causado por, decorrente de: Eram ferimentos devidos (causados por, decorrentes de) à queda que sofrera. / Prestou as homenagens devidas a ele. / A queda devi-

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Diferentemente da à instabilidade da Bolsa agravouse há alguns dias. Dia. Inicial maiúscula para designar datas: Dia das Mães, Dia da Criança. Dia-a-dia, dia a dia. Com hífen, designa a rotina ou o trabalho diário: O dia-adia da empresa. / Para usar no dia-adia. / Seu dia-a-dia é sempre agitado. Sem hífen, equivale a diariamente, com o correr dos dias, dia por dia: É trabalho para fazer dia a dia. / Dia a dia ele confirma o acerto da sua contratação. Diabete. Prefira esta forma: a diabete. Diácono. Feminino: diaconisa. Diário Oficial. Escreva em itálico apenas o nome Diário Oficial. Assim, o Diário Oficial da União, o Diário Oficial do Estado, o Diário Oficial do Paraná, etc. Dias da semana (em outras línguas). Alemão. Segunda — Montag; terça — Dienstag; quarta — Mittwoch; quinta — Donnerstag; sexta — Freitag; sábado — Samstag; domingo — Sonntag. Sempre com inicial maiúscula. Espanhol. Segunda — lunes; terça — martes; quarta — miércoles; quinta — jueves; sexta — viernes; sábado — sábado; domingo — domingo. Francês. Segunda — lundi; terça — mardi; quarta — mercredi; quinta — jeudi; sexta — vendredi; sábado — samedi; domingo — dimanche. Inglês. Segunda — Monday; terça — Tuesday; quarta — Wednesday; quinta — Thursday; sexta — Friday; sábado — Saturday; domingo — Sunday. Sempre com inicial maiúscula. Italiano. Segunda — lunedi; terça — martedi; quarta — mercoledi; quinta — giovedi; sexta — venerdi; sábado — sabato; domingo — domenica. Diferentemente. É esta forma que se deve usar quando diferente puder ser substituído por de modo diferente: Diferentemente (de modo diferente) de outros intelectuais (e não “dife-

Diferir rente” de outros intelectuais), ele sempre gostou das festas populares. / Ela, diferentemente (e não “diferente”) de outras pessoas, evita criticálo. Diferir. Conjuga-se como aderir (ver, página 32): difiro, diferes; que eu difira; difere tu, diferi vós; etc. “Difundir que”. Alguém difunde alguma coisa, mas não difunde que... Digladiar. E não “degladiar”. Dignar-se. Usa-se com a preposição de (e não a) ou sem ela: Ele não se dignou de responder (em vez de “não se dignou a”). / Esta é a ajuda que ele se dignou proporcionar aos amigos. Dignitário. E não “dignatário”. Diminutivos. 1 — Inho e zinho a) A forma depende da acentuação e da terminação da palavra. Com os monossílabos e palavras oxítonas, por exemplo, usa-se zinho: pezinho, heroizinho, mãozinha, bonzinho, benzinho, barzinho, casalzinho, mulherzinha, sofazinho, avozinha, narizinho, etc. b) Emprega-se ainda zinho com as proparoxítonas e com as paroxítonas terminadas em ã, ão, ditongo e hiato: lampadazinha, camarazinha, gangsterzinho, sitiozinho, indiozinho, Mariozinho, orfãozinho, ruazinha, luazinha, seriezinha, etc. c) Com as palavras paroxítonas, usa-se mais o prefixo inho, popular, subsistindo zinho nos casos em que inho soaria pouco eufônico ou nas formas de origem erudita e literária: branquinho, cavalinho, barquinho, gordinho, anjinho, pestinha, casinha, filhinha, sacolinha, avezinha, baldezinho, ilhazinha, golezinho, praiazinha, etc. d) Existem dezenas de exceções às normas expostas, algumas já consagradas pelo uso: chacrinha, prainha, radinho, Emilinha, Amelinha, Mariinha, xicrinha, ruinha, etc. e) Quando a palavra termina em z, s ou s + vogal, acrescenta-se a ela o

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Diminutivos sufixo inho: narizinho, rapazinho, Luisinho, piresinho, rosinha, princesinha, inglesinha, paisinho (pequeno país), etc. f) Além dos substantivos e adjetivos, também os advérbios admitem os diminutivos, em certos casos: agorinha, devagarinho (ou devagarzinho), adeusinho, rapidinho, cedinho, pertinho, longinho, etc. São, no entanto, formas coloquiais, que devem ser evitadas no noticiário, a não ser em casos especiais. g) Para formar o plural, flexiona-se a palavra, retira-se o s final e acrescenta-se a terminação zinhos (exemplo: pés - s + zinhos): pezinhos, mãozinhas, pãezinhos, anõezinhos, alemãezinhos, trenzinhos, heroizinhos, coraçõezinhos, tuneizinhos, papeizinhos, jornaizinhos, chapeuzinhos, florezinhas, homenzinhos, barrizinhos (barris - s + zinhos), etc. Atenção. No caso das palavras do item e, acrescenta-se apenas um s à forma do singular: narizinhos, inglesinhos, paisinhos, camisinhas, rosinhas, etc. h) São irregulares alguns plurais populares: mulherzinhas, florzinhas, colherzinhas, pastorinhas e outros. 2 — Outros sufixos O diminutivo pode ser formado ainda por uma série de outros elementos de composição (alguns deles depreciativos) como: acho (riacho), apo (fiapo), cula (partícula), culo (homúnculo, corpúsculo), ebre (casebre), eca (soneca), eco (jornaleco), ejo (lugarejo), el (cordel), ela (rodela), eta (saleta), ete (filete), eto (folheto), ica (pelica), ico (burrico), il (covil), ilha (flotilha), ilho (fundilho), im (espadim), ino (pequenino), isco (chuvisco), ita (senhorita), ito (mosquito), oca (engenhoca), oila (moçoila), ola (rapazola), ota (aldeota), ote (caixote, serrote), ucho (papelucho), ula (célula), ulo (glóbulo) e zito (Zezito).

Dinheiro 3 — Uso Jornalisticamente, o diminutivo em inho e zinho deve ser evitado ou usado com muita moderação, preferindo-se, na maior parte dos casos, a forma pé pequeno, em vez de pezinho, nariz pequeno, em vez de narizinho, etc. Em matérias de caráter coloquial, eles poderão ter livre emprego. Lembre-se, porém, de que o abuso desse recurso empobrece o texto, tornando-o quase composição escolar. 4 — Outros sentidos Nem sempre o diminutivo tem relação com o tamanho; às vezes indica uma forma afetiva de tratamento e, em outras, equivale a um tanto: paizinho (pai), amiguinho, bonitinho (um tanto bonito), etc. Dinheiro. 1 — Use sempre algarismos: 2 reais, 5 dólares, 4 francos, 8 marcos, 10 libras. 2 — Abaixo de mil reais, evite o cifrão, a menos que se trate de títulos ou quantias não redondas: A revista custa 5 reais. / O produto subiu ontem para 80 centavos. / O aparelho foi comprado por 900 reais. 3 — Acima de mil reais, para números redondos, há duas formas possíveis: O carro esporte custa R$ 120 mil. / O carro esporte custa 120 mil reais (ambas preferíveis a R$ 120.000,00). 4 — Se for necessário usar três casas da moeda depois da vírgula, o certo será dizer, por exemplo, para 0,432 real, quatrocentos e trinta e dois milésimos de real. 5 — Caso se tenham quantias quebradas, adote a fórmula mista: R$ 1,23 milhão (equivalente a 1 milhão 230 mil), R$ 8,45 milhões, US$ 3,86 bilhões. Se não for possível fazer o arredondamento, escreva, então, o número completo: R$ 342.675.654,00, US$ 78.765.432.876,00. 6 — A única moeda estrangeira cujo símbolo se admite é o dólar: US$ 54.324,00 (assim, com ponto antes e

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Discrição vírgula no fim, e não à americana: US$ 54,000.00). Escreva as demais por extenso: 5 milhões de libras, 18,5 bilhões de liras, 143 mil francos, 342 milhões de marcos. 7 — Faça sempre a conversão da moeda estrangeira em reais: A Companhia do Metrô conseguiu um empréstimo de 10 milhões de dólares (tantos reais) para continuar as obras da linha Leste—Oeste. / Banco dá financiamento de 318 milhões de marcos (tantos reais) ao Brasil. 8 — À Editoria de Economia será permitida a exceção a esta regra quando os assuntos de que estiver tratando tiverem no dólar um valor-padrão (dívida externa, cotações ou transações internacionais, etc.). 9 — Nunca recorra a formas como R$ 18.500 milhões (o certo: R$ 18,5 bilhões) ou R$ 18.500 mil (o certo: R$ 18,5 milhões). 10 — A abreviatura de real é R$, com espaço entre o cifrão (com um traço vertical) e o número: R$ 5.670.845,00, R$ 2 milhões. Dinheiro (concordância). a) O verbo ou adjetivo concorda expressamente com a quantia: Pagou R$ 150 mil ao jogador, correspondentes (e não “correspondente”) a 15% do valor do passe. / Recebeu R$ 350 mil, livres (e não “livre”) de despesas. / Foram-me cobrados (e não “foi-me cobrado”) 5 mil reais. / Pagaram-se (e não “pagouse”) R$ 20 mil pelo carro. b) Ver em milhão, página 177, a concordância específica de milhão, bilhão e trilhão. Dinossauro. E não “dinosauro”. Diploma de ... Se se tratar de mulher, diploma de médica, diploma de advogada, diploma de professora, etc. Direito. Ver “que tem direito”, página 247. “Diretiva”. Use diretriz ou norma. Discrição. Sempre com i quando significa reserva, moderação: Sua discrição era absoluta. / Vestia-se com discrição. (E nunca “discreção”).

Discriminar Discriminar. Ver descriminar, página 92. Disenteria. E não “desinteria”. Disparado. Na função de advérbio, fica, como este, invariável: Ela é, disparado, a melhor atriz. / Os casados ganharam dos solteiros, disparado. Disparar. Está vetado para substituir dizer, por mais forte que seja a afirmação da pessoa (em frases como: “Ele não perde por esperar”, disparou o adversário. / O deputado disparou violentas críticas ao ministro. / O ator disparou a primeira pergunta ao cineasta.). Fuja também da terminologia bélica (fogo de barragem, trincheira, fuzilaria, tiroteio, etc.), muito desgastada no noticiário. “Dispensa apresentações”. Se uma pessoa dispensa apresentações, por que gastar espaço para explicar quem é ela? Evite o lugar-comum. “Disponibilizar”. Não existe. Use tornar disponível, colocar à disposição, ficar disponível, etc. Disque. Com hífen: Disque-Pizza. Distância. 1 — Com números redondos, use sempre por extenso as medidas que exprimem distância ou comprimento: 40 quilômetros, 12 metros, 50 centímetros, 6 decímetros. (Nos títulos e tabelas, pode-se usar a abreviatura: 40 km, 12 m, 50 cm, 6 dm.) 2 — Para indicar números não exatos, adote estas formas: 40,5 quilômetros, 12,3 metros, 55,4 centímetros, 6,5 decímetros. Como no caso acima, nos títulos e tabelas permite-se a abreviatura: 40,5 km, 12,3 m, 55,4 cm, 6,5 dm. 3 — Se a medida for inferior a 2, ficará no singular: 1,4 quilômetro, 0,6 metro, 1,9 centímetro, 0,3 decímetro. 4 — Repare que as abreviaturas não têm ponto nem plural e há espaço entre o número e elas: 4 m, 16 km, 50 cm. 5 — Nos textos em que a medida aparece muitas vezes, pode-se usá-la por extenso na primeira e abreviadamente nas demais.

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Divisão silábica Distância (crase). 1 — Não existe crase quando a locução a distância é indeterminada: Observou a cena a distância. / A polícia ficou a distância. 2 — Existe crase quando a distância é determinada: Estava à distância de 15 metros do local. / A polícia ficou à distância de 5 metros dos manifestantes. Distinguir. Conjugação. Pres. ind.: Distingo, distingues, distingue, distinguimos, distinguis, distinguem. Pres. subj.: Distinga, distingas, distinga, distingamos, distingais, distingam. Imper. afirm.: Distingue tu, distingui vós. Distrair. Conjuga-se como cair (ver, página 55). Distrair-se. Alguém se distrai e não distrai, apenas: As crianças distraíramse no parque. / Ele não se distrai nunca. Distrito Policial. O número é sempre ordinal: 46º Distrito Policial, 8º DP (e nunca 46 DP). Diversos de. Concordância. Ver algum (alguns) de, página 35. Divertir. 1 — Conjuga-se como servir (ver, página 266): divirto, divertes; que eu me divirta; diverte, diverti; etc. 2 — Alguém se diverte e não diverte, apenas: Todos eles se divertiram muito. / Quem se divertiu mais na festa? Dívida externa brasileira. Na primeira referência do texto, fale sempre em dívida externa brasileira. Nas demais menções é que se poderá usar dívida brasileira, dívida externa ou dívida, simplesmente. Divisa. Ver fronteira, página 132. Divisão silábica. A divisão de uma palavra no fim da linha se faz pelas suas sílabas constitutivas e não pela sua formação: bi-sa-vô, su-bal-ter-no, desor-dem, e-xo-ne-rar, tran-sa-tlân-tico, di-sen-té-ri-co.

Divulgar que 1 — O que não se separa a) Os ditongos e os tritongos (grupos de duas ou três vogais pronunciadas numa só emissão de voz): cau-sa, doi-do, a-fei-to, pleu-ra, bai-xa, couro, gra-tui-to, men-tiu, a-güen-tar, Uru-guai, i-guais. Incluem-se nesta norma os ditongos seguidos de uma vogal: bai-a-no, coi-o-te, fei-o-so, plêi-a-de, Cui-a-bá, boi-a-da. b) Os grupos ia, ie, io, oa, ua, ue e uo, quando átonos (o acento recai na sílaba anterior): his-tó-ria, sé-rie, dúbio, má-goa, á-gua, tê-nue, con-tíguo. c) A consoante inicial não seguida de vogal: gno-mo, mne-mô-ni-co, pneu-má-ti-co, psi-có-lo-go. d) Os grupos ch, lh e nh: mar-cha, co-cho, ve-lho, fo-lha, ba-nhei-ra, ganho. 2 — Prefira não separar As vogais dos hiatos (grupos de duas vogais que se pronunciam separadamente), por mera questão de aspecto gráfico: va-ria-do, car-naú-ba, pa-raí-so, ruí-na, cu-rio-so, Ma-rie-ta, graú-na, ca-coe-te, a-taú-de, caí-eis, due-lo, je-suí-ta, saú-de, miú-do, poei-ra, rai-nha, in-fluir, des-leal, calma-ria, psi-co-lo-gia, con-doer, cultue, coor-de-nar, caa-tin-ga, in-fiel, friís-si-mo, vee-men-te. 3 — O que se separa a) As consoantes pertencentes a sílabas diferentes: op-ção, oc-ci-pi-tal, ab-di-car, ét-ni-co, sub-me-ter, abstra-to, ob-ten-ção, trans-por-te, intac-to, ap-ti-dão, ins-pi-rar, cons-purcar, obs-cu-ro, at-mos-fe-ra. b) As consoantes dos grupos rr, ss, cç, sc, sç e xc: car-rei-ra, cas-sa-ção, pros-pec-ção, nas-cer, des-ça, ex-cesso. c) A consoante simples acompanhada da vogal que é pronunciada junto com ela: ma-ca-co, pe-sa-do, de-se-jo, pró-xi-mo, de-sen-ga-no, gra-má-ti-ca.

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Dizer (substitutos) d) As consoantes dos grupos bl e br separam-se quando são pronunciadas separadamente e ficam na mesma sílaba quando pronunciadas de uma só vez: sub-lin-gual, su-ble-va-ção, abro-gar, de-bru-çar. “Divulgar que”. Alguém divulga alguma coisa, mas não divulga que... Dize-me com quem... A forma correta do provérbio é: Dize-me com quem andas e te direi quem és (e nunca “diga-me”...). Dizer. Conjugação. Pres. ind.: Digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem. Pret. perf. ind.: Disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram. M.-q.perf. ind.: Dissera, disseras, dissera, disséramos, disséreis, disseram. Fut. pres.: Direi, dirás, dirá, diremos, direis, dirão. Fut. pret.: Diria, dirias, diria, diríamos, diríeis, diriam. Pres. subj.: Diga, digas, diga, digamos, digais, digam. Imp. subj.: Dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis, dissessem. Fut. subj.: Disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem. Imper.: Dize, diga, digamos, dizei, digam. Ger.: Dizendo. Part.: Dito. Dizer (derivados). Atenção para alguns tempos: prediz; predizia; predisse; predissera; predirá; prediria; prediga; se predissesse; se predisser; etc. Da mesma forma, bendizia, condisse, contradissera, desdirá, maldissesse, etc. Dizer (entidades). Governo não diz, nem entidades. Eles podem garantir, negar, confirmar, revelar, etc., mas não dizer, declarar ou afirmar (como em Petrobrás diz, Itamaraty afirma, governo declara). Dizer (substitutos). Em princípio, os verbos mais recomendáveis para textos que envolvam declarações são os insubstituíveis dizer, afirmar, declarar, garantir, prometer e poucos mais. No seu lugar, podem ser usados outros, desde que com muito critério, entre os quais acreditar, achar, julgar,

Dizer (para) que

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admitir, esclarecer, explicar, concluir, prosseguir, etc. O que não é viável é o uso indiscriminado de pretensos substitutos que na verdade não se prestam a textos declaratórios ou não têm o sentido que às vezes lhes é atribuído. Veja exemplos inaceitáveis, todos reais: “O senhor é de direita ou de esquerda?”, inaugurou fulano (era um repórter dando início a uma entrevista coletiva). / “A polícia é como um corpo tomado 80% pelo câncer”, dispara friamente o delegado. / “Não vamos promover evasão de renda”, discursa o presidente da Federação. / “Eu gosto é de fazer gol aos 46 minutos do segundo tempo”, festejou Milton Reis (repare que o Milton Reis não está festejando nada). / “A caverna foi formada pelo trabalho das águas que pressionaram a rocha e produziram um buraco deste tamanho”, exibe, abrindo os braços (exibe por declara). / “Os professores ganham mal, mas as aulas também andam bem ruins”, polemiza a presidente (ela estava dando entrevista e “polemizando” sozinha). / “Estou vivendo um pesadelo”, desespera-se Marlene. / “E se ele acerta a cobrança de falta?”, treme o técnico. /”De jeito nenhum eu fico com o prejuízo”, bufava de raiva Carlos Roberto. / “Acho esse índice de mortalidade muito elevado”, espanta-se fulano (que na verdade está opinando, e não se espantando). / “É uma pena que eu tenha sido afastado”, choraminga o centroavante (que apenas se está queixando). Essa prática encerra três riscos: a) Editorialização. O texto tende a ser opinativo, porque o repórter atribui juízos de valor às declarações do entrevistado. E a norma do Estado é deixar a opinião para os editoriais. b) Artificialidade. Alguém usa palavras como sentencia, sustenta, confidencia, enfatiza, embasa, notifica e outras semelhantes? c) “Originalida-

Doenças

de”. Inconscientemente, o jornalista participa de uma competição de originalidade que todos sabem onde começa, mas nunca onde vai terminar. Veja alguns verbos que você pode usar, desde que expressem com precisão as declarações a reproduzir: acentuar, achar, aconselhar, acreditar, acrescentar, acusar, adiantar, admitir, advertir, advogar, afirmar, alegar, alegrar-se, alertar, ameaçar, analisar, antecipar, anunciar, apontar, apregoar, aprovar, argumentar, assegurar, atestar, avaliar, avisar, brincar, calcular, citar, cobrar, comentar, complementar, completar, conceituar, conciliar, conclamar, concluir, concordar, condenar, confirmar, considerar, constatar, contar, corrigir, decidir, defender, definir, demonstrar, denunciar, depor, desafiar, descrever, desculpar-se, desmentir, destacar, duvidar, entusiasmar-se, esclarecer, exemplificar, explicar, finalizar, frisar, fundamentar, garantir, gracejar, ilustrar, imaginar, indagar, informar, insinuar, insistir, ironizar, julgar, justificar, lamentar, lembrar, manifestar, narrar, notar, objetar, observar, opinar, perguntar, pregar, presumir, prevenir, proclamar, prometer, propor, prosseguir, protestar, provocar, reafirmar, reagir, rebater, reconhecer, reconsiderar, recordar, reforçar, refutar, reprovar, retrucar, ressaltar, ressalvar, resumir, revelar, salientar, sugerir, surpreender-se, vaticinar, etc. Dizer (para) que. O certo é dizer que e não “dizer para que”: Diga-lhe que venha almoçar conosco (e não: Digalhe “para que venha” almoçar conosco). / Disse-lhe que saísse logo (e não: Disse-lhe “para sair” logo). Dó. Palavra masculina: muito dó. Doar. Conjuga-se como magoar (ver, página 166). Doenças. Inicial maiúscula apenas no nome próprio: síndrome de Down, síndrome do pânico, mal de Alzhei-

“Doente grave”

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mer, doença de Parkinson, sarcoma de Kaposi, tumor de Ewing, aids. “Doente grave”. Grave é o estado do doente, e não o doente. Doer. 1 — Só se conjuga nas terceiras pessoas: Pres. ind.: Dói, doem. Imp. ind.: Doía, doíam. Pret. perf. ind.: Doeu, doeram. M.-q.-perf. ind.: Doera, doeram. Fut. pres.: Doerá, doerão. Fut. pret.: Doeria, doeriam. Pres. subj.: Doa, doam. Imp. subj.: Doesse, doessem. Fut. subj.: Doer, doerem. Ger.: Doendo. Part.: Doído. 2 — Como pronominal (doer-se e condoer-se), tem todas as pessoas: eu me dôo, tu te dóis; que eu me condoa, que nós nos condoamos; etc. Dois-dormitórios. Com hífen quando designa o tipo de apartamento: Comprou um dois-dormitórios. Dois-pontos. São usados principalmente: 1 — Nas citações, com verbo expresso ou oculto: Depois da reunião com o presidente, o ministro do Trabalho prometeu: “Os salários este ano ganharão da inflação.” / Almeida: “A recessão está no fim.” 2 — Nas enumerações: Vieram três dos seus filhos: João, José e Maria. / O deputado fez duas ameaças: denunciar o acordo e romper com o governo. 3 — Nas exemplificações, notícias subsidiárias, esclarecimentos, sínteses ou conseqüências do que foi enunciado: Previsão de Delfim: a recessão será pior que a de 1981. / Já se sabe: faltará cerveja. / O governo reage: Código Penal para os agressores. / Instituto faz as contas e avisa: a inflação vai subir. / Depois de dez anos, mulher não desiste: acha que o marido está vivo. / Justificou-se: o que pretendia era chamar a atenção para o problema. 4 — Nos vocativos que encabeçam cartas, requerimentos e ofícios: Prezado senhor: / Magnífico Reitor: / Ilmo. sr.:

Dona

5 — Não use os dois-pontos nos títulos para introduzir retranca ou procedência e assim ganhar espaço, em frases como: Carne: autorizado o aumento / Paraguai: eleições serão em janeiro. Dois toques, dois-toques. Use treino de dois toques, sem hífen, e um dois-toques, com hífen: A seleção realizou um treino de dois toques ontem. / A seleção realizou um dois-toques ontem. Dólar. 1 — Converta sempre o valor em reais (entre parênteses depois da menção em dólares). A única exceção é para o noticiário sobre a dívida externa brasileira, que pode continuar apenas em dólares, e para as cotações internacionais. 2 — Admite-se, por economia de espaço, a fórmula com cifrão e o valor em dólares: US$ 30 milhões, US$ 23.560,00. Dom. 1 — Use, de preferência, a forma abreviada: d. João VI, d. Pedro I, d. Pedro II. 2 — Como tratamento eclesiástico, precede, em geral, o prenome: d. Eugênio, d. Ivo, d. Paulo Evaristo. No caso em que o religioso seja mais conhecido pelo sobrenome, porém, o d. pode ser usado com ele: d. Scherer, d. Castro Meyer. 3 — Não use artigo antes de dom: Encontraram d. Antônio. Domicílio. 1 — É em domicílio a expressão que se usa para entregas: Fazemse entregas em domicílio (e não “a” domicílio). Equivale a: Fazem-se entregas em casa. Da mesma forma: Dão-se aulas em domicílio. 2 — A domicílio exige verbo de movimento: Conduziram o doente a domicílio. / Foram levá-lo a domicílio. Do mesmo modo que. Concordância. Ver assim como, página 47. Dona. 1 — Os nomes femininos não devem ser precedidos de dona. Escreva simplesmente o nome da mulher que faça parte do noticiário: Ruth Cardoso, Lila Covas. 2 — Preserve

Do que

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obviamente as declarações: “Isso é com d. Margarida”. Do que. Com verbos seguidos da preposição de, deve-se usar do que, e nunca o que: Não sei do que ele gosta (e nunca: Não sei o que ele gosta). Embora correta, evite a forma o de que por só ter uso literário e antigo: Não sei o de que ele gosta. Do que (comparação). Ver comparações (formas), página 72. Dos que. Concordância no plural, assim como desses que ou daqueles que: Não sou dos que (desses que, daqueles que) se abalam com pouco. / Ele é dos que (desses que, daqueles que) fazem alarde à toa. Doutor. Dê esse tratamento apenas aos médicos. E na forma abreviada: dr. Dublê. Evite: virou lugar-comum dizer que alguém é “dublê de ministro e candidato” ou “dublê de jogador e empresário”, por exemplo. Dupla. Concordância no singular: A dupla Jacqueline e Sandra ganhou medalha de ouro em Atlanta (e não “ganharam”). Duplo sentido. Evite as orações ou palavras que possam dar falsa idéia do que se escreveu, mesmo que essa impressão seja momentânea e se desfaça com a leitura mais atenta do texto. Na maior parte das vezes — lembrese — o leitor passa pela notícia, apenas, e não se detém nela. Veja alguns exemplos de dubiedade: O deputado conversou com o presidente da Câmara na sua sala (de qual deles?). / X não aceita Y; quer o irmão (o próprio ou o de Y?). / De 200 denúncias a regional só pune 15 (denúncias ou infratores? — no caso, eram infratores). / Ela aparecerá brevemente (no caso, pretendeu-se dizer rapidamente e não em breve) num seriado. / Prefeito reassume pedindo aumento de salário (não era para ele, mas para os trabalhadores). / Elevado o prejuízo das lojas (está elevado ou foi elevado?). / Não existe nenhuma

Duque

possibilidade que seja reformulada (não era a possibilidade, mas o que se disse antes que seria reformulado). / Ladrão de carro tem pena (foi punido, e não ficou com pena) até o ano 2000. / Apesar de uma bola na trave de Baiano (na verdade, foi Baiano quem chutou a bola na trave). Mais alguns casos: Centro vai funcionar até agosto (isto é, até agosto começa a funcionar e não funcionará apenas até agosto). / Mesa-redonda debate saída para crises em São Paulo (debate em São Paulo ou as crises é que são em São Paulo? — no caso, debate em São Paulo). / A loucura de João, que contagiou a mulher (quis-se falar de João, que havia contagiado a mulher com Aids antes de ficar louco). / Uma promoção especial para você, que está nos últimos dias (a promoção ou você está nos últimos dias?). / Artista nu impede que jornal circule (não foi um homem nu que impediu, mas a publicação de uma foto sua, nu, levou à suspensão da circulação do jornal). / Mutirão contra a violência do governo completa um ano (o mutirão é que é do governo, não a violência, como o texto insinua erroneamente). / Preso acusado de crime (trata-se de um preso que foi acusado de crime ou da prisão do acusado de um crime?). Há uma situação especial, digna da maior atenção, em que se termina por afirmar o contrário do que se pretende: Sem concurso público, como manda a lei, o governador nomeou o procurador. / Deixando de consultar o Congresso, como determina a Constituição, o presidente nomeou o embaixador. Nos dois casos, a lei manda realizar concurso público e consultar o Congresso, embora a rigor a notícia afirme exatamente o oposto (sem concurso, de acordo com a lei, ou deixando de consultar o Congresso, de acordo com a Constituição). Duque. Feminino: duquesa.

Durante

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Durante. Durante significa no tempo de ou pelo espaço de, não devendo, portanto, simplesmente substituir de ou em: O jogador chegou durante a madrugada (o certo: de madrugada). / País precisa crescer 5% durante 1997 (em 1997). / Astrólogo prevê muitas mortes durante este ano (este ano ou neste ano, apenas).

É. A inicial é maiúscula no nome de obras artísticas: Tudo É Ilusão. ...ear e não eiar. 1 — A terminação dos verbos é ear e não eiar: enfear, recear, cear, passear, apartear, etc. O i só aparece nas formas conjugadas quando o acento cai no e que precede a terminação ar: re-cei-a, en-fei-am, cei-o, recei-em, apar-tei-e, pas-sei-as. 2 — Não existe i nas formas em que o acento cai depois do e que precede a terminação ar: rece-amos (e não “receiamos”), ce-aste, enfe-aram, passeais, rece-avas, enfe-aria, passe-ou, aparte-emos, rece-eis, etc. 3 — Ver também verbo (conjugações), página 298. É bom. Ver é preciso, página 111. Eclipse. Masculino: o eclipse. ECT. Sigla da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (e não EBCT). “Edil”, “Edilidade”. Use apenas vereador e Câmara Municipal (ou Câmara, simplesmente). ...êem. É a forma correta destas flexões: crêem, dêem, lêem e vêem. É feio. Ver é preciso, página 111. Efeito. Liga-se sem hífen a outro substantivo ou a nomes de produtos ou pessoas para formar expressões como: efeito estufa, efeito cascata, efeito Orloff. “Eire”. Use República da Irlanda.

Elísio

“Eis aqui”. Redundância. Eis já significa aqui está. Eis por que. Sempre com o por que separado. Eis que. 1 — A locução deve ser usada apenas quando dá idéia de surpresa ou imprevisto: Quando menos se esperava, eis que começou a confusão. / Eis que surge finalmente a estrelad’alva. 2 — Com o sentido de causa, prefira uma vez que ou porque: Ele deve vencer a prova, uma vez que (e não eis que) é o atleta mais veloz da competição. / O recurso deve ser rejeitado porque (e não eis que) não tem fundamento jurídico. Ele, ela. Não podem funcionar como objeto direto. Por isso, nunca escreva: O pai repreendeu “ele” (o certo: repreendeu-o). / Eu vi “elas” (o certo: Eu as vi). Elefante. Coletivo: manada. Feminino: elefanta (“elefoa” não existe) e aliá. Elegido, eleito. Prefira elegido com ter e haver e eleito, com ser e estar: Tinha (havia) elegido, foi (estava) eleito. Já se admite, porém, o uso de eleito com ter e haver: Tinha eleito. Eleição, eleições. No singular quando se tratar de uma única eleição: a eleição presidencial. No plural quando forem várias: as eleições de 1998, as eleições de prefeito e vereador, etc. “Elementos”. Jargão policial. Use homens, jovens, suspeitos, etc. “Elencar”. Palavra inexistente. Não use. Elenco. Use apenas para atores. Nos demais casos, prefira lista ou relação. Eletro... 1 — Liga-se sem hífen ao elemento seguinte: eletroacústica, eletroencefalograma, eletroímã, eletromotriz, eletrorradiologia, eletrossono. 2 — Não faça a fusão do o com a vogal seguinte: eletroacústica (e não eletracústica), eletroencefalograma (e não eletrencefalograma), etc. Elísio. Com i: Campos Elísios.

“Elo de ligação”

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“Elo de ligação”. Redundância: elo já quer dizer ligação. Elucubração. Com u, assim como elucubrar. É mau. Ver é preciso, página 111. “Em azul”. Não use a preposição em antes de nome de cor: Entalhes “em marrom”. O certo é entalhes marrons, casas azuis, desenhos amarelos, tapetes verdes (e não em verde), etc. Embaixadora, embaixatriz. Embaixadora — mulher que exerce o cargo; embaixatriz — mulher do embaixador. Embaixo. Numa palavra só. “Embasamento”, “embasar”. Palavras vetadas. Use fundamento, base, razão, motivo, fundamentar, basear, etc. Embora. 1 — Exige subjuntivo: Embora confie no time, o técnico armou um esquema defensivo (e não embora “confia”). / Embora vá sair logo... (e não embora “sairá” logo...). 2 — A palavra atrai o pronome colocado na mesma oração: Embora no caso se trate (e não “trate-se”) de uma pessoa séria... 3 — Embora não deve acompanhar gerúndio. Use, então: Embora seja feliz, fulano... (e não: Embora sendo feliz, fulano...). “Em-chefe”. Elimine a preposição em: comandante-chefe. Em cima. Separado. No entanto: encimar, encimado. Em com expressões de tempo. 1 — Grande parte das expressões de tempo pode ser usada com a preposição em ou sem ela. Alguns exemplos: na primeira vez (em) que, na última vez (em) que, no ano (em) que, no dia (em) que, no instante (em) que, no mês (em) que, no momento (em) que, no tempo (em) que. Prefira a norma da língua, isto é, o uso da preposição: na primeira vez em que a viu, no ano em que chegou ao Brasil, no dia em que nos mudamos, no instante em que deu conta de si, no momento em

Emigrar, imigrar

que lhe fez a comunicação, no tempo em que os animais falavam. Omita a preposição apenas em casos especiais, e quando a eufonia o exigir: A primeira vez que vi Paris, o dia que me queiras, etc. 2 — Com semana, mês e ano, especialmente, prefira o uso de no e na, que tornam as formas mais eufônicas: Na semana que vem (e não semana que vem), no ano que vem, no mês que vem, no mês passado (e não mês passado), na semana passada, no ano passado, etc. Em com gerúndio. Evite as formas em se tratando de, em me vendo chegar, em sendo eleito, em conquistando o governo, etc. Proceda da maneira mais usual: tratando-se de, vendome chegar, sendo eleito, conquistando o governo. E seja sempre comedido ao recorrer ao gerúndio. Em com verbo de movimento. Ver a algum lugar e não em, página 22. Emergir, imergir. 1 — Emergir equivale a vir à tona, aparecer: O submarino emergiu na entrada da barra. / A Lua emergia no horizonte. 2 — Imergir significa mergulhar, lançar, embrenhar-se: O pé imergiu no lodo. / O ditador imergiu o povo na guerra. / O animal imergiu na floresta. 3 — Use emerso e imerso da mesma forma: Só a cabeça estava emersa (fora d’água). / Continuou imerso nos seus pensamentos. EMFA. Desta forma. Emigrar, imigrar. Emigrar é sair de um país para se fixar em outro: Emigrou do Japão, fixando-se no Brasil. Imigrar equivale a entrar em um país estranho para nele viver: Milhares de europeus imigraram para o Brasil no começo do século. Da mesma forma: emigrante—imigrante, emigração— imigração e emigrado—imigrado. (Os emigrantes que deixaram o Japão no século passado... / Os imigrantes que chegaram ao Brasil nos anos 30...).

Eminente, iminente

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Eminente, iminente. 1 — Eminente significa ilustre, sublime, elevado: cientista eminente, morro eminente. 2 — Iminente quer dizer prestes a acontecer: perigo iminente, aprovação iminente. 3 — Da mesma forma, eminência (a eminência do parecer) e iminência (a iminência do perigo). Emissoras de rádio e TV. Ver nomes de emissoras de rádio e TV, página 191. Em o, em ele, em aquele, em esse. Use essas formas quando o o, ele, aquele, esse, este, etc., forem sujeito ou objeto do verbo: Não vejo problema em o menino ficar aqui (em esse menino, em este menino, em aquele menino). A contração (no, nele, etc.) não cabe, no caso. De preferência, mude a frase para evitar essas construções, antijornalísticas. Empatar. Use empatar por, e nunca “empatar em”, pois os adjuntos adverbiais de quantidade não admitem a preposição em. Repare que, se um time ganha ou perde por, também empata por. Da mesma forma, empate por ou empate de, e não “empate em”. Empecilho. E não “impecilho”. Emprestar. 1 — Use emprestar apenas como ceder por empréstimo: Emprestou o livro ao amigo. / Emprestava dinheiro habitualmente. 2 — No sentido de pedir ou tomar emprestado, empregue estas expressões, e nunca “emprestar de”: Pediu emprestada a bicicleta do amigo. / Tomou emprestados 2 mil reais (repare na concordância: emprestado varia conforme o termo ou expressão a que se refere). Em preto e branco. Em preto e branco: televisão em preto e branco, programa em preto e branco, foto em preto e branco. Em que pese a. 1 — Quando a referência for a pessoa, use essa expressão e o pese fica invariável: Em que pese a ela, farei o negócio. / Em que pese aos inimigos, nada lhes devemos. / Em que pese a todos nós, infelizmente o governo não volta atrás. 2 — Quando

Encampação

a referência for a coisa, concorde o verbo com o sujeito: Em que pesem os argumentos contrários... / Em que pese a falta de escrúpulos alheia... 3 — Regra prática: no caso 1, subentende-se sempre isto entre o que e o pese: Em que (isto) pese a todos nós... / Em que (isto) pese aos inimigos... “Em seda”. Não use a preposição em para indicar o material de que alguma coisa é feita, como vestido “em” seda. O certo é vestido de seda, estátua de bronze, móvel de jacarandá, escultura de mármore, casa de alvenaria, terno de tropical, chapéu de palha, etc. É muito, é pouco. Estas e outras formas semelhantes (com verbo de ligação) não variam em frases como: Cem reais é muito por essa blusa ou é pouco, é demais, é suficiente, é bastante, era demais, etc. Igualmente: Dois metros de seda era pouco para o vestido. / Quinze dias é tempo suficiente para a viagem. Encampação. Todo cuidado é pouco para que o jornal evite passar ao leitor, como suas, opiniões ou conceitos expressos por outras pessoas. Veja os principais casos em que a notícia ou o título encampa uma opinião ou conceito alheio: 1 — Quando alguém faz uma declaração reproduzida no título sem a indicação do nome do autor: Dados da reserva cambial brasileira estão corretos / O Brasil exportará mais este ano / Lucro já não atrai tanto as empresas / Plano vai repor as perdas salariais / A Terra é um organismo vivo / São Paulo precisa parar de crescer. Em todos esses casos, era indispensável revelar quem dava as informações ou opiniões, para que o jornal não ficasse responsável por elas. 2 — Quando se admite como verdadeira, no título, uma alegação ou justificativa de alguém: Chanceler

Encapuzado, encapuzar

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não sabia da ação americana. / O jogador que se perdeu na madrugada. / Treinador inglês só quer aprender. No primeiro caso, o chanceler negou saber da ação americana. O título, porém, diz taxativamente que ele não sabia. No segundo, o jogador alegou ter chegado atrasado à concentração porque se perdera, e não porque ficara bebendo. No terceiro, o treinador inglês está fazendo apenas um jogo de palavras. Um recurso para contornar o pequeno número de sinais do título é usar aspas: A CIA, também, “não sabia de nada” / O jogador “que se perdeu” na madrugada. 3 — Se o título confirma uma acusação, pode eventualmente deixar de mencionar o autor da afirmação, desde que se trate de fonte oficial (como no exemplo abaixo, em que a própria Casa Branca admitiu o fato): Reagan agiu para ajudar os contras. 4 — Há denúncias que freqüentemente encerram considerações. Deixe muito claro, se possível com o uso de aspas, que não se trata de conceitos emitidos pelo jornal. Veja o exemplo: O senador catarinense considera um absurdo esses cargos estarem nas mãos de parentes do presidente do instituto, muitos incapacitados para exercer as funções. A frase muitos incapacitados... deveria estar entre aspas ou acompanhada de uma ressalva, como muitos dos quais o parlamentar considera incapacitados para... Caso contrário, poderá parecer que o comentário é do jornal. 5 — No noticiário polícial, nunca chame de criminoso, estuprador, assaltante, etc., quem não tenha confessado o crime ou sido preso em flagrante. Veja um exemplo incorreto: Morto com 30 tiros por tentar violentar menino. Leia, porém, o que dizia a notícia: Moradores do bairro tal mataram a tiros o feirante X, acusado de ter violentado... E um correto: Sus-

Encontro

peito de violência contra menino é linchado. 6 — Se uma empresa, entidade ou órgão não estiver comprovadamente envolvido num ato criminoso, jamais a identifique com a ação que seus empregados ou funcionários tiverem praticado, com generalizações como a gangue do ICP, a quadrilha da Acme, etc. Encapuzado, encapuzar. E não “encapuçado” ou “encapuçar”. “Encarar de frente”. Redundância. Encarar já significa olhar de frente (ninguém encara de lado ou de costas). Pode-se, isto sim, encarar alguém fixamente, firmemente, com arrogância, com temor, etc. Encarregar. Regência. 1 — Encarregar alguém de alguma coisa: Decidiram encarregá-lo do trabalho. / A mãe encarregou a filha de fazer as compras. 2 — Encarregar-se de: Ele se encarregou de trazer os documentos. Encerrar-se. Alguma coisa se encerra e não encerra, apenas: O jogo encerrouse mais cedo. / Feira encerra-se e vendas agradam aos organizadores. “Encher o saco”. Vulgaridade. Nunca use. Encontrar. Ver achar, página 30. “Encontrar a morte”. Lugar-comum. Não use. Encontrar-se com. No sentido de reunir-se com, avistar-se, use a forma pronominal: Encontrou-se com o amigo (e não “encontrou com”) / Saiu para encontrar-se com os gerentes. Encontro. Veja a diferença entre as locuções: a) Ao encontro de empregase para designar uma situação favorável: O aumento veio ao encontro das suas necessidades (satisfez as suas necessidades). / A política e a sociologia vão ao encontro uma da outra (completam-se). b) De encontro a indica oposição, choque: O governo não deve ir de encontro às aspirações do

Endereços

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povo (ir contra). / Foi de encontro aos desejos do pai (agiu contra). Endereços. Ver localização, página 162. É necessário. Ver é preciso, página 111. E nem. 1 — Como já significa e não, a conjunção nem rejeita o e em casos como: Não foi nem ficou. / Não faço nem quero. / Não se anda nem se corre. / Nunca o viu nem verá. Também quando nem significa e sem ou não, inexiste o e: Ficou sem amigo nem (e sem) dinheiro. / Nem fala nem se move (não). 2 — Admite-se e nem apenas quando não há negativa antes ou quando a expressão equivale a e nem mesmo, e nem sequer, e muito menos (reforço ou ênfase): Estudavam o dia todo e nem se lembravam de comer. / Meu irmão chegou ontem e nem me telefonou ainda. / E nem da própria vida estou seguro. “Enfrentar boas condições”. Enfrentar indica confronto. Por isso, é errado empregar o verbo como no exemplo seguinte: O motorista no momento vai “enfrentar” (o certo: encontrar) boas condições de trânsito. “Enfrentar de frente”. Redundância. Ninguém enfrenta de outra forma (e enfrentar já encerra a palavra frente). Engolir. Conjugação. Engulo, engoles, engole, engolimos, engolis, engolem; engolia; engoli; engolira; engolirei; engoliria; que eu engula; se eu engolisse; se eu engolir; engole tu, engula, engulamos, engoli, engulam; etc. Enquanto. 1 — Exige correlação do tempo do verbo (em geral, o imperfeito: falava, dizia, revelava, pedia) quando usado jornalisticamente para introduzir duas ou mais informações simultâneas ou complementares: Enquanto prossegue o julgamento dos acusados, o governo prepara novas ações contra os guerrilheiros. / Enquanto o técnico atribui aos jogadores o mérito pelas vitórias do time, estes só destacam um nome: o do próprio técnico. / Enquanto o nível de desemprego cresceu na Grande São

Entrada

Paulo, a renda dos assalariados caiu na mesma proporção. / Enquanto o porta-voz do Planalto dava as explicações pedidas pela imprensa, o presidente saía pelos fundos do palácio. / Enquanto o governo não cumprir sua promessa de cortar gastos, dificilmente o déficit público será contido. 2 — Este recurso favorece a formação de frases longas e cheias de intercalações. Pense sempre nisso quando escrever um texto do gênero e procure tornar o período o mais objetivo possível. 3 — Em nenhuma hipótese misture os tempos verbais: Enquanto X estranhou tal coisa, Y dizia que... / Enquanto X insiste na idéia, Y contestou essa pretensão... / Enquanto os golfinhos procuraram praias desertas, o pingüim dá uma lição de vida... / Enquanto a CBF convidou X para técnico da seleção, o Santos quer o mesmo treinador. 4 — Evite (por se tratar sentido erudito que se está tornando modismo) o uso de enquanto como sob o aspecto de, em frases deste tipo: Fez um retrato do escritor enquanto intelectual. / Era um homem enquanto político e outro enquanto empresário. / Falou sobre a filosofia enquanto ciência. “Enquanto que”. Use enquanto, apenas, em vez de “enquanto que”: Os atacantes treinavam chutes a gol, enquanto (e não “enquanto que”) os defensores se preparavam fisicamente. Enrugar-se. Alguma coisa enruga-se e não enruga, apenas: A pele enruga-se na velhice. / O tecido enrugou-se. Ensinar. Antes de infinitivo, exige a: A vida ensina a ser prudente. “Ente querido”. Lugar-comum. Não use. Entourage. Masculino: o entourage. Entrada. No singular em frases como: A entrada de Joãozinho e Marcão no

“Entrar dentro”

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time... / O time melhorou com a entrada de Joãozinho e Marcão (e não “as entradas”). “Entrar dentro”. Redundância. Use entrar em. Entre. Exige a existência de pontos de referência. Não deve, por isso, ser usado quando se tem um conjunto de pessoas ou coisas. Assim: Entre mim e ti, entre nós, entre amigos, entre os homens (mas não “entre a humanidade”), entre os espectadores (mas não “entre o público”), entre os atores (mas não “entre o elenco”), entre os habitantes (mas não “entre a população”), etc. Nesses casos, use com, em, no meio de, etc. Entre... Hífen antes de h: entre-hostil. Nos demais casos: entreaberto, entrefechado, entreposto, entrerriano, entressafra. Entre ... e. Usa-se e e não a em frases como: Entre 15 e 20 pessoas estavam ali. / Chegará entre as 20 e as 22 horas. / A idade dos candidatos variava entre 18 e 25 anos. Entregado, entregue. Prefira entregado com ter e haver e entregue, com ser e estar: Tinha (havia) entregado, foi (estava) entregue. Já se admite, porém, o uso de entregue com ter e haver: Havia entregue. Entre mais artigo repetido. No caso de entre anteceder dois termos, o artigo que determinar um deles deverá ser repetido para o segundo: Entre o governo brasileiro e o francês (e não: Entre o governo brasileiro e francês). / Entre a vida e a morte (e não: Entre a vida e morte). Em casos como o segundo, com a idéia de indeterminação, é possível omitir completamente o artigo: Entre vida e morte... / Entre lazer e trabalho... Entre mim e ti. É a forma correta, uma vez que eu e tu não podem ser regidos de preposição. Rejeite, pois, construções como entre eles e eu, entre eu e tu, entre ti e eu, etc., que devem ser

Entrevista

substituídas por entre eles e mim, entre mim e ti, entre ti e mim, etc. Entre si, entre eles. 1 — Quando o sujeito pratica e recebe a ação, usa-se entre si: Os constituintes discutiam entre si. / Os jogadores brigavam entre si mesmos. 2 — Se o sujeito é um e o complemento, outro, a forma, então, é entre eles: Nada mais existe entre eles. / O segredo ficou entre eles mesmos. / O prêmio foi repartido entre eles próprios. Entretanto. Use entretanto ou no entanto, mas nunca “no entretanto”. Entreter. Atenção para algumas formas: entretinha (e não “entretia”); entreteve, entretiveram (e não “entreteu”, “entreteram”), entretivera (e não “entretera”); se ele entretivesse (e não “se ele entretesse”); se ele entretiver (e não “se ele entreter”). Entrever. Conjuga-se como ver (ver, página 297). Entrevista. a) Texto corrido A entrevista constitui uma das principais fontes de informação de um jornal e está presente, direta ou veladamente, na maioria das notícias que ele publica. Ela pode tanto ser a própria reportagem como apenas parte dela. Não vem ao caso discutir os tipos de entrevistas que podem aparecer na imprensa. Convém, no entanto, que você esteja atento para uma série de princípios e preceitos que poderão ajudá-lo a fazer melhor esse trabalho: 1 — Antes de qualquer coisa, procure saber quanto tempo você terá para a entrevista. Se forem poucos minutos, vá direto ao assunto e evite introduções desnecessárias. 2 — Informe-se sobre o entrevistado e o assunto. É o mínimo que você pode fazer para que suas perguntas sejam pertinentes e objetivas. 3 — Não confie apenas na memória. Faça anotações e, se necessário, use gravador. Você pode precisar

Entrevista

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reproduzir literalmente uma frase delicada, contundente, agressiva ou até bombástica, e é bom estar preparado para isso. 4 — Nunca se esqueça de que a opinião que o leitor quer conhecer é a do entrevistado e não a do repórter. 5 — Você pode fazer perguntas diretas e incisivas ao entrevistado sem que o clima de cordialidade da conversa seja prejudicado. 6 — Procure evitar atritos com o entrevistado; quem sairá perdendo será o leitor. 7 — Há entrevistados mais e menos difíceis; com habilidade, porém, salvo raríssimas exceções, será sempre possível conseguir deles pelo menos as informações e opiniões essenciais. 8 — Se você julgar que o entrevistado não respondeu satisfatoriamente à pergunta ou usou de evasivas, insista; caso não haja de novo uma resposta direta à indagação, registre o fato na reportagem: ele pode significar muito, em certos casos. 9 — Esteja preparado para acompanhar o rumo que a entrevista seguir; embora você possa ter um roteiro preestabelecido, será muita pretensão esperar que o entrevistado o cumpra à risca. 10 — Não se deixe conduzir nas coletivas e, se possível, tome a iniciativa; sempre haverá quem se disponha a fazer perguntas de pouca ou nenhuma importância e você poderá corrigir o rumo da entrevista. 11 — Espere o entrevistado concluir seu pensamento para lhe fazer uma nova pergunta; nada é mais irritante, para ele e para o leitor, que uma resposta pela metade. 12 — A pauta é sempre uma indicação mínima do que você deve cumprir. Ela pode conter perguntas obrigatórias e você deve fazê-las. A parte restante da entrevista, porém, depende exclusivamente do repórter.

Entrevista 13 — Evite perguntas óbvias, como indagar da mãe que acaba de ver a morte do filho: “Como a senhora está se sentindo?” Ou a quem assinou um contrato milionário: “Você está feliz com o contrato que assinou?” 14 — Por mais caótica que seja a entrevista, você pode ordená-la no texto final, agrupando os assuntos em blocos para a melhor compreensão do leitor, em vez de manter a falta de conexão ou de seqüência do texto. 15 — Faça perguntas curtas e objetivas, que não permitam divagações e verdadeiras defesas de tese ao entrevistado. 16 — Procure editar a entrevista, dando-lhe um texto corrido e reservando o estilo pergunta e resposta apenas aos casos especiais, em que seja útil conhecer a opinião do entrevistado em detalhes. 17 — Varie o texto, para fugir do cômodo, mas monótono estilo: disse; a seguir; continuou; prosseguiu; mais adiante; etc. 18 — Finalmente, as entrevistas são concedidas ao Estado e não aos seus cadernos ou suplementos (e é essa indicação que deve aparecer no texto). b) Perguntas e respostas Siga estas instruções nas entrevistas de perguntas e respostas: 1 — O assunto e o entrevistado devem ser suficientemente importantes para que se justifique o recurso a esse tipo de matéria. 2 — A menos que haja alguma razão especial para mantê-los, elimine do texto os erros e repetições que as pessoas cometem habitualmente quando falam. 3 — Sempre que possível, entremeie a entrevista com destaques (janelas, por exemplo): frases bem escolhidas, polêmicas ou originais contribuem para que o leitor se sinta atraído pelo texto.

Envolto, envolvido

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4 — Em entrevistas muito extensas, convém quebrar o texto com títulos auxiliares, que ajudam a tornar a página mais agradável e menos pesada graficamente. 5 — Evite estender-se demais nas perguntas e resuma as respostas do entrevistado. Conserve, no entanto, a essência da opinião dele e suas frases mais expressivas ou contundentes. 6 — Escolha para a abertura da matéria um corpo maior que o do texto e reproduza, se possível entre aspas, algumas das principais afirmações e opiniões do entrevistado. 7 — As perguntas vão sempre em negrito, com a indicação Estado em caixa-alta-e-baixa, e não com o nome do caderno ou suplemento do jornal que esteja publicando a entrevista. 8 — Use o corpo normal (claro) para as respostas e mantenha apenas o nome do entrevistado em negrito. Na primeira resposta, o nome dele deverá aparecer por extenso; nas demais, na forma simples pela qual for conhecido. 9 — No caso de se tratar de um pingue-pongue entre duas personalidades, o nome da que faz as perguntas irá por extenso na primeira vez e resumidamente na segunda (exemplo: Mario Vargas Llosa; depois, Llosa). Adote o mesmo procedimento para a que responde (como: Eduardo Galeano; depois, Galeano). 10 — Se o Estado reproduzir entrevista de algum jornal ou revista cujos serviços esteja autorizado a utilizar, substitua simplesmente o nome do jornal pelo da outra publicação e, com relação à pessoa que fala, adote as normas já expostas. 11 — Nas entrevistas coletivas, há duas possibilidades: a) Apresentar cada pergunta com o nome do jornal, revista ou emissora a que pertence o jornalista que a fez. b) Usar apenas a indicação pergunta, caso não se possa

“Envolvendo” ou não se pretenda identificar cada pessoa que se dirigiu ao entrevistado. 12 — Deixe uma linha de branco entre cada bloco de perguntas e respostas. 13 — Veja um exemplo sobre como editar a entrevista de perguntas e respostas: Estado — Você entregou o livro ao editor sem o último parágrafo. Por quê? Chico Buarque — Eu tinha dois finais escritos. Precisava matar o Benjamim, que já é apresentado quando vai morrer. Abri para ele a possibilidade de achar que tudo fosse um sonho. Mas deixei o outro final, mais seco, sem sonho. Estado — Benjamim é melhor do que Estorvo? Chico — A estrutura é mais complexa, há mais coisas acontecendo. Encontrei mais impasses e... Está bem, gosto mais de Benjamim. Meu receio era não repetir, não parecer. Daí a opção pela narrativa na terceira pessoa. Mas tem o estilo. A importância fundamental do segundo livro é definir o estilo. Sou eu.

Envolto, envolvido. Use envolto como sinônimo de enrolado (Estava envolto no cobertor) e envolvido nos demais sentidos do verbo, mesmo com o auxiliar ser: Foi envolvido pelos parceiros. / Estava envolvido na conspiração. / Negou que estivesse envolvido no escândalo. Se o auxiliar for ter, empregue apenas a forma envolvido: Já tinha envolvido o filho no cobertor. / Negou que se tivesse envolvido no escândalo. “Envolvendo”. 1 — Use acidente de ônibus, desastre de trem, acidente entre um ônibus e dois carros, choque de aviões, desastre de avião e nunca desastre “envolvendo” ônibus, acidente “envolvendo” um ôni-

Enxaguar

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bus e dois carros, etc. 2 — Não empregue essa forma também quando ela puder ser substituída por preposição: Incidente “envolvendo” (com) jornalistas, acidente “envolvendo” (com) dois carros, reunião “envolvendo” (entre) empresários e sindicalistas, o jogo “envolvendo” (entre) o Corinthians e o Santos, etc. Enxaguar. Conjuga-se como aguar (ver, página 34). E/ou. Evite o abuso, mas, quando necessário, adote essa forma em frases como: Incluem-se na relação cantores e/ou músicos. / Queria o apoio de escritores e/ou jornalistas. Não há barra, porém, se o e acompanhar meras orações alternativas: Ele chegou apressado e, ou fica, ou vai embora ainda hoje. Epidemia, surto. 1 — A diferença é de amplitude: a epidemia atinge um grande número de pessoas numa área extensa e o surto, um número limitado de pessoas numa área mais ou menos restrita. 2 — O termo epidemia vale apenas para seres humanos: no caso de doença que atinja grande número de animais, o certo é epizootia. É preciso. 1 — Com sujeito indeterminado, as locuções é preciso, é proibido, é necessário, é bom, é feio e outras semelhantes PODEM permanecer invariáveis: É preciso muita cautela. / É necessário ajuda. / É proibido entrada. / Vitamina é bom para a saúde. / É feio blusa em menino. / Não foi preciso rodeios. 2 — No entanto, sempre que se quiser deixar clara a determinação ou ela estiver evidente pelo uso de artigo, pronome ou adjetivo ao lado do substantivo, a concordância deverá ser a regular: Não foram necessários rodeios. / Toda vitamina é boa para a saúde. / É proibida a entrada. / É necessária muita ajuda. / É feia essa blusa no menino. 3 — Prefira a concordância normal, sempre que possível.

Éramos seis

É preferível. Ver preferir, página 233. É proibido. Ver é preciso, nesta página. E que. Evite essa expressão, usando apenas o e ou o que (ou o qual, a qual, os quais e as quais, quando necessário, para maior clareza), e não os dois juntos: É um tipo de assunto de mau gosto que (e não e que) deveria ser evitado. / Ali acamparam três famílias de índios guaranis, procedentes de Mato Grosso, que (e não e que) há dez anos vêm peregrinando pelo País. / O general, que está fazendo nova visita às tropas e (e não e que) pretende voltar logo a Brasília, deixará o serviço ativo este ano. / No livro que escreveu depois da explosão e (e não e que) se tornou um clássico... / A razão: o que não tem função na frase. É que. 1 — Nesta forma, a locução fica invariável e vem sempre entre o sujeito e o verbo (a concordância se faz como se ela não existisse): Nós é que pagamos. / Eles é que devem sair. / Vós é que podeis dizer isso. 2 — Se o sujeito for colocado entre o verbo ser e o que, a concordância será normal: Somos nós que pagamos. / São eles que devem sair. / Sois vós que podeis dizer isso. Equivale a dizer. É a forma correta, assim como equivale a fazer, e nunca “equivale dizer”, “equivale fazer”. Valer, sim, admite essa forma: vale dizer, vale transcrever. Equivaler. Conjuga-se como valer (ver, página 296). Era. Inicial maiúscula apenas em Era Cristã. Nos demais casos: era cenozóica, era do jazz, era atômica. Era uma vez. O verbo permanece invariável: Era uma vez uma princesa... / Era uma vez sete anões... (ser, no caso, equivale a haver). Éramos seis. Frases desse tipo formamse sem a preposição em: Éramos seis. / Éramos oito à mesa. / Ficamos quatro na sala. / Íamos cinco amigos pela estrada. / Estávamos três no automó-

“Erário público”

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vel. (E não: Éramos em oito, ficamos em quatro, íamos em cinco, estávamos em três). “Erário público”. Redundância. O erário é sempre público. Ergométrico, ergonômico. 1 — A ergometria mede o esforço muscular de um trabalho: esteira ergométrica, bicicleta ergométrica. 2 — O estudo dos efeitos do trabalho no organismo humano é a ergonomia. Por isso: teclado ergonômico, cadeira ergonômica. 3 — “Ergonometria” e “ergonométrico” não existem. Ermitão. Flexões: ermitã (prefira), ermitoa, ermitões (prefira), ermitães e ermitãos. ...érrimo. É o superlativo apenas dos adjetivos terminados em re e ro: célebre, celebérrimo; negro, nigérrimo; pobre, paupérrimo. Por isso, nunca escreva “elegantérrimo”, “absolutérrima”, “chiquérrimo”, “simplérrimo” (o certo é elegantíssimo, absolutíssima, chiquíssimo, elegantíssimo), etc., modismos sem apoio na gramática e admissíveis somente em textos de caráter coloquial. Erros. Para manter sua confiabilidade e credibilidade, o jornal deve fazer o possível para não publicar erros de nenhuma espécie. Veja alguns dos casos que ocorrem com maior freqüência e procure evitá-los: 1 — Nomes. O Estado escreve os nomes e sobrenomes segundo a forma que as pessoas adotam. Por isso, verifique-os sempre com cuidado, para que figurem no noticiário de maneira correta. A observação vale também para os nomes geográficos e palavras estrangeiras. Em caso de dúvida, consulte o vocabulário do fim deste volume. 2 — Siglas. Procure também explicar convenientemente as siglas ao leitor e evite discriminá-las erradamente. Por exemplo: STF é Supremo Tribunal Federal e não “Superior” Tribunal Federal. Da mesma forma, CNBB

Erros é Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e não “Confederação” Nacional, e INSS é Instituto Nacional do Seguro e não “da Seguridade” Social. 3 — Palavras. A lista publicada no fim deste volume inclui a maioria das palavras da língua portuguesa que possam dar margem a dúvidas quanto à ortografia, além de milhares de termos estrangeiros, designações geográficas e nomes de produtos ou de empresas muito usados no noticiário. Nunca deixe de recorrer a ela. 4 — Informação. É um dos erros mais graves que o jornal pode divulgar. Por isso, confira sempre cuidadosamente as informações que recolher; recorra a mais de uma fonte, quando necessário; verifique, enfim, todos os dados em que possa haver qualquer engano que comprometa a seriedade da notícia. 5 — Serviços. É um dos piores tipos de erro que o jornal pode publicar. O leitor muitas vezes programa as suas atividades em função do horário de uma sessão de teatro ou cinema e é natural que se irrite quando a informação fornecida não corresponde à realidade. Por isso, confira sempre com todo o cuidado — principalmente se você recebeu a indicação com muita antecedência — se a televisão vai mesmo transmitir ao vivo determinado jogo, se o filme, a peça de teatro, o show, a festa, etc., começam efetivamente no horário divulgado, se o local é realmente o do espetáculo, se as inscrições de um concurso ou do vestibular vão mesmo até determinado dia. Para um leitor do jornal, nenhuma desculpa ou retificação compensa a perda da inscrição para uma prova, por exemplo. 6 — Enumerações. Tenha sempre em mente: é comum uma notícia dizer que havia seis pessoas presentes num determinado local e, na hora de relacionar os nomes, fornecer apenas

Erros

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cinco deles. Por isso, conte sempre os nomes para ver se são mesmo seis. 7 — Números. A transcrição de números das anotações do repórter ou do texto provisório para o definitivo favorece o aparecimento de erros no original. É outro item a ser conferido com atenção. 8 — Concordância. Dos erros gramaticais, é talvez o que surge com maior freqüência nos textos. Repasse o original com cuidado para eliminálos e consulte o verbete concordância, subtítulo erros, página 78. 9 — Conhecimento. Evite que erros de conhecimento comprometam o texto. Não diga, por exemplo: Um relâmpago caiu no fio do trólebus. O que atinge o fio é o raio. Não escreva, também: Havia muitas pessoas no féretro (o féretro é o caixão, não o cortejo). / Somente amanhã deverá ser extraída a cápsula da vítima (a cápsula é apenas o envoltório da bala). Outra forma a evitar: A geada caiu... A geada forma-se, não cai (é o resultado do congelamento das gotas de orvalho). Finalmente, lembre-se: a Muralha da China não é uma das sete maravilhas do mundo. 10 — Citações. Nunca cite de memória, porque provavelmente você cometerá algum equívoco. Consulte um dicionário de citações, recorra ao Arquivo, apele para os colegas. Tudo justifica o esforço para evitar uma transcrição errada ou incompleta. 11 — Declarações. Leia sempre com cuidado suas anotações ou volte a fita do gravador para que as declarações de entrevistados sejam reproduzidas com a maior fidelidade possível. Lembre-se de que qualquer distorção nas afirmações não apenas levará uma informação incorreta ao leitor como criará problemas para você e para o jornal. 12 — Autores. Consulte dicionários, livros especializados ou o Arquivo para fugir a um erro muito comum

Erros nas informações: a citação incorreta ou trocada do nome do autor de uma obra ou declaração ou mesmo a menção incompleta (se uma música, por exemplo, é de Noel Rosa e Vadico, escreva isso, e não se refira apenas ao parceiro mais famoso). 13 — Intérpretes. Proceda da mesma forma com relação aos intérpretes. Você pode confundir o ator que trabalhou num filme com o de outro ou a cantora que gravou uma canção com outra. 14 — Memória. Por tudo isso, desconfie da memória. O Arquivo, por exemplo, é sempre uma fonte mais segura. Se você está em cima da hora de concluir a matéria, entregue-a à chefia. E procure em seguida conferir a informação em dúvida. Sempre haverá tempo de corrigi-la. 15 — Gramática. Nem todos são obrigados a conhecer todas as regras gramaticais. Por isso, este manual teve a preocupação de relacionar as principais delas. Nunca deixe de esclarecer nenhuma dúvida sobre crase, concordância, conjugação verbal, regência, formação do plural, colocação de pronomes, acentuação e outras. Folheie o manual regularmente para ir descobrindo as demais e, principalmente, observações sobre formas gramaticais corretas e incorretas, diferenças entre mal e mau, etc. O leitor merece todo o empenho para que o número de erros de uma edição do jornal se reduza cada dia mais. 16 — Íntegras. Erros de linguagem em textos oficiais — notas, transcrição de discursos, comunicados, projetos, etc. — devem em geral ser corrigidos, principalmente quanto à acentuação, grafia, pontuação, regência e concordância. Evite apenas desfigurar o teor desses documentos. Em casos especiais (mas sempre com consulta à Direção de Redação), eles podem ser mantidos, desde que se registre expressamente a observância do texto

Escalação

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original ou se marquem os erros mais gritantes com um sic. Não leve em conta nas íntegras a relação de palavras vetadas constante do Manual. 17 — Os cem mais. Ver na página 321 a lista dos cem erros mais comuns do idioma Escalação. No singular em frases como: O técnico confirmou a escalação de José e Pedro. / Com a escalação de Juca, Alemão e Zezinho, o técnico pretende tornar o time mais ofensivo (e nunca “as escalações”). Escândalo. Inicial minúscula: escândalo Watergate. Escrivão. Flexões: escrivã e escrivães. “Esculhambação”, “esculhambar”. Vulgaridades. Não use. Escusa, escusar. Com s. Escutar, ouvir. 1 — Prefira escutar quando o sentido for o de prestar atenção para ouvir, ouvir com atenção, atender aos conselhos de: Escutou o disco. / Já não escuta os amigos. 2 — Ouvir equivale a perceber pela audição: Não ouvi o barulho. / Da sala ouvia o ranger das máquinas. Esfíncter. Desta forma. Plural: esfincteres (pronuncia-se esfinctéres). Esgotar-se. Alguma coisa esgota-se e não esgota, apenas: O livro esgotouse rapidamente. / Sua paciência já se havia esgotado. ...ésimo. É mero modismo usar a terminação de centésimo, milésimo e milionésimo para criar superlativos como “bonitésimo”, “elegantésimo”, “gatésima”. Só textos muito especiais podem justificar essas formas. Espanha. Elemento de composição nos adjetivos pátrios: hispano (hispanoamericano). Espanhol. 1 — Nomes Os nomes de origem espanhola apresentam normalmente o sobrenome paterno antes do materno. Por isso, numa segunda referência, é o sobrenome intermediário que deve ser usado para identificar a pessoa: Mi-

Espanhol guel de Cervantes Saavedra (Cervantes), Fidel Castro Ruz (Castro), Augusto Pinochet Ugarte (Pinochet), Francisco Franco Bahamonde (Franco), Adolfo Suárez González (Suárez). Jornalisticamente, use apenas o nome e o sobrenome paterno (a não ser em casos excepcionais): Miguel de Cervantes, Fidel Castro, Francisco Franco, Adolfo Suárez, Augusto Pinochet. 2 — Acentuação Para grafar corretamente os nomes espanhóis, observe as principais regras de acentuação do idioma: a) Acentuam-se as palavras oxítonas terminadas em vogal, n ou s: café, Miró, José, sofás, Martí, Perón, Corazón, Alán, Beltrán, Guillén, algún, Medellín, Alfonsín, Julián, Rubén, Hernán. Atenção: Juan não tem acento, mas León, sim. b) Acentuam-se as palavras paroxítonas que não terminem em vogal, n ou s: mármol, fútbol, árbol, tórax, López, Rodríguez, Márquez, Martínez, huésped, azúcar. c) Acentuam-se todas as palavras proparoxítonas: género, último, pájaro, líquido, Málaga. d) Não se acentuam as palavras terminadas em encontros vocálicos átonos: Mario, Julio, historia, democracia (pronuncia-se democrácia), nuncio, serie, colonia, tenue, ciencia, juicio. e) Acentuam-se as palavras terminadas em encontros vocálicos tônicos: Marías, García, brío, día, telegrafía, policía, cortesía, rocío. f) Acentua-se o i ou u que faça parte de um hiato: Raúl, sonreír, caída, traseúnte, Belaúnde, leído, reúne, aún, raíz. Exceção. Não há acento quando as vogais em hiato são u e i ou i e u: Ruiz, Luis, ruido, ruina, miura, destruir, jesuita. 3 — Particularidades a) Como o a seguido de m ou n, o e e o o em espanhol têm som fecha-

Espatifar-se

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do, não existe acento circunflexo no idioma, mas apenas o agudo: género, pánico, canónico, cómodo, erróneo, Cámpora, lámpara. b) Como o s entre duas vogais tem sempre o som de ç, não existe o grupo ss em espanhol: Asunción, asesor, Paso de los Libres, El Paso, asesino, así, cosaco, asalto, asaz, Asiria. c) O pronome oblíquo agrega-se ao verbo sem hífen: haberse, darles, escríbase, aprobándose, informándonos, llévatelo, recibirle, entrégueselo. 4 — Palavras parecidas Há palavras que não significam, em espanhol, o que parecem em português. Cuidado ao traduzi-las (entre parênteses está o sentido correto ou principal do termo em português): contestar (responder), nadie (ninguém), ninguno (nenhum), todavía (ainda), aparato (aparelho), huelga (greve ou folga), exquisito (excelente), papa (batata), pelo (cabelo), sin embargo (mas, porém), embarazada (grávida), torpe (desajeitado), entretanto (por enquanto), sobrenombre (apelido), apellido (sobrenome), por supuesto (claro, lógico), coche (carro), inversiones (investimentos), desarrollarse (desenvolver-se), desarrollo (desenvolvimento), presunto (suposto), chorizo (salame), muñeca (boneca), crianza (cria de animal), niño (menino), cachorro (filhote de animal), anfiteatro (local de velório), clase (aula), aula (classe), polvo (pó), sólo (sozinho), pegar (bater), tirar (arremessar, jogar), embrujo (encanto), mal caracter (explosivo, de pavio curto), presupuesto (orçamento), danés (dinamarquês). 5 — Nome oficial. O nome oficial do idioma é espanhol e não castelhano. Espatifar-se. Alguma coisa espatifa-se e não espatifa, apenas: A garrafa caiu e espatifou-se no solo. / A janela espatifou-se com a pedrada.

Estádio

“Especulado”. Alguém especula com ou sobre alguma coisa, mas alguma coisa nunca “é especulada”. Assim: Círculos políticos especularam sobre a saída do ministro (e nunca: A saída do ministro “foi especulada”...). Esperar. Por trazer implícita a noção de desejo, expectativa favorável, o verbo não deve ser usado no sentido negativo, caso em que o correto é prever ou temer: Empresa prevê (e não “espera”) prejuízo de R$ 50 mil. / Todos previam (e nunca “esperavam”) a sua morte. / Oposição teme ou prevê derrota (e não “espera”). Espinhal. Use esta forma: medula espinhal, nervo espinhal. Esporte. Invariável como adjetivo: carro esporte, camisas esporte. Esposo e esposa. Ver marido e mulher, página 173. Espreguiçar-se. Alguém se espreguiça e não espreguiça, apenas: Saiu da cama e espreguiçou-se demoradamente. / Bocejou e espreguiçou-se. Esquecer. Regência. l — Esquecer alguma coisa: Ninguém esquece tais ofensas. / Ele esqueceu que tinha compromisso à noite. / O escritor esqueceu os originais no táxi. 2 — Esquecer-se de alguma coisa: Eles se esqueceram do compromisso. / Queria que ninguém se esquecesse dela. 3 — Modernamente, já se admite a forma esquecer de: Esqueceu de fazer o trabalho. / Esqueceu dos amigos. 4 — Pode também ser intransitivo (dispensar complemento): Bebe para esquecer. 5 — Esquecer tem outros tipos de regência, todos, porém, de uso mais literário que jornalístico. “Estadão”. Ver O Estado de S. Paulo, página 203. Esse. Ver este, esse, aquele, página 117. Estádio. Inicial maiúscula no nome (oficial ou popular) da praça de esportes: Estádio do Morumbi, Estádio Palestra Itália. Inicial minúscula se a indi-

“Estado”

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cação for genérica: o estádio de Araraquara, o estádio do Juventus. “Estado”. Ver O Estado de S. Paulo, página 203. Estado. Com inicial maiúscula, tanto para designar o poder oficial ou uma nação quanto as unidades em que se divide um país: O Estado tem poder sobre os cidadãos. / A teoria do Estado. / O Estado de São Paulo, o Estado (São Paulo), os Estados de Minas e Bahia, os Estados e municípios, os governadores dos Estados do Sul, naquele Estado, etc. Estados. l — É esta a relação dos Estados brasileiros, suas capitais, as regiões em que se situam e as siglas que os identificam: Acre — Rio Branco, Norte, AC; Alagoas — Maceió, Nordeste, AL; Amapá — Macapá, Norte, AP; Amazonas — Manaus, Norte, AM; Bahia — Salvador, Nordeste, BA; Ceará — Fortaleza, Nordeste, CE; Distrito Federal — CentroOeste, DF; Espírito Santo — Vitória, Sudeste, ES; Goiás — Goiânia, Centro-Oeste, GO; Maranhão — São Luís, Nordeste, MA; Mato Grosso — Cuiabá, Centro-Oeste, MT; Mato Grosso do Sul — Campo Grande, Centro-Oeste, MS; Minas Gerais — Belo Horizonte, Sudeste, MG; Pará — Belém, Norte, PA; Paraíba — João Pessoa, Nordeste, PB; Paraná — Curitiba, Sul, PR; Pernambuco — Recife, Nordeste, PE; Piauí — Teresina, Nordeste, PI; Rio Grande do Norte — Natal, Nordeste, RN; Rio Grande do Sul — Porto Alegre, Sul, RS; Rio de Janeiro — Rio de Janeiro, Sudeste, RJ; Rondônia — Porto Velho, Norte, RO; Roraima — Boa Vista, Norte, RR; Santa Catarina — Florianópolis, Sul, SC; São Paulo — São Paulo, Sudeste, SP; Sergipe — Aracaju, Nordeste, SE, e Tocantins — Palmas, Norte, TO. 2 — Ver também regiões do Brasil, página 251. Estados (artigo). Em alguns casos, o nome dos Estados brasileiros é prece-

Estar

dido de artigo; em outros, não. Têm artigo: o Acre, o Amapá, o Amazonas, a Bahia, o Ceará, o Distrito Federal, o Espírito Santo, o Maranhão, o Pará, a Paraíba, o Paraná, o Piauí, o Rio de Janeiro, o Rio Grande do Norte, o Rio Grande do Sul e o Tocantins. Não têm artigo: Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. Estados Unidos. l — Sempre com o artigo e o verbo no plural: Os Estados Unidos são... / Os Estados Unidos elegeram... Da mesma forma: Todos os Estados Unidos aplaudiram o discurso do presidente. / Veio dos Estados Unidos. 2 — Aportuguese o nome dos seguintes Estados norte-americanos: Alasca, Califórnia, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Colúmbia (Distrito de), Flórida, Geórgia, Havaí, Nova York, Novo México, Pensilvânia, Porto Rico e Virgínia. Os demais serão escritos na forma inglesa. 3 — Aportuguese também estes nomes de cidade: Colúmbia, Filadélfia, Indianápolis, São Francisco, Nova York e Santa Fé. Escreva em inglês os demais (San Diego, San Antonio, El Paso, Los Angeles, Buffalo, Phoenix, Memphis, etc.). Em caso de dúvida, consulte a relação de palavras do capítulo Escreva Certo. Estadual, estatal. Estadual — Relativo às unidades da Federação: o governo estadual, as dívidas estaduais. Estatal — relativo ao Estado como nação ou poder político: empresa estatal, voracidade estatal. Estar. Conjugação. Pres. ind.: Estou, estás, está, estamos, estais, estão. Imp. ind.: Estava, estavas, estava, estávamos, estáveis, estavam. Pret. perf. ind.: Estive, estiveste, esteve, estivemos, estivestes, estiveram. M.-q.perf. ind.: Estivera, estiveras, estivera, estivéramos, estivéreis, estiveram. Fut. pres.: Estarei, estarás, esta-

Está rindo à toa

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rá, estaremos, estareis, estarão. Fut. pret.: Estaria, estarias, estaria, estaríamos, estaríeis, estariam. Pres. subj.: Esteja, estejas, esteja, estejamos, estejais, estejam. Imp. subj.: Estivesse, estivesses, estivesse, estivéssemos, estivésseis, estivessem. Fut. subj.: Estiver, estiveres, estiver, estivermos, estiverdes, estiverem. Imper. afirm.: Está tu, esteja você, estejamos nós, estai vós, estejam vocês. Imper. neg.: Não estejas tu, não esteja você, não estejamos nós, não estejais vós, não estejam vocês. Infin.: Estar. Flexionado: Estar, estares, estar, estarmos, estardes, estarem. Ger.: Estando. Part.: Estado. Está rindo à toa. Modismo. Evite. Esta semana. Ver semana, página 263. Estávamos três. Ver éramos seis, página 111. Este, esse, aquele. l — Este. a) Designa pessoa ou coisa próxima de quem fala: Este livro é meu. / Esta mesa, este jornal, esta página, esta matéria, esta crônica, esta crítica, esta empresa, este homem. b) Refere-se igualmente ao lugar em que alguém está: Este apartamento, este local, este país, esta casa, este hotel, esta piscina. c) Indica um período de tempo presente, que ainda não terminou, um mandato, uma gestão, etc.: este ano (o ano que vivemos), este mês (o mês atual), esta semana (a semana em que se está), este século, esta tarde, esta manhã, esta vida, esta noite, este momento, este governo, esta administração, esta crise. Atenção: Esta é a forma de uso jornalístico mais comum. d) Identifica, numa oração, o termo mais próximo: Eram duas irmãs, Josefa e Maria; esta (Maria, no caso), a loira, e aquela (Josefa), a morena. 2 — Esse. a) Indica pessoa ou coisa um pouco afastada de quem fala ou próxima de um interlocutor: Por favor, traga-me esse livro. / Cuidado com essa cadeira. / Essa menina não

Estigma

toma jeito. / Veja se esse relógio está funcionando. b) Usa-se como segunda referência a pessoa ou coisa: Chegou a São Paulo em 1954; nesse ano foi comemorado o 4º centenário da cidade. / Anos depois de ter lido o Ulysses, percebeu a influência desse livro na sua vida. c) Designa alguma coisa que já passou: Esse mês, o das enchentes em São Paulo, marcou também a eleição do prefeito. / Esse tempo que não volta mais sempre deixa saudades. 3 — Aquele. a) Refere-se a pessoa ou coisa afastada de quem fala e de quem ouve: Vá buscar aquele livro. / Você está vendo aquela estrela? / Eles devem aparecer naquela esquina. b) Indica um tempo passado: Aquelas férias foram as melhores da sua vida. / Aquela safra de café bateu o recorde do século. c) Identifica, numa oração, o termo mais distante: Visitaram a Argentina e o Chile; neste, viajaram pelos lagos andinos e, naquela, esquiaram em Bariloche. 4 — Isto (esta coisa), isso (essa coisa) e aquilo (aquela coisa) seguem a mesma norma, mas só podem ser usados para coisas. Em relação a pessoas, têm sentido pejorativo. 5 — Cá e aqui equivalem a este; aí, a esse; lá e ali, a aquele. 6 — Tal pode substituir esse e aquele, especialmente, ou dar caráter indefinido ao substantivo que acompanha: tal homem (esse, aquele), tais assuntos (esses), tais modelos (aqueles), tal dia e tal hora, etc. Estigma. Tem sentido altamente negativo. Por isso, está errado o técnico que queria seu time “com o estigma do vencedor”. A equipe poderia, isto sim, apresentar “a marca” ou “a obsessão do vencedor”. Veja exemplos corretos: Está marcado pelo estigma da aids. / Queria se livrar do estigma de retranqueiro. / O país sofre com o estigma da fome.

Estilhaçar-se

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Estilhaçar-se. Alguma coisa se estilhaça e não estilhaça, apenas: O jarro caiu e estilhaçou-se. / O vidro estilhaçou-se com o tiro. Estiver/tiver, estivesse/tivesse. Ver tiver/estiver, tivesse/estivesse, página 289. “Estória”. Em qualquer sentido, use apenas história. Estragar-se. Alguma coisa se estraga e não estraga, apenas: Por causa do calor, os alimentos estragaram-se. / Carro que fica ao relento estraga-se rapidamente. Estrangeirismos. Ver palavras estrangeiras, página 209. Estrear. Pode-se estrear uma roupa, uma peça, um teatro, um cinema, etc., mas não escreva, por exemplo: O Corinthians estréia Joãozinho hoje. Estrelas. 1 — Use com hífen a qualificação dos hotéis: Era um legítimo cinco-estrelas. / Hospedou-se num hotel três-estrelas. / Aquele uma-estrela o satisfazia. 2 — No entanto: Era um hotel de quatro estrelas. Estudar. Use o substantivo, e não infinitivo depois: Governo estuda ampliação do crédito (e não “estuda ampliar”). / Receita estuda elevação do ganho da poupança (e não “estuda elevar”). Esvaziar-se. Alguma coisa se esvazia e não esvazia, apenas: O estádio esvaziou-se logo. / As ruas esvaziam-se no feriado. / Todas as suas pretensões se esvaziaram. Etc. 1 — Use vírgula antes de etc. Embora a expressão original, et cetera, já contenha e, a abreviatura etc. aparece sempre precedida do sinal no Formulário Ortográfico, que define a norma legal do idioma. Essa prática terminou por oficializar o emprego da vírgula, seguido pela maioria esmagadora dos gramáticos brasileiros. Assim: Havia ali gatos, cães, galinhas, etc. 2 — Nunca use e antes de etc. Assim: Comprou camisas, calças, meias, etc. (e nunca: Comprou

Ética interna

camisas, calças, meias, “e etc.” 3 — Por extensão do sentido original, etc. pode também ser adotado para pessoas: Vieram comigo João, Carlos, José, etc. 4 — Segundo ainda o Formulário, usa-se ponto-e-vírgula antes de etc. no caso de enumerações constituídas de vários termos agrupados em categorias: Com os ditongos ãe e ãi, escrevem-se: pães, mãezinhas, capitães; zãibo, cãibra; etc. Não há pontoe-vírgula, porém, se a enumeração incluir apenas termos simples: Eis algumas abreviaturas que têm a letra w: kw = quilowatt; w = watt; W = Oeste, etc. 5 — Se a frase tiver outro sinal de pontuação, este costuma ser empregado antes de etc., como neste exemplo do gramático Celso Luft: Levantar cedo. Respirar o ar puro da manhã. Fazer ginástica. Etc. 6 — Se o etc. encerrar a oração, não duplique o ponto. O de etc. serve também como ponto final. Ética interna. Pense que o jornal tem leitores de todas as tendências, raças, credos e religiões. Por isso, procure sempre ser isento no noticiário, especialmente naquele que envolva questões delicadas, e evite utilizar frases, alusões ou conceitos que possam melindrar as pessoas. Lembre-se de que muitos leitores de 50, 60 ou 70 anos podem considerar ofensivos termos que não causariam surpresa aos mais jovens. Esse equilíbrio de linguagem é fundamental para que o jornal continue a gozar do conceito de órgão respeitável e respeitoso para com os seus assinantes e compradores habituais. 1 — Jornais e revistas. Sempre que fizer referência a notícia publicada em outro jornal ou revista, escreva claramente qual foi o órgão que a divulgou. Eufemismos como revista semanal paulista ou jornal carioca não se justificam. O leitor tem o direito de saber qual é a publicação mencionada, até mesmo para procurar a

Ética interna

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informação na própria fonte que a divulgou. 2 — Palavrões e vulgaridades. Por princípio e em respeito ao leitor, o Estado não publica palavrões nem vulgaridades. Assim, todo texto que, mesmo em transcrições, contiver expressões como essas deve ser submetido à Direção da Redação. Por vulgaridades entendam-se termos ou locuções como: de saco cheio, encher o saco, puxa-saco, bicha, veado, veadagem, cafetão, porrada, esculhambar, avacalhação, tesão, pentelho, sapatão, vaca (não o animal), saco, mijar, sacanagem, fresco (pejorativo), frescura, babaca, partir para o tapa, quebrar a cara, etc. 3 — Palavras ofensivas. Além dos palavrões, há uma série de palavras que ofendem aqueles a quem se dirigem. Nem todo gordo aceita ser chamado dessa forma, muito menos de balofo. Se a pessoa tiver orelhas de abano, para que deverá o jornal agravar esse complexo? E em que a notícia ajudará uma pessoa muito feia se lembrar essa condição a todo momento? O mesmo vale para as rugas ou a celulite das atrizes, para operações plásticas tratadas de forma depreciativa, etc. Se as pessoas são vaidosas, por que agredir esse aspecto da sua personalidade? Proceda da mesma forma com termos como baixinho, narigudo, beiçudo, careca, barrigudo e outros do gênero. 4 — Deficiências físicas. Trate com dignidade os deficientes físicos e use a palavra técnica, e não termos populares e ofensivos, para designálos. Assim, por exemplo, estrábico e não vesgo, impotente e não broxa. Outros termos a evitar: caolho, maneta, perneta, manco, zarolho, etc. 5 — Negro e mulato. Se necessário, use a forma negro (e nunca preto, colored, pessoa de cor, crioulo, pardo, etc.). Mulato e mulata são aceitáveis quando se justificar a especificação,

Ética interna na notícia, da cor da pele da pessoa. No noticiário policial, só faça referência a negro quando se tratar de pessoa procurada: A polícia procura dois homens negros e um branco, acusados de... Nos demais casos, raramente há necessidade de falar em brancos, negros ou mulatos. No noticiário geral, a palavra só tem sentido se a própria pessoa se referir a ela ou se houver uma denúncia de discriminação racial. Por isso, não descreva um jogador, artista ou personalidade como, por exemplo: João da Silva, 32 anos, negro (a menos que o personagem proclame a sua negritude). A única exceção seria para casos muito incomuns (o primeiro presidente negro de um país, o primeiro cardeal negro, etc.). O Estado não compactua com casos de racismo e os denuncia sempre. 6 — Velho. Na maior parte dos casos, a palavra tem conotação preconceituosa. Se necessário, revele a idade da pessoa que ficará clara essa condição. E idoso é sempre preferível a velho. 7 — Homossexual. É outro termo que só deve aparecer no noticiário se tiver relação com o fato descrito. Por exemplo: um homossexual foi morto por alguém presumivelmente ligado a uma quadrilha especializada em assassinar esse tipo de pessoas. Outro exemplo: um artista assumidamente homossexual admite que essa condição influenciou o seu trabalho. Mais um: por causa de sua opção sexual, alguém contraiu aids. À exceção de casos como esses, não há razão para menções a respeito. 8 — Menores. Por força de lei, menores envolvidos em crimes não poderão ter os nomes publicados no jornal (identifique-os apenas pelas iniciais), nem suas fotos divulgadas. Lembre-se, porém, de que a inclusão do nome dos pais na notícia imediatamente revelará quem é o menor.

Ética interna

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O Código de Menores é claro a respeito, quando proíbe “expressamente a identificação de menor em notícia que se publique a seu respeito em divulgação em geral, especialmente na imprensa escrita e televisada, seja pelo nome, fotografia, filiação e apelido”. O Estado procede da mesma forma com relação a menores vítimas de atos que lhes possam trazer problemas de caráter social ou lhes acarretar discriminações (estupro, por exemplo). 9 — Correção. Toda informação errada que o Estado publicar deverá ser retificada na edição seguinte, na mesma seção que a divulgou, sob o título Correção, ressalvados os casos excepcionais, que exijam maior destaque. Justificam um reparo, dessa forma, erros graves de data, nomes errados, fatos atribuídos a pessoas que não os praticaram e outros do gênero. Erros gráficos que dêem margem a interpretação dúbia quanto às reais intenções do jornal devem ser igualmente corrigidos. Assim, se por uma falha se escreve o sujeito fulano de tal, em vez de o prefeito fulano de tal, não se deve deixar de, logo em seguida, esclarecer ao leitor que houve um engano no texto da notícia. Uma correção sumária pode ser, por exemplo: A notícia publicada ontem na página 5 do Estado, sob o título..., apresenta uma incorreção. Quem comandava o então II Exército em..., ano em que fulano de tal foi cassado, era o general X e não o general Y. 10 — Doenças. O jornal deve informar claramente do que uma pessoa sofre, foi operada ou morreu. Não há sentido em esconder que alguém tem câncer, por exemplo, ou mesmo aids. Caso não revele essa informação, a notícia estará sendo desleal com o leitor e ocultando-lhe um fato que ele merece conhecer. Apenas, trate a doença com naturalidade, sem sensacionalismo.

Ética interna 11 — Suicídios. Se uma pessoa conhecida se suicidou, a notícia deve revelá-lo ao leitor, também para que este não receba a informação pela metade. Em qualquer relato de morte, o mínimo que se quer saber é de que maneira ou em que circunstâncias ela ocorreu: Doença? Acidente? Suicídio? Por mais doloroso que seja o fato, evite disfarçá-lo. 12 — Raças e nacionalidades. Nunca recorra a palavras que agridam raças, nacionalidades ou tendências políticas, como carcamano, comuna, china (por chinês), turco (por árabe), polaco, japa, gringo, galego, português ou lusitano (no mau sentido), pau-de-arara, cabeça-chata, baiano (para qualquer nordestino), judeu (no mau sentido), judiar, judiação, amarelo (por oriental), vermelho (por comunista), etc. 13 — Qualificativos. Designe a pessoa sempre pela sua ocupação principal e não por outra, acessória (ou por um qualificativo), que tenha por objetivo apenas rebaixá-la perante o leitor. Se um astrólogo for nomeado ministro, ele será ministro no noticiário, e não astrólogo. Idem um sindicalista que se eleja deputado. Ou um chacareiro que atinja posição política de destaque. 14 — Iniciais. Além do caso dos menores, iniciais poderão também ser utilizadas, a critério da Direção da Redação, para designar autores de denúncias que possam causar-lhes problemas ou risco de vida e mulheres adultas vítimas de estupro cuja identidade o jornal admita preservar. 15 — Desempregado (técnico). Elimine um vício do noticiário esportivo: o de se referir a todo técnico de futebol dispensado por um clube como “mais um desempregado”. Diga apenas que ele foi demitido ou dispensado. Trata-se de um trabalhador como outro qualquer e o desempregado, no caso, dá sempre à notícia um sentido

Eu

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pejorativo, que pode perfeitamente ser evitado. 16 — Vender e comprar (jogador). Fale sempre em compra e venda do passe e não do atleta, que é um ser humano e não mercadoria em transação. Eu. 1 — Não pode funcionar como objeto direto. Por isso, nunca escreva: Ele mandou “eu” ficar (o certo: mandou-me ficar). 2 — Ver pronomes retos, item 2, página 241. Eufemismo. É o uso de uma palavra mais branda no lugar de outra. Exemplo: dizer que alguém é esquecido para não chamá-lo de omisso. Só deve ser usado para evitar palavrões ou termos que possam chocar o leitor. Tenha cuidado para não encampar um tipo de eufemismo de que o governo lança mão regularmente a fim de se promover ou disfarçar iniciativas antipáticas. Exemplo: as autoridades econômicas usam o eufemismo realinhamento para substituir o aumento de preços que se consideram desatualizados. Da mesma forma, no governo Geisel falou-se muito em aperfeiçoamento democrático quando não havia uma democracia que correspondesse plenamente a essa classificação. No rodízio de carros adotado em São Paulo, a Secretaria do Meio Ambiente recorreu à palavra adesão, deliberadamente, para caracterizar o cumprimento dessa determinação legal. Nem todos os que respeitaram o rodízio, porém, aderiram a ele (muitos paulistanos deixaram o carro em casa apenas por temor da multa prevista na lei). Também já se usou a palavra eutanásia para definir a mera retirada de órgãos de corpos ainda não clinicamente mortos em Taubaté. Fique alerta especialmente com relação aos termos aperfeiçoamento, melhoria, recuperação e outros que freqüentemente ocultam intenções em vez de exprimir realidades.

Ex (uso)

Euro... Liga-se com hífen ao elemento seguinte na formação de adjetivos pátrios: euro-africano, euro-afro-americano, euro-asiático. Nos demais compostos, não existe hífen: eurocomunismo, eurodólar. Evacuar. Use o verbo apenas no sentido fisiológico: evacuar sangue. Nos demais, prefira desocupar, esvaziar, retirar de, sair de, deixar livre. E substitua evacuação por desocupação, retirada, esvaziamento, saída de, etc.: Polícia esvazia a Paulista. / Governo desocupa área invadida. / Começa a retirada dos flagelados da região inundada. Evadir-se. Alguém se evade e não evade, apenas: Os detentos evadiram-se. Prefira fugir, no entanto. Evento. O termo aplica-se apenas a acontecimento ou fato importante. Nos demais casos, use reunião, promoção, realização, congresso, simpósio, show, concerto, etc., em vez de evento, genericamente. Ex... Com o sentido de cessamento ou estado anterior, é sempre seguido de hífen: ex-presidente, ex-governador, ex-prefeito, ex-diretor, ex-aluno, exoficial. Não confundir essas com formas como expatriar, expropriar, exabundância, em que o prefixo ex tem outros significados, ligando-se, então, sem hífen ao elemento seguinte. Ex (uso). l — Ao designar alguém com o prefixo ex, nomeie o cargo mais alto que a pessoa ocupou, e não o mais recente. Assim, o ex-presidente João de Almeida (e não o ex-governador João de Almeida ou o ex-prefeito João de Almeida), o ex-ministro Fábio Andrade (e não o ex-deputado Fábio Andrade), etc. A ordem de importância dos cargos, para estabelecer a hierarquia, é a seguinte: presidente da República, vice-presidente, ministro, governador, senador, deputado federal, deputado estadual, prefeito e vereador. No caso de prefeito e deputado estadual, use o bom senso: o ex-

Exageros

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prefeito de uma capital, por exemplo, é mais importante que um ex-deputado estadual. 2 — Ex-ministro. Alguém é ex-ministro, apenas, ou ministro de um governo passado. Assim, o ex-ministro Mário Henrique Simonsen ou o ministro da Fazenda no governo Ernesto Geisel, Mário Henrique Simonsen. Nunca, porém, o ex-ministro da Fazenda do governo Ernesto Geisel, Mário Henrique Simonsen. 3 — Só chame de ex-presidentes, ex-governadores, etc., os ainda vivos. Os que já morreram são o presidente Castelo Branco, o presidente Juscelino Kubitschek, o governador Ademar de Barros, etc. 4 — Ver nos verbetes aposto, página 39, e cargos (como usar), página 57, quando o nome de um ocupante de cargo vai ou não entre vírgulas. Exageros. Evite as afirmações definitivas, categóricas, que tentem impor a todos uma verdade no mínimo passível de discussões, ou ultrapassem os limites do razoável. Como nestes exemplos: O mundo do espetáculo no Brasil se divide, a partir de agora, em antes e depois de Tina Turner no Maracanã. / Antes de Guimarães Rosa, o que havia no Brasil não poderia ser chamado de literatura. / Foi necessário que o deputado Carlos de Sousa se elegesse para que a Câmara readquirisse a dignidade perdida. / Ninguém, a não ser Paulo Macedo, poderia tocar Beethoven de maneira tão sublime. / Este foi o maior presidente que o Brasil — e possivelmente qualquer outro país do mundo — já teve. / Steve Harris, como todo mundo sabe, é o melhor baixista do heavy metal. / O técnico, enfurecido, manifestou sua ira contra o critério de desempate do torneio. “Exatos”. Fuja do modismo, até porque o período é que é exato, e não o número. Opção: Trabalhou exatamente 2 meses e 14 dias no projeto (e não

“Exitoso”

“exatos” 2 meses e 14 dias). Na maior parte dos casos, porém, nem o exatamente é necessário. Exceção. l — “Excessão” (com dois ss) constitui erro grosseiro. 2 — Em português, não existe a locução “exceção feita de”, que deverá ser substituída por à exceção de ou com exceção de. 3 — Ver em exceto, nesta página, a concordância de à exceção de. Exceder. Prefira a regência direta: A viagem não excedia uma hora (e não a uma hora). / A receita excedeu em muito o (e não ao) montante previsto. Exceto. l — O verbo concorda com o primeiro sujeito: O grupo, exceto nós dois, partiu de manhã cedo. / Ninguém, exceto eles, quis fazer a matéria. / Todos, exceto vós, serão convidados. Note que houve apenas uma intercalação: Todos serão convidados, exceto vós. Seguem a mesma norma afora, fora, menos, salvo, à exceção de, etc. 2 — Para maior clareza, mantenha o regime do verbo: Promoveu todos os funcionários, exceto o mais novo. / Falou de todos, exceto do pai. / Dançava com todos, exceto com os desajeitados. Proceda da mesma forma com menos (Falou de todos, menos do pai). Exercício. Use sempre a locução em exercício para designar um vice ou outra pessoa que substitua o detentor de um cargo: O presidente em exercício, José de Almeida, ... / O governador em exercício, Carlos Sampaio, ... Exército de Salvação. E não da Salvação. Existir. Concordância normal: Existem muitas pessoas ali. / Não existiam mais dúvidas a respeito. / As irregularidades denunciadas sempre haviam existido. “Exitar”. Erro grosseiro. O certo é hesitar. “Exitoso”. Não existe. Use bem-sucedido ou equivalente.

Expedir

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Expedir. Conjuga-se como pedir (ver, página 215). Expelir. Conjuga-se como aderir (ver, página 32): expilo, expeles; que eu expila; expele tu, expeli vós; etc. Expiar. Com x no sentido de pagar, remir (crime, pecado, etc.): expiar o crime, expiar a falta. Igualmente, bode expiatório. Expirar. 1 — Com x equivale a expelir o ar dos pulmões, morrer, terminar e definhar, entre outros significados: Inspirar e expirar. / Murmurou palavras incompreensíveis e expirou em seguida. / O prazo expira hoje. Repare: expira e não expira-se. 2 — Com s corresponde a estar vivo, soprar, exalar e respirar (é pouco usado, no entanto). Explicação. 1 — Todo termo que o leitor não conheça ou lhe possa causar estranheza ou dúvidas deve ser imediatamente explicado entre parênteses, em qualquer área do noticiário (medicina, economia, geral, política, esportes, direito, etc.). Lembre-se de que ninguém é obrigado a conhecer palavras específicas desses setores ou de outros. Veja como proceder: O Brasil conseguiu a redução do spread (taxa de risco) cobrado pelos bancos estrangeiros. / A neurofibromatose (doença que aleija, desfigura e mata suas vítimas) é a meta prioritária... / A cirurgia foi adiada por causa de uma arritmia cardíaca (batimento irregular do coração). / O senador previu um quadro de estagflação (estagnação com inflação) no País ainda este ano. / Os trabalhadores com leucopenia (diminuição do número dos glóbulos brancos do sangue) não podem exercer suas funções em ambiente poluído. / As pessoas tendem a herdar baixos índices de metabolismo — o processo pelo qual o corpo transforma os alimentos em energia — e esta é a causa do aumento incomum de peso.

Explicação Outros termos ou expressões que justificarão explicação sempre: miocárdio, cautelar, serviço da dívida, libor, prime rate, drogas anabolizantes, leucócitos, teodolito, ergonomia, etc. Pense ainda: por mais que o leitor de futebol ouça falar sempre em músculo adutor, panturrilha, contratura muscular, tendão de Aquiles, traumatismo craniano ou mesmo a prosaica distensão, saberá ele exatamente o que cada um significa? 2 — A explicação não deve limitarse a palavras ou expressões estranhas ao leitor, mas pode fornecer-lhe, na maioria dos casos, informações adicionais. Nas notícias sobre pessoas, por exemplo, identifique o personagem com indicações como: O empresário João de Almeida (Grupo Acme), a marchande Maria de Sousa (Galeria Estrela), a socialite Regina Martins, a modelo Francisca Barbosa, a escritora Joana Carvalho (e não apenas Regina Martins, Francisca Barbosa, Joana Carvalho), etc. 3 — A menos que se trate de casos de absoluto domínio público, as alusões ou citações, mesmo de forma velada, devem transmitir ao leitor uma idéia daquilo a que a notícia se está referindo. Apesar de toda a divulgação, a maioria dos leitores sabe exatamente quem constituía o grupo do poire? Quando você escreve que há algo de novo no ar além dos aviões de carreira, todos se lembrarão de que se trata de uma frase do Barão de Itararé? O leitor identificará de imediato uma alusão à turma de São José do Pericumã com as pessoas que cercavam José Sarney? Ou a menção de que alguém será famoso durante 15 minutos no ano 2000 recordará o autor da frase, Andy Warhol? Da mesma forma as referências a práticas da cultura alternativa, como o zen, o I Ching, a macrobiótica, a astrologia, cairão no vazio se o leitor não estiver afeito a esses assuntos.

Explodir

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Por isso, procure não fazer referências isoladas no texto sem complementá-las com indicações que permitam sua melhor identificação. Você evitará que, no fim, elas se tornem frases de efeito em circuito fechado. Como, por exemplo, no texto abaixo: O mais obstinado dos defensores da adoção da pena de morte no Brasil, o deputado Y, repetiu os seus já conhecidos argumentos sobre a eficácia do fator intimidação. Quantos leitores do jornal saberão quais são os seus já conhecidos argumentos? Explodir. l — Só tem as formas em que ao d se segue e ou i: explode, explodia, explodirá, etc. Assim, não existem “explodo”, “expludo”, “exploda”, “expluda”, etc. 2 — É intransitivo no sentido de rebentar, estourar: A bomba explodiu no edifício. Evite escrever: Os terroristas explodiram o avião, o prédio, o carro, etc. Neste caso, use, corretamente, fizeram explodir. “Expor que”. Expõe-se algo, mas não se expõe que. Exportar para. E não a: O Brasil exporta frango para o Iraque. Expressões de tempo. l — Uso da preposição a) Com os dias da semana e as palavras este e dia, é facultativo o uso da preposição: X chega (no) domingo. / A exposição abre-se (na) sextafeira. / O acordo será firmado ainda (n) este mês. / O presidente volta ao Brasil (no) dia 30. Na maior parte dos casos, a omissão da preposição torna a frase mais direta, mais incisiva. b) Com semana, mês e ano, porém, prefira a forma com preposição, mais eufônica: X regressa na semana que vem, no mês que vem, no ano que vem (e não semana que vem, mês que vem, ano que vem). / Y chegou na semana passada, no mês passado, no ano passado (em vez de semana passada, mês passado, ano passado). / Z virá na semana vindoura, no

Expressões de tempo mês vindouro, no ano vindouro, na próxima semana, no próximo mês, no próximo ano (em vez de semana vindoura, ano próximo, etc.). 2 — Dias da semana a) Use no texto, de preferência, a forma completa: segunda-feira, quarta-feira. Nos títulos, se necessário, recorra à abreviada: segunda, quarta. No plural, variam os dois elementos: segundas-feiras, terças-feiras, quartas-feiras, quintas-feiras, sextas-feiras. b) Nas enumerações, a forma reduzida é melhor que a completa por evitar a repetição de feira, que deve constar (podendo, porém, dispensar-se) apenas do último termo: Na noite de segunda para terça-feira... / As sessões realizam-se às segundas, quartas e sextas-feiras. / O congresso irá de terça a quinta-feira. / Haverá um sorteio na terça e outro na quintafeira. c) Como recurso, e apenas nos títulos, poderão ser usados números, mantendo-se o hífen, no entanto: A atriz chega 2ª-feira. / O Congresso reabre-se 5ª-feira. Mesmo em números, admite-se a forma reduzida: A atriz chega 2ª / O Congresso reabrese na 5ª. Evite, porém, a redução 3ªfeira ou 3ª, porque a rigor o que está escrito é terceira-feira ou terceira, e não terça-feira ou terça. d) Use sempre o dia da semana, e não o do mês, se o fato estiver previsto para os sete dias seguintes. Assim, se a edição for a do dia 2, e houver uma reunião marcada para o dia 7, refira-se à terça ou quinta, e não ao dia 7. e) O dia seguinte é sempre amanhã, e nunca sábado (se a edição for a de sexta) ou quarta-feira (se a edição for a de terça). A única exceção permitida (e recomendada) é usar nesta segunda-feira na edição de domingo. A razão: o jornal de domingo começa a circular no sábado à tarde e a indi-

Expressões de tempo

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cação segunda-feira eliminará quaisquer dúvidas. f) Não use as formas na próxima quinta-feira, na sexta-feira vindoura, no sábado que vem, no domingo passado, na terça-feira última, na última quarta-feira. Se você anunciar alguma coisa para quinta-feira, por exemplo, ficará claro que é a próxima. E, se você escrever que algo se realizou sábado, terá sido sempre no sábado passado. Por isso, escreva apenas: A exposição começa quinta-feira. / O torneio encerrou-se domingo. Em nenhuma hipótese use as variantes próximo futuro ou próximo passado. 3 — Dias do mês a) Não use o nome do mês se a data a que você se refere estiver compreendida nos 30 dias seguintes. Supondose a edição de 20 de setembro, notícias sobre o dia 30 de setembro ou 16 de outubro sairiam desta forma: O estádio reabre-se (no) dia 30. / Feira de informática começa (no) dia 16 (e não dia 16 de outubro). b) Se a data superar os 30 dias seguintes, torna-se obrigatório citar o nome do mês: O estádio reabre-se em 30 de outubro (ou dia 30 de outubro). / Feira de informática começa em 5 de novembro (ou dia 5 de novembro). c) Conserve sempre a palavra dia em exemplos como os seguintes: O estádio reabre-se dia 30 (e não a 30). / Prazo para pagar IPTU vai até dia 16 (e não vai até 16). / Aumento ameaça quem não pagar IR até dia 28 (e não até 28). d) O dia 1º deverá ser escrito sempre desta forma, em ordinal: Trabalhadores decretam greve para o dia 1º (e não para o dia 1). / O governo fixa a data do recenseamento: 1º de fevereiro. e) O dia referido é sempre o próximo, o vindouro, o passado ou o último. Por isso, dispense essas indicações: O estádio reabre-se dia 30 (e

Expressões de tempo não no próximo dia 30). / Pesquisa vai até o dia 15 (e não até o dia 15 vindouro). / O torneio começou dia 16 (e não no último dia 16). / A atriz chegou dia 5 (e não dia 5 passado). f) Escreva os dias do mês em algarismos, e não por extenso: 1º de agosto (e não primeiro de agosto), 16 de novembro (e nunca dezesseis de novembro), dia 1º, etc. A única exceção admitida são as datas históricas, e assim mesmo quando se quiser dar realce a elas: o Sete de Setembro, o Nove de Julho. g) Use esta forma, tanto no noticiário como nos títulos: 12 de agosto de 1987, 10 de setembro de 1947, 4 de março. Apenas em casos especiais (tabelas, enumerações, quadros, etc.) recorra à notação abreviada: 3/9/54, 8/11/1987. Nunca, porém, adote no noticiário formas como: A festa começa em 4/8. / O presidente dos EUA visitará o Brasil em 9/2/98. h) Em nenhuma hipótese use o dígito 0 antes do número referente a dia ou mês: Dia 5 de novembro (e nunca dia 05 de novembro). / 8/4/95 (e nunca 08/04/95). 4 — Meses a) Não use a palavra mês antes do nome do próprio mês: X volta ao Brasil em dezembro (e não no mês de dezembro). / A volta de X está prevista para dezembro (e não para o mês de dezembro). b) Próximo e passado podem ser usados livremente para designar o mês, assim como a expressão que vem: X volta ao Brasil no próximo mês (no mês que vem). / Y viajou para a Europa no mês passado. 5 — Anos a) Da mesma forma, use apenas o número designativo do ano, sem a palavra ano antes dele: X volta ao Brasil em 1997 (e não no ano de 1997). / A volta de X está prevista para 1997 (e não para o ano de 1997). Exceção: ano 2000, anos 30, anos 80.

Exprimido, expresso

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b) Próximo e passado podem também ser livremente empregados para designar o ano, assim como a expressão que vem: X volta ao Brasil no próximo ano (no ano que vem). / Y viajou para a Europa no ano passado. c) O número referente ao ano não tem ponto: 1996, 1957, 2000 (e nunca 1.996, 1.957, 2.000). Exprimido, expresso. Use exprimido com ter e haver e expresso, com ser e estar: Tinha (havia) exprimido, foi (estava) expresso. “Expropriar”. Só em citações (entre aspas) pode ser usado como sinônimo de roubar. Expulsado, expulso. Use expulsado com ter e haver e expulso, com ser e estar: A polícia tinha expulsado os manifestantes. / Os manifestantes foram expulsos da sala. Exterior. Inicial minúscula: O prefeito viaja de novo para o exterior. / O Brasil vende mais carros para o exterior. Extinguir. l — Use extinguido com os auxiliares ter e haver: Os bombeiros tinham (haviam) extinguido as chamas. E extinto, com ser, estar ou ficar: As chamas foram (estavam, ficaram) extintas. 2 — Conjuga-se como distinguir (ver, página 98). 3 — Repare: a palavra não tem trema. Extorquir. 1 — Alguma coisa é extorquida e não alguém: Extorquiu dinheiro do amigo (e não “extorquiu o amigo”. 2 — Conjugação. Só tem as formas em que ao qu se segue e ou i: extorque, extorquirá, etc. Extra. Admite o plural e não se liga com hífen à palavra anterior: horas extras, serviços extras, edições extras. Flexiona-se também como substantivo: os extras (figurantes) da novela. Extra... l — Hífen antes de vogal, h, r e s: extra-alcance, extra-escolar, extraoficial, extra-uterino, extra-hospitalar, extra-regulamentar, extra-sensorial. Exceção já consagrada pelo uso: extraordinário. Nos demais casos: ex-

Falar

traconjugal, extrajudicial, extratropical. 2 — Quando se liga a um adjetivo, forma outro adjetivo, variável: artigos extrafinos, seres extraterrenos. 3 — Se o elemento com que extra se combina é substantivo, o adjetivo resultante não varia: fatores extracampo, passeios extraprograma. Extrapolar. O verbo, a rigor, só existe no sentido matemático. Por isso, nos demais casos, adote exceder, ultrapassar, exorbitar, ir além de (e não, por exemplo: Ele “extrapolou” da sua competência. / A polícia “extrapolou” ao proibir aquelas manifestações... / Desta vez a figurinista “extrapolou” / Os modelos “extrapolaram” os limites do bom senso). Extrema-direita, extrema direita. Com hífen, designa o jogador ou a posição no futebol. Sem hífen, é a tendência política. Da mesma forma, extremaesquerda e extrema esquerda. “Exultar de alegria”. Redundância. Só se exulta de alegria.

Faça-o entrar. E nunca “faça ele entrar”, “faça ele dizer”, etc. “Face a”. Use em face de ou ante no lugar de face a, locução inexistente em português: Em face da (ou ante a) confusão reinante no presídio, a direção cancelou as visitas. Faisão. Flexões: faisoa (prefira), faisã, faisões (prefira) e faisães. Falar. l — Como sinônimo de afirmar, declarar, enunciar, deve-se usar dizer: O presidente disse (e não falou) que o País está no rumo certo. / Não diga (e não fale) nada a ele. / Que você disse (e não falou) a ele? / Eu não disse isso (e não falei). / Venha logo, disse o pai ao filho. / O bêbado dizia palavras sem nexo. / Um sorriso diz

“Falecer”

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muito. / Ele tinha dito (e não falado) que o incêndio fora proposital. 2 — Falar aparece, mais adequadamente, em frases como: Fale a linguagem do povo. / Ele fala várias línguas. / Não fale nesses assuntos. / Ele falou em ficar. / Não fale com o motorista. / Não me fale nisso. / Esse pensamento fala à razão. / O deputado quer falar com o governador. / Ele fala muito, mas não diz nada. / Se você falar com ela, diga-lhe que não demore. Repare que, em nenhum destes casos, falar equivale a afirmar, declarar ou enunciar. 3 — Regra prática. Com que, use sempre dizer, e nunca falar: Ele disse que (e não falou que) o incêndio havia sido criminoso. / Os pais do seqüestrador disseram que (em vez de falaram que) ninguém os afastaria dali. “Falecer”. No noticiário, use morrer. Falência. Use apenas para empresas. Para pessoas (físicas), empregue insolvência. Falir. 1 — Conjugação. Só tem as formas em que ao l se segue o i. Pres. ind.: Falimos, falis (não existem as outras pessoas). Pres. subj.: Não tem. Imper. afirm.: Fali vós (única pessoa). Os demais tempos são regulares (falia, faliu, falira, falira, faliria, falisse, etc.). Substitua os tempos inexistentes por: abre falência, que venha a falir, etc. 2 — No sentido de quebrar financeiramente, o verbo rejeita complemento. Por isso, ninguém pode “falir uma empresa”, mas fazer uma empresa falir. Faltar. Ao contrário de outros verbos que indicam tempo, faltar deve ir para o plural tanto quando indica tempo como nos demais significados: Faltam duas horas para o início da sessão. / Faltam dois anos para o empregado se aposentar. / Faltam 5 minutos para as 8 horas. / Faltam cores ao quadro. / Faltam vagas. / Não lhe faltaram oportunidades na vida.

Fazer

Faltar mais infinitivo. Faltar não varia quando está ligado a um infinitivo: São trabalhos que ainda me falta fazer. / Falta mandar nove volumes ainda. / Ali estavam os contratos que faltava assinar. Famigerado. Significa famoso, célebre, e não bandido, celerado. Por isso, é palavra a evitar. Em alguns casos, pode ser substituído por indigitado. Familiares. Prefira parentes, mais usual. Fantasma. Use como adjetivo e sem aspas quando vier depois de um substantivo: empresa fantasma, funcionários fantasmas, O Navio Fantasma. Favorecer. Favorece-se alguém ou alguma coisa: Gostava de favorecer os (e não “aos”) amigos. / O retrato favoreceu-a. / O árbitro favoreceu o time da casa. Fax. Não flexione: um fax, cinco fax. Faz cinco meses, faz dias bonitos. 1— Em orações desse tipo, com idéia de tempo ou fenômenos da natureza, fazer é impessoal, isto é, não tem sujeito. O verbo, portanto, fica no singular: Faz cinco meses que cheguei aqui. / Faz duas horas que ele saiu. / Fez dez anos ontem que o prefeito morreu. / Em setembro faz dias muito bonitos. 2 — A regra mantémse no caso de haver um auxiliar: Vai fazer seis meses que o presidente assumiu o governo. / Deve fazer muitas semanas de sol este ano. 3 — Se a frase tiver sujeito, obviamente este concordará com o verbo, mesmo que esteja clara a noção de tempo: Eles fizeram dez anos de casados. Fazenda. Inicial maiúscula: Fazenda Santa Elisa. Fazer. Conjugação. Pres. ind.: Faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem. Pret. perf. ind.: Fiz, fizeste, fez, fizemos, fizestes, fizeram. M.-q.-perf. ind.: Fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, fizeram. Fut. pres.: Farei,

Fazer (derivados)

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farás, fará, faremos, fareis, farão. Fut. pret.: Faria, farias, faria, faríamos, faríeis, fariam. Pres. subj.: Faça, faças, faça, façamos, façais, façam. Imp. subj.: Fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, fizessem. Fut. subj.: Fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem. Imper. afirm.: Faze, faça, façamos, fazei, façam. Part.: Feito. Os demais tempos são regulares. Fazer (derivados). Atenção para alguns tempos: satisfará, satisfarão; satisfaria, satisfariam; satisfaça, satisfaçam; se ele satisfizesse, satisfizessem; se ele satisfizer, satisfizerem. Da mesma forma: afazer, desfazer, liquefazer, perfazer, rarefazer, refazer (perfez, perfariam; refizeram, refarão). Fazer as vezes de. Sem crase. Fazer com que, fazer que. l — No sentido de fingir, só se pode usar fazer que: Fez que não ouviu a advertência. / Fez que não viu o amigo. 2 — Como esforçar-se ou empenhar-se por, causar, obrigar a, existem as duas formas, fazer com que e fazer que. Prefira, no entanto, fazer que: Fez que lhe autorizassem a saída. / O trabalho do advogado fez que o réu fosse absolvido. / Seu empenho faz que lhe reconheçam a capacidade. “Fazer erro”, “fazer falta”. Em bom português, fazer não substitui cometer ou praticar. Use, pois: cometer erros, praticar faltas, cometer equívocos, distrações, enganos, etc. Fazer mais infinitivo. 1 — Não flexione o infinitivo: Pressão sindical faz políticos recuar (e não recuarem). / O jogo fez os pais se atrasar. 2 — Ver infinitivo, página 145. “Fazer mortes”. Para mortes, use causar e provocar, nunca fazer: Avião cai e causa 15 mortes (e não “faz” 15 mortes ou mortos). / Dia violento provoca dez mortes no Rio (e não “faz” dez mortos). Da mesma forma não empregue fazer para feridos: Temporal “faz” dez feridos. O certo: Temporal

Feminino

fere dez pessoas. / Temporal causa ferimentos em dez pessoas. “Fazer a sua estréia”. Use estrear, mais direto. Fechamento. Cada editoria tem um horário de fechamento (deadline) — fixado pela Direção da Redação — que deve ser rigorosamente obedecido para evitar que, numa reação em cadeia, o jornal termine chegando às bancas ou aos assinantes com atraso. Mesmo em dias de coberturas extraordinárias ou de fatos de última hora, faça o possível para manter-se no deadline estabelecido. Em casos como esses, todos sabem — o leitor inclusive — que o jornal está oferecendo a melhor cobertura possível, e não a ideal. E lembre-se: você sempre tem o recurso do 2º clichê para enriquecer ou complementar o noticiário e consertar eventuais falhas de texto ou edição. Federação. Inicial maiúscula quando designa o conjunto dos Estados: A crise estadual ameaça a unidade da Federação. Feio. Ver em é preciso, página 111, a concordância de é feio. Feíssimo. Um i só. Feito de. Um material é feito de e nunca “feito em”. Assim: estátuas feitas de madeira, peça feita de fibra de carbono, etc. Felá. Feminino: felaína. Felizmente. Não use nas notícias e reportagens em frases como: Felizmente não houve mortos no acidente. / Felizmente o Brasil começa a conter a inflação. O texto deve ser objetivo e felizmente expressa uma opinião. Fêmea. Ver macho, fêmea, página 166. Feminino. Este manual registra, nos respectivos verbetes, alguns femininos irregulares e outros que possam causar dúvidas, como ancião, anciã; diácono, diaconisa; sultão, sultana, etc. Para evitar erros, nunca deixe de consultá-los.

Feminino (cargos)

129

Feminino (cargos). Ver cargos (como usar), página 57. Fenômeno. Liga-se com hífen a outro substantivo: pianista-fenômeno, animais-fenômeno. Féretro. É o caixão mortuário e não o funeral. Dessa forma, não diga que o féretro foi muito concorrido ou que alguém compareceu ao féretro. Acompanha-se um féretro, um féretro sai de algum lugar para outro, etc. Féria, férias. 1 — Féria designa o dinheiro arrecadado em um período de tempo: Sua féria diária aumentava muito no verão. 2 — Use férias, sempre no plural, para indicar os dias de descanso legal: Tirava férias sempre no verão. 3 — Existem as duas formas, em férias e de férias. No Estado, prefira a primeira: O colunista X está em férias. Ferir. Conjugação. Pres. ind.: Firo, feres, fere, ferimos, feris, ferem. Pres. subj.: Fira, firas, fira, firamos, firais, firam. Imper. afirm.: Fere, fira, firamos, feri, firam. “Ferros retorcidos”. Lugar-comum. Não use. FGTS. Atenção: Fundo de Garantia do (e não por) Tempo de Serviço. Fiado. Pode ser advérbio ou adjetivo. Como advérbio, a palavra permanece invariável: Comprei a casa fiado. / Vendeu os carros fiado. Como adjetivo, faz a concordância normal: Os artigos foram fiados pelo vendedor. / Isto é conversa fiada. Fiel. Superlativo: fidelíssimo. Figadal. E nunca “fidagal” (vem de fígado). Figurão. Flexões: figurona e figurões. Filadélfia. Em Filadélfia e não na Filadélfia. Filantropo. E não “filântropo”. Filipe. E não Felipe, a menos que a pessoa se assine dessa forma. Filo... Liga-se sem hífen à palavra ou elemento de composição seguinte, duplicando-se o r e o s que iniciem sí-

Flagrante, fragrante

labas: filocomunista, filosofia, filotécnico, filorretina, filossoviético. Fim, final. 1 — Fim é a palavra correta para indicar o término ou a conclusão de alguma coisa: no fim da semana, no fim do mês, no fim do ano, no fim do século, até o fim de 1988, até o fim do trabalho, até o fim dos dias, no fim do jogo. Repare que existem até frases feitas formadas por fim: fim de semana, fim de ano, fim de século, fim de tarde, fim de noite, etc. 2 — Final deve ser empregada apenas em duas condições: a) Para definir a parte final de alguma coisa ou uma decisão de campeonato: O final da ópera é muito bonito. / A platéia chorou no final do filme. / A final do campeonato será disputada domingo. b) Como adjetivo: Esta é a palavra final sobre o caso. Fim de semana. Sem hífen. Finalmente. Tem plural quando substantivado: Queriam chegar aos finalmentes. Finlandês. Prefixo nos adjetivos pátrios: fino (fino-russo, fino-húngaro). Fiorde. Aportuguesamento de fjord. “Firenze”. Escreva Florença. Fisco. Inicial maiúscula: Deve muito dinheiro ao Fisco. “Fisicultor”. O Estado só usa preparador físico. Fisio... Liga-se sem hífen à palavra ou elemento de composição seguinte: fisioeconômico, fisiogenia, fisioterapia. Flagra, flagrar. Formas populares, aceitáveis apenas na linguagem coloquial ou em declarações. Flagrante, fragrante. 1 — Flagrante significa tanto evidente, patente, como o ato de ser surpreendido em alguma situação: Flagrante delito, injustiça flagrante. / Flagrante de adultério, apanhado em flagrante. 2 — Fragrante é perfumado: Ar fragrante, flores fragrantes. 3 — Substantivos cor-

Flash

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respondentes: flagrância (desusado) e fragrância. Flash. Plural: flashes. Flecha. Com ch. Flexa, só em alguns nomes próprios. Fleuma, fleumático. Desta forma. Fluido, fluir, fruir. a) Fluido (úi). Pode ser substantivo: A água e os gases são fluidos. / Fluido material, fluido ideal, fluido vital, fluido para freios. Ou adjetivo, com o sentido de pouco espesso, corrente, límpido, frouxo: óleo fluido, estilo fluido, idéias fluidas. b) Fluído. Particípio de fluir: O tempo havia fluído rapidamente. c) Fluir. Equivale a proceder, correr, manar: A água fluía da fonte. / O trânsito flui facilmente nos feriados. / Todas as coisas fluem de Deus. d) Fruir. Significa aproveitar, desfrutar, possuir: Fruía todos os favores possíveis. / Ainda bem que fruíam dos bens que adquiriam. e) Fruído. Particípio de fruir: Tinha fruído todas as vantagens do cargo. Fluminense. Ver carioca, página 58. Fluxo regular. 1 — Nunca retenha matérias com você desnecessariamente. Depois que a página estiver diagramada, os textos deverão ser titulados e enviados um a um para composição, e não todos de uma vez, apenas quando o último deles for considerado liberado. Lembre-se: o acúmulo de originais nas horas de pico atrasa consideravelmente o fechamento do jornal. 2 — Textos muito extensos — como íntegras, entrevistas, listas de aprovados no vestibular, relatórios e outros — deverão ser preparados o mais cedo possível, mesmo que a página ainda não esteja diagramada. Essa providência facilita o trabalho de fechamento e permite o ganho de minutos muito importantes na preparação da edição do dia. 3 — Da mesma forma, textos especiais — como páginas brancas (sem anúncios), reportagens de domingo,

Forçar

etc. — deverão ser compostos antecipadamente para que se evite sobrecarga das edições, especialmente da de domingo, já por si maior que as normais. Fobia. Significa medo exagerado: Fobia das multidões, fobia de avião. Não tem o sentido de mania, obsessão, neurose, que lhe está sendo atribuído cada vez mais, como nesta frase real: Por que essa fobia de querer homenagear o compositor? Da mesma forma, fobia por modismos caracteriza aversão e não atração por modismos. Folgazão. Flexões: folgazã (prefira), folgazona e folgazões. Folião. Flexões: foliona e foliões. Fondue. Palavra feminina: a fondue. Fone. Indica um número: Fone 22042000. Nunca use, porém: Denúncia leva a “fone” (mas telefone) de seqüestrador. Fora. 1 — Pode ser advérbio e como tal fica invariável: Estavam todos fora da lista. / Gostava de dormir fora de casa. 2 — Como substantivo, admite o plural: Levou dois foras sucessivos. / Deu muitos foras na festa. 3 — Emprega-se também como sinônimo de afora: Fora os amigos, ninguém mais lhe dava atenção. 4 — Concordância: ver exceto, página 122. Fora-da, fora de. São invariáveis (como palavras compostas ou locuções): os fora-da-lei, indivíduos fora-da-lei; os fora de série, carros fora de série; estavam fora de si, estávamos fora de nós. Fora de si. Só pode ser usado na terceira pessoa (do singular ou plural): Ele ficou fora de si. / Eles ficaram fora de si. Nos demais casos, é obrigatória a concordância: Fiquei fora de mim. / Ficaste fora de ti. / Ficamos fora de nós. Forçar. Antes de infinitivo, exige a: O frio força a ficar em casa.

Foreign Office

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Foreign Office. É o Ministério das Relações Exteriores da Inglaterra. Forma. 1 — Ver em de maneira que, página 89, como usar a locução de forma que. 2 — Ver em assim como, página 47, a concordância da locução da mesma forma que. Forma pela qual. Prefira forma pela qual (forma pela qual foi contratado, p. ex.) a forma como. Formar-se em. a) Uma pessoa se forma ou é formada em uma disciplina: formado em Direito, formado em Medicina. b) Nunca, porém, escreva que alguém se formou “em médico” ou é formado “em advogado”. O que se pode dizer é: Formou-se médico. / Formou-se engenheiro. Formas de tratamento. Ver tratamento (formas), página 291. Formicida. Masculino: o formicida. Foro, fórum, fóruns. Use foro no sentido de jurisdição, juízo (foro íntimo), privilégio, etc. E fórum especificamente para designar o tribunal: o fórum municipal. Plural, também aportuguesado: fóruns. Forte. Evite o jargão de preparador físico: ninguém “treina forte”, “trabalha forte” ou faz um “trabalho forte”. Fortuito. Sem acento: pronuncia-se fortúito. Foto... 1 — Liga-se sem hífen ao termo seguinte: fotoelétrico, fotocomposição, fotomontagem, fotorreportagem, fotossensível. Atenção para o hífen em foto-legenda. 2 — Se o segundo elemento começar por vogal, não faça a fusão: assim, fotoelétrico e não fotelétrico, fotoirradiação e não fotirradiação, etc. Frade. Feminino: freira. Fragrante. Ver flagrante, página 129. Francês. Algumas regras práticas: 1 — O é indica a terminação do masculino e o ée, a do feminino: né (nascido), née (nascida); Aimé (homem), Aimée (mulher); privé (privado), privée (privada). 2 — O é designa som fechado

Frente

e o è, som aberto. Assim, élève pronuncia-se êléve, Molière (Moliére), frère (frére), école (êcóle), passé (passê), Eugène (Eugéne). Franco... 1 — Exige hífen quando se liga a outro elemento para formar um adjetivo pátrio: franco-americano, franco-brasileiro, franco-italiano. Nos demais compostos, não existe hífen: francófilo, francofobia, francomania. 2 — Nas formas franco-atirador, franco-bordo, franco-maçom e francomaçonaria, franco tem o sentido de livre e une-se com hífen à palavra seguinte. Franco-atirador. Plural: franco-atiradores. Frankenstein. E não “Frankstein”. Franquear. É o verbo para franquia e franchising: O parque franqueou a entrada. / A empresa aumentou sua rede de franqueados. / O grupo franqueou novos interessados. Fratricida. Desta forma (tri). Frei. 1 — A palavra só pode ser usada como forma de tratamento, antes do nome do religioso: Conheci frei Antônio ontem. / Frei Bento chegou atrasado à cerimônia (sem artigo). 2 — Como frei não pode substituir frade, escreva corretamente: A Justiça condenou os frades (e não “os freis”) dominicanos. / O frade (e não “o frei”) dirigia a igreja. / Um dos frades era frei Angélico. 3 — Feminino: sóror. Frenético. Virou modismo. Evite. Frente. 1 — São corretas as locuções em frente de, na frente de e em frente a. Use as duas primeiras, por uma questão de uniformidade: O casal conversava em frente da escola. / Não fumava na frente do pai. 2 — “Frente a”, inexistente em português, pode ser substituída por em frente de, diante de, ante, perante, defronte de: O deputado apresentou-se bem diante do (ante o, perante o) adversário. / Estava parado defronte da estátua. / O

Frio

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túnel terminava em frente do obelisco. São válidas, no entanto, as formas fazer frente a e frente a frente. 3 — O correto é para a frente, e não “para frente”. 4 — Não há crase em frente a frente. Frio. Superlativos: friíssimo, frigidíssimo. Fronteira. Entre países — fronteira; entre Estados — divisa; entre municípios — limite. Frustrar(-se). Sempre com tr. Fugir. Conjuga-se como acudir (ver, página 31): fujo, foges; fugia; fugi; fugira; fugirei, fugiria; que eu fuja; se eu fugisse; foge tu, fugi vós; fugindo, fugido; etc. Função. 1 — A locução em função de só pode ser usada quando equivale a finalidade, dependência: O time jogava em função do adversário. / O político agia em função dos seus objetivos. / O homem vivia em função da família. 2 — Ela não corresponde, porém, a em virtude de, por causa de, em conseqüência de ou por, casos em que deve ser substituída por uma dessas formas: A entrega do navio foi antecipada pela (e não “em função da”) rapidez do trabalho do estaleiro. / A Justiça tomou a iniciativa em conseqüência do (e não “em função do”) grande número de processos à espera de julgamento. / Na década passada as montadoras pararam por causa das (e não “em função das”) greves. / Recebeu a promoção graças às (e não “em função das”) suas qualidades. Funeral. Prefira esta forma a funerais. Furto, roubo. 1 — Furto e furtar relacionam-se com o ato de alguém se apoderar de um bem alheio às escondidas: furto de carros, livros furtados da estante. 2 — Roubo e roubar pressupõem violência ou ameaça: Os assaltantes roubaram o carro e feriram o motorista. / O roubo ao banco ocorreu na hora de maior movimento.

Futuro do subjuntivo

Fusos horários do Brasil. O Brasil tem quatro fusos horários em relação à hora de Brasília: uma hora a mais — Fernando de Noronha; mesma hora — Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará (parte do Estado: Belém, Marabá, Carajás, Tucuruí, Bragança e Cametá), Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins; uma hora a menos — Amazonas (parte do Estado: Manaus, Manacapuru, Parintins, Humaitá, Maués, Itacoatiara, Coari e Urucum), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará (parte do Estado: Santarém, Óbidos, Itaituba e Oriximiná), Rondônia e Roraima; duas horas a menos — Acre e Amazonas (parte do Estado: Boca do Acre e Carauari). Assim, 20 horas de Brasília equivalem a 21 horas de Fernando de Noronha, 20 horas de São Paulo, 19 horas de Mato Grosso e 18 horas do Acre. Futebol. Segue-se uma série de palavras e expressões do futebol que podem causar dúvidas quanto à grafia (se têm ou não hífen, por exemplo): cabeçade-área, cabeça-de-bagre, cabeça-dechave, centroavante, centromédio, dois toques (um treino de), dois-toques (um), extrema-direita, extremaesquerda, lateral-direita, lateral-direito, lateral-esquerda, lateral-esquerdo, médio de apoio, médio-volante, meia-armador, meia-direita, meia-esquerda, meio-de-campo (e não “meio-campo”), oitava-de-final, ponta-de-lança, ponta-direita, pontaesquerda, ponteiro-direito, ponteiroesquerdo, quarta-de-final, quartazaga, quarto-zagueiro, semifinal, semifinalista, zaga-central, zagueirocentral. Futuro do subjuntivo. Atenção para algumas formas que podem causar dúvidas. Derivados de pôr: se ele supuser, dispuser, repuser, compuser, im-

Futuro e futuro...

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puser. Derivados de ver: se ele revir, previr, antevir, entrevir (prover é regular: se ele prover). Derivados de vir: se ele provier, intervier, convier, sobrevier, advier. Derivados de ter: se ele mantiver, detiver, contiver, retiver, sustiver, entretiver, obtiver. Derivados de dizer: se ele desdisser, condisser, predisser, entredisser. Derivados de fazer: se ele refizer, perfizer, desfizer, afizer. Futuro e futuro do pretérito com pronome. Depois do futuro e do futuro do pretérito (antigo condicional), não se pode usar o pronome oblíquo. São, por tanto, er radas for mas como “darei-lhe”, “farão-nos”, “procuraráse”, “criaria-se”, “pediriam-te”, etc. O correto, nesses casos, é intercalar o pronome: dar-lhe-ei, far-nos-ão, procurar-se-á, criar-se-ia, pedir-te-iam. Ou, de preferência, colocá-lo antes do verbo: Eu lhe darei, eles nos farão, algo se criaria, etc.

Gandhi. E não Ghandi. Gângster, gangsterismo. Aportuguesados. Plural de gângster: gângsteres. Gangue. Desta forma. Quando possível, use quadrilha. Ganhar. O verbo tem sentido positivo. Por isso, um time não pode “ganhar” mais baixas. Da mesma forma, ninguém “ganha” uma cicatriz no rosto, um processo, uma punição, uma repreensão, uma advertência, uma multa ou uma descompostura. Pode, isso sim, receber uma punição, uma repreensão, etc. “Ganhar grátis”. Redundância. Equivalente correto: levar ou receber de graça. Ganhar por ou de. Para expressar um resultado numérico, use ganhar por ou

Gente

ganhar de: Ganhou o jogo por 2 a 0 ou de 2 a 0. Ganho. Use ganho tanto com ser e estar quanto com ter e haver: O jogo foi ganho no primeiro tempo. / O time havia ganho a oitava partida seguida. Ganhado, embora correto, já é de uso raro, mesmo com ter e haver. Garçom. Desta forma. Feminino: garçonete. Garoto-propaganda. Plural: garotos-propaganda. Gastado, gasto. Prefira gastado com ter e haver e gasto, com ser e estar: Tinha (havia) gastado, foi (estava) gasto. Já se admite, porém, o uso de gasto com ter e haver: Tinha gasto. Gastro... Liga-se sem hífen ao termo seguinte: gastrobronquite, gastronefrítico, gastrozoário. Quando o segundo elemento começa por vogal, mantenha o o: gastroenterite, gastrointestinal. Gay. Faça o plural nor malmente: homem gay, filmes gays, os gays. Gêiser. Plural: gêiseres Gêmeos. 1 — A palavra pode designar tanto as crianças nascidas no mesmo parto como cada uma delas: A professora teve gêmeos. / Só um gêmeo sobreviveu. Quando não houver especificação, subentendem-se duas crianças. 2 — Nos demais casos: três — trigêmeos; quatro — quadrigêmeos ou quádruplos; cinco — quíntuplos; seis — sêxtuplos; sete — sétuplos; oito — óctuplos, nove — nônuplos; dez — décuplos. Geminadas. Casas geminadas (e nunca “germinadas”). Gene. E não “gen”. Genial, gênio. Pense bem e seja comedido: quantas pessoas realmente merecem essas qualificações? Genitor(a). Use pai ou mãe. Genitor e genitora, só em casos muito especiais. Gente. 1 — Como forma de tratamento (a gente), use o termo apenas na lin-

Gentílicos

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guagem coloquial. 2 — Concordância. Verbo na terceira pessoa: Ele disse que a gente estava proibido (para homens) de entrar ali. / Ele disse que a gente estava proibida (para mulheres) de entrar ali. 3 — A gente = nós. Nunca escreva a gente “fizemos”, a gente “fomos”. Gentílicos. Ver naturais de ..., página 184. Geo... Liga-se sem hífen ao termo seguinte, dobrando-se o r e o s que iniciem sílaba: geoeconomia, geobotânica, georrinco, geossinclinal. George, Georges. George — em inglês (George Washington); Georges — em francês (Georges Simenon). Geral. Na designação de cargos, órgãos e instituições, liga-se com hífen ao substantivo: consultor-geral, governador-geral, procurador-geral, Procuradoria-Geral, Diretoria-Geral, Assembléia-Geral, etc. Gerar. a) Use gerar livremente como sinônimo de procriar ou produzir energia: A moça gerou uma criança predestinada. / A usina vai gerar mais energia. b) Nos demais casos, no entanto, substitua gerar por causar, provocar, criar, produzir e até render: Tese sobre pobreza gera (cria, causa, provoca) polêmica. / Lançamento de bônus deve gerar (render, produzir) 2 milhões de dólares. / O príncipe diz que salvar a Amazônia gera (cria, produz) renda e empregos. c) Para efeito de títulos, lembre-se de que causar tem apenas um sinal a mais que gerar e criar tem até meio sinal a menos. Gerir. Conjuga-se como aderir (ver, página 32): giro, geres; geria; geri; gerira; gerirei; geriria; que eu gira; se eu gerisse; gere tu, geri vós; etc. Germano... Hífen na formação de adjetivos pátrios ou de sentido religioso: germano-catolicismo, germano-latino. Nas demais palavras: germanofilia, germanologia.

Gourmand, gourmet

Germe. Prefira esta forma, sem n no final. “Gestar”. Use gerar: Doméstica quer gerar (e não “gestar”) criança para casal. “Gestões”, “gestionar”. 1 — Use gestão ou gestões apenas como sinônimo de administração: a gestão passada, as diversas gestões da empresa. 2 — Gestões não tem o sentido de negociações, entendimentos ou conversações (empregue estes termos) e “gestionar” (também vetado) nem sequer consta dos dicionários. Gigante. Flexiona-se normalmente e qualifica um substantivo sem hífen: preguiça gigante, ondas gigantes. Gíria e linguagem coloquial. Evite as palavras de gíria. Quando fizerem parte de uma declaração, use-as em itálico. Se forem muito específicas (jargão policial, por exemplo), coloque em seguida, entre parênteses, o seu significado: “Peguei um bagulho (objeto qualquer), fumei um baseado (cigarro de maconha) e depois mandei (roubei) o carro.” A linguagem coloquial e os termos de gíria de uso comum dispensam as aspas, mas devem ser empregados apenas em casos especiais, nos textos mais leves, opinativos ou irônicos que realmente os justifiquem. Glutão. Flexões: glutona e glutões. Goleada. Só considere goleada a vitória de um time que tenha marcado pelo menos quatro gols em outro. “Goleirão”. Jargão esportivo. Não use. Golfo. Inicial maiúscula: Golfo Pérsico. Gostar. Prefira a regência indireta, gostar de: Todos gostam de atenção. / As pessoas de quem gostamos. / Esta é a atividade de que ele mais gosta. / Trouxe tudo de que gostava (e não: Trouxe tudo o que gostava). Gourmand, gourmet. Gourmand é o que come muito, que é guloso; gourmet indica o apreciador e conhecedor de pratos finos.

Governadores de São Paulo

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Governadores de São Paulo. Junta Governativa (Prudente de Morais, Rangel Pestana e coronel Joaquim de Sousa Mursa), de 16/11/1889 a 14/12/1889); Prudente de Morais, de 14/12/1889 a 18/10/1890; Jorge Tibiriçá, de 18/10/1890 a 7/8/1891; Américo Brasiliense, de 8/3/1891 a 15/12/1891; Cerqueira César, de 15/12/1891 a 23/8/1892; Bernardino de Campos, de 23/8/1892 a 15/4/1896; Peixoto Gomide, de 15/4/1896 a 1/5/1896; Campos Sales, de 1/5/1896 a 31/10/1897; Peixoto Gomide, de 31/10/1897 a 10/11/1898; Fernando Prestes de Albuquerque, de 10/11/1898 a 1/5/1900; Rodrigues Alves, de 1/5/1900 a 13/2/1902; Domingos de Morais, de 13/2/1902 a 3/7/1902; Bernardino de Campos, de 3/7/1902 a 1/5/1904; Jorge Tibiriçá, de 1/5/1904 a 1/5/1908; Albuquerque Lins, de 1/5/1908 a 1/5/1912; Rodrigues Alves, de 1/5/1912 a 1/5/1916; Altino Arantes, de 1/5/1916 a 1/5/1920; Washington Luís, de 1/5/1920 a 1/5/1924; Carlos de Campos, de 1/5/1924 a 27/4/1927; Dino Bueno, de 27/4/1927 a 14/7/1927; Júlio Prestes, de 14/7/1927 a 19/2/1930; Heitor Penteado, de 19/2/1930 a 24/10/1930; general Hastínfilo de Moura, de 24/10/1930 a 29/10/1930; José Maria Whitaker, de 30/10/1930 a 6/11/1930; Plínio Barreto, de 6/11/1930 a 25/11/1930; coronel João Alberto, de 25/11/1930 a 25/7/1931; Laudo Camargo, de 25/7/1931 a 13/11/1931; general Manuel Rabelo, de 13/11/1931 a 7/3/1932; Pedro de Toledo (interventor, de 7/3/1932 a 10/7/1932, e governador aclamado, de 10/7/1932 a 2/10/1932); coronel Herculano de Carvalho, de 2/10/1932 a 6/10/1932; general Valdomiro Lima, de 6/10/1932 a 27/7/1933; general Daltro Filho, de 27/7/1933 a 21/8/1933; Armando de Sales Oliveira (interventor, de 21/8/1933 a 11/4/1935, e

Grã, grão

gover nador, de 11/4/1935 a 29/12/1936); Henrique Bayma, de 29/12/1936 a 5/1/1937; Cardoso de Melo Neto, de 5/1/1937 a 25/4/1938; general Francisco José da Silva Júnior, de 25/4/1938 a 27/4/1938; Ademar de Bar ros, de 27/4/1938 a 4/6/1941; Fernando Costa, de 4/6/1941 a 27/10/1945; Sebastião Nogueira de Lima, de 27/10/1945 a 3/11/1945; Macedo Soares, de 3/11/1945 a 14/3/1947; Ademar de Barros, de 14/3/1947 a 31/1/1951; Lucas Nogueira Garcez, de 31/1/1951 a 31/3/1955; Jânio Quadros, de 31/3/1955 a 31/3/1959; Carvalho Pinto, de 31/3/1959 a 31/3/1963; Ademar de Barros, de 31/3/1963 a 6/6/1966; Laudo Natel, de 6/6/1966 a 31/1/1967; Abreu Sodré, de 31/1/1967 a 15/3/1971; Laudo Natel, de 15/3/1971 a 15/3/1975; Paulo Egydio, de 15/3/1975 a 15/3/1979; Paulo Maluf, de 15/3/1979 a 14/5/1982; José Maria Marin, de 14/5/1982 a 15/3/1983; Franco Montoro, de 15/3/1983 a 15/3/1987; Orestes Quércia, 15/3/1987 a 15/3/1991; Luiz Antonio Fleury Filho, 15/3/1991 a 15/3/1995; Mário Covas, 15/3/1995. Governo. Inicial minúscula: o governo brasileiro, o governo de São Paulo. Gozar. No sentido de ter, ser dono de, o verbo exige de: Goza de grande prestígio, de boa fama (e não “goza grande prestígio”, etc.). Gozo, gozoso. Sempre com z. Grã, grão. Formas reduzidas de grande. Use grã para combinar com o feminino e grão, com o masculino: Grã-Bretanha, grã-cruz, grã-duquesa, grãoduque, grão-mestre, grão-ducado, grão-rabino, grão-turco, grão-vizir. Grã-cruz tem o gênero masculino quando designa o detentor da grãcruz: um grã-cruz. No plural, nem grã nem grão variam: as grã-cruzes, as grã-duquesas, os grão-duques, os grão-vizires.

Grã-Bretanha

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Grã-Bretanha. Compreende a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales. O Reino Unido inclui os três e a Irlanda do Norte. Com a República da Irlanda, essas regiões formam as Ilhas Britânicas. “Graciosamente”. Use de graça ou gratuitamente. Grã-fino. Flexões: grã-fina, grã-finos e grã-finas. Derivados: grã-finismo e grã-finagem. Grama (gênero). Palavra masculina quando significa peso: um grama, trezentos gramas, oitocentos gramas. Como equivalente a relva é que tem o gênero feminino: A grama do jardim. / Não pise na grama. Grama (uso). Ver medidas, página 397. Grande. Comparativo: maior. Superlativo: máximo e grandíssimo. Grandessíssimo é malformado e tem uso pejorativo. Grande mais nome de cidade. Por estar clara a idéia de cidade, a concordância faz-se no feminino: a Grande São Paulo, a Grande Porto Alegre, a Grande Paris, a Grande Nova York. São exceções os casos em que o nome da cidade seja precedido do artigo o: o Grande Rio, o Grande Cairo, o Grande Porto, etc. Grande número ou quantidade de. Concordância. Ver maioria, página 167. Grandessíssimo. E não “grandissíssimo”. É forma aceitável somente na linguagem coloquial ou em declarações. Grão. 1 — Ver grã, página 135. 2 — Plural: grãos. Grátis, gratuito. 1 — Gratuito é adjetivo e deve ser usado com o verbo ser ou substantivos: A entrada é gratuita. / Ingressos gratuitos, ensino gratuito, acusações gratuitas. 2 — Grátis é advérbio e pode ser substituído por gratuitamente: Recebeu grátis (gratuitamente) o ingresso. / Consegui o livro grátis (gratuitamente). Por isso, não diga que o estacionamento

Guarda...

“é grátis”, mas gratuito. 3 — Gratuito não tem acento: pronuncia-se gratúi-to. Grave. É o estado do doente ou do ferido e não ele próprio. Por isso, não existem “doentes graves” ou “feridos graves”. Greco... Liga-se com hífen ao elemento seguinte na formação de adjetivos pátrios: greco-latino, greco-romano, greco-italiano. Nos demais compostos, não existe hífen: grecofonia, grecolatria. Greve. É empregado quem faz. A de patrões chama-se locaute. Grosso modo. E não “a grosso modo”. Grupo. Inicial maiúscula e mesmo corpo do texto: Grupo Estado, Grupo Votorantim. Grupo de... 1 — O verbo concorda com grupo: Um grupo de retirantes vinha (e não “vinham”) pela estrada. 2 — O segundo elemento vai sempre para o plural: grupo de empresas, grupo de pessoas, etc. Guaraná. Masculino: o guaraná. Guarda. Para pessoa, admite os dois gêneros: o guarda da escola, a guarda do vestiário. O serviço ou instituição tem apenas a forma feminina: a Guarda Civil, a guarda do Palácio, a troca da guarda. Guarda... 1 — Como tempo verbal ou substantivo, entra na formação de palavras compostas. O segundo elemento fica no singular nestes compostos: guarda-chuva, guarda-civil, guardacomida, guarda-florestal, guardalouça, guarda-marinha, guardameta, guarda-noturno, guarda-pó, guarda-roupa, guarda-sexo, guardasol e guarda-volante. Todos admitem o plural. Quando o primeiro elemento é verbo (guarda como tempo de guardar), só o segundo varia: os guarda-comidas, os guarda-metas, os guarda-pós. Quando o primeiro elemento é substantivo (guarda como

Guardião

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policial), os dois variam: os guardascivis, os guardas-florestais, os guardas-volantes. 2 — O segundo elemento já está no plural nestes outros compostos: o guarda-costas, os guardacostas; guarda-fios, guarda-freios, guarda-jóias, guarda-livros, guardamóveis, guarda-pratas, guarda-vestidos, guarda-vidas e guarda-volumes. 3 — Atenção para os casos em que o hífen não existe: guarda avançada, guarda de honra e guarda nacional. Guardião. Flexões: guardiã, guardiães (prefira) e guardiões. Guarujá. Siga a forma corrente: o Guarujá, no Guarujá. Guerra. Inicial maiúscula para designar conflitos: Guerra do Paraguai, Guerra do Vietnã, 2ª Guerra Mundial. Inicial minúscula, porém, em guerra fria (não é o nome de um conflito). Guinness. Desta forma. Guisa. Com s: à guisa de. Guisado, guisar. Com s. Guizo. Com z.

Há, a. 1 — Há indica passado e pode ser substituído por faz: Eles saíram há muito tempo. / As eleições ocorreram há dois meses. / Há muitos anos que eles foram contratados. / Os homens chegaram há pouco. 2 — A exprime distância ou tempo futuro: As eleições ocorrerão daqui a dois meses. / De hoje a três dias correrá o prazo. / O avião estava a cinco minutos de São Paulo. / Estamos a dois meses da inauguração da nova sede da empresa. / O atirador estava a dois metros de distância. Repare que em nenhum dos casos o a pode dar lugar a faz. Há, havia. 1 — Quando o verbo que acompanha haver está no imperfeito

“Hábitat natural”

ou no mais-que-perfeito, deve-se usar havia, e não há: Ele estava ali havia (e não há) muito tempo. / Ele estivera ali havia (e não há) muito tempo. Regra prática. Substitua haver por fazer, que ficará clara a forma a usar: Ele estava ali fazia muito tempo (e não faz muito tempo). / Ele estivera ali fazia (e não faz) muito tempo. Repare que a ação se encerrou; o há indicaria que ela prossegue. Outros casos em que se deve usar havia (sempre equivalente a fazia) e não há: Havia meses os dois assaltavam motoristas. / Ele doara sangue ao filho havia poucos meses. / Havia quase um ano que não o encontrava. / Estava sem dormir havia três dias. / A agência parecia abandonada havia anos. / Havia oito jogos que o time não vencia. / A frase não lhe saía da cabeça havia várias semanas. / Tinha chegado havia pouco ao Rio. / Havia anos que a casa não era pintada. / Sua paixão fazia-o sofrer havia dez anos. / Havia muito tempo estava tentando reparar a falha. 2 — Admite-se há com imperfeito ou mais-que-perfeito em dois casos: a) Se o tempo for considerado a partir do momento em que se vive: Tivera uma discussão com X há (faz) 15 dias (o tempo é contado a partir do momento atual). / Você já sabia há (faz) muito tempo que ele não foi para o exílio. b) Se o imperfeito estiver no lugar do perfeito: Há cem anos nascia Villa-Lobos. / Há mais de 50 anos chegava o primeiro imigrante. Há ... atrás. O uso do há rejeita o atrás quando se refere a tempo: Há seis anos atrás fui contratado pela empresa, portanto, é redundante. O correto: Há seis anos fui contratado pela empresa. / Seis anos atrás fui contratado pela empresa. Habeas-corpus. Com hífen. Admite-se habeas para títulos. “Hábitat natural”. Redundância. Todo hábitat é natural.

“Habitué”

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“Habitué”. Prefira freqüentador. Há cerca de. Ver acerca de, página 29. Há de. Sem hífen, assim como hás de, hei de, hão de, etc.: Hei de vencer. / Resistir quem há de. Haja recursos. Nesse tipo de frase, de caráter exclamativo, o verbo haver é impessoal e, portanto, não varia: Haja recursos para esse novo trem da alegria. / Haja homens para manter uma guerra tão sem sentido. Haja vista. E nunca “haja visto”. A locução também não varia no plural. Veja dois exemplos de Rui Barbosa: “Haja vista o decreto de 13 de outubro.” / “Haja vista as minhas Cartas de Inglaterra...” Haltere, halteres. Desta forma. Hambúrguer. Desta forma. Plural: hambúrgueres. Há menos de, a menos de. Na locução há menos de, o há encerra idéia de passado e pode ser substituído por faz: Partiu para a França há (faz) menos de dois meses. / O país conquistou a independência há (faz) menos de cinco anos. Em a menos de, o a indica distância, quantidade ou tempo futuro e não pode ser substituído por faz: Estava a menos de três metros do abismo. / Falou a menos de 50 pessoas. / Estava a menos de dois anos da aposentadoria. Há tempo, a tempo. Em há tempo, o há pode ser substituído por faz ou existe: Ele chegou há (faz) tempo. / Há (existe) tempo de sair e tempo de ficar. Na locução a tempo, o a é preposição e pode ser substituído por outra preposição (e nunca por faz): Chegou a (com) tempo de assistir ao jogo. Haver. Conjugação. Pres. ind.: Hei, hás, há, havemos, haveis, hão. Imp. ind.: Havia, havias, havia, havíamos, havíeis, haviam. Pret. perf. ind.: Houve, houveste, houve, houvemos, houvestes, houveram. M.-q.-perf. ind.: Houvera, houveras, houvera, houvéra-

Hetero...

mos, houvéreis, houveram. Fut. pres.: Haverei, haverás, haverá, haveremos, havereis, haverão. Fut. pret.: Haveria, haverias, haveria, haveríamos, haveríeis, haveriam. Pres. subj.: Haja, hajas, haja, hajamos, hajais, hajam. Imp. subj.: Houvesse, houvesses, houvesse, houvéssemos, houvésseis, houvessem. Fut. subj.: Houver, houveres, houver, houvermos, houverdes, houverem. Imper. afirm.: Há tu, haja você, hajamos nós, havei vós, hajam vocês. Imper. neg.: Não hajas tu, não haja você, não hajamos nós, não hajais vós, não hajam vocês. Infin.: Haver. Flexionado: Haver, haveres, haver, havermos, haverdes, haverem. Ger.: Havendo. Part.: Havido. Havia muitas pessoas. 1 — Haver, como sinônimo de existir, suceder, fazer, é impessoal e, portanto, não tem sujeito. O verbo fica na terceira pessoa do singular: Não há vagas. / Havia (e não haviam) muitas pessoas ali. / Nunca houve tantos acidentes de trânsito como agora. / Haveria muitas opções além dessa? / Haverá anos mais felizes que estes? / Se houvesse mais policiais na rua, a cidade teria maior segurança. 2 — A regra mantém-se no caso de haver formar locução com um verbo auxiliar: Deve haver muitas pessoas ali. / Pode haver compradores interessados no carro. / Estava havendo fraudes na Previdência. / Costumava haver muitos acidentes naquela esquina. 3 — Quando haver pode ser substituído por ter, a concordância é a normal: Ainda não haviam sido feitas as correções. / Eles haveriam de sair da sala. / Hão de cumprir o prazo, custe o que custar. Hebreu. Feminino: hebréia. Herói. Feminino: heroína. Herpes. O herpes, os herpes. Hetero... Liga-se sem hífen ao termo seguinte, com a eliminação do h e a duplicação do r e do s intermediários: heteroagressão, heteroerotismo, he-

Heureca

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teroimunização, heterometabólico, heterorrafídeo, heterossexual. Heureca. E não “eureca” ou “eureka”. Hidro... 1 — Liga-se sem hífen ao termo seguinte, duplicando-se o r e o s intermediários: hidroavião, hidrocarboneto, hidrodinâmica, hidromineral, hidrorragia, hidrossolúvel, hidrovia. 2 — Quando o segundo elemento começar por vogal, mantenha o o do prefixo, como em hidroavião. Única exceção, por já estar consagrada pelo uso: hidrelétrica. Hífen. Ligam-se por hífen os elementos das palavras compostas que mantêm a própria acentuação ou, segundo as regras oficiais, “sua independência fonética”, formando o conjunto perfeita unidade de sentido. Dessa forma, o hífen justifica-se nos seguintes casos: 1 — Nas palavras compostas em que o conjunto constitui “uma unidade semântica”, mesmo que seus elementos — embora mantenham a acentuação própria — percam a identificação, desde que considerados isoladamente: água-marinha, arco-íris, galinha-d’angola, couve-flor, guardapó, pé-de-meia, pára-choque, portachapéus. a) Incluem-se nesta norma os compostos em que figuram elementos foneticamente reduzidos: bel-prazer, és-sueste, mal-pecado, su-sueste. b) O sinal se impõe quando o composto resultante tem caráter figurado e sentido muito diferente das palavras que o constituem: pé-de-moleque, papo-de-anjo, saia-justa, caixa-preta, mão-boba, cara-de-pau, roleta-russa. c) O antigo artigo el une-se por hífen ao substantivo rei: el-rei, aquidel-rei. d) Quando se perde a noção do composto, normalmente por um dos elementos não ter vida própria na língua, não cabe o hífen: abrolhos, bancarrota, fidalgo, vinagre. e) No caso das locuções, as normas oficiais dispõem que, como “não têm

Hífen unidade de sentido”, não devem ser unidas por hífen: vós outros, a desoras, a fim de, contanto que. f) As formas verbais às quais se intercalam ou agregam pronomes e os vocábulos compostos cujos elementos são ligados por hífen conservam os acentos gráficos: amá-lo-á, amáreis-me, amásseis-vos, devê-lo-ia, fála-emos, pô-las-íamos, possuí-las, provêm-lhes, retêm-nas, água-de-colônia, pão-de-ló, pára-quedas, pesapapéis. 2 — Nas formas verbais a que se intercalam ou acrescentam pronomes: ama-lo (amas e lo), amá-lo (amar e lo), dê-se-lhe, fá-lo-á, oferecê-la-ia, repô-lo-eis, serenou-se-te, traz-me. Na maior parte dos casos, essas formas servem apenas de exemplo, uma vez que têm uso jornalístico pouco recomendável. Observação. As formas lo, la, los e las também se unem por hífen aos pronomes nos e vos e ao advérbio eis: no-lo, no-las, vo-la, vo-los, ei-lo. 3 — Nos vocábulos formados por sufixos que representam formas adjetivas, como açu (grande), guaçu (grande) e mirim (pequeno), quando o exige a pronúncia e quando o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente: andá-açu, amoréguaçu, anajá-mirim, capim-açu. 4 — Na formação de palavras a partir da aglutinação dos prefixos e demais elementos de composição com outros termos, segundo regras próprias, particulares a cada prefixo ou a cada grupo deles. Este manual relaciona, em cada prefixo (veja, por exemplo, anti, extra, intra, etc.), quando e em que casos se exige o hífen. Independentemente dessa prática, segue-se uma lista de elementos de composição que se ligam sem hífen ao elemento seguinte, devendose, porém, duplicar o r e o s: aceto, acro, adeno, alo, alvi, amino, andro, anemo, anfi, angio, aniso, arqueo, ar-

Hindu, indiano

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terio, artro, auri, bacterio, bradi, braqui, caco, cefalo, ciclo, cine, cino, cisto, cito, cloro, cripto, cromo, crono, de, des, di, dis, dorso, eco, ecto, endo, epi, eqüi, esfero, espleno, estafilo, estereo, estilo, etno, faringo, fibro, glosso, grafo, hagio, halo, hemo, hipo, homeo, homo, ideo, laringo, leuco, linfo, lito, megalo, meso, meta, mio, morfo, narco, naso, necro, nitro, noso, octo, odonto, oftalmo, oligo, omo, oni, organo, ornito, orto, osteo, oto, oxi, penta, peri, pilo, piro, plano, plati, pleuro, pneumo, quadri, retro, rino, sacro, sarco, sidero, tecno, tetra, tri, uro, vaso, xanto, xilo, zoo. 5 — Nas palavras derivadas de um nome próprio constituído por dois ou mais termos ou de uma expressão: Mato Grosso — mato-grossense; Terceiro Mundo — terceiromundista; São Paulo — são-paulino; Fernando Henrique — fernando-henriquismo; bom moço — bom-mocismo; bossa nova — bossa-novista. 6 — Travessão e não hífen. Para ligar palavras ou grupos distintos de palavras, que não formam um terceiro significado, usa-se o travessão e não o hífen. São casos em que não existe um conjunto semântico, como nas palavras compostas, mas apenas encadeamentos do tipo dos que se seguem (o hífen formaria uma palavra composta, quando o que se tem, nos casos citados, é uma cadeia vocabular): A ligação São Paulo—Santos. / A viagem Brasil—EUA. / Foguete terra—ar. / Entendimentos governo—sindicatos. / O acordo Clinton— Chirac. / O antagonismo capital— trabalho. Ver outros exemplos no item 4 do verbete travessão, página 292. 7 — Ver também substantivo mais substantivo, página 274. Hindu, indiano. Hindu — adepto da religião (hinduísmo); indiano — natural da Índia, relativo à Índia. Hino Nacional. Iniciais maiúsculas.

Horas (uso)

Hiper... Hífen antes de r: hiper-realismo, hiper-reativo, hiper-rugoso. Nos demais casos: hiperacidez, hipercatólico, hiperestético, hiperinfecção, hiperorgânico, hipersensível, hipertenso. Hispano... Exige hífen quando entra na formação de adjetivos pátrios: hispano-brasileiro, hispano-americano. Nos demais compostos: hispanofilia, hispanófobo, hispanomania. História. Use apenas esta forma e nunca “estória”. Hombridade. Desta forma. Homilia. E não “homília”. Honorários. Ver salários, página 259. Hora extra. Sem hífen. Horas (concordância). 1 — Os verbos bater, dar, faltar, restar, ser e soar concordam com o número de horas: Chegou assim que bateram 6 horas. / Já deram 8 horas no relógio da igreja. / Faltam quatro horas para o início do jogo. / Restam apenas três horas do prazo. / São 2 horas da manhã. / Devem estar soando 10 horas agora. / Resta uma hora e meia. / É 1h20. 2 — Atenção. Fazer e haver, em casos semelhantes, não variam: Faz dez horas que ele partiu. / Há seis horas que o dia raiou. Horas (uso). 1 — À exceção dos títulos e tabelas, evite abreviar as horas redondas: às 15 horas, às 8 horas (e não às 15 h, às 8 h). 2 — Use sempre 14, 17, 22 horas, em vez de 2 ou 5 da tarde e 10 da noite. Escreva também às 2 ou às 4 horas, e não às 2 ou às 4 da madrugada. Repare que as horas vão sempre em algarismos: às 4 horas, à 1 hora. 3 — Considere genericamente: a madrugada vai da zero às 6 horas; a manhã, das 6 ao meio-dia; a tarde, do meio-dia às 18 e a noite, das 18 às 24 horas. Se necessário, nos horários de transição, faça ressalvas como: no começo da manhã, no início da noite, aos primeiros minutos de hoje, etc.

Hortelão

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4 — Nas horas quebradas, use h, min e s para as horas, minutos e segundos (sem s), sem dar espaço entre os números: 5h15, 18h05 (o min só é necessário se a indicação especificar a hora até o número de segundos: 20h15min13s). Em casos especiais, minutos, segundos e décimos poderão ser expressos desta forma: 1’25”5 (especialmente em competições esportivas, lançamento de foguetes, etc.). 5 — Use artigo antes de horas: das 12 às 14 horas, às 8 horas, das 16 às 21 horas, às 15 para as 9. 6 — Cuidado com a concordância com minuto. Assim: Ele chegou aos 15 para as 9. Isto é: Ele chegou aos 15 minutos para as 9 horas. 7 — A meia-noite e a zero hora se equivalem, mas a primeira pertence ao dia anterior e a segunda, ao posterior. Assim, um aumento, por exemplo, entra em vigor à meia-noite da sexta-feira ou à zero hora do sábado (prefira zero hora, neste caso). 8 — As horas registradas sem indicação corresponderão à hora-padrão do local onde se desenvolve o acontecimento. GMT, hora de Tóquio, hora de Nova York, etc., deverão ser esclarecidas de acordo com o fuso horário brasileiro. 9 — Lembre-se: o Brasil tem quatro fusos horários. Quando esse fator for relevante (visitas presidenciais ou transmissões pela TV, por exemplo), convém mencioná-lo na notícia (ver quais são em fusos horários do Brasil, página 132). Hortelão. Flexões: horteloa, hortelões (prefira) e hortelãos. “Hortifrutigranjeiros”. Substitua a palavra por verduras, frutas, ovos, etc. (ou por fórmulas mistas): Aumenta o preço de frutas e verduras. / Ovos e verduras estão mais caros. Hóspede. Use o hóspede, a hóspede, as hóspedes. Húmus. Desta forma.

Ilegal

...iano. 1 — É iano, com i, o sufixo que que se deve usar para indicar o adjetivo referente a um nome próprio. Assim: shakespeariano (e não “shakespeareano”), euclidiano (e não “euclideano”), rodriguiano, rosiano (de Guimarães Rosa), machadiano, faulkneriano, etc. 2 — A instrução se aplica também a adjetivos referentes a nomes geográficos: cabo-verdiano, alasquiano, açoriano, cingapuriano, iraquiano. Exceções: acreano, taubateano e coreano. Ianque. Não use para designar o natural dos EUA. Ibero. Sem acento (pronuncia-se ibéro, e não “íbero”): Faculdade Ibero-Americana, povos ibero-americanos. Idade. Inicial maiúscula apenas em Idade Média. Nos demais casos: idade da pedra lascada, idade das trevas, etc. Identidade. No singular em frases como: A polícia apurou a identidade dos mortos (e nunca “as identidades”). Identificação. Ver pessoas no noticiário, página 218. Igreja. l — Com inicial maiúscula quando se tratar da instituição: O papa é o chefe da Igreja Católica. / O cardeal defendeu a posição da Igreja. / A Igreja Anglicana, a Igreja Luterana. 2 — Com minúscula se a menção for ao templo: Começou ontem a demolição da igreja. / O casamento estava marcado para a igreja matriz. 3 — Quando acompanha uma designação, a palavra tem inicial maiúscula: a Igreja da Candelária, a Igreja N. Sa. do Brasil. Ilegal. É a situação de alguém e não a pessoa. Assim, não existem “imigrantes ilegais” ou “mutuários ilegais”.

Ilha

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Ilha. Inicial maiúscula: Ilha Grande. Ilhéu. Habitante de uma ilha. Feminino: ilhoa. Ilustrações. Charges, mapas, gráficos, desenhos, tabelas e quadros são recursos de que os editores devem lançar mão regularmente como forma de tornar as páginas mais atraentes. Eis alguns dos casos principais: 1 — Pesquisas de opinião, levantamentos, evolução de indicadores e demais textos baseados em números devem, obrigatoriamente, ser acompanhados de gráficos, tabelas e quadros que permitam ao leitor compreender com maior facilidade a situação apresentada. 2 — Toda notícia curiosa exige, para complementá-la, uma ilustração ou charge que desperte atenção para um fato que poderia passar despercebido na página. 3 — Reportagens extensas sobre seqüestros, assaltos, crimes espetaculares e outras do gênero justificam a publicação de três ou mais ilustrações, na forma de seqüência (storyboard), que mostrem os principais lances do acontecimento. Independentemente das fotos que o jornal esteja apresentando sobre o assunto. 4 — O editor não precisa publicar sempre fotos de personalidades, mas pode substituí-las, muitas vezes, por desenhos, desde que expressivos e fiéis à figura retratada. 5 — Não deixe de representar, por meio de mapas, a localização de cidades ou regiões menos conhecidas (em notícias sobre combates, quedas de aviões, acidentes de qualquer tipo, desaparecimento de expedições e outras), mudanças de trânsito, áreas contestadas ou conflagradas, locais onde faltará luz ou água, etc. 6 — Se você é repórter e vai falar com especialistas, não deixe de pensar na possibilidade de o seu texto ser valorizado por gráficos, desenhos, etc. Por isso, procure sempre conseguir

Implantar

croquis, esquemas e outros tipos de ilustrações com os entrevistados. Imaginar. Não use as formas “nunca”, “jamais” e “não poderia imaginar”: são lugares-comuns. Imbróglio. Aportuguesamento oficial. Imergir. Ver emergir, página 104. Imigrar. Ver emigrar, página 104. Iminente. Ver eminente, página 105. Imiscuir-se. Alguém se imiscui em e não imiscui, apenas: Gostava de se imiscuir nos assuntos alheios. / Nunca me imiscuí nos seus problemas. Imissão, imitir. Não se confundem com emissão ou emitir. Imissão é a concessão judicial da posse de algum bem. Imitir significa fazer entrar (na posse, em geral), investir em. Ímola. Aportuguesado (com acento). Imoral. Ver amoral, página 36. Impedir. Conjuga-se como pedir (ver, página 215). Impessoalidade. A notícia deve ser redigida de forma impessoal, sem que o jornalista se inclua nela ou adote a primeira pessoa do plural em frases que a dispensam. Veja os exemplos: Este é um índice pequeno “se levarmos” em conta o volume de negócios. / No Brasil “temos” hoje 150 milhões de habitantes. / Há vírus que causam uma infecção latente: nunca mais “nos livramos” dela. No primeiro caso, bastaria substituir levarmos por se se levar; no segundo, a frase seria: O Brasil tem hoje...; no terceiro, escreva simplesmente: nunca mais a pessoa se livra dela. Não confunda essa restrição com os casos, legítimos, de editoriais, artigos, anúncios, comentários e outros em que a primeira pessoa do plural pode ser usada sem maiores problemas. Implantar. 1 — Use implantar, livremente, no sentido médico: O cirurgião implantou duas pontes de safena no deputado. / O dr. Hélio de Al-

Implementar

143

meida implantou um rim no doente. 2 — Por se tratar de modismo incontrolável, porém, não use implantar nos demais casos. Ele pode ser substituído, sempre, com vantagem, por um dos verbos seguintes: adotar, introduzir, estabelecer, efetivar, instituir, criar, construir, levantar, edificar, formar, constituir, instalar, iniciar, apresentar, aplicar, firmar, consolidar, fixar, montar, aprontar, impor, imprimir, incutir, desenvolver, instaurar, erguer, lançar, compor, organizar, consumar, assentar e ajustar. 3 — Escolha os substantivos correspondentes para substituir implantação, outra palavra desgastada pelo uso abusivo e impreciso. Implementar. A exemplo de implantar, trata-se de outra palavra de uso exagerado e quase sempre incorreto. A rigor, significa apenas pôr em execução, pôr em prática (plano, projeto ou programa). Quase todas as opções propostas para substituir implantar aplicam-se a este caso. Implicar. 1 — No sentido de pressupor, envolver, acarretar, adote a regência direta (sem a preposição em): A promoção implicava maiores responsabilidades. / Jornalismo implica dedicação. / Reforma implicará perda de receita para os Estados. 2 — Use preposição apenas quando o verbo pedir dois complementos (A polícia implicou o acusado no crime de receptação) ou objeto indireto (Implicava sempre com os colegas). Importante. Tem sentido positivo. Assim, ninguém pode sofrer uma derrota ou uma perda “importante”, mas considerável, catastrófica, etc. “Imprensa falada”. Imprensa, para o Estado, é apenas a escrita (sem necessidade de qualificativos). Dessa forma, em vez de “imprensa falada” ou “imprensa televisionada”, use simplesmente rádio ou televisão. Impresso, imprimido. Com ser e estar, use impresso (Foi impresso, estavam

Impropriedades

impressos); com ter e haver, imprimido (Tem imprimido, haviam imprimido). Impropriedades. 1 — Não acredite em sinônimos perfeitos: quase sempre existe uma única palavra para exprimir com exatidão o que você quer dizer. E muitas vezes há termos ou expressões absolutamente inadequados para a situação que você pretende descrever ou substituíveis com vantagens por outros mais apropriados ou mais conhecidos dos leitores. Leia os exemplos seguintes (reais) e veja entre parênteses a forma jornalisticamente mais indicada em cada caso: O próximo contato (contato seguinte) de Antônio foi com Pedro, no descampado. / Como recompensa (compensação) para os problemas do time, o técnico terá a volta de Alberto e Ronaldo. / O corpo, sob uma violenta (muito forte) luz elétrica... / Deputado ganha (recebe) críticas. / A empresa já apresentou (manifestou) sua intenção de participar da concorrência. / Bahamas almejam (querem) empresas do Brasil. / Sem muita recepção (receptividade), ele tentava convencer a empresa do acerto da medida. / Com base na listagem (relação) dos vencimentos de janeiro... / O motorista acidentado foi mandado (encaminhado) para o HC. / O grupo está acertando os detalhes para a implementação (construção) de uma fábrica na Argentina. / O gol contra premiou (puniu) a incompetência do time. / Sugestões se amontoam (acumulam) na mesa do relator. / Os imóveis foram atingidos pelo vôo 196 (pelo avião) da Aeromarte. / Vendas no Dia das Mães nunca foram tão poucas (pequenas, baixas). / A Prefeitura implantou (instalou) na praça 35 cadeiras de engraxate. / O bandido depositou a quantia repentinamente (inesperadamente) na sua conta. / Laboratório lança a pílula do envelhecimento (o remédio na verdade visa a

Impudico

144

retardar o envelhecimento). / Heroína cresce (consumo é que cresce) e continua fora das estatísticas. / Clássico pode ser deslocado (transferido). 2 — A impropriedade, em outros casos, caracteriza-se não apenas pelas palavras mal usadas, mas pelas construções imperfeitas ou de mau estilo: A assinatura de minguados convênios (minguados — palavra antijornalística — são os recursos, não os convênios)... / Na sessão de hoje a Câmara deverá aprovar ou não (votar, simplesmente) o projeto. / Os negros, os índios, os deficientes e outras minorias conseguiram aprovar (fazer aprovar) o projeto na comissão. / O time ainda não pôde regularizar os jogadores (regulariza-se a situação dos jogadores ou a documentação deles). / A selva incrustada (no meio) nas montanhas. / A Portuguesa ameaça dispensas (ameaça fazer). 3 — Finalmente, há impropriedades que decorrem de formas viciadas de expressão, quando não empoladas ou de mau gosto jornalístico: A reforma que está sendo gerada no ventre do governo... / Empresariado acredita que inflação será acirrada. / Ele pode opinar sobre o uso de uma campanha... / Camelôs atuam em outras áreas, sobretudo da Tijuca. / Além do que muitos projetos... / Citou regiões do Brasil inteiramente abandonadas, sem terem condições de futuro... / Por azar, este repórter ganhou o número 13. Impudico. Sem acento (pronuncia-se impudíco). Inaugurar. Alguma coisa se inaugura e não inaugura, apenas: Inaugura-se (e não “inaugura”) hoje a boate Casablanca. / A 25ª Festa da Uva inaugura-se (e não “inaugura”) sábado. “Inaugurar novo”. Redundância. Assim: Prefeito inaugura avenida amanhã (e não “inaugura nova avenida”). Incendiar. Conjuga-se como odiar (ver, página 203): incendeio, incendeia, in-

Indefinidos

cendeiam, incendeie, incendeiem, etc. Incendiar-se. Alguma coisa se incendeia e não incendeia apenas: O prédio incendiou-se ontem. / Os canaviais incendiaram-se. Incidente. Ver acidente, página 30. Incluído, incluso. Para expressar uma ação, use incluído tanto com ter e haver como com ser e estar: Tinha (havia) incluído, foi (estava) incluído. Prefira incluso como adjetivo: autos inclusos, cartas inclusas. Inclusive. 1 — Aceitável apenas como equivalente a com inclusão de e opondo-se a exclusive: Vieram todos, ele inclusive. / Chegou ao capítulo 5º do livro inclusive. 2 — Não use inclusive como sinônimo de até, até mesmo, ainda, o próprio, além de, a ponto de, etc., como nas seguintes frases: Ele o ameaçou “inclusive” (até) fisicamente. / Lembremo-nos “inclusive” (até mesmo) de que... / Disse “inclusive” (ainda) que ia sair. / Mostrou desagrado a respeito do traçado da estrada, “inclusive” (além de) do seu estado de conservação. Em caso de dúvida, recorra a outra palavra. Incluso. Varia normalmente: Seguem inclusos (e não “incluso”) os documentos. / Mandei inclusa a nova redação da carta (e não “mandei incluso”). É palavra que convém evitar, porém. Incontinente, incontinenti. Incontinente — imoderado; incontinenti — sem demora. Indefinidos. Só use os pronomes indefinidos (muitos, alguns, diversos, vários, etc.) em caso extremo e quando não for possível, de maneira nenhuma, determinar o número expresso pela notícia. Falar em várias pessoas, muitos tiros, alguns deputados e diversos itens, por exemplo, é transmitir ao leitor noções imprecisas e incompletas. Por isso, procure sempre dar pelo menos uma idéia aproximada das quantidades a que o texto se re-

Independentemente

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fere: dezenas de tiros, centenas de pessoas, cerca de 30 deputados, de cinco a dez itens, etc. Independentemente. É o advérbio independentemente, e não o adjetivo independente, que se deve usar sempre que a palavra puder ser substituída por sem levar em conta, sem contar com, à parte ou equivalente: O ministro disse que o tempo, independentemente de ações mais diretas, ajudará o governo. / O Estado terá de pagar o aumento salarial aos funcionários, independentemente do resultado do julgamento. / Independentemente de sua filiação, deputados e senadores poderão enfrentar... Indexadores. 1 — Nunca deixe de converter em reais o valor dos indexadores: Rendimentos até 20 mil Ufirs (tantos reais); multa no valor de 8 salários mínimos (tantos reais); valores até 400 UFMs (tantos reais). 2 — Proceda da mesma forma com indexadores já extintos, mas eventualmente mencionados em textos sobre fatos passados (ORTNs, OTNs, UPCs, etc.). Indiano. Ver hindu, página 140. Indicado a, para. Distinga: a) Indicado a — recomendado a alguém: Foi indicado aos empresários. / Aparelho indicado aos deficientes. b) Indicado para — selecionado, escolhido, recomendado para alguma coisa: Filme brasileiro é indicado para o (e não “ao”) Oscar. / O deputado foi indicado para o (e não “ao”) ministério. Proceda de maneira semelhante com indicação. “Indicar que”. Alguém indica alguma coisa, mas não indica que. Índios. 1 — Os nomes das tribos indígenas terão singular e plural, e serão adaptados ao português e escritos com inicial minúscula: os ianomâmis (e não os Yanomami), os caingangues (e não os Kaingang), os uaimiris (e não os Waimiri), os guaranis (e não os Guarany), os calapalos (e não os Ka-

Infinitivo

lapalo), os tupis, os bororos, os xavantes, os parecis, etc. 2 — Como adjetivo, terão apenas plural, mas não feminino: a índia calapalo, as nações coroados, os índios aimorés, etc. Indiscrição. Desta forma, e nunca “indiscreção”. Infante. Feminino: infanta. Infarto. Use enfarte. Ínfero... É sempre seguido de hífen: ínfero-anterior, ínfero-lateral. Infinitivo. Como se trata de uma das questões mais polêmicas e controvertidas da língua portuguesa, é impossível formular normas inflexíveis para a distinção entre o infinitivo pessoal (flexionado) e o impessoal (não flexionado). As regras abaixo expressam, de forma geral, o consenso de boa parte dos gramáticos, tanto “tradicionais” quanto “modernos”, a respeito do assunto. Flexionado 1 — Regra básica Flexiona-se o infinitivo quando o seu sujeito e o do verbo principal são diferentes: Acreditamos todos (nós) serem os candidatos (eles) muito bons. / Peço-lhes (eu) o favor de não chegarem (vocês) atrasados. / Convém saírem vocês primeiro. / O chefe julgava estarem seus empregados superados. Se o sujeito for o mesmo, o infinitivo não será flexionado: Temos (nós) o prazer de lhe participar (nós) ... / Declararam (eles) estar (eles) prontos. Exceção. Com os verbos deixar, fazer, mandar, ver, ouvir e sentir, o infinitivo fica no singular, mesmo que haja mais de um sujeito na frase: Deixai vir a mim as criancinhas. / Mandei-os começar o serviço. / Senti-os exalar o último suspiro. / Faça-as sair depressa. / Vi tantos homens perder o juízo. / Ouviu os mestres explicar a questão.

Infligir, infringir

146

2 — Regra complementar. Se você tiver dúvidas na aplicação da regra básica, apele para esta outra (no fundamental, as duas coincidem): o infinitivo é flexionado quando pode ser substituído por um tempo finito (indicativo ou subjuntivo, em geral): É preciso saírem logo (saírem = que saiam). / O coronel intimou-os a se renderem (a que se rendessem). / É tempo de partires (de que partas). / Não compete a vocês queixarem-se de nós (que se queixem). / Convém chegarmos ao fundo da questão (que cheguemos). 3 — Outros casos de infinitivo flexionado a) Quando o sujeito é indeterminado: Vi executarem os criminosos. / Ouvi cantarem o hino de várias formas. b) Quando o infinitivo é o sujeito: O quereres tudo me surpreende. / O morrerem pela pátria é sina de alguns soldados. Não flexionado 1 — Infinitivo usado com verbos impessoais ou com outros, pessoais, mas empregados de forma impessoal: Viver é lutar. / É proibido proibir. / É possível haver dúvidas. 2 — Infinitivo com valor de imperativo: Meia-volta, volver! / Honrar pai e mãe. 3 — Infinitivo em locução verbal: As peças estavam estragadas, devendo ser (e nunca serem) substituídas. / Lamentando não poder atendê-lo, desejamos... / Costumavam os filhos reunir-se (e não reunirem-se). Com preposição 1 — Não se flexiona o infinitivo com preposição que funcione como complemento de substantivo, adjetivo ou do próprio verbo principal: O pai convenceu os filhos a voltar cedo.

Infligir, infringir / Continuamos dispostos a comprar a casa. / Remédios ruins de tomar. / As emissoras conquistaram o direito de transmitir todos os jogos de vôlei. / Eram exercícios fáceis de resolver. 2 — Não se flexiona o infinitivo com preposição que apareça depois de um verbo na voz passiva: Os jornalistas foram forçados a sair da sala. / As pessoas eram obrigadas a esperar em fila. 3 — Não se flexiona o infinitivo com preposição que tenha o valor de gerúndio: Os trabalhadores estavam a comer (= comendo). / Estavam a cantar (= cantando). 4 — Nos demais casos de preposição (ou locução prepositiva) mais infinitivo, é opcional flexionar ou não o infinitivo. Quando ela vier antes do verbo principal, é preferível usar a forma flexionada: Por serem milionários, tudo lhes parecia barato. / Para nos mantermos em forma, fazemos ginástica diariamente. Quando colocados depois, prefira a forma não flexionada: Viemos aqui para cumprimentar o ancião. / Aceitaram o trabalho sem hesitar. Observações finais

1 — Use o bom senso e o ouvido: o ritmo da frase, a eufonia e a clareza em muitos casos se sobrepõem a qualquer regra, neste assunto. 2 — Em caso de dúvida, siga este conselho do gramático Napoleão Mendes de Almeida: “Devemos limitar a flexão do infinitivo aos casos de real necessidade de identificação do seu sujeito. Não verificada essa necessidade, deixemos intacto o infinitivo.” Infligir, infringir. Infligir significa aplicar (pena, repreensão, derrota) a alguém: O destino lhe infligiu severos reveses. / O juiz infligiu pesada punição ao réu. Infringir equivale a violar, transgredir, desrespeitar: Infringiu o

Informar

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regulamento. / Sua atitude infringia as normas da boa conduta. Informar. Regência. 1 — Informar alguém: O jornal existe para informar os leitores. / Nós os informamos. 2 — Informar de alguma coisa: Ele informou das mudanças no Imposto de Renda. 3 — Informar alguém de ou sobre alguma coisa: Os funcionários informaram o chefe das (sobre as) alterações. / Informaram-no das (sobre as) novas normas. 4 — Informar alguma coisa a alguém: Nós lhe informamos que chegaríamos cedo. / O governo informou à população que o país não entraria na guerra. 5 — Informar, apenas (intransitivo): Bem ou mal, todo jornal informa. / O rádio e a televisão também informam. 6 — Informar-se de ou sobre alguma coisa: Ele se informou dos (sobre os) acontecimentos. / Convém que todos se informem sobre as novas normas. 7 — O que não se pode é atribuir dois objetos diretos ao verbo, como neste exemplo real: O documento informava os moradores “que” (o certo: de que) seus imóveis deveriam ser restaurados. Informática. Mantenha nos limites da informática o uso de palavras como acessar, inicializar, deletar, printar, etc. Por isso, não escreva que alguém “acessou” uma rodovia, “inicializou” um processo”, “deletou” uma imagem, “printou” um folheto, etc. Infra... Hífen antes de vogal, h, r e s: infra-assinado, infra-estrutura, infrahumano, infra-ocular, infra-renal, infra-som. Nos demais casos: infracitado, infravermelho, infradotado. Infravermelho. Plural: infravermelhos. Infringir. Ver infligir, página 146. Ingerir. Conjuga-se como aderir (ver, página 32): ingiro, ingeres; ingeria; ingeri; ingerira; ingerirei; ingeriria; que eu ingira; se eu ingerisse; ingere tu, ingeri vós; ingerido; etc. Inglaterra. 1 — O prefixo que entra na formação de adjetivos pátrios é anglo

Inglês

(anglo-brasileiro, anglo-saxões). 2 — Inglaterra não é o mesmo que GrãBretanha (esta inclui, além da Inglaterra, a Escócia e o País de Gales) nem que Reino Unido (conjunto formado pela Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte). Inglês. a) Palavras parecidas Tome cuidado, nas traduções, com algumas palavras que, em inglês, têm sentido diferente do que aparentam ou apresentam primordialmente o significado incluído entre parênteses: absolutely (certamente), abstract (resumo), actually (realmente), adept (competente, conhecedor), antic (extravagante), apologize (desculpar-se), apparatus (aparelhagem), appeal (atrair), appoint (estabelecer), appointment (encontro), assume (pressupor), balance (pesar, equilibrar), bargain (pechincha), casualties (perdas, baixas), cellar (adega), cigar (charuto), cigarette (cigarro), comics (quadrinhos), commodity (produto primário), copy (exemplar), disparate (diverso), disprove (refutar), educate (instruir), eventually (por fim, finalmente), exit (saída), exquisite (requintado), finally (completamente), gas (gasolina), genial (amável), injuries (prejuízos, ferimentos), just (mal, apenas), lecture (conferência, discurso), library (biblioteca), liquor (bebida alcoólica), luxury (luxo), memories (recordações), morose (rabugento), officer (oficial), official (funcionário), panel (caixilho), parents (pais), penalize (punir), physic (medicina), physician (médico), policy (prudência, política, apólice), pork (carne de porco), prejudice (preconceito), prescription (receita médica), pretend (fingir), push (empurrar), realize (perceber), record (registrar, gravar), relatives (parentes), remark (ponderar), retire (aposentar-se), scholar (pessoa ilustrada), spirits (bebidas alcoólicas) e tub (banheira).

...inho

148

b) Formação do plural Na maior parte dos casos, simplesmente se acrescenta um s à palavra. Em outros, porém, pode haver dúvidas: 1 — Palavras terminadas em s, x, z, ch e sh — acrescenta-se es: buses, boxes, buzzes, churches, flashes. 2 — Palavras terminadas em y precedido de vogal — acrescenta-se s: boys, days, attorneys. 3 — Palavras terminadas em y precedido de consoante — o y convertese em ies: lobbies, parties, royalties, copies, commodities. 4 — Palavras terminadas em o precedido de vogal — acrescenta-se s: trios, taboos, folios. 5 — Palavras terminadas em o precedido de consoante — em geral, acrescenta-se es: potatoes, negroes, echoes, heroes, tomatoes, mosquitoes. Algumas exceções: pianos, egos, twos. c) Particularidade 1 — O qualificativo que acompanha certos nomes próprios em inglês, diferentemente do português, não vai entre vírgulas: Billy the Kid, Catherine the Great, Irma la Douce, Jack the Ripper. ...inho. Ver diminutivos, página 96. Iniciais. 1 — Com espaço e ponto nos nomes próprios: O. J. Simpson (e não O.J. ou OJ), T. S. Eliot. 2 — Sem espaço, mas com ponto e sempre em negrito na indicação colocada no pé dos textos do jornal: J.S., C.H.M. Iniciar. 1 — Nunca use as formas torneio “inicia” hoje, copa “inicia” hoje, censo “inicia” hoje, privatização da Vela “inicia” em fevereiro. Alguma coisa inicia-se (ou começa ou principia): Convenção do PMDB inicia-se hoje. 2 — Inicia exige sempre um agente: Governo inicia cobrança do Imposto de Renda. 3 — Iniciar pode ainda pedir dois complementos: Sempre que pode, inicia os amigos nas artes marciais.

Intenções

Inserido, inserto. Se os auxiliares forem ter e haver, use inserido: Tinha inserido seu nome na lista. / Haviam inserido novos conceitos na economia. Com ser e estar (ou demais verbos de ligação), empregue inserto: Seu nome estava inserto na lista. / Os anúncios foram insertos em jornais e revistas. Insolvência. Use este termo para pessoas físicas (e não falência). Inspira cuidados. Lugar-comum. Diga que o estado da pessoa é delicado ou grave. INSS. A sigla significa Instituto Nacional do Seguro (e não “de Seguridade”) Social. Instigante. Evite. Tornou-se modismo. Intenções. Nunca atribua intenções a animais que ajam movidos exclusivamente pelo instinto. Por isso, não têm sentido textos como: Tubarões mal-intencionados cercavam o náufrago. / Os cães impiedosos atacaram o menino. / Os insetos comeram os livros e cadernos de uma estante da casa, mas tiveram o cuidado de deixar as capas intactas. / Todos os gatos são mal-agradecidos. E só escreva que um macaco ciumento agrediu o menino se algum veterinário ou especialista confirmar a existência desse tipo de sentimento no animal. Da mesma forma há condições que as coisas inanimadas ou fenômenos da natureza e da vida não podem apresentar: Na segunda explosão, a laje não teve escapatória e rebentou. / Só o céu não compartilha deste sentimento tão nobre na passagem do ano. / A frente fria insiste em provocar chuvas. / Adolescentes são novo alvo da epidemia de aids. Só pessoas podem ter escapatória, compartilhar sentimentos, insistir em algo ou escolher um alvo.

Inter...

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Inter... Hífen antes de h e r: inter-helênico, inter-humano, inter-racial, inter-relação. Atenção: interrogatório, interrupção, interromper e outras na mesma condição não seguem a regra porque derivam diretamente da forma latina correspondente. Nos demais casos: interamericano, interestadual, interinsular, interoceânico, interurbano, intermunicipal, intersindical. Intercessão, interseção. Intercessão — intervenção: a intercessão da mãe em favor do filho; interseção — corte, cruzamento: a interseção de duas retas, de duas estradas. Interessar. Regência. a) Interessar a alguém: Tudo lhe interessa. / A proposta não interessa ao país. / O empate não interessa a nenhum dos dois times. b) Interessar alguém em alguma coisa: Interessou o irmão na empresa. / Interessei-o naquele negócio. Ínterim. E não “interim” (ím). Interior. Inicial minúscula: o interior (de São Paulo ou do Brasil), o interior de São Paulo, o interior do Brasil. Intermediar. Conjuga-se como odiar (ver, página 203): intermedeia, intermedeiam, intermedeie, etc. Internacional. O Internacional, quando se tratar do time de Porto Alegre (Sport Club), e a Internacional, para o clube de Limeira (Associação Atlética). A equipe de Milão também é feminina: a Internazionale. Nos três casos, admite-se a forma reduzida Inter. Interrogado. São corretas as formas interrogado sobre e interrogado se. Interseção. Ver intercessão, nesta página. Intertítulos. 1 — Use intertítulos a cada 20 linhas cheias dos textos noticiosos, para torná-los graficamente mais agradáveis e menos pesados. 2 — O intertítulo pode ser apenas uma palavra, uma locução ou mesmo uma frase. Evite apenas que seja

Intra...

longo, para que a linha não se quebre em duas. 3 — O intertítulo sempre pode ajudar o texto a dizer alguma coisa; evite, dessa forma, intertítulos extremamente genéricos como explicação, desmentido, preparativos, lançamento, medo, surpresa, divisa. Veja, ao contrário, intertítulos mais explícitos: bancada coesa, amigo do governo, tarefa urgente, cai o mito. Interveio. E nunca “interviu” (passado do verbo intervir). Intervindo. Forma comum ao gerúndio e particípio de intervir: O governo estava intervindo (interferindo) nos assuntos dos cidadãos. / O governo tinha intervindo (interferido) nos assuntos dos cidadãos (e nunca “intervido”). Intervir. Conjugação. Pres. ind.: Intervenho, intervéns, intervém, intervimos, intervindes, intervêm. Imp. ind.: Intervinha, intervinhas, intervinha, intervínhamos, intervínheis, intervinham. Pret. perf. ind.: Intervim, intervieste, interveio, interviemos, interviestes, intervieram. Fut. pres.: Intervirei, intervirás, intervirá, interviremos, intervireis, intervirão. Fut. pret.: Interviria, intervirias, interviria, interviríamos, interviríeis, interviriam. Pres. subj.: Intervenha, intervenhas, intervenha, intervenhamos, intervenhais, intervenham. Imp. subj.: Interviesse, interviesses, interviesse, interviéssemos, interviésseis, interviessem. Fut. subj.: Intervier, intervieres, intervier, interviermos, intervierdes, intervierem. Imper. afirm.: Intervém, intervenha, intervenhamos, intervinde, intervenham. Ger.: Intervindo. Part.: Intervindo. Inter vivos. Desta forma. Intra... Hífen antes de vogal, h, r e s: intra-auricular, intra-ocular, intrauterino, intra-hepático, intra-raquidiano, intra-segmentar. Nos demais casos: intracraniano, intramuscular, intravascular. Observação. O Voca-

Intuito

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bulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, registra com hífen o advérbio latino intra-muros. Intuito. Sem acento (pronuncia-se intúito). Invés. 1 — A locução ao invés de indica situação contrária, oposição: Ao invés de entrar, saiu. / Ao invés de baixar, o preço subiu. 2 — Em vez de é que significa em lugar de: A dona de casa, em vez de ovos, comprou carne. / Em vez de sentar-se na cadeira, preferiu o banco. / Paguei 1.000 reais em vez de 800. 3 — Em vez de pode ser usada nos dois casos (oposição e substituição), enquanto ao invés de só admite a idéia de ao contrário de. Investigar. Alguma coisa é investigada e não alguém: Investigou os atos do jornalista (e não “investigou o jornalista”). Investir. Regência. 1 — Investir contra: O cachorro investiu contra a multidão. / O herege não parava de investir contra a Igreja. 2 — Investir alguém em ou de: O presidente investiu o correligionário no cargo de ministro. / O governo o investiu de poderes. 3 — Investir alguma coisa em: Investira muito dinheiro na empresa. 4 — Investir, apenas: O touro preparava-se para investir. / Há empresas que não sabem a hora certa de investir. 5 — Investir-se em: Não via a hora de se investir no cargo. Invólucro. E não “envólucro”. Íon. Plural: íons. Ir. Conjugação. Pres. ind.: Vou, vais, vai, vamos, ides, vão. Imp. ind.: Ia, ias, ia, íamos, íeis, iam. Pret. perf. ind.: Fui, foste, foi, fomos, fostes, foram. M.-q.-perf. ind.: Fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram. Fut. pres.: Irei, irás, irá, iremos, ireis, irão. Fut. pret.: Iria, irias, iria, iríamos, iríeis, iriam. Pres. subj.: Vá, vás, vá, vamos, vades, vão. Imp. subj.: Fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fos-

Ir indo

sem. Fut. subj.: For, fores, for, formos, fordes, forem. Imper. afirm.: Vai, vá, vamos, ide, vão. Ger.: Indo. Part.: Ido. Ir (tempo). Fica invariável nas expressões de tempo, quando seguido de para, por ou em: Vai para seis anos que chegou a São Paulo. / Ia por uma década que havia partido. / Já vai em dez anos que se retirou do país. Nos demais casos, o verbo ir flexiona-se normalmente: Já lá vão cinco dias que ele partiu. Ir a, ir de. Ir a cavalo, ir a pé; no entanto, ir de automóvel, de ônibus, de carro, de avião, de trem, de navio, etc. Ir a, ir para. Ir a indica curta permanência, enquanto ir para dá idéia de destinação, demora: Vai a Paris (vai e volta logo) este mês; vai para Paris no fim do ano (vai e fica, pelo menos algum tempo). / Vai para Campos do Jordão nas férias; vai a Campos do Jordão esta semana. “Irá participar”. É a flexão vai, e não irá, que se usa com o infinitivo para formar o futuro: Caso reforme o contrato, o jogador vai participar (e não irá participar) dos treinamentos. / O presidente eleito vai visitar (e não irá visitar) outros países antes da posse. / O executivo vai trabalhar (e não irá trabalhar) com as equipes de operações diárias do grupo. A razão: o vai foi usado pelos escritores para substituir o futuro simples (irá, fará, dirá, participará), que muitos consideram pouco eufônico. Irá participar é futuro da mesma forma e equivale a participará, exatamente a forma que se quer evitar. Ir a votação. Sem crase: O projeto vai a votação até o fim do ano. Ir de. Ver ir a, ir de, nesta página. “Ir em”. Para indicar deslocamento, o que se usa é ir a: Foi ao cinema (e não “no cinema”). / Prometeu ir amanhã à festa (e não “na festa”). Ir indo. Ir pode ser auxiliar de si próprio: ia indo, íamos indo, vou indo.

Irlanda

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Irlanda. A independente é a República da Irlanda (não use Eire) e a que faz parte do Reino Unido, a Irlanda do Norte. Ir melhor, ir pior. Melhor e pior, no caso, ficam invariáveis: Os negócios agora vão melhor (ou pior) que antes. E nunca “vão melhores” ou “vão piores”. Igualmente: Eles vão bem. / Eles vivem melhor. Ir para. Ver ir a, ir para, página 150. Ir pior. Ver ir melhor, nesta página. Irradiar-se. Alguma coisa se irradia e não irradia, apenas: Seu otimismo irradiou-se rapidamente. / O som irradiou-se pela casa. Irregular. Irregular é a situação da pessoa e não ela própria. Assim: Imigrantes em situação irregular serão deportados (em vez de: Imigrantes “irregulares” serão deportados). ...isar/...izar. 1 — Os verbos com isar são os que têm o grupo is + vogal no substantivo: analisar (análise), catalisador (catálise), frisar (friso), avisar (aviso), paralisar (paralisia), revisar (revisão). 2 — Nos verbos em izar, não há esse grupo (is + vogal): civilizar, moralizar, exorcizar, dinamizar, batizar, balizar, etc. Isentado, isento. Use isentado como particípio (com ter, haver, ser e estar) e isento como adjetivo: Tinha (havia) isentado, foi isentado, estava isento. Iso... Liga-se sem hífen ao termo seguinte: isoaxial, isocianeto, isoenergético, isoimunização, isorresistência, isossilábico. Israelense, israelita. Israelense — natural ou habitante de Israel: comandos israelenses, ataques israelenses, os israelenses; israelita — relativo à religião judaica ou ao povo de Israel (no sentido bíblico): templos israelitas, tradições israelitas. ...issar. Use essa forma (e não isar) em todos os verbos que indiquem pousar ou descer: aterrissar, amerissar, alu-

nissar. Da mesma forma: aterrissagem, alunissagem, etc. Isso. Ver este, esse, aquele, página 117. Isso, disso. 1 — É pobreza de expressão o abuso de isso e disso. Sempre que possível, substitua essas formas por esse ou desse mais substantivo: O economista evitou referir-se às conseqüências políticas disso (desse fato, dessa disposição). / Isso só funciona em uma direção (essa tendência, essa articulação). / Um sinal disso (dessa evidência, desse aspecto) foi... 2 — Admite-se, no entanto, como normal o uso de isso em frases como: Isso, é evidente, não significa que... / Todos sabem que isso representa muito para o País. Isto. Ver este, esse, aquele, página 117. Itália. Elemento para a formação de adjetivos pátrios: ítalo (ítalo-brasileiro, ítalo-franco-americano). Itálico. Ver destaques, página 93. Ítalo... Existe hífen quando a palavra final é um adjetivo pátrio: ítalo-brasileiro, ítalo-americano, ítalo-soviético. Nos demais casos: italofilia, italófobo, italomaníaco. Itamaraty. Com y. Item, itens. Sem acento. Iugoslávia. Desta forma, assim como iugoslavo. ...izar. Ver ...isar/...izar, nesta página.

Já. 1 — Evite o emprego de já, especialmente nos títulos, como recurso para aumentar o tamanho da linha. Veja que em todos os exemplos a seguir o já não só está mal colocado como é perfeitamente dispensável: Vitória já preocupa o São Paulo. / Villeneuve já inicia testes para o GP dos EUA. / Polícia já identifica os agressores do deputado. 2 — Quando indica mudança

Jabuti, jabuticaba

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de situação, porém, o já cabe perfeitamente na frase: Avião particular já não é privilégio de executivos (era e deixou de ser). / Brasil já é o terceiro produtor de arroz (passou a ser). / As montadoras de carros já aceitam novos concorrentes. / Terremoto já matou 600 na Colômbia. Jabuti, jabuticaba. Com u. Já ... mais. O uso simultâneo de já e mais constitui redundância, como na frase Pedro já não é mais o presidente da associação. Escreva apenas que Pedro já não é o presidente da associação (muitos autores condenam a forma equivalente Pedro não é mais o presidente da associação, tachandoa de galicismo). Igualmente: Já não há solução. Japão. Elemento para a formação de adjetivos pátrios: nipo (nipo-brasileiro, nipo-europeu). Javali. Feminino: javalina (prefira) e gironda. Joelhos. De joelhos, no plural. Jogos de palavras. São muito raros os casos de jogos de palavras ou trocadilhos que se justifiquem em jornal. Quase invariavelmente, eles soam de forma artificial e forçada. Ou, por associação de idéias, se repetem no mesmo dia em jornais diferentes, numa demonstração de falta absoluta de originalidade. Veja alguns exemplos de frases de gosto duvidoso, para dizer o mínimo: Nudistas querem espírito despido de preconceitos. / Cachorro frio ajuda médicos (cães foram congelados para experiência). / O prato de resistência do almoço foi a sucessão presidencial. / A sapateira Joana da Silva, que não dá passo maior que a perna, tenta agora colocar um pé nos Jardins. / Até hoje os plantadores de cana só colheram prejuízos. / Raul de Souza põe a boca no trombone (tratase de um trombonista). / Sílvio Santos vem aí para prefeito. / Telefones estão no fim da linha. / Seis cordas

Junto a

dão o Tom (violonista grava músicas de Tom Jobim). / Zagalo aposta na esquerda para estrear na Copa com o pé direito. / Pista de kart dá velocidade ao lazer na Mooca. / Chapelarias resistem e ainda fazem a cabeça. / O futebol brasileiro torna-se cada vez mais exportador de pé-de-obra. Eis, ao contrário, jogos de palavras aceitáveis: Ao prefeito, com carinho. / Tudo pelo tributário. / O Cidadão Welles. / À procura do encanto perdido. Em dúvida, não hesite: é preferível uma boa imagem ou título “tradicional” a um jogo de palavras pretensamente criativo que só comprometa o texto do jornal. Jogral. Feminino: jogralesa. Jornada. É a duração do trabalho diário. Por isso, não existe “jornada semanal” nem “mensal”. Judeu, judiação, judiar, judiaria. Use judeu apenas para designar o natural de Israel ou aquele que professa a religião judaica. Nunca empregue a palavra no sentido popular ou pejorativo de agiota e usurário. Da mesma forma, substitua judiar por maltratar e judiação e judiaria por maus-tratos ou equivalente. Júnior. Plural: juniores (ô). Junto. A forma vai depender do sentido da frase: a) Adjetivo. Concorda com o substantivo: As irmãs estavam juntas. / Encontrei os amigos juntos. / Segundo a carta junta... b) Advérbio. Fica invariável e modifica o verbo: Junto remeto a folha de pagamento. / Envio junto os dois relatórios. c) Locução. Pode ser junto a, junto de ou junto com: Estava junto do pai. / As casas ficavam junto do mercado. / Construiu o edifício junto à estação. / Saiu junto com o tio. / Levei-os junto comigo. Junto a. 1 — Atenção para o uso indevido da locução. Ninguém compra algo junto a, faz entendimentos junto a, encaminha pedidos junto a, pede

Junto com

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providências junto a, mantém negociações junto a e muito menos adquire o passe de um jogador junto a outro time ou toma um atleta emprestado junto a. Use a preposição que o verbo exigir: Estava em negociações com o Banco do Estado (em vez de “junto ao”). / Pediu o empréstimo ao BNDES (em vez de “junto ao”). / Adquiriu do Vasco o passe do jogador (e não “junto ao”). / Encaminhou a solicitação ao governo do Estado (e não “junto ao”). / Solicitou providências das (em vez de “junto às”) autoridades / Entrou com o recurso no Tribunal de Justiça (em vez de “junto ao”). / A decisão repercutiu mal entre os brasileiros (em vez de “junto aos”). / As cotas do fundo não poderão ser cobradas do governo (em vez de “junto ao”). 2 — Junto a, no entanto, pode equivaler a adido a: O embaixador brasileiro junto ao Vaticano deixa o cargo amanhã. Junto com. Redundância. Use com, apenas: Os empresários participaram da iniciativa com (e não “junto com”) os sindicalistas. / Saiu com (e não “junto com”) o diretor. Jurar. 1 — Significa prometer solenemente: Jurou dizer somente a verdade. 2 — Seu uso como garantir, prometer é modismo a evitar: O jogador garantiu (e não “jurou”) que não tinha nenhum problema. / “Vou fazer o que puder para vencer”, prometeu (e não “jurou”). “Justiçar”. Só em citações (entre aspas) pode ser usado como sinônimo de matar ou executar. “Justiceiro”. No caso do matador por encomenda ou por conta própria, use a palavra sempre entre aspas, no título, ou, no texto, seguida de explicações como: Um “justiceiro” (assassino profissional) foi o autor... “Justificar que”. Justifica-se alguma coisa, mas não se justifica que. Justo. Evite o anglicismo. Use justamente, e não “justo”, em frases co-

Lança-perfume mo: Justamente agora (em vez de justo agora) ele perdeu o emprego. / O deputado anunciou que ia sair candidato justamente (e não justo) na terra do maior adversário. Ou seja, sempre que justo puder ser substituído por justamente, é esta palavra que se deve usar.

Kafka. a) Nunca diga que Kafka escrevia em checo. Ele usou o alemão em seus livros. b) O adjetivo é kafkiano e não “kafkaniano”. Kibutz. Plural: kibutzim. “Kilo...”. O certo é quilo...: quilograma, quilohertz, quilômetro, quilowatt. A abreviatura é que é com k: kg, kHz, km, kW. km. Como toda abreviatura do sistema métrico, km (de quilômetro) não tem plural nem ponto. Por isso, use km, sempre em minúsculas, para quilômetro e quilômetros (“KM”, “Km” e “kms” não existem). Köln. Use em português: Colônia. Kubitschek. Desta forma.

“Labaredas de fogo”. Redundância. Não use. Lady. Não use artigo antes de lady: Ficou encantado com lady Diana. Lagoa. Inicial maiúscula: Lagoa dos Patos. Largo. Inicial maiúscula: Largo da Concórdia. Lança-perfume. Palavra masculina: um lança-perfume, os lança-perfumes.

“Lançar novo”

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“Lançar novo”. Redundância: tudo que se lança é novo. Lateral... Com hífen no futebol: lateraldireito, lateral-esquerdo (jogador), lateral-direita e lateral-esquerda (posição). Latino... Existe hífen nos adjetivos pátrios: latino-americano. Nos demais casos: latinófilo, latinofobia, latinomania. Latir. Conjugação. Só tem as formas em que ao t se segue e ou i: latem, latiu. Admite apenas a 3ª pessoa (singular e plural). Lato sensu. Desta forma. Leads. O lead é a abertura da matéria. Nos textos noticiosos, deve incluir, em duas ou três frases, as informações essenciais que transmitam ao leitor um resumo completo do fato. Precisa sempre responder às questões fundamentais do jornalismo: o que, quem, quando, onde, como e por quê. Uma ou outra dessas perguntas pode ser esclarecida no sublead, se as demais exigirem praticamente todo o espaço da abertura. Graficamente, recomenda-se que o lead tenha no máximo 4 a 5 linhas de 70 toques. Nada impede, porém, que ocupe uma ou duas linhas, apenas, em casos excepcionais ou quando se tratar de informações de impacto. Mais que nas demais partes do texto, o lead deve ser objetivo, completo, simples e, de preferência, redigido na ordem direta. Todas as demais recomendações feitas a respeito do texto jornalístico valem especificamente para o lead (as palavras estranhas ou desconhecidas deverão ser sempre explicadas; rebuscamentos não têm vez na abertura; o fato que constitui o lead deve ser novo; use frases curtas; procure dar um ritmo adequado à frase e, principalmente, jamais construa leads de um único período).

Leads 1 — Objetividade Veja exemplos de leads objetivos e diretos: As mulheres se envolvem cada vez mais no tráfico e uso de cocaína e crack em São Paulo. Os dados, divulgados ontem pela polícia paulista, revelam que, das 980 pessoas presas em flagrante no ano passado, 229 eram mulheres. “Elas começam a fumar crack ou a cheirar cocaína em festas com os amigos ou namorados”, revelou o delegado Fernando Vilhena. “Quando o fornecedor desaparece, passam a roubar e a fazer de tudo para conseguir a droga.” A que foi classificada como “a nevasca do século” nos Estados Unidos matou pelo menos 100 pessoas e bloqueou aeroportos, estradas e edifícios com uma camada de até 80 centímetros de neve. A tempestade obrigou as autoridades a fechar seis aeroportos e a declarar estado de emergência em seis Estados. Em Nova York, 18 pessoas ficaram intoxicadas pelo monóxido de carbono: o gelo obstruiu os canos de escapamento dos carros. O ator português Joaquim de Almeida divide a vida entre seus apartamentos em Lisboa e Nova York e os cenários de dezenas de partes diferentes do mundo. Tem carreira feita no cinema europeu e norte-americano e fechou o ano com uma satisfação especial. Adão e Eva, filme 100% português dirigido pelo amigo Joaquim Leitão, rompe com a linguagem do cinema lusitano e, em uma semana, bateu um recorde no país: foi visto por 30 mil pessoas. Nos três casos, todas as informações importantes constam da abertura e qualquer pessoa que tivesse lido

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apenas essas linhas já estaria razoavelmente informada sobre o assunto. 2 — Burocráticos Em muitos casos, porém, os leads limitam-se a descrever a notícia burocraticamente, sem a menor preocupação de fornecer ao leitor, logo no início, as informações essenciais referentes ao fato. Veja um exemplo: Policiais de Osasco, na Grande São Paulo, esclareceram ontem o desaparecimento de Margarida Almeida de Souza, de 19 anos, filha de um empresário da cidade. No começo de março, ela saiu de casa para morar com o namorado Álvaro de Andrade Silva, de 23 anos, viciado em cocaína e maconha, e não deu mais notícias. Como se pode verificar, o lead termina sem que o leitor tenha a menor idéia do que havia acontecido com a jovem. O texto real seria este: Filha de um empresário de Francisco Morato, na Grande São Paulo, e desaparecida desde março, Margarida Almeida de Souza, de 19 anos, foi morta pelo namorado, Álvaro de Andrade Silva, de 23 anos, em Miracatu, no Vale do Ribeira. Silva, preso anteontem por policiais de Osasco, alegou ter cometido o crime porque queria voltar a morar com a mulher e Margarida ameaçava denunciá-lo por causa do envolvimento dele com drogas. Repare em outras aberturas totalmente desprovidas de interesse, mas nas quais sempre haveria detalhes mais importantes para despertar a atenção do leitor ou informações mais consistentes a antecipar: Repercutiu intensamente ontem em todo o País a aprovação pelo Congresso da reforma da Previdência. / O

Leads presidente brasileiro chegou ontem a Paris para uma visita de quatro dias à França. / A Federação Nacional dos Bancos divulgou ontem os valores das novas tarifas que os bancos passarão a cobrar dos clientes a partir da próxima semana. / O governador de São Paulo está sendo aguardado amanhã, às 10 horas, na Assembléia Legislativa, para falar aos deputados a respeito das dívidas do Banespa. / Acontece hoje, às 21 horas, no Bar do Alemão (Avenida Antártica, 554, Pompéia, zona oeste de São Paulo, telefone 011/871-4745), a festa de lançamento do CD Todas as Vidas. 3 — Repercussões e suítes Nas repercussões ou suítes do noticiário, abra a notícia sempre com o fato mais importante e não diga apenas que houve repercussão ou o fato prosseguiu. Nunca escreva, por exemplo: A denúncia publicada ontem pelo Estado, de que parte do equipamento destinado às obras da Hidrelétrica de Mata Cerrada veio de uma usina desmontada dos Estados Unidos, repercutiu amplamente na sessão do Congresso. O deputado Luciano Machado (PDV-SP) chegou a propor o bloqueio dos bens e a prisão administrativa dos responsáveis pela sua construção. Veja como montar o lead da repercussão: O deputado Luciano Machado (PDV-SP) propôs ontem o bloqueio dos bens e a prisão administrativa dos responsáveis pela construção da Hidrelétrica de Mata Cerrada. O parlamentar tomou a decisão como conseqüência das denúncias do Estado, publicadas ontem, de que parte do equipamento veio de uma usina desmontada dos Estados Unidos.

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Eis outro mau exemplo da suíte de um noticiário:

como as fontes consultadas receberam a notícia:

Durante quase seis horas, oito testemunhas prestaram depoimento ontem no 15º Distrito Policial, no inquérito que apura o caso do comerciante João dos Santos, acusado de ter matado com um pontapé o vendedor ambulante Carlos Augusto de Morais, na Avenida Cidade Jardim, sábado passado. O delegado Marcos Luís de Almeida, que preside o inquérito, e o promotor José Carlos Figueira, designado especialmente para o caso, ouviram os relatos e fizeram muitas perguntas às testemunhas.

Empresários e líderes sindicais de São Paulo, Rio, Porto Alegre e Belo Horizonte dividiram ontem suas opiniões a respeito do novo pacote fiscal: alguns o consideraram “razoável”, mas houve quem o qualificasse de “caça-níqueis”, como o presidente do Sindicato X, João de Almeida.

O lead termina e o leitor sabe apenas que oito testemunhas depuseram. Quem lesse a notícia até o fim, porém, teria imediatamente à disposição o verdadeiro lead: dos oito depoimentos, apenas o da noiva do comerciante tentava defendê-lo. Todos os demais o acusavam pela morte do ambulante. Era isto que a abertura deveria afirmar: Das oito testemunhas ouvidas ontem pela polícia, sete apontaram o comerciante João dos Santos como responsável pela morte do vendedor ambulante Carlos Augusto de Morais, sábado, na Avenida Cidade Jardim. Apenas a noiva do acusado, Maria da Conceição, tentou isentá-lo de culpa. Segundo os depoimentos, Morais matou a vítima com um pontapé na cabeça. O delegado Marcos Luís de Almeida, que preside o inquérito, e o promotor José Carlos Figueira, designado especialmente para o caso, ouviram as testemunhas durante seis horas. Ao contrário, leia um lead sobre a repercussão de fato abrangente no qual o leitor tem uma idéia global de

4 — Falta de informações Há leads que não apenas deixam de tratar o fato de forma direta, como pecam por omitir informações essenciais. Veja o exemplo: Ontem à noite, depois de uma reunião de quatro horas, a direção do Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis de Foz do Iguaçu aceitou uma contraproposta do sindicato dos empresários que poderá evitar a greve da categoria que paralisaria a cidade que, nesta época do ano, recebe milhares de turistas. O texto já começa mal, com complementos que poderiam estar depois da oração principal, e não diz simplesmente, nas linhas iniciais, em que consiste a contraproposta que pode evitar a greve. 5 — “Humanos” A abertura das matérias ditas “humanas” está entre as mais difíceis de redigir. Exige criatividade e muito cuidado para que o texto não tangencie o pieguismo. Estes são dois bons exemplos de leads “humanos”: Carlos Ramalho beijou a poça de água em que pisou assim que desceu do ônibus, na plataforma 75 do Terminal Rodoviário do Tietê. “Quer melhor chegada para um baiano que está fugindo da seca?” Ele ficou surpreso na manhã de ontem quando chegou a São Paulo. Chovia e fazia

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muito frio, “coisa rara na terrinha”. Antes de saber para que lado ia, preferiu andar um pouco descalço, pisando nas poças de água. Aos 35 anos de idade, o jornalista Haroldo de Faria Castro já viajou cerca de 1 milhão de quilômetros, visitou 74 países, rodou as Américas a bordo de uma velha Kombi e acabou batendo o recorde de Júlio Verne: deu a volta ao mundo em 79 dias, carregando a tocha olímpica da paz. 6 — Interpretados Em casos excepcionais e quando a matéria realmente o justifique, uma abertura pode deixar de lado os princípios da isenção e objetividade e admitir algum grau de interpretação, como no exemplo seguinte: A mais significativa vitória de um lobby articulado na atual Constituinte não foi de empresas especializadas e organizadas para esse fim ou os financiados pelas poderosas multinacionais. Foi a do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que conseguiu a inclusão, no projeto da Comissão de Sistematização, de 38 reivindicações de 9 confederações de trabalhadores, 9 federações de funcionários públicos de nível nacional, 3 centrais sindicais e mais de 300 sindicatos. 7 — Intercalações Se no meio do texto as intercalações exageradas já são condenáveis e desviam a atenção do leitor, no lead tornam-se mais graves, porque podem simplesmente afastá-lo de toda a matéria. Veja dois casos em que os períodos deveriam ter sido quebrados em frases menores: Quando o ministro-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), tenente-brigadeiro Alberto

Leads de Souza, deixou claro na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico (CDE), no Palácio da Alvorada, que os militares não aceitariam nenhuma redução na forma de cálculo de seus vencimentos que não atingisse igualmente os Poderes Legislativo e Judiciário, o setor econômico do governo federal entendeu que tinha pela frente um problema bem mais sério do que imaginava. Os dois seqüestradores de Vanessa Carla de Oliveira, de 2 anos e meio, que a mantiveram como refém durante 8 horas, na quarta-feira passada, e a esfaquearam quando a polícia iniciava o seu resgate, eram exestudantes da Faculdade João Ramalho, de São Paulo, José Carlos Tanganelli, de 26 anos, quartanista de Administração de Empresas, e Vicente Lopes da Silva, aluno do primeiro ano de Engenharia de Sistemas. 8 — Não noticiosos Aberturas não noticiosas também exigem habilidade, a exemplo das “humanas”, porque o redator não está lidando com fatos, nos quais a hierarquia da informação já se estabelece de maneira mais ou menos automática. Por isso, é preciso sempre levar ao leitor o ponto central da informação de maneira atraente e de forma que ele perceba que não está diante de uma notícia propriamente dita. Veja exemplos: Não se sabe a que horas acordam, quantos maços de cigarros fumam, se bebem antes, durante e depois. Mas os romances que produzem cheiram a dinheiro, quase dispensam publicidade e invariavelmente encabeçam as listas dos mais vendidos. Nesta página, três exemplos desses escritores-vendedores e seus novos lances: Georges Simenon, Johanna Kingsley e Sydney Sheldon.

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Provar a honestidade. Este é o desafio permanente dos homônimos, vítimas da burocracia da Justiça, das listas telefônicas e até dos computadores do Serviço de Proteção ao Crédito. Quando precisam assinar contratos, logo surgem os fantasmas dos xarás, que não pagam suas dívidas e acabam dificultando os negócios. Entregadores domiciliares de pizzas transformaram-se no alvo preferido de grupos organizados de jovens delinqüentes da classe média, cuja ousadia já preocupa os donos das pizzarias. Os jovens cercam os entregadores e levam as pizzas, o dinheiro e, muitas vezes, também a moto ou a bicicleta. Alguns dos comerciantes sabem quem são os ladrões, mas nada podem fazer contra eles. 9 — O óbvio ou lugar-comum Fuja da abertura óbvia ou lugarcomum, que pode tanto ser aquela que se repete sempre nas mesmas épocas ou circunstâncias como aquela que já foi usada tanto que o bom senso recomenda evitar. Veja alguns exemplos: Se estivesse vivo, o compositor tal estaria completando hoje 90 anos de idade. / Quando fez valer sua influência para embarcar no Hércules C-130 da FAB, o comandante Antônio Soares jamais poderia imaginar que aquela era sua última viagem. / O movimento das estradas paulistas começou ontem a ficar muito intenso por causa do feriado prolongado da Semana Santa. / O movimento das lojas em São Paulo começa a aumentar com a aproximação do Natal. As formas se estivesse vivo ou não poderia imaginar já foram usadas ao infinito nos leads. E a referência ao movimento nas estradas e nas lojas só

Legendas repete o óbvio: que ele cresce no Natal e nas vésperas de feriados. 10 — “Criatividade” Fuja a todo custo da falsa criatividade e da tentação de tornar seu lead engraçado ou muito diferente. Lembre-se: essas formas são muito difíceis de alcançar e o mais que se consegue, muitas vezes, são exemplos de gosto (para dizer o mínimo) discutível como os que se seguem: Se estivesse vivo, o compositor italiano Bellini ficaria feliz ao saber que empresta seu nome ao restaurante que tem a vista panorâmica mais bonita de São Paulo. / A nova equipe que o São Paulo montou para esta temporada sofreu ontem o primeiro abalo. O epicentro do terremoto foi o campo nº 1 do Centro de Treinamento. / Se o mosquito Aedes aegypti pensou que ia ter folga nesta primavera, preparando seu exército para atacar no verão, pode tirar os ovinhos da chuva. É que a Sucam iniciará campanha contra o inseto. / O vencedor de Cruzeiro x Palmeiras sai hoje do Mineirão gritando: “Sou líder.” A partida tem início às 19 horas. / Nem a legislação eleitoral escapa de drible na terra de Mané Garrincha. Em Magé (Grande Rio), o prefeito do vizinho município de Guapimirim, Nélson Costa Mello (PL), 48 anos, deu um chapéu na lei que proíbe a reeleição, safou-se de tentativa da Justiça de derrubá-lo na entrada da área e ficou de cara para o gol nas urnas de 3 de outubro.

Legendas. 1 — A não ser em casos muito especiais, toda legenda do Estado tem uma linha de texto. 2 — Não existe ponto-final na legenda: Presidente ouve ministro: sucessão em debate / A defesa considerou o capitão “corajoso”: a Justiça decidiu que ele é “indigno da farda”.

Legendas

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3 — As legendas, no Estado, devem, sempre que possível, cumprir duas funções, simultaneamente: descrever a foto, com verbo de preferência no presente, e dar uma informação ou opinião sobre o acontecimento. O uso de dois-pontos é recomendável, até por ser um elemento facilitador. Veja alguns exemplos: Presidente ouve ministro: sucessão fora de pauta / Joanésia, vale do Rio Doce: metade da população está desabrigada / Moradores reagem: “Queremos as árvores de volta” / Governador responde a governador: críticas contra críticas / Réveillon: receita inclui roupa branca e muito champanhe / Carmem de Oliveira cruza a linha: primeira brasileira a vencer a São Silvestre / Prefeito promete: “Vou criar uma cidade-modelo”. 4 — Use sempre informações adicionais (esquerda, direita, centro; de bigode, de óculos, curvado; etc.) para que o leitor saiba quem é cada um dos personagens da foto: Scalfaro (esquerda) lava as mãos: solução política para o caso de Dini (direita) ficará com o Parlamento / Maria (de óculos) pede providências a Joana (esquerda) e Ismênia (direita) / João dos Santos (abaixado) mostra como Alberto Rodrigues o atingiu. 5 — É indispensável que o detalhe referido na legenda conste do noticiário, para que ela não se torne uma informação solta e sumária no jornal nem deixe dúvidas no espírito do leitor. Se a foto apresenta um deputado em cadeira de rodas, explique o motivo na notícia que acompanhar a legenda. As agências internacionais, por exemplo, fornecem com freqüência fotos desacompanhadas de matéria, que se esgotam no flagrante reproduzido. Caso as informações sejam insuficientes para fazer parte da notícia, transforme-as num texto-legenda.

Legendas 6 — Não force conclusões exageradas. A foto de uma pessoa aparentemente assustada, sem nada que o justifique (principalmente o texto), desautoriza qualquer legenda apressada como: Joãozinho no Corinthians: assustado com a responsabilidade / Presidente do PMDB não esconde preocupação: destino do partido está em jogo. O susto de Joãozinho e a preocupação do presidente do partido podem ser pormenores ocasionais (ou mera presunção), sem nenhum fundamento nos fatos. 7 — Nas legendas nas quais o verbo da oração principal esteja no presente, a palavra ontem obviamente só pode figurar na oração acessória, em que o verbo no passado descreve a circunstância do fato: Deputados deixam o plenário, no fim da sessão com que o Congresso abriu ontem a nova legislatura / Josuel sobe para o rebote, no jogo em que o Brasil venceu a Argentina ontem no Ibirapuera por 101 a 98. Assim, estão erradas as formas: Deputados deixam ontem o plenário / Deputados deixam o plenário ontem / Josuel sobe ontem para o rebote / Josuel sobe para o rebote, ontem. 8 — Mesmo nas legendas de uma coluna é sempre possível incluir alguma coisa mais que o simples nome da pessoa retratada: Mafalda: trabalho gratuito / Osmar: fusão em marcha / Prado: quase certo / Steffi: estréia tranqüila. 9 — Duas ou mais fotos publicadas lado a lado podem ter uma única legenda, com a descrição dos fatos seguindo rigorosamente a ordem em que as fotos aparecem na página, da esquerda para a direita. 10 — Duas ou mais fotos publicadas em coluna poderão ter uma legenda única, igualmente, na mais inferior delas ou legendas individuais, em que pode ser usado o recurso das reticências para indicar que a ação conti-

Legiferar

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nua na foto de baixo: O assaltante prepara-se para atirar... /... enquanto os companheiros tomam posição... /... sem perceber o policial oculto no banco. 11 — Ilustrações, tabelas, mapas, gráficos, etc., podem ou não ter legenda, dependendo de esgotarem a informação ou necessitarem de explicações adicionais. 12 — Finalmente, evite descrições óbvias: Fulano fala ao telefone com beltrano / O deputado deixa o recinto da Câmara / O São Paulo entra em campo. 13 — Ver também texto-legenda, página 281. Legiferar. Sem s, assim como legiferante. Lei. 1 — Inicial maiúscula nas leis oficiais: Lei nº 243, Lei do Passe, Lei Áurea, Lei Orgânica dos Municípios. 2 — Inicial minúscula nos demais casos: lei de Gerson, lei da oferta e da procura, lei seca. Lei Magna. Iniciais maiúsculas. Evite essa forma, porém. Lemas. Do brasão do município de São Paulo: Non ducor duco (“Não sou conduzido, conduzo”). Do brasão do Estado de São Paulo: Pro Brasilia fiant eximia (“Pelo Brasil façam-se as melhores coisas”). Dos inconfidentes: Libertas quae sera tamen (“Liberdade ainda que tardia”). Lembrar (regência). 1 — Lembrar alguma coisa: Ele lembrava a mãe. / Todos o lembraram. / A casa lembrava a da sua infância. 2 — Lembrar alguma coisa a alguém ou lembrar alguém de alguma coisa: Eles lhe lembraram o compromisso. / Lembraram-no do compromisso. 3 — Lembrar-se de alguma coisa: Nunca se lembrava de nada. / Lembrou-se de que lhe havia prometido um cargo. 4 — Modernamente, já se admite a forma lembrar de: Lembrou de acordar cedo. / Lembrou do caso.

Lhe, lhes

Lembrar (significado). Use lembrar apenas no seu sentido real, de recordar, e não como sinônimo de dizer, em frases nas quais na verdade ninguém está lembrando nada, mas apenas afirmando. E às vezes o que está sendo lembrado é tão desconhecido para o leitor que o verbo perde o real significado. Exemplo: O senador lembrou que, na reunião secreta do partido, sua tese foi condenada. Na verdade, ele está revelando e não lembrando. Lenda viva. Lugar-comum. Evite. Lenin. Desta forma, sem acento. “Lepra”, “leproso”. Use hanseníase e hanseniano. Ler. Conjugação. Pres. ind.: Leio, lês, lê, lemos, ledes, lêem. Pret. perf. ind.: Li, leste, leu, lemos, lestes, leram. M.-q.perf. ind.: Lera, leras, lera, lêramos, lêreis, leram. Pres. subj.: Leia, leias, leia, leiamos, leiais, leiam. Imper. afirm.: Lê, leia, leiamos, lede, leiam. Lesa, leso. Não é o verbo lesar, mas o adjetivo leso (redução de lesado) que figura em diversas palavras compostas. Use, então, lesa antes de palavra feminina e leso com o masculino: lesa-majestade, lesa-pátria, leso-patriotismo, leso-direito. Plural: lesasmajestades, lesas-pátrias, lesos-patriotismos, lesos-direitos. Levantar-se. Alguém se levanta, de preferência, e não levanta, apenas: Levantaram-se quando ele entrou na sala. / Levanta-se cedo todo dia. / O Sol também se levanta. Lêvedo. Prefira esta forma a levedo (vê). Lhama. Masculino: o lhama. Lhe, lhes. 1 — São formas próprias do objeto indireto. Substituem a ele, a eles, a você, a vocês: Pedi-lhe (a ele, a você) que saísse. / Nada lhes agrada (a eles, a vocês). / Tudo isso lhes (a eles, a vocês) diz respeito. / O filho obedecia-lhe (a ela) em tudo. / Quero lhes (a eles, a vocês) dizer umas verdades. / Vou lhes (a eles, a vocês) fazer uma proposta. / Soube inspirar-

Lhe, lhes (possessivo)

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lhe (a ele, a ela, a você) confiança. / Agradeço-lhe (a você) o favor. / Custou-lhe (a ele) muito fazer isso. / Já nada lhe (a ele) importava àquela altura. / Não lhes (a eles) responda mal. / O cargo só lhe (a ele, a ela) dera insatisfação. 2 — Alguns verbos indiretos não admitem o pronome lhe, como assistir (no sentido de estar presente, apenas), ajudar, aspirar, presidir e recorrer: Assistiu a ele (a um jogo, por exemplo). / Ajudarei a você (e não eu lhe ajudarei). / Aspirava ao cargo. / Presidiu à reunião (e não presidiulhe). / Recorro a você, agora (e não recorro-lhe, agora). O mesmo ocorre com verbos de movimento como ir, comparecer, etc. 3 — É errado o uso de lhe quando o verbo pede objeto direto em frases como: Não lhe conheço (o certo: Não o conheço). / A namorada “lhe” deixou (A namorada o deixou) / Nunca “lhe” vi (Nunca o vi). / Eu “lhes” abracei (Eu os abracei). / Eles “lhes” desejam (Eles as desejam). / Tentara “lhes” ensinar a viver bem (Tentara ensiná-los a viver bem). / O juiz “lhe” (o) prejudicou. / A derrota vai “fazerlhes” (fazê-los) meditar. / Queria “lhe” beijar (beijá-la). / Acusou-o de “ter-lhe” (tê-lo) roubado. Note que, no caso, lhe e lhes seriam substituídos por ele, eles, ela, elas, você e vocês, e não por a ele, a eles, a ela, a elas, a você e a vocês. Lhe, lhes (possessivo). É considerado bom recurso de estilo o uso de lhe ou lhes no lugar de seu, sua, seus, suas: Cumpriu-lhe (a sua) a vontade. / Ferilhe (a sua) a cabeça. / Um soluço escapou-lhe (do seu) do peito. / Conheço-lhe (os seus) os vícios. / Conseguilhe (a sua) a confiança. / Esbarrou-lhe (nas suas) nas costas. / O governo frustrou-lhe (as suas) as esperanças. / As lágrimas que lhe (dos seus) corriam dos olhos. / Matei-lhes (deles) a fome. / O presidente não quer regime

Lista, listado, “listar”

que lhe (os seus) retire os poderes. / O irmão encheu-lhe (a sua) a xícara de chá. Libertadores. O nome da taça é Libertadores da e não “de” América. Liderança. 1 — Significa qualidade de líder, espírito de chefia: O projeto foi aprovado pelo voto de liderança. / Todo chefe deve ter boas condições de liderança. 2 — Não use a palavra, porém, para substituir líderes, em frases como: As lideranças (o certo: os líderes) dos partidos reúnem-se hoje cedo no Congresso. / O prefeito resolveu enfrentar as lideranças (o certo: os líderes) da oposição. Liderar. Pede sempre complemento. Isto é, quem lidera lidera alguma coisa. Assim, o clube X lidera o campeonato, o deputado Y lidera os dissidentes, o Brasil lidera os países latinos, etc. Nenhum deles lidera, simplesmente. Lied. Plural: lieder. Limite. 1 — Ver fronteira, página 132. 2 — Liga-se com hífen a outro substantivo: condição-limite, situaçõeslimite. Limpado, limpo. Use limpado com ter e haver e limpo com ser e estar: Tinha (havia) limpado, foi (estava) limpo. Linchamento. Implica a morte da vítima. Se esta sobreviver, terá ocorrido uma tentativa de linchamento. Liquefazer, líquido. Sem trema, assim como liquefeito, liquefação, liquidação, liquidante, liquidatário, liquidável, liquidez, liquidificar, liquidificador, etc. Lisboeta. Use esta forma para designar o natural de Lisboa. Lista, listado, “listar”. 1 — Use lista tanto para relação como para faixa, tira: a lista de nomes, lista negra, duas listas verticais. Igualmente listado: camisa listada, tecido listado. 2 — Listar, que os dicionários não registram, deve ser substituído por relacionar ou equivalente. 3 — Reserve

Litoral

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listagem apenas para a lista feita em computador (e não para uma lista ou relação qualquer). Litoral. Inicial minúscula: o litoral (do Estado ou qualquer outro), o litoral norte, o litoral sul, no litoral norte do Paraná. Lobby. Plural: lobbies. Formas derivadas: lobismo e lobista. Locais de São Paulo. Ver São Paulo (locais), página 260. Localização. 1 — As notícias da cidade de São Paulo dispensam procedência (não se usa: SÃO PAULO — O choque de dois veículos ontem...), mas devem sempre indicar que o fato se realizou na capital. Assim, escreva: A votação da nova Lei de Zoneamento pela Câmara de São Paulo terminou em tumulto e agressões ontem. / A Prefeitura de São Paulo determinou a reforma do Teatro Municipal... / A nova passeata de professores, realizada ontem na Avenida Paulista, em São Paulo, interrompeu totalmente o trânsito dos Jardins. Ou seja, mesmo nos casos mais evidentes, dê ao leitor do interior ou de outros Estados condições de identificar o local do acontecimento. 2 — As informações provenientes de outras cidades, mesmo da Grande São Paulo, serão identificadas pelo nome do local de origem na procedência da matéria. De qualquer forma, sempre que houver possibilidade de dúvida, não hesite em mencionar, por exemplo, nesta cidade. 3 — Se a cidade for pouco conhecida (tanto de São Paulo quanto de outros Estados), forneça ao leitor dados adicionais sobre a sua localização (norte de Goiás, divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul, a 600 quilômetros de Salvador, situada no Recôncavo Baiano, no litoral catarinense, etc.). 4 — O mesmo vale para cidades do exterior (norte da Itália, costa do Pacífico, nordeste do Peru, região dos

Localização Grandes Lagos). Neste caso, à exceção das capitais (e assim mesmo dos países mais freqüentes no noticiário) ou das cidades realmente muito conhecidas, convém sempre especificar o país onde fica o local do acontecimento. 5 — Procure sempre identificar os locais mencionados no noticiário oriundo da cidade de São Paulo: A cidade AE Carvalho, perto de Itaquera, zona leste... / O Jardim Robru, na zona leste... / O bairro tal, na região de Santo Amaro, zona sul... / A Vila Brasilândia, na zona oeste... / Os baixos do Viaduto do Chá, no centro da cidade... 6 — Para a maior clareza do noticiário, procure sempre dar informações adicionais que ajudem o leitor a entender melhor a situação descrita: A região de Parelheiros, uma das mais pobres da zona sul... / A falta de água no Jardim X, situado em uma das áreas mais altas da capital... 7 — Em qualquer tipo de matéria de serviços editada em São Paulo (shows, espetáculos, o que funciona, o que fecha, locais de vacinação, locais de exames, galerias, ginásios), nunca deixe de incluir o endereço, na notícia: ele é uma das principais informações que você estará prestando ao leitor. 8 — Em casos extraordinários do noticiário local (espetáculos em áreas especiais ou ao ar livre, promoções, exames, vacinação e outras atividades do gênero), pode ser necessário não apenas fazer um mapa do local do acontecimento, como mostrar ao leitor a maneira de chegar a ele (de carro, ônibus, metrô, trem ou qualquer outro meio de transporte disponível). 9 — No noticiário policial da cidade, identifique sempre o local da ocorrência, sendo obrigatória a menção à rua, avenida ou praça e ao bairro ou região do crime, acidente, desabamento, etc. Se conveniente, dê maio-

Longa-metragem

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res informações a respeito (zona da cidade ou proximidade de outros bairros, por exemplo). 10 — Sempre que fizer menção a um prédio (escola, hospital, quartel, sede de empresa ou entidade) ou local específico de São Paulo, indique a rua onde se situa: O presidente da República visitará amanhã o Hospital X, na Rua Y, nº tal. / A reunião realizouse na sede da empresa X, na Rua Y, nº tal. Caso o local seja muito conhecido, dispensa-se esse tipo de indicação (Hospital das Clínicas, Palácio dos Bandeirantes e outros). 11 — Notícias sobre lojas, empresas ou firmas poderão divulgar o seu endereço comercial sempre que este for necessário para complementar o serviço que se presta ao leitor. Tome cuidado, apenas, para que a informação não dê idéia de matéria paga ou promocional. Longa-metragem. Plural: longas-metragens. Lorde. 1 — E não “lord”. 2 — Não use artigo antes de lorde: Foi à caçada com lorde Anthony. Lúcifer. Palavra proparoxítona. Plural: Lucíferes. Lugar-comum. O lugar-comum (ou chavão ou clichê) é a frase, imagem, construção ou combinação de palavras que se torna desgastada pela repetição excessiva e perde a força original. Deve ser evitado a todo custo no jornal, pois transmite ao leitor uma idéia de texto superado, envelhecido e sem imaginação. Nem sempre, porém, o chavão tem origem remota: há também os casos de clichês recentes, difundidos principalmente pela televisão e pelo rádio e adotados inadvertidamente pelos jornais. Veja os tipos mais usuais de lugares-comuns e algumas dezenas deles. Considereos exemplos de outros que deverão igualmente ser expurgados do noticiário:

Lugar-comum 1 — As frases e locuções. Entre os chavões mais freqüentes, estão as locuções e combinações invariáveis de palavras (sempre as mesmas, na mesma ordem) que também comprometem o texto. Neste caso se enquadram ainda as frases feitas que, embora originárias da linguagem popular (dar a volta por cima, por exemplo), terminam por se repetir à exaustão, produzindo o mesmo efeito do lugarcomum. Eis os principais exemplos: abertura de contagem, abrir com chave de ouro, acertar os ponteiros, a duras penas, agarrar-se à certeza de, agradar a gregos e troianos, alto e bom som, ao apagar das luzes, aparar as arestas, apertar os cintos, à saciedade, a sete chaves, atear fogo às vestes, atingir em cheio, a toque de caixa, baixar a guarda, banco dos réus, bater em retirada, bola da vez, cair como uma bomba, cair como uma luva, cantar vitória, causar espécie, cavalo de batalha, chegar a um denominador comum, chover a cântaros, chover no molhado, chumbo grosso, colhido pelo ônibus, colocar um ponto final, com a rapidez de um raio, comédia de erros, como um raio, conjugar esforços, consternou profundamente, contabilizar as perdas, coroado de êxito, correr por fora, cortina de fumaça, crivar de balas, dar com os burros n’água, dar mão forte a, dar o último adeus, debelar as chamas, de cabo de esquadra, deitar raízes, deixar a desejar, de mão beijada, depois de um longo e tenebroso inverno, desbaratada a quadrilha, de vento em popa, dirimir dúvidas, discorrer sobre o tema, dispensa apresentações, dizer cobras e lagartos, divisor de águas, do Oiapoque ao Chuí, em compasso de espera, empanar o brilho, em ponto de bala, em sã consciência, encerrar com chave ou com fecho de ouro, ensaiar os primeiros passos, entreouvido em, esgoto a

Lugar-comum

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céu aberto, estourar ou explodir como uma bomba, faca de dois gumes, fazer as pazes com a vitória, fazer das tripas coração, fechar as cortinas, fechar com chave de ouro, fez o que pôde, ficar à deriva, fincar o pé, fugir da raia, hora da verdade, inserido no contexto, jogar a pá de cal, jogar as últimas esperanças, jogo de vida ou morte, lavrar um tento, lenda viva, leque de opções ou de alternativas, levar às barras dos tribunais, literalmente lotado ou tomado, lugar ao sol, mão de ferro, morrer de amores, morto prematuramente, na ordem do dia, nau sem rumo, página virada, palavra de ordem, parece que foi ontem, passar em brancas nuvens ou em branco, perder o bonde da história, perder um ponto precioso, perdidamente apaixonado, petição de miséria, poder de fogo, pomo da discórdia, pôr a casa em ordem, pôr a mão na massa, pôr as barbas de molho, pôr as cartas na mesa, preencher uma lacuna, prendas domésticas, procurar chifre em cabeça de cavalo, propriamente dito, reencontrar o seu futebol, requintes de crueldade, respirar aliviado, reta final, sagrar-se campeão, saraivada de golpes, sentar-se no banco dos réus, tábua de salvação, tecer comentários ou considerações, ter boas razões para, tirar do bolso do colete, tirar o cavalo da chuva, tiro de misericórdia, traído pela emoção, trazer à tona, treinar forte, trilar o apito, trocar farpas, via de regra, vias de fato, vida de cachorro e voltar à estaca zero. 2 — As duplas. Existem substantivos e adjetivos que andam sempre aos pares, formando lugares-comuns facilmente evitáveis. Veja alguns deles: agradável surpresa, água cristalina, amarga decepção, briosa corporação, calor escaldante ou senegalesco, calorosa recepção, carreira meteórica, cartada de-

Lugar-comum cisiva, chuvas torrenciais, corpo escultural, crítica construtiva, dama virtuosa, desabalada carreira, doce esperança, doença insidiosa, duras críticas, eminente deputado ou senador, ente querido, escoriações generalizadas, esposa dedicada, ferros retorcidos, filho exemplar, fortuna incalculável, gesto tresloucado, grata satisfação ou surpresa, ilustre estirpe, ilustre professor, ilustre visitante, impiedosa goleada, infausto acontecimento, inflação galopante, inteiro dispor, intriga soez, jogador voluntarioso, laços indissolúveis, lamentável equívoco, lance duvidoso, lauto banquete, manobra audaciosa, mera coincidência, obra faraônica, pai extremoso, parcos conhecimentos, pavoroso incêndio ou desastre, perda irreparável, pertinaz doença, poeta inspirado, prestigioso órgão, profundas raízes, profundo silêncio, proibição terminante, rápidas pinceladas, recônditos rincões, relevantes serviços, rigoroso inquérito, semblante carregado, silêncio sepulcral ou tumular, singela homenagem, sol escaldante, sólidas tradições, sólidos conhecimentos, sonho dourado, subida íngreme, suculenta feijoada, tarefa hercúlea, tradicionais estirpes, trágica ocorrência, tumulto generalizado, último adeus, vaias estrepitosas, valoroso soldado, vetusto casarão, violento incêndio e viúva inconsolável. 3 — As imagens. As pessoas, cidades e coisas têm nomes. Criar imagens, apelidos ou definições que os substituam só contribui para a disseminação de uma série de lugares-comuns que o jornal, por sobriedade e bom senso, tem a obrigação de evitar. Jamais os utilize como opção para as palavras que estão entre parênteses: Garoto do Parque (Rivelino), Galinho de Quintino (Zico), Canhotinha de Ouro (Gerson), Cidade Luz (Paris), Cidade Maravilhosa (Rio), es-

Lugar-comum

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porte bretão ou esporte das multidões (futebol), tríduo de Momo (carnaval), precioso líquido (água), astrorei (Sol), rainha da noite (Lua), soldado do fogo (bombeiro), próprio da municipalidade (Pacaembu), o maior estádio do mundo (Maracanã), enlace matrimonial (casamento), data magna da Cristandade (Natal), tapete verde (gramado), balão de couro (bola), instrumento de trabalho (bandeirinha), tiro de quina (escanteio), profissional do volante (motorista), etc. 4 — As idéias. Não são apenas as palavras, frases, construções ou duplas que se reproduzem ao infinito nos textos, mas também as idéias ou formas de abrir as matérias. Por isso, desconfie sempre de imagens “diferentes” que surjam prontas na sua cabeça e tente lembrar-se se não passam de recordações de outras que você já leu antes. A seguir, algumas dessas fórmulas que aparecem com freqüência nos textos: a) Sonho—pesadelo. A oposição sonho—pesadelo é uma delas e veja exemplos reais de como ela já foi empregada em todo tipo de reportagem ou notícia, principalmente nos títulos e leads: Casa própria, o sonho que vira pesadelo / Sonho de carro vira pesadelo nos consórcios / Classe média: acaba o sonho e começa mais um longo pesadelo / Aposentadoria, o sonho que vira pesadelo a cada fim de mês / Ser o próprio patrão, outro sonho que virou pesadelo / Sonho palmeirense do tri vira pesadelo / O sonho de Israel virou pesadelo. b) O D, P ou Z da DPZ. Repare quantas vezes você já leu: Duailibi, o D da DPZ, ou Petit, o P da DPZ, ou Zaragoza, o Z da DPZ. Lembre-se, então: a forma perdeu toda e qualquer originalidade. c) A novela. Pense o mesmo com relação à palavra novela no sentido figurado. Ou você já não viu n vezes tí-

Lugar-comum tulos ou textos como: Encerrada a novela da venda da TV Jaraguá. / Chrysler no Brasil, longa novela que pode ter um final feliz. / Termina a novela e Juca vai para a Espanha. / Estréia de Rossana vira novela. d) Mestre Aurélio. Outra forma ultrabatida é escrever sobre um determinado tema e começar o texto pela definição do dicionário, em geral precedida de: “Segundo mestre Aurélio”. E segue-se a explicação: brega é isto, corrupção é aquilo, leptospirose significa..., estrambótico quer dizer... e) Se estivesse vivo... Além de óbvia, esta construção constitui outro lugar-comum a evitar. E, por mais incrível que pareça, sua freqüência no noticiário chega a preocupar: Se estivesse vivo, João de Almeida estaria completando hoje 90 anos. E leva a absurdos como: Se estivesse vivo, Ivan dos Santos faria hoje 400 anos. f) Não poderia imaginar... Outro chavão, em geral introduzido por quando: Quando fez tal coisa, fulano não poderia imaginar que... / Quando recorreu ao Judiciário, o delegado tal não poderia imaginar que a sentença final lhe seria desfavorável. g) O fantasma. Mais uma imagem repetitiva de que convém fugir. Em geral, alguma coisa traz de volta o fantasma de outra: Desemprego traz de volta o fantasma da recessão de 83 / Corrida preços—salários traz de volta o fantasma da hiperinflação / Decisão revive fantasma do AI-5 / Empresariado teme a volta do fantasma do grevismo. h) Negócio da China. Já se abusou da imagem negócio da China para tornar mais “atraentes” títulos sobre a vinda do Brasil de missões daquele país: Missão traz negócio da China ao Brasil / Preços são verdadeiros negócios da China / Negócio da China chega ao sertão do Nordeste / Empre-

Lugares públicos

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sários viajam em busca de negócios da China. i) Não convidem para a mesma mesa ou reunião. Perdeu todo o sabor de novidade essa recomendação: Não convidem para a mesma mesa a cantora e seu ex-empresário. / Não convidem para a mesma reunião o ministro X e o governador Y. j) Vem aí. Diga-se o mesmo do bordão vem aí para qualquer notícia referente ao animador Sílvio Santos (Sílvio Santos vem aí para prefeito, por exemplo). k) Do cardápio fez parte. Outra forma que o uso exagerado vulgarizou é esta: noticia-se um almoço entre duas ou mais pessoas e segue-se a informação de que do cardápio fez parte a sucessão presidencial, a fusão da empresa X com a Y ou qualquer outro assunto. l) Também é cultura. Mais uma imagem empregada à exaustão: Esporte também é cultura / Verde também é cultura / Ilusão também é cultura / Quadrinho também é cultura / Ecologia também é cultura. Enfim, tudo o que se quiser também é cultura. m) Quente—frio. Trocadilho que o bom senso aconselha a banir do noticiário: Corinthians esquenta o verão de Caraguatatuba / Roupas de frio: preços quentes / Liquidações de inverno aquecem vendas / Preços de roupas de frio podem ser de arrepiar / Inverno aquece lazer na capital / Crise esfria comércio de agasalhos / Produtos de verão chegam com preços escaldantes. 5 — Ver também modismo, página 180. Lugares públicos. Ver maiúsculas e minúsculas, página 168, e nomes de lugares públicos, página 191. Luso... Existe hífen quando a palavra final é um adjetivo pátrio: luso-africano, luso-brasileiro. Nos demais casos: lusofilia, lusófono.

Maior, mais

Macho, fêmea. Se o nome do animal for o mesmo no masculino e feminino, acrescente as palavras macho e fêmea: onça macho, onça fêmea, jaguares machos, jaguares fêmeas, jacaré macho, jacaré fêmea, cobras machos, cobras fêmeas, etc. Podem-se usar também as formas: o macho da capivara, a fêmea do jacaré, etc. Maçom. Desta forma. Má-criação, malcriado. Desta forma (ver mal, mau, página 172). Macro... Liga-se sem hífen ao termo seguinte: macroanálise, macrobiótica, macroeconomia, macrogameta, macrorregião, macrossocial. Madagáscar. Desta forma. Madame. Não use artigo antes de madame: Conhecia madame Francine. Madri. Desta forma. Madrid, apenas em nomes escritos no original: Real Madrid, Miguel de la Madrid, etc. Madrileno. Desta forma. “Madrilenho” não existe. Maestro. Feminino: maestrina. Mafoma. Use Maomé. “Magérrimo”. Prefira magríssimo. Magérrimo é forma condenada por todos os gramáticos (o certo é macérrimo). Magoar. 1 — Conjugação. Pres. ind.: Magôo, magoas, magoa, magoamos, magoais, magoam. Pres. subj.: Magoe, magoes, magoe, magoemos, magoeis, magoem, etc. 2 — Alguém se magoa e não magoa, apenas: O artista magoou-se com as críticas. Maior, mais. Há diferença entre mais e maior quando colocados antes de substantivo. Use mais para palavras ou expressões que indiquem quantidade e maior, para os casos em que a idéia seja de intensificação: População pede mais escolas. / Municípios exigem mais recursos. / O governo

Maioria

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quer arrecadar mais dinheiro. / Ator espera obter maior (e não mais) êxito em São Paulo. / Maior prazo para compras a crédito. / Governador quer maior decisão do presidente. / Receita promete maior rigor no combate à sonegação. / O Brasil pede maior ajuda aos bancos internacionais. Maioria. Veja como fazer a concordância de a maioria de e a maior parte de: 1 — Deixe o verbo no singular quando estas expressões antecederem uma palavra no plural. Proceda da mesma forma com grande número ou grande quantidade de, uma porção de, (uma) parte de, um sem-número de, etc. Exemplos: A maioria dos espectadores assistiu ao show em silêncio. / Grande número de crianças cantou o Hino Nacional. / Parte deles chegou atrasada. / Estava ali grande quantidade de pássaros. / Um sem-número de pessoas foi prejudicado pelos estelionatários. (Admite-se a concordância no plural, em alguns desses casos; no Estado, porém, use a forma indicada.) 2 — Se se considerar a construção estranha, em alguns casos (exemplo: A maioria dos soldados foi ferida), pode ser intercalada a expressão na maioria ou alguma das outras: Os soldados, na maioria, foram feridos. / Os trabalhadores, em grande quantidade, foram demitidos. Maior, menor. 1 — Não existem as expressões “a maior” e “a menor”, mas apenas a mais e a menos: dinheiro a mais (e não “a maior”), quantia a menos (e não “a menor”). 2 — Uma pessoa é maior ou menor, e nunca “de maior” ou “de menor”. Assim: Ele é menor (e nunca “de menor”). Maior parte. Ver maioria, nesta página. Mais bem, mais mal. 1 — Antes de particípio, use mais bem e mais mal em vez de melhor e pior: Não há crítica mais bem-feita que essa (e não melhor feita). / São os homens mais bem

Mais que fazer

vestidos (e não melhor vestidos) do escritório. / Nunca vi termo mais mal utilizado (e não pior utilizado) que esse. / Esses eram os textos mais mal escritos (e não pior escritos) da revista. / Os dois eram, de todos, os jornalistas mais bem informados (e não melhor informados). 2 — Nos demais casos, use sempre melhor e pior: Para melhor (e não mais bem) atingir seus objetivos, cercou-se de toda a cautela. / Mesmo que quisesse, não faria pior (e não mais mal) o trabalho. / Foram os que se saíram melhor ou pior (e não mais bem ou mais mal, nem foram os que se saíram melhores ou piores). Mais bom que mau. Quando se comparam qualidades ou atributos, as formas corretas são: O homem é mais bom que mau (e não: O homem é “melhor que pior”). Igualmente: A cidade é mais pequena que grande. Mais de. 1 — Com mais de, use apenas números redondos: mais de 20, mais de 50 (e nunca, por exemplo, mais de 22, mais de 87, etc.). 2 — Concordância. Com o complemento: Mais de 20 pessoas saíram. / Mais de uma dezena de pessoas saiu. Mais de um. 1 — Verbo no singular se não houver idéia de reciprocidade: Mais de um preso eu garanto que fugiu. 2 — Verbo no plural se a expressão estiver repetida: Mais de um homem, mais de uma criança estavam ali. 3 — Verbo no plural se houver idéia de reciprocidade: Mais de um preso se feriram na briga (jornalisticamente, é forma a evitar). “Mais pequeno”. Forma correta e livremente empregada em Portugal. No Brasil, porém, use menor, apenas. Mais que fazer. Não existe o entre o mais e o que em frases como: Tenho mais que fazer. / Há mais que dizer. Da mesma forma: Tenho muito (pouco, menos) que dizer. / Há muito (pouco, menos) que fazer.

Mais ruim

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Mais ruim. 1 — Use essa forma apenas em comparações como: Fulano é mais ruim que bom. / Fulano é mais ruim que indiferente. 2 — Nos demais casos: Fulano é mais malvado, mais perverso, mais incompetente (e não mais ruim) que o irmão. / Fulano está hoje pior (e não mais ruim) que ontem. Maiúsculas e minúsculas. Use maiúsculas 1 — No início de período: O preço dos combustíveis aumentará novamente. 2 — No início de citação: Deputado acusa: “O governo não governa.” / Já dizia Machado de Assis: “Ao vencedor, as batatas.” Se depois dos doispontos vier um mero desdobramento da frase (e não citação textual) ou uma enumeração, a palavra começará com minúscula: Comerciantes alertam: faltarão brinquedos no Natal. / A Prefeitura definiu as prioridades do orçamento: metrô, pavimentação e obras na periferia. 3 — Nos nomes próprios, incluindo-se entre eles as figuras mitológicas: João, Magalhães, Tietê, Mantiqueira, Deus, Júpiter, Baco. 4 — Nas datas oficiais e nomes de fatos históricos e importantes, de atos solenes e de grandes empreendimentos públicos: Sete de Setembro, Quinze de Novembro, Inconfidência Mineira, Proclamação da República, Guerra do Paraguai, Revolução dos Cravos, Renascimento, Revolução Francesa, Dia das Mães, Dia da Criança, Dia da Ave, Questão Religiosa, 2ª Guerra Mundial, Reforma Ortográfica, Descobrimento da América, Plano Real, Projeto Rondon, Programa de Metas, Acordo Luso-Brasileiro, Plano Diretor. 5 — Nos conceitos políticos ou filosóficos relevantes: País (o Brasil), Estado (significando uma nação),

Maiúsculas e minúsculas Igreja, Justiça, República, Império, Constituição (e seus sinônimos, como Carta Magna, Carta, Lei Magna), Congresso, Parlamento, Constituinte. 6 — Nos nomes de corpos celestes: Terra, Lua, Saturno, Andrômeda, Sírius, Sol, Vega, Via-Láctea. 7 — Nos títulos de livros, jornais, revistas, artigos e produções artísticas, literárias e científicas em geral (filmes, peças, músicas, telas, teses, etc.), que vão em itálico no Estado: Grande Sertão: Veredas, Histórias sem Data, Os Sertões, Jornal da Tarde, Jornal do Brasil, Veja, Newsweek, Time, Oito e Meio, Platoon, Com Açúcar e com Afeto, Coração de Estudante, Álbum de Família, Abajur Lilás, Abaporu, Guernica, A Volta ao Mundo em 80 Dias. Escrevem-se com inicial minúscula, no entanto, as partículas contidas nesses títulos, independentemente do número de sílabas (considere partículas, no caso, os artigos, preposições e suas contrações, conjunções e advérbios). Assim, além de o, a, os, as, de, da, das, do, dos, em, na, nas, no, nos, e, sem, com, etc., veja outros exemplos de partículas em minúsculas: Com a Pulga atrás da Orelha, Reflexões sobre a Vaidade dos Homens, Passagem para a Índia, Memórias de um Sargento de Milícias, Um Homem, uma Mulher, Tia Zulmira e Eu, O Samba agora Vai, Mas Deus É Grande, A Lápide sob a Lua, Sermões dum Leigo, Elos de uma Corrente, Uma Telha de menos, A Falta Que Ela me Faz, Sempre aos Domingos, Nas Serras e nas Furnas, Os Meus Amores. 8 — Na designação de regiões: Baixada Santista, Baixada Fluminense, Alta Araraquarense, Mogiana, Região Norte, Região Sul, Cone Sul, Recôncavo Baiano, Vale do Paraíba, Triângulo das Bermudas, Triângulo Mineiro, Planalto Central. Observa-

Maiúsculas e minúsculas

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ção. Use inicial minúscula, porém, para designações como interior, exterior, litoral, litoral sul, zona leste, zona sul, etc. 9 — Nos pontos cardeais, quando indicam as grandes regiões do Brasil ou do mundo: Sul, Nordeste, Sudeste, Oriente Médio, Leste Europeu, Ocidente, Sudeste Asiático, etc. A inicial é minúscula, no entanto, se o ponto cardeal define direção ou limite geográfico: o nordeste de Goiás, o sudeste da Europa, o norte do Irã, o sudoeste dos EUA, o leste da Espanha. Igualmente: Percorreu o País de sul a norte. / O metrô avança no rumo sul. / A cidade fica no leste da França. / O furacão causou estragos no oeste das Antilhas. 10 — Nos nomes de eras históricas ou épocas notáveis: Antiguidade, Idade Média, Era Cristã, Quinhentos (o século 16), Hégira. Em minúsculas, porém, quando não se configurar uma era histórica: era espacial, era nuclear, era industrial, idade das trevas. 11 — Nos ramos do conhecimento humano, quando tomados em sua dimensão mais ampla: Ética, Filosofia, Medicina, Português, Arquitetura, Astronáutica, Arte, Cultura. Se não houver necessidade de relevo especial, use minúsculas: Estuda português. / Gosta muito de matemática. / Formou-se em agronomia. Escreva em maiúsculas as disciplinas de um exame: Fuvest realiza amanhã as provas de Língua Portuguesa e Biologia. / Teste de Física foi considerado o mais difícil. 12 — Nas leis ou normas econômicas e políticas consagradas por sua importância: Lei de Diretrizes e Bases, Lei de Comércio dos EUA, Instrução 113, Imposto Predial e Territorial Urbano, Imposto de Renda, Lei Falcão, Lei Afonso Arinos, Lei de Segurança Nacional, Decreto-Lei nº 56. 13 — Nos qualificativos ou apelidos de personalidades: Ivã, o Terrível;

Maiúsculas e minúsculas Catarina, a Grande; Ricardo Coração de Leão. 14 — Nos nomes das festas religiosas: Páscoa, Natal, Quaresma, Confraternização Universal, Ressurreição, Reis, Finados, Semana Santa, Corpus Christi. 15 — Nos nomes de corporações, repartições públicas, entidades, escolas, honrarias, prêmios, feiras, festas, exposições, seminários, simpósios e congressos: Ministério da Fazenda, Presidência da República, EstadoMaior das Forças Armadas, Receita Federal, Federação das Indústrias, Faculdade de Filosofia, Universidade de São Paulo, Colégio Objetivo, Escola Caetano de Campos, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, Associação de Amigos de Santo Amaro, Feira de Utilidades Domésticas, Exposição de Móveis Coloniais, Congresso Brasileiro de Radiodifusão, Festa do Peão de Boiadeiro, Seminário de Direitos Autorais, Ordem de Rio Branco, Prêmio Nobel de Literatura, Prêmio Eldorado, Troféu Villa-Lobos. 16 — Na denominação de edifícios, monumentos, estabelecimentos públicos ou particulares, estádios, ginásios, autódromos, hipódromos, aeroportos, ferrovias, rodovias, cemitérios, igrejas (enfim, em todos os casos em que uma designação se incorpore ao nome próprio): Torre Eiffel, Torre do Tombo, Monumento ao Soldado Desconhecido, Edifício Itália, Paço Imperial, Biblioteca Nacional, Palácio do Planalto, Palácio dos Bandeirantes, Editora Nova Fronteira, Casa Fretin, Gráfica Argos, OESP Gráfica, Lojas Americanas, Shopping Center Iguatemi, Cine Ipiranga, Rádio Eldorado, Rede Globo, Rede Bandeirantes, Armazém Guararapes, Fazenda Ipanema, Circo Orlando Orfei, Confeitaria Brunella, Danceteria Pé-deValsa, Gafieira Som de Cristal, Sambão A Voz do Morro, Metalúrgica Al-

Maiúsculas e minúsculas

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meida, Refinaria do Planalto, Siderúrgica Pereira, Supermercado América, Escritório IOB, Restaurante Massimo, Churrascaria Rodeio, Hotel Jaraguá, Estádio do Pacaembu, Estádio Brinco de Ouro, Estádio do Maracanã, Estádio Paulo Machado de Carvalho, Ginásio do Ibirapuera, Ginásio João dos Santos, Autódromo Nelson Piquet, Autódromo de lnterlagos, Hipódromo da Gávea, Aeroporto de Cumbica, Aeroporto de Congonhas, Aeroporto Santos Dumont, Ferrovia Norte—Sul, Ferrovia do Aço, Rodovia dos Imigrantes, Rodovia Fernão Dias, Via Dutra, Via Anchieta, Cemitério do Araçá, Catedral da Sé, Igreja da Candelária, Igreja N. Sa. do Brasil. Não vão em maiúsculas, porém, as simples indicações a respeito de um nome próprio: estádio do Guarani, aeroporto de Cascavel, a livraria do Conjunto Pereira, a igreja de Taquaritinga, o hotel de Abrolhos, o teatro da Galeria Amigos da Arte, o autódromo de Ribeirão Preto, a rádio de Bons Ares, o restaurante do João (desde que esse não seja o nome da casa), etc. 17 — Nos acidentes geográficos e sua denominação: Rio Tietê, Serra do Mar, Baía de (e não da) Guanabara, Pico da Neblina, Ribeirão das Lajes, Golfo Pérsico, Mar do Norte, Mar Vermelho, Ilha Solteira, Ilha de Marajó, Cabo da Boa Esperança, Lagoa dos Patos, Oceano Atlântico, Atol das Rocas, Morro do Borel, Monte Everest, Canal da Mancha, Montanhas Rochosas, Saco do Ribeira. (Segundo a norma oficial, no entanto, são em minúsculas: rio Tietê, monte Everest.) 18 — Nos nomes de vias e lugares públicos: Avenida Paulista, Rua Augusta, Largo da Carioca, Praça da República, Ladeira General Carneiro, Travessa da Piedade, Parque do Ibirapuera, Marginal do Pinheiros, Beco

Maiúsculas e minúsculas do Carmo, Túnel Rebouças, Represa Billings. 19 — Nos títulos e formas cerimoniosas de tratamento e suas abreviaturas: Vossa Excelência, Vossa Eminência, Sua Senhoria, Vossa Santidade, Nossa Senhora, V. Exa., V. Ema., S. Sa., V. S., N. Sa. Não vão em maiúsculas as formas de tratamento comuns e suas abreviaturas: doutor, doutora, senhor, senhora, dom, dona, sir, mister, dr., dra., sr., sra., d., mr. (a norma oficial, no entanto, manda escrevê-las em maiúsculas). 20 — Além da palavra Deus, nas demais a ele referentes ou nos seus equivalentes em outras religiões: o Pai, o Onipotente, o Seu nome, Ele, o Criador, o Todo-Poderoso, Jeová, Alá, o Padre Eterno, o Senhor. 21 — Nos nomes de entidades religiosas, santos, anjos e demônios: Virgem Maria, Virgem, Espírito Santo, o Salvador, Nosso Senhor, São Pedro, São Paulo, Santo Antônio, Santo Ivo, Santa lnês, Santa Marta, São Miguel, São Gabriel, Satanás, Belzebu, Satã, Lúcifer. 22 — Nos nomes comuns, quando personificados ou individualizados: a Virtude, o Amor, a Ira, o Bem, o Mal, o Lobo, o Cordeiro, a Cigarra, a Formiga, o Estado (São Paulo), o País (Brasil), a Nação (Brasil). 23 — Na designação dos orixás ou figuras da umbanda: Xangô, Iansã, Iemanjá, Ogum, Oxum, Oxalá, Exu. 24 — Nos nomes de torneios e campeonatos: Torneio Sul-América, Campeonato Paulista de Futebol, Campeonato Gaúcho, Campeonato Sul-Americano, o Sul-Americano, Jogos Abertos, Jogos Olímpicos, Jogos Pan-Americanos, o Pan-Americano, Torneio da Amizade, Copa do Mundo, Copa União, Taça América, Troféu Brasil. 25 — Nos nomes próprios compostos (unidos por hífen), todos os seus elementos vão em maiúsculas: Acor-

Maiúsculas e minúsculas

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do Luso-Franco-Brasileiro, Grã-Bretanha, Pantanal Mato-Grossense, Grupo Anti-Seqüestro, Associação Extra-Sensorial, Todo-Poderoso, Decreto-Lei nº 5, Procuradoria-Geral, Vice-Presidência, Instituto MédicoLegal, Inquérito Policial-Militar. Use minúsculas 1 — Para designar as estações do ano, os meses e os dias da semana: primavera, verão, janeiro, dezembro, segunda-feira, sábado. Quando os meses fazem parte de datas históricas ou dos nomes de lugares públicos, escrevem-se com inicial maiúscula: Largo 7 de Setembro, Avenida 9 de Julho, Rua 13 de Maio, o 7 de Setembro, o 15 de Novembro. 2 — Na designação das profissões e dos ocupantes de cargos, como presidente, ministro, governador, secretário, prefeito, papa, arcebispo, cardeal, princesa, príncipe, rei, rainha, barão, duque, visconde, diretor, superintendente, inspetor, advogado, engenheiro, professor: O presidente Fernando Henrique, o ministro Antônio Kandir, o prefeito Celso Pitta, o papa João Paulo II, a princesa Anne, o príncipe Charles, a rainha Elizabeth, o duque de Caxias, o visconde de Ouro Preto, o diretor da Receita Federal, o chefe do Gabinete Civil, o superintendente da Sunab, o inspetor de Ensino, o advogado João da Silva. (A norma oficial determina maiúsculas para os “nomes que designam altos cargos, dignidades ou postos”, como Presidente da República, Cardeal de São Paulo, Ministro da Educação, Embaixador do Peru, etc.) As instituições, entretanto, vão em maiúsculas: Presidência da República, Vice-Presidência da República, Ministério da Justiça, Secretaria da Fazenda, Chefia de Gabinete, Diretoria de Trânsito, Inspetoria de Ensino, Comissão de Finanças, Superinten-

Maiúsculas e minúsculas dência do Abastecimento, Câmara Municipal, Justiça Federal, Senado. Exceção: governo. 3 — Na designação das festas pagãs: carnaval, bacanais, saturnais. 4 — Nos compostos em que o nome próprio se torna parte integrante de um substantivo comum: cocoda-baía, pau-brasil, castanha-dopará, joão-de-barro, ao deus-dará, banho-maria, água-de-colônia. 5 — Nos nomes próprios que se tornaram sinônimos de outros comuns: Foi escolhido para cristo. / Era o judas da escola. / Agia como um dom-quixote. / Tornou-se um mecenas. / Comportava-se como um barbaazul. / O país deixou de ser o eldorado do futebol. 6 — Nos adjetivos pátrios e gentílicos e nos nomes de tribos indígenas: os brasileiros, os alemães, os romanos, os guaranis, os xavantes, os tucanos, os caingangues. 7 — Nos nomes de personagens ou entidades do folclore: saci, mula-semcabeça, curupira, caipora, cuca, lobisomem, iara. 8 — Com o nome palácio quando isolado: O presidente voltou a palácio. / O deputado estava em palácio com o governador. / O prefeito vai a palácio amanhã. 9 — Nas formas adjetivas que designam dinastias: carolíngios, angevinos, sassânidas. 10 — Nas partículas contidas nas expressões ou locuções em maiúsculas (ver a segunda parte do item 7 das instruções referentes às iniciais maiúsculas, página 168, que se aplica a todos os casos deste capítulo). Casos especiais 1 — Na segunda referência a um órgão, entidade, estabelecimento, empresa, etc., a norma é usar minúsculas: O Ministério da Fazenda divulgou ontem o novo pacote econômico.

Mal...

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Com ele, o ministério pretende... / A Comissão de Sistematização encerrou os trabalhos de redação da nova Carta. Agora, a comissão... / A Rádio Eldorado divulgou as normas de seu prêmio de música. Este ano, a rádio distribuirá... / Joseph Rothblat ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 1995. O prêmio, no valor... / A Universidade de São Paulo mudou as normas do seu vestibular. Pelo novo regulamento, a universidade... / O Imposto de Renda aumentou novamente suas alíquotas. Por elas, o imposto... / O Shopping Center Iguatemi vai comemorar mais um aniversário. Desta vez, o shopping center fará... / O Tribunal Federal de Recursos negou ontem a liminar pedida... Segundo o julgamento do tribunal... Algumas exceções: o Fundo (Monetário Internacional), o Clube (de Paris), o Supremo (Tribunal Federal), o Congresso (Nacional), a Câmara (Municipal), a Assembléia (Legislativa). 2 — Continuará com inicial maiúscula a palavra que servir para designar o nome de dois ou mais órgãos, empresas, entidades, leis, normas econômicas ou políticas, corporações, repartições, prêmios, feiras, edifícios, monumentos, estabelecimentos, estádios, ginásios, ruas, vias, regiões, acidentes geográficos, etc.: os Ministérios da Economia e da Justiça, as Federações da Indústria e do Comércio, as Leis Falcão e Fleury, os Impostos Predial e de Renda, os Planos Cruzado e Real, os Colégios Objetivo e Arquidiocesano, os Prêmios Eldorado e Molière, os Aeroportos de Cumbica e Congonhas, os Edifícios Itália e Copan, os Cines Ipiranga e Marabá, os Estádios do Pacaembu e do Morumbi, os Palácios do Planalto e da Alvorada, os Atos Institucionais nº 2 e nº 5, as Torres Eiffel e do Tombo, as Igrejas da Candelária e da Consolação, as Copas União e Brasil, as Bai-

Mal, mau

xadas Santista e Fluminense, as Regiões Sudeste e Nordeste, os Vales do Paraíba, do Ribeira e do Jequitinhonha, os Campeonatos Paulista e Gaúcho, as Ruas Augusta e Direita, as Avenidas Paulista e Ipiranga, os Parques do Ibirapuera e do Carmo, as Marginais do Pinheiros e do Tietê, as Rodovias Castelo Branco e Fernão Dias, as Baías de Guanabara e de Paranaguá, os Picos do Jaraguá e da Neblina, os Rios Tocantins e Xingu. 3 — Ver em cada verbete as normas para o uso (maiúsculas ou minúsculas) das palavras Estado, País, Prefeitura, Município, ministério, secretaria, administração regional, interior, exterior, litoral e capital. Mal... 1 — Exige hífen antes de vogal e h: mal-agradecido, mal-apessoado, mal-educado, mal-entendido, malintencionado, mal-ouvido, mal-usar, mal-humorado. Nos demais casos: malcasado, malcheiroso, maldormido, maldisposto, malfeito, malgostoso, malmandado, malnascido, malpassado, malsucedido, maltrabalhado, malventuroso. 2 — Ver no capítulo Escreva Certo quando usar mal ligado ao outro termo. Nas palavras não constantes da relação, use mal separado do segundo elemento: mal editado, mal preparado, mal resolvido, etc. 3 — Não confunda com os casos em que mal é sinônimo de doença: mal-canadense, mal-francês, malpolaco, mal-turco. Mal, mau. Adote esta regra prática: mal opõe-se a bem e mau, a bom. Faça a substituição e ficará clara a forma correta: mal-estar (bem-estar), mal-intencionado (bem-intencionado), mal-humorado (bem-humorado), praticar o mal (praticar o bem), mau humor (bom humor), mau cheiro (bom cheiro), mau dia (bom dia), mau desempenho (bom desempenho), mau uso (bom uso), nada de mau (nada de bom). Exemplo com os dois casos: A carta estava mal (bem) escri-

Mal de ...

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ta, em mau (bom) português. Siga a mesma norma no feminino: malcriada (bem-criada), má-criação (boa criação), má fama (boa fama), mal-afamada (bem-afamada). Mal de ... Ver doenças, página 100. Maldizer. Conjuga-se como dizer (ver, página 99). Mal-entendido. Com hífen. Plural: malentendidos. Mal-estar. Com l e hífen. Malgrado, mau grado. Malgrado equivale a apesar de e não varia: Malgrado nossos esforços, o remédio não chegou a tempo. Mau grado ou de mau grado (grado quer dizer vontade) entra em frases como: Mau grado meu, trouxe o amigo consigo (contra a minha vontade). / Saiu de mau grado (constrangidamente). Manchete. Use a palavra apenas para indicar título que ocupe toda a extensão da página. ...mancia. Todas as palavras formadas por este sufixo têm o acento na sílaba ci: quiromancia, cartomancia, etc. Mandado, mandato. Mandado é uma ordem judicial: mandado de prisão, mandado de segurança, mandado de busca e apreensão. Mandato significa representação, delegação: mandato de deputado, mandato de senador. Mandar com pronome. Use sempre mande-o sair, mande-me ficar, mande-nos partir, etc., e nunca mande “ele” sair, mande “eu” ficar, mande “nós” partir, etc. Mandar mais infinitivo. 1 — Não flexione o infinitivo: Mandou-os sair. / O técnico mandou os jogadores atacar. 2 — Ver infinitivo, página 145. Maneira. Ver de maneira que, página 89. Maneira pela qual. Prefira maneira pela qual (maneira pela qual foi contratado, p. ex.) a maneira como. Manga-larga. Plural: mangas-largas. Manter. Atenção para algumas formas: mantinha (e não “mantia”); manteve, mantiveram (e não “manteu”, “man-

Marido e mulher

teram”); mantivera (e não “mantera”); se ele mantivesse (e não “se ele mantesse”); se ele mantiver (e não “se ele manter”). “Manter o mesmo, o seu”. Formas redundantes. O técnico mantém o time (e não “o mesmo” — poderia manter outro?). / O ministro mantém a equipe (e não “a mesma”). O possessivo também é dispensável em frases como: Aeroviários mantêm a sua paralisação (eles simplesmente mantêm a paralisação). Manuel. Com u: Rodovia Manuel da Nóbrega, d. Manuel, Manuel Antônio de Almeida, São Manuel, Rua Padre João Manuel. Com o apenas se a pessoa escrever o próprio nome dessa forma. Mapa-múndi. Plural: mapas-múndi. Maquiagem, maquiar. Use estas formas, em vez de maquilagem e maquilar. Máquina. a) Liga-se com hífen a outro substantivo: homem-máquina, homens-máquina. b) Uma pessoa sentase à máquina para trabalhar. Sentarse na máquina é acomodar-se em cima dela. Maravilhas. Veja quais são as sete maravilhas do mundo antigo: as pirâmides do Egito, os jardins suspensos da Babilônia, a estátua de Júpiter em Olímpia, o Colosso de Rodes, o templo de Diana em Éfeso, o mausoléu de Halicarnasso e o farol de Alexandria. Como se vê, a Muralha da China não é uma delas. Mar. Inicial maiúscula: Mar do Norte, Mar Vermelho. Marajá. Feminino: marani. Marcha à ré. Com crase. Marchand. Feminino: marchande. Marcha-rancho. Plural: marchas-rancho. Marginal do. Desta forma: Marginal do Pinheiros, Marginal do Tietê (e não Marginal Pinheiros, Marginal Tietê). Marido e mulher. Chame as pessoas casadas de marido e mulher, em vez de

Marimbondo

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esposo (que não se justifica jornalisticamente) e esposa (admissível apenas para a mulher de uma personalidade: a esposa do embaixador, a esposa do primeiro-ministro). Não use senhora nesse sentido, a não ser de forma irônica. Marimbondo. Prefira esta forma a maribondo. Mas. 1 — Use vírgula antes de mas: Ia retirar o apoio ao deputado, mas na última hora reconsiderou a decisão. / O advogado dispôs-se a defender o réu, mas considerava a causa antecipadamente perdida. / Bonitinha, mas Ordinária. 2 — Não existe vírgula, no entanto, depois da conjunção: Queria sair. Mas ia esperar o tempo melhorar (e não: “Mas,” ia esperar...). A única exceção ocorre com orações intercaladas: Queria sair. Mas, para não tomar chuva, ia esperar o tempo melhorar. Mas... no entanto. Constituem redundância, se usados na mesma frase: Saiu cedo, mas não conseguiu, “no entanto”, chegar na hora. Use: Saiu cedo, mas não conseguiu... / Saiu cedo, no entanto não conseguiu... Da mesma forma, nunca empregue simultaneamente “mas porém”, “mas contudo”, “mas entretanto”. Masp. É a sigla do Museu de Arte de São Paulo, e não do Museu de Arte Moderna. Mas que. O mas não tem função e deve ser suprimido em frases como: Os metalúrgicos pretendiam promover uma assembléia, (mas) que não se realizou por falta de número. / Ele é o piloto titular, (mas) que está de licença este ano. “Massivo”. Não existe em português. Use maciço ou compacto. Mata atlântica. Inicial minúscula: A área conserva vestígios da mata atlântica / Associação defende a mata atlântica. Matado, morto. Use matado com ter e haver e morto, com ser e estar: O PM

Médico...

tinha matado o traficante. / O traficante foi morto pelo PM. / O menino estava morto havia duas horas. / O suspeito negou haver matado o humorista. Matéria. É palavra do jargão jornalístico. Use, conforme o caso, notícia, informação, reportagem, texto, artigo, comentário, editorial, crítica, crônica, etc. Reserve a designação matéria apenas para uso interno. Material. Já significa conjunto de componentes e por isso não deve ir para o plural em locuções como material de construção (e não materiais), material dentário, material hospitalar, material bélico, etc. Matiz. Palavra masculina: um matiz, os matizes. Mato Grosso (do Sul). Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sem artigo: em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul (e não “no” Mato Grosso, “no” Mato Grosso do Sul); Mato Grosso, Mato Grosso do Sul (e não “o” Mato Grosso, “o” Mato Grosso do Sul). Mau. 1 — Ver mal, mau, página 172. 2 — Ver em é preciso, página 111, a concordância de é mau. Mau-caráter. O plural é sempre mauscaracteres, e nunca “maus-caráteres”. Mau grado. Ver malgrado, página 173. Maxi... Liga-se sem hífen ao elemento seguinte, duplicando-se o r e o s: maxidesvalorização, maxielemento, maxirreator, maxissaia, maxiusina. Por questões gráficas, use hífen apenas antes de h: maxi-homem. Máxi. Tem acento e plural, quando substantivado: a máxi (desvalorização), as máxis (saias). Média. Concordância no singular: Uma média de dez telefonemas é recebida por dia pelo serviço. Mediar. Conjuga-se como odiar (ver, página 203): medeia, medeiam, medeie, etc. Médico... Liga-se com hífen ao elemento seguinte, tanto na formação de

Medida

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substantivos como na de adjetivos compostos: médico-chefe, médico-cirurgião, médico-cirúrgico, médicodentário, médico-hospitalar, médico-legal, médico-legista. Exceções: medicomania e medicomaníaco. Medida. Veja a diferença entre as expressões: 1 — À medida que (e não “à medida em que”) equivale a à proporção que, ao mesmo tempo que, conforme: As mortes iam aumentando à medida que a epidemia se alastrava. / À medida que conquistava cargos, tornava-se mais autoritário. 2 — Na medida em que corresponde a tendo em vista que: Na medida em que não tenham ficado claras as acusações, todos estão sob suspeita. / É preciso cumprir as leis, na medida em que elas existem. 3 — Quando a locução na medida em que puder ser substituída por se, uma vez que, porque ou desde que, use uma destas formas: O pacto só será possível se (e não “na medida em que”) as partes interessadas mantiverem entendimentos de alto nível. / A mudança de país é boa porque (e não “na medida em que”) abre perspectivas favoráveis para o jogador. / Estavam preocupados com o prédio, uma vez que (e não “na medida em que”) as rachaduras já ameaçavam a sua segurança. Medida provisória. A expressão só tem inicial maiúscula quando acompanhada da numeração: O governo vai reeditar a Medida Provisória 382, que limita os reajustes salariais do funcionalismo. Nos demais casos: O governo vai reeditar a medida provisória que limita os reajustes salariais do funcionalismo. / Até o fim do mês, o governo enviará ao Congresso medida provisória que altera o Imposto de Renda das empresas. Medo de que. Prefira essa forma a medo que: Tinha medo de que (e não medo que) não o avisassem. Mega... 1 — Liga-se sem hífen ao elemento seguinte: megaartista, me-

Melhor

gaempresa, megaindustrial, megaohm, megausina, megacomputador, megarregião, megashow, megassucesso, megahertz, megaprojeto. 2 — Quando possível, evite, porque se tornou lugar-comum incontrolável. Meio. 1 — Invariável (por ser advérbio) quando equivalente a mais ou menos, um pouco: meio adoentada (um pouco adoentada), meio abertos (mais ou menos abertos), meio escondidas (um pouco escondidas). 2 — Variável (por ser adjetivo) quando acompanha um substantivo: meia dúzia, duas meias porções, meias garrafas, meios-termos, meias-palavras, meioirmão, meias-irmãs. Meio-de-campo. E não “meio-campo”. Plural: meios-de-campo. Meio-dia, meia-noite. Exigem artigo: o meio-dia, a meia-noite, desde o meiodia, a partir da meia-noite, do meiodia à meia-noite. Meio-dia e meia. É a forma correta: meio-dia e meia (hora). Meio-irmão. Flexões: meios-irmãos, meia-irmã e meias-irmãs. Meio-soprano. O meio-soprano (se se tratar de homem ou menino com essa voz) e a meio-soprano (cantora): o meio-soprano Luís Sílvio; a meio-soprano Neusa Ribeiro; as meios-sopranos Neusa Ribeiro e Arlete de Almeida; Arlete de Almeida, meio-soprano brasileira. Use esta forma e não a italiana “mezzosoprano”. Melhor. 1— Antes de particípio, use mais bem, e não melhor: mais bem classificados (e não “melhor classificados” ou, menos ainda, “melhores classificados”), mais bem editado, mais bem situada, mais bem-feito. Ver mais bem, mais mal, página 167. 2 — Quando adjetivo, varia (equivale a mais bom): Eles eram melhores (mais bons) que todos. / Muito melhores (mais bons) que seus conselhos eram seus atos. / Melhores (mais bons) que ele, só os irmãos. 3 — Quando advérbio, permanece invariável

Melhor (a, o)

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(equivale a mais bem): Eles estavam melhor (mais bem) de vida. / Jogaram melhor (mais bem) que antes. Melhor (a, o). 1 — Quando houver homens e mulheres numa relação, se se quiser dizer que uma mulher é quem mais se destaca, o artigo ficará no masculino: Maria é o melhor funcionário da empresa (se se disser que Maria é a melhor funcionária da empresa, ela estará sendo comparada apenas com as demais mulheres, e não com todos os empregados). Outros exemplos: Ela é o melhor professor da escola. / Muitos a consideram o melhor escritor da sua geração. / Matilde é o melhor deputado da atual legislatura. 2 — Proceda da mesma forma com a pior, o pior. “Meliante”. Jargão policial. Use assaltante, ladrão, marginal, bandido, etc. (desde que o sejam, comprovadamente). Membro. Use como adjetivo quando vier depois de um substantivo: país membro, estados membros. Memorando. Prefira esta forma ao latim memorandum. Memória. 1 — Fatos importantes deverão ser sempre evocados pelo jornal por ocasião do aniversário deles, desde que se trate de datas redondas, como, em geral, 1, 5, 10, 25, 50, 75, 100, 150, 200, 250, 300, 400 ou 500 anos. Valem para esse registro ocorrências policiais que marcaram época, nascimento e morte de alguém, lançamento de um movimento artístico, político ou econômico, edição de livro histórico, etc. Quando se tratar de acontecimentos relativamente recentes, nunca deixe de mencionar onde está ou o que faz hoje cada uma das pessoas envolvidas no noticiário da época. A dimensão da matéria ficará na dependência direta da importância do evento que se pretenda recordar. 2 — Nem sempre, porém, apenas essas datas justificam matérias. Por exemplo, é sempre conveniente dar

“Mencionar que”

um balanço do primeiro semestre ou ano de um governo (municipal, estadual ou federal), de um programa oficial (Plano Real), de uma ausência muito sentida (um ano sem Tom Jobim). Em outros casos, datas como 15, 35, 40, 60 ou 80 anos podem ser excelente pretexto para reviver fato aparentemente esquecido ou personagem de que se fale pouco ultimamente (revolta de Aragarças ou Jacareacanga, aniversário da morte de escritores como Otávio de Faria, 75 anos da Semana de Arte Moderna, 35 anos da 1ª Bienal de São Paulo, etc.). 3 — Mesmo que, aparentemente, não exista nada de novo a respeito, nunca deixe cair no esquecimento fatos que tenham sido objeto de intenso noticiário jornalístico meses ou anos antes, sem, no entanto, se poderem considerar encerrados. Fugas espetaculares (onde anda quem fugiu?), irregularidades denunciadas e não apuradas de forma definitiva ou conclusiva, crimes ainda não esclarecidos (afinal, onde estão os suspeitos, os mandantes, os cúmplices?), obras interrompidas ou muito lentas (usinas de Angra, Ferrovia do Aço, rede de silos, etc.). O necessário, apenas, é que se procure um ângulo novo ou menos explorado para justificar a volta ao assunto. Muitas vezes, no entanto, a própria omissão e desleixo dos responsáveis serão motivo suficiente para tanto. 4 — Nunca deixe de consultar o levantamento preparado pelo Arquivo do Estado com a relação das principais efemérides do mês. Nele você encontrará sempre assuntos que merecem ser relembrados. 5 — Ver também pesquisa, página 217. “Mencionar que”. Menciona-se alguém ou alguma coisa, mas não se menciona que...: Negou-se a mencionar a fonte. / Mencionou o fato com detalhes. / Mencionou a atuação do dele-

Menor

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gado no caso (e não: Mencionou que o delegado tivera participação no caso). Menor. Ver maior, menor, página 167. Menos. 1 — Palavra invariável (usar “menas” constitui erro grosseiro). 2 — Concordância: ver exceto, página 122. Menos de. Concorda com o complemento: Menos de dez atletas chegaram ao fim da corrida. / Menos de duas pessoas saíram da sala. / Menos de uma dezena de pessoas estava presente. “Mentalização”. Não use. ...mente. Ver advérbios em mente, página 32. Mentir. Conjugação. Pres. ind.: Minto, mentes, mente, mentimos, mentis, mentem. Pres. subj.: Minta, mintas, minta, mintamos, mintais, mintam. Menu. Prefira cardápio. A palavra, porém, está liberada na informática. Meritíssimo. Nunca “meretíssimo” (a palavra relaciona-se com mérito). Mesa. Uma pessoa senta-se à mesa para trabalhar, almoçar, etc. Sentar-se na mesa é acomodar-se em cima dela. Mesmo, mesma. 1 — Mesmo varia normalmente quando colocado depois de substantivo ou pronome pessoal. Pode ser substituído, para maior compreensão, por próprio, própria: A professora mesma (a própria professora) preparou a sala de aula. / Eles mesmos (próprios) fizeram a viagem. / Joana e Maria mesmas (próprias) prepararam a festa. / Pensaram consigo mesmos (próprios). / Conseguiu o emprego por si mesma (própria). 2 — Quando equivale a de fato ou realmente, mesmo não varia: Elas trouxeram mesmo os livros. / A moça veio mesmo. / Os governos recorrerão mesmo ao FMI. Mesmo (o). É condenável o uso de o mesmo, a mesma, os mesmos, as mesmas para substituir pronome ou substantivo. Estão vetadas, dessa forma, construções reais como: A emissora

Milhão, milhar

vai definir como se fará a premiação, ou seja, como o público poderá participar “da mesma”. / A moça voltou de viagem e “a mesma” fará amanhã o vestibular. / Os diretores da empresa reuniram-se ontem e os funcionários saberão amanhã as decisões “dos mesmos”. / Cada vez que uma autoridade policial prendesse um bandido, “a mesma” deveria ser condecorada. Mestre. Feminino: mestra. Metade de. Concordância. Deixe o verbo no singular: Metade das terras me pertence. / Metade das pessoas já devia ter chegado. / Metade dos alunos foi aprovada. / Metade de nós havia saído. Meteoro... O prefixo é esse, e não “metereo”... Assim, meteorologista, meteoroscópio, e nunca “metereologia”, etc. Metro. Ver distância, página 98. “Mi”. Nunca use esta forma para substituir milhão ou milhões. Micro. 1 — Liga-se sem hífen à palavra ou elemento de composição seguinte: microacústico, microempresa, microonda, microrregião, microssegundo, microcomputador. 2 — A forma é aceitável em títulos como redução de microempresa ou microcomputador. 3 — Use micro e micros para a unidade de medida, em vez de mícron e micra. Mídia. Use esta forma, e não “media”. Mil. 1 — Não use “um mil”, mas apenas mil reais, mil pessoas, mil exemplares, etc. 2 — Por se tratar de numeral, mil concorda com a quantidade expressa: duas mil pessoas, dois mil homens, trezentas mil cabeças, quinhentos mil habitantes, etc. Milhão, milhar. 1 — São substantivos masculinos e por isso a concordância dos números segue estes exemplos: dois milhões de crianças (e não duas), os milhões de fitas (e não as), os cinco milhões de pessoas, os oito milhões

Milhas

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de liras, comprou 18 milhões dos 20 milhões de ações, o milhão de meninas. Igualmente: dois milhares de crianças (e não duas), os milhares de fitas (e não as), os cinco milhares de pessoas, os oito milhares de liras, o milhar de meninas. 2 — A concordância verbal de milhão pode ser com o número, no singular, ou com a coisa expressa, no plural. No Estado, prefira a segunda forma: Um milhão de crianças estavam presentes. / Um milhão de casas foram construídas. 3 — Se o verbo estiver antes de milhão ou milhões, porém, a concordância será com estas palavras: Foi construído 1 milhão de casas. / Foram prejudicados (e não “prejudicadas”) 5 milhões de pessoas. / Existe mais de 1,5 milhão de desempregados. Milhas. Converta sempre em quilômetros (a terrestre vale 1,609 km e a marítima, 1,852 km). Miligrama. Palavra masculina: um miligrama, duzentos miligramas. Milionário. Não é qualificação de ninguém. Chame a pessoa de industrial, armador, cantor, banqueiro, comerciante, empresário, etc. Militância. 1 — Significa condição de militante, prática, atuação: O político tinha intensa militância na área de terras. 2 — Para designar as pessoas atuantes de um partido ou organização, use militantes. Assim: Os militantes (e não a militância) do partido queriam forçar a cúpula a revogar a decisão. / Os dirigentes da entidade temiam a reação dos militantes (e não da militância). Militares. 1 — Hierarquia. São estes os postos e graduações, pela ordem decrescente de importância, no Exército, Marinha e Aeronáutica, respectivamente: marechal, almirante e marechal-do-ar (apenas em épocas excepcionais); general-de-exército, almirante-de-esquadra, tenente-brigadeiro (quatro estrelas); general-de-divisão, vice-almirante, major-brigadeiro

Militares (três estrelas); general-de-brigada, contra-almirante, brigadeiro-do-ar (duas estrelas); coronel, capitão-demar-e-guerra, coronel-aviador; tenente-coronel, capitão-de-fragata, tenente-coronel-aviador; major, capitão-decorveta, major-aviador; capitão, capitão-tenente, capitão-aviador; primeiro-tenente (nas três armas); segundotenente (nas três armas); aspirante-aoficial, guarda-marinha, aspirante-aoficial-aviador; subtenente, suboficial, suboficial; primeiro-sargento (nas três armas); segundo-sargento (nas três armas); terceiro-sargento (nas três armas); cabo (nas três armas); soldado, marinheiro, soldado. 2 — Comandos do Exército. Comando Militar do Leste (sede no Rio): compreende a 1ª Região Militar (sede no Rio e jurisdição sobre o Estado do Rio e o Espírito Santo) e a 4ª RM (sede em Juiz de Fora, MG, e jurisdição sobre Minas Gerais, à exceção do Triângulo Mineiro, subordinado ao Comando Militar do Planalto). Comando Militar do Sudeste (sede em São Paulo): compreende a 2ª RM (sede em São Paulo e jurisdição sobre o Estado de São Paulo). Comando Militar do Sul (sede em Porto Alegre): compreende a 3ª RM (sede em Porto Alegre e jurisdição sobre o Rio Grande do Sul) e a 5ª RM (sede em Curitiba e jurisdição sobre o Paraná e Santa Catarina). Comando Militar do Nordeste (sede no Recife): compreende a 6ª RM (sede em Salvador e jurisdição sobre a Bahia e Sergipe), a 7ª RM (sede no Recife e jurisdição sobre Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas) e a 10ª RM (sede em Fortaleza e jurisdição sobre o Ceará e o Piauí). Comando Militar do Oeste (sede em Campo Grande, MS): compreende a 9ª RM (sede em Campo Grande e jurisdição sobre Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia). Comando Militar da Amazônia (sede em Manaus): compreende a 8ª RM (sede em Belém

Mim

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e jurisdição sobre o Pará, Maranhão, Amapá e parte de Goiás) e a 12ª RM (sede em Manaus e jurisdição sobre o Amazonas, Acre e Roraima). Comando Militar do Planalto (sede em Brasília): compreende a 11ª RM (sede em Brasília e jurisdição sobre o Distrito Federal, parte de Goiás, Triângulo Mineiro e Tocantins). 3 — Comandos da Marinha. 1º Distrito Naval: sede no Rio e jurisdição sobre o Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais (à exceção do Triângulo Mineiro) e Ilhas de Trindade e Martim Vaz. 2º Distrito Naval: sede em Salvador e jurisdição sobre a Bahia, Sergipe e Arquipélago dos Abrolhos. 3º Distrito Naval: sede em Natal e jurisdição sobre o Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Atol das Rocas. 4º Distrito Naval: sede em Belém e jurisdição sobre o Pará, Acre, Amazonas, Rondônia, Maranhão, Tocantins, Piauí, Roraima e Amapá. 5º Distrito Naval: sede em Rio Grande (RS) e jurisdição sobre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. 6º Distrito Naval: sede em Ladário (MS) e jurisdição sobre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Comando Naval de Brasília: sede em Brasília e jurisdição sobre o Distrito Federal, Goiás e Triângulo Mineiro. 4 — Comandos da Aeronáutica. Cada um deles é chamado genericamente de Comando Aéreo Regional. I Comar: sede em Belém e jurisdição sobre o Pará, Maranhão e Amapá. II Comar: sede no Recife e jurisdição sobre Pernambuco, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Bahia. III Comar: sede no Rio de Janeiro e jurisdição sobre o Estado do Rio, Espírito Santo, parte de Minas Gerais e Ilhas de Trindade e Martim Vaz. IV Comar: sede em São Paulo e jurisdição sobre São Paulo, Mato Grosso do Sul e Tocantins. V Comar: sede em Canoas (RS) e juris-

Modelo (o, a)

dição sobre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. VI Comar: sede em Brasília e jurisdição sobre o Distrito Federal, Goiás, parte de Minas e Mato Grosso. VII Comar: sede em Manaus e jurisdição sobre o Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. Mim. Ver entre mim e ti, página 108, e para eu fazer, página 211. Minguar. Conjuga-se como aguar (ver, página 34.): míngua, mínguam; míngüe, míngüem; etc. Mini... a) Liga-se sem hífen ao elemento seguinte, duplicando-se o r e o s: minicomputador, minidesvalorização, minirreator, minissaia, miniusina. Por questões gráficas, use hífen apenas antes de h: mini-homem, mini-hotel. b) Quando substantivado, tem acento: a míni (saia), as mínis (desvalorizações, por exemplo). Ministério. Inicial maiúscula: o Ministério (conjunto dos ministérios), o Ministério do Exército, os Ministérios da Agricultura, Saúde e Educação. Inicial minúscula: Esse ministério (segunda referência). / Minas pretende um ministério. / O governo modificará os ministérios. “Ministro-chefe”. Use chefe, simplesmente: chefe do Gabinete Civil, chefe do Gabinete Militar, chefe do EMFA. Minúsculas. Ver maiúsculas e minúsculas, página 168. Mirim. Usado como adjetivo, não leva hífen: guarda mirim, eleitores mirins. Misantropo. E não “misântropo”. Mobiliar. 1 — Desta forma e não “mobilhar” ou “mobilar”. 2 — Conjugação. Pres. ind.: Mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobíliam. Pres. subj.: Mobílie, mobílies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobíliem, etc. Modelo. Liga-se com hífen a outro substantivo: operário-modelo, escolasmodelo. Modelo (o, a). Use o modelo para homem e a modelo para mulher: Pro-

Modismo

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curavam um modelo de barba e bigode. / Elas são as modelos mais famosas do Brasil. Modismo. O modismo é o lugar-comum cujo uso se intensifica num dado momento, por influência especialmente de meios de comunicação como o rádio e a televisão, do jargão político, artístico, urbanístico, econômico e esportivo ou dos próprios usos e costumes do País. Deve ser evitado não apenas para não atrelar o jornal a um tipo de linguagem perecível, que varia com as circunstâncias, mas também por se tratar de uma prática tão condenável quanto o recurso aos chavões tradicionais. O modismo pode ser tanto uma palavra inexistente que se cria para expressar alguma situação nova, como um termo do vernáculo que se passa a empregar em sentido diferente do usual ou uma frase feita cujo uso termina por ultrapassar os limites do tolerável. O maior cuidado deve ser tomado com os casos de palavras que têm o sentido original desvirtuado, ganhando conotação imprópria ou incorreta (exemplo: penalizar com o significado de punir, que a palavra não tem). Veja alguns dos modismos mais comuns: abrir as comportas, acontecer (como realizar-se ou ocorrer), administrar (vitória ou vantagem), adorar (qualquer coisa), aflorar, a mil ou a mil por hora, a nível de, anos dourados, aquecer as turbinas, arrebentar a boca do balão, assumir, aterrissar na mesa de ou aterrissar em São Paulo, por exemplo, atirar farpas, a todo o vapor, calor de rachar catedrais, carimbar o passaporte, chocante (como surpreendente), colocação (de assunto ou questão), colocar (assunto ou questão), com a bola toda, com a corda toda, complexo viário, conquistar seu espaço, contabilizar (como reunir, somar ou totalizar), correr atrás do prejuízo, costurar (acordo ou negociação), curtir, decolar

Monge

(como desenvolver-se), deitar e rolar, demanda de usuários, de repente, descartável, descontraído, despencar (Bolsa), detonar (como desencadear ou provocar), disparar (como afirmar), em grande estilo, em última análise, enfoque, entrar em rota de colisão, esquentar as turbinas, estar na marca de pênalti, estar na sua, estar rindo à toa, exatos (12 anos, por exemplo), extrapolar (como exorbitar ou exagerar), galera (como torcida ou platéia), goleirão, gratificante, imperdível, instigante, ir em busca do prejuízo, junto a (em vez de com ou de), malha viária, mostrar cacife, não convidem para a mesma mesa ou para a mesma reunião, pano de fundo, patamar (como nível ou índice), pelo andar da carruagem, penalizar (como punir), pilotar um instrumento, pintar (como surgir), praticar (preços, juros ou taxas), preocupante, quem viver verá, raposa felpuda, receber sinal verde, rota de colisão, sentir firmeza, sinalizar (como indicar ou projetar), sob o signo de, transparência, transparente, trocar farpas e zagueirão. Ver também lugar-comum, página 163. Modo. 1 — Ver em de maneira que, página 89, como usar a locução de modo que. 2 — Ver em assim como, página 47, a concordância da locução do mesmo modo que. Moer. Conjugação. Pres. ind.: Môo, móis, mói, moemos, moeis, moem. Imp. ind.: Moía, moías, moía, etc. Pret. perf. ind.: Moí, moeste, moeu, etc. Pres. subj.: Moa, moas, moa, moamos, moais, moam. Imp. subj.: Moesse, moesses, moesse, etc. Imper. afirm.: Mói, moa, moamos, moei, moam. Ger.: Moendo. Part.: Moído. Molde. Ver em de maneira que, página 89, como usar a locução de molde que. Moleque. Feminino: moleca. Monge. Feminino: monja.

Mono...

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Mono... Liga-se sem hífen ao termo seguinte, com a supressão do h e a duplicação do r e do s intermediários: monoácido, monocelular, monoidratável, monorregional, monosseriado, monotrilho. “Monopólio exclusivo”. Redundância. Não use. Monsenhor. Sem artigo antes: Encontramos monsenhor (e não “o monsenhor”) Antônio. / Monsenhor José fez um belo sermão. Monstro. Como adjetivo, permanece invariável: liquidação monstro, comícios monstro. Monte. Inicial maiúscula: Monte Branco. Montecarlo. Desta forma. Mooca. Sem acento. Mor. Entra na formação de palavras com hífen e sem acento: capitão-mor, altar-mor. Moral. 1 — Palavra feminina quando exprime ética, norma de conduta, moralidade, lição: a moral cristã, moral ilibada, a moral da história. 2 — No masculino indica estado de espírito, disposição de ânimo: o moral da tropa, o moral dos jogadores. Morar em. 1 — Use morar com a preposição em (e não a): Mora no campo, mora na cidade, mora na serra. / Mora na Rua tal, na Avenida tal, na Praça tal (e não à Rua tal, etc.). 2 — Pode também ser intransitivo (dispensar complemento): Não tem onde morar. / Queria morar melhor. Morder, mordida. O termo aplica-se apenas a animais que têm dentes: O cachorro mordeu o carteiro. / A mordida da piranha lhe tirou pedaços. No caso, pode-se ainda usar dentada: O homem deu uma dentada no inimigo. Pernilongos, abelhas, escorpiões, aranhas, formigas, etc., picam ou dão picadas e ferroadas. Cobras, embora tenham presas, igualmente picam ou dão picadas: A picada da urutu quase

Mortes (como tratar)

sempre é fatal. / A jararaca picou o menino. “Morfético”. Nunca use, em nenhum sentido. Morra, morram. A exclamação concorda com o sujeito: Morra o traidor! / Morram os hereges! / Morramos nós, se o merecermos! Morrer, morte, morto. 1 — Por serem mais jornalísticas, use estas palavras no noticiário, em vez de falecer, falecimento ou falecido, cujo emprego deve ficar restrito à seção de Falecimentos. Evite também desaparecimento ou desaparecido, com esse significado. 2 — Como morto é particípio tanto de morrer quanto de matar, prefira a forma que morreu a morto (para não dar a idéia de que alguém matou alguém) em frases como: O ator Jofre Soares, que morreu em 1996 (e não morto em)... / Tinha saudades do filho, que morrera aos 18 anos na capital (em vez de morto aos 18 anos na capital)... 3 — Um acidente causa mortes e não mortos: Choque de ônibus causa (provoca) 25 mortes (e não “mortos”). 4 — Com mortos o que se pode usar é deixar: Choque de ônibus deixa 25 mortos e 35 feridos. 5 — “Fazer mortos” ou “mortes”. Ninguém “faz” mortos ou mortes. Recorra às opções acima. 6 — “Vítima fatal”. Fatal é o acidente, o choque, a colisão, etc., e nunca a vítima. Morro. Inicial maiúscula: Morro do Borel. Mortes (como tratar). Sem fazer estardalhaço ou sensacionalismo, diga efetivamente de que uma pessoa morreu. Não há motivo para preconceito e o leitor merece a informação correta, seja a morte decorrente de suicídio, seja de doenças como a aids, o câncer, a leucemia ou outras. As circunstâncias da morte também deverão sempre ser devidamente esclarecidas. Poupe o leitor, porém, de detalhes escabrosos, que pouco ou nada acrescentem ao noticiário, no caso de cri-

Morto

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mes violentos. Particularidades da vida íntima da pessoa — era homossexual, era traído pela mulher ou pelo marido, por exemplo — somente deverão figurar na reportagem se estiverem diretamente relacionados com a causa ou as circunstâncias da morte. Morto. Ver matado, morto, página 174. Mudança do sujeito. 1 — Não mude o sujeito nas declarações textuais, isto é, não transforme o discurso indireto em direto. Veja dois exemplos errados: Ganhou dois prêmios e saiu da festa dedicando-os “à minha mãe e a todas as mães do Brasil”. / Os jogadores estavam tranqüilos, pois achavam que “perdemos, mas cumprimos o dever”. No primeiro caso, a expressão minha mãe refere-se à primeira pessoa e os verbos ganhou e saiu estão todos na terceira. No segundo, achavam está na terceira pessoa e perdemos e cumprimos, na primeira. Veja as alternativas: Marcou dois gols e saiu de campo dedicando-os à sua mãe “e a todas as mães do Brasil”. / Os jogadores estavam tranqüilos e ressaltavam:“Perdemos, mas cumprimos o dever.” Ver outros exemplos em declarações textuais, item 10, página 88. 2 — Cuidado para não trocar o sujeito em orações encadeadas. Veja os exemplos, todos reais: Seu passe foi emprestado ao Grêmio no ano passado e voltou ao União, onde permanecia na reserva (segundo o texto, foi o passe que voltou ao União, onde permanecia na reserva, e não o jogador, como se pretendia dizer). / Apesar de existir há mais de duas décadas, muita gente não sabe se PNL é algo relacionado a alguma ciência (como está escrito, é muita gente que existe há duas décadas, e não o PNL). / Pistas de kart realizam sonho de virar piloto (são as pistas que estão virando piloto). / Criadas por empresários, a atuação dessas fundações... (as fun-

“Muletas”

dações é que foram criadas, e não a sua atuação). Muitíssimo. Superlativo malformado. Aceitável apenas na linguagem coloquial ou em declarações. Muito. 1 — Varia quando precede substantivo: muitos homens, muita água, muitas pessoas. A norma é a mesma caso muito anteceda adjetivo que forme, com o substantivo seguinte, uma unidade, como se constituísse uma só palavra: Ele tem muita boa vontade. / Tratou-a com muita má vontade. / Trouxe muitas boas novas. 2 — Não varia quando modifica adjetivo, verbo ou outro advérbio: Eram muito bons. / Restaram muito poucos ali. / A população estava muito satisfeita com o presidente. / Nem todos os alunos estudam muito. / Falavam muito baixo. 3 — Atente para a diferença: Havia muitos bons homens ali (muitos homens bons). / Eram muito bons homens aqueles (não se pode fazer a inversão, neste caso). / Trouxe muitas velhas amigas consigo. / Eram muito velhas amigas deles. 4 — Ver em é muito, é pouco, página 105, a concordância da locução é muito. Muito obrigado(a). Homem, quando agradece, diz muito obrigado! Mulher, muito obrigada! Muito poucos. Muito permanece invariável: Havia muito poucos carros na cidade. / Eram muito poucas as candidatas ao emprego. Muito que. Sem artigo: muito que dizer, muito que fazer. Muitos de. Quanto à concordância, ver algum (alguns) de, página 35. “Muletas”. l — Evite, a todo custo, o uso de muletas nos títulos, isto é, palavras empregadas apenas como recurso para ganhar alguns sinais. Casos mais comuns: já (Palmeiras já teme o Treze), seu redundante (Governo contém os seus gastos: pode conter os de quem mais?), um (Morto um general na Espanha), o ou a sem razão (A bala

Múlti

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mata o menino: que bala? que menino?) e outros do mesmo tipo. 2 — Considere também muletas (e, portanto, fuja delas) locuções utilizadas para ligar fatos ou declarações diferentes na mesma matéria, como: por outro lado, pelo contrário, ao mesmo tempo, não obstante, enquanto isso, por sua vez, apesar disso e outras já desgastadas pelo uso excessivo. Para cumprir funções semelhantes existem palavras ou expressões como ainda, também, mas, porém, no entanto, pois, como, porque, portanto, etc. Múlti. Aceitável, apenas em títulos, para substituir multinacional. Plural: múltis. Multi... Liga-se sem hífen ao termo seguinte: multiangular, multicolorido, multinacional, multiovulado, multirracial, multissecular. Município. Inicial maiúscula: o Município de São Paulo, o Município (referindo-se a São Paulo, capital). Inicial minúscula: o município de Itu, os municípios de Santos e Guarujá, o município (qualquer outro que não o de São Paulo), os Estados e municípios. Munique. Desta forma. Muralha da China. Não é uma das sete maravilhas do mundo antigo. Ver quais são elas em maravilhas, página 173. “Muso”. A palavra não existe. Só pode ser usada entre aspas e em textos muito especiais.

Na Avenida tal. Ver na Rua tal, página 184. Nacional-socialista. Plural: nacional-socialistas (os nacional-socialistas, partidos nacional-socialistas).

Não...

Nada. 1 — Antes do verbo, dispensa outra negativa: Nada lhe perguntaram. / A polícia nada apurou sobre o crime. / Ele de nada foi informado. 2 — Se vem depois do verbo, exige outra negativa: Não lhe perguntaram nada. / O ministro não sabia nada sobre o plano. / Ninguém aprendeu nada. / A moça não ficou nada preocupada. / Sem pensar em mais nada, saiu correndo. 3 — São erradas, dessa forma, frases como: As linhas telefônicas custam praticamente nada (o certo: não custam ...) / Reservou as sextasfeiras para fazer absolutamente nada (para não fazer...). / Ele trouxe nada consigo (ele nada trouxe consigo ou ele não trouxe nada consigo). Nada a ver. E nunca “nada haver”. A melhor forma, porém, é nada que ver: A queixa não tem nada a ver (ou que ver) com você. Nada com pronome. O nada atrai o pronome situado na mesma oração: Nada lhe disseram a respeito do caso. / Nada naquele lugar nos agradava. Nada de. Concordância. Ver alguma coisa de, página 35. Naïf. Plural: naives. “Namorar com”. O verbo é direto: A moça namorava o filho do prefeito (e não namorava “com”). / Namorava a vizinha havia muitos anos (e não namorava “com”). Não... 1 — Use hífen sempre que o não vier antes de substantivo: não-agressão, não-alinhamento, não-conformismo, não-fumante, não-intervenção, não-participação. 2 — Diante de adjetivo, só empregue o hífen quando o não formar uma palavra de sentido completo: país não-alinhado, nação não-beligerante, não-combatente, não-conformista, não-engajado, nãoesperado, não-essencial, não-existente, metal não-ferroso, pessoa não-fumante, não-iluminado, política nãointervencionista, não-participante, não-positivo, composto não-saturado, não-verbal e não-viciado. 3 — Nos demais casos: não vazio, não reconhe-

Não apenas... mas também

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cido, não identificado, não vestido, etc. 4 — Ver no capítulo Escreva Certo as palavras em que o não se liga com hífen a um adjetivo. Nos demais casos não existe hífen: não cozido, não intencional, não abusivo. Não apenas... mas também. Concordância. Ver não só, nesta página. Não com pronome. O não atrai o pronome situado na mesma oração: Os resultados não o surpreenderam. / O amigo não se dispôs a ajudá-lo. Não é mais. Ver já ... mais, página 152. Não fosse... Sem e intermediário: Não fosse a pressa, ele teria feito melhor o trabalho. / Não fosse a chuva, os convidados teriam chegado antes. (E não: Não fosse a pressa “e” ele teria...). Nãos. Não tem plural, quando substantivado: Os nãos e os sins. Não ... senão. Concordância com o termo que se segue a senão: “Não se viam ali senão cadáveres”. / Não se ouviam senão os grilos. Não só. 1 — A correlação de não só ou não somente faz-se com mas também, mas, mas até, como, senão ou senão também: Não só o pai, mas também o filho devem... / Não só o patrão, mas o operário... / Não só os homens, mas até as mulheres... / Não só os filhos, como os amigos ali ficaram. / Não só é indigno de pena, senão também da graça. / O Sol não só excede a cada uma das estrelas senão a todas. 2 — Concordância. Verbo no plural: Não só o pai, mas também o filho queriam o cargo. Fazem a mesma concordância as seguintes formas: não só... mas, não só... mas ainda, não só... mas até, não só... senão, não só... senão também, não só... como também, não somente... como, não apenas... senão também, etc. “Não tem solução”. Ver havia muitas pessoas, página 138. Nariz-de-cera. É uma introdução vaga e desnecessária que toda notícia dispensa. Use lead e nunca nariz-de-cera, a não ser em casos excepcionais,

Naturais do Brasil

como o de apresentar íntegras: É a seguinte a íntegra do discurso pronunciado ontem pelo presidente da República na Cidade do México: Um exemplo de nariz-de-cera: São muitos os problemas do trânsito em São Paulo. Alguns deles arrastam-se por anos e anos sem que ninguém tente resolvê-los. Um exemplo desse descaso das autoridades é o estacionamento sobre as calçadas. Mais uma vez, porém, a Prefeitura promete adotar medidas para que os abusos não se repitam. Depois dessa introdução, viria a notícia de que o estacionamento nas calçadas estava, a partir do momento, sujeito a multas elevadas. Entre direto no fato: A partir de hoje, quem estacionar seu carro sobre a calçada pagará tanto de multa. E a Prefeitura promete ser rigorosa na fiscalização. “Narrar que”. Narra-se alguma coisa, mas não se narra que... Na Rua tal. Use esta forma: morador ou residente na Rua tal e não à Rua tal. Da mesma forma, na Avenida, na Travessa, no Largo, etc. Naturais do Brasil. Esta lista inclui os adjetivos pátrios referentes aos Estados, às capitais e a algumas cidades brasileiras: Acre: acreano; Alagoas: alagoano; Amapá: amapaense; Amazonas: amazonense; Anápolis (GO): anapolino; Angra dos Reis (RJ): angrense; Aracaju (SE): aracajuano; Araguaia (rio): araguaiano. Bahia: baiano; Barra do Piraí (RJ): barrense; Barra Mansa (RJ): barramansense; Belém (PA): belenense; Belo Horizonte (MG): belo-horizontino; Boa Vista (RR): boa-vistense; Brasília (DF): brasiliense. Cabo Frio (RJ): cabo-friense; Cachoeiro de ltapemirim (ES): cachoeirense; Campo Grande (MS): campograndense; Caruaru (PE): caruaruense; Catu (BA): catuense; Cuiabá (MT): cuiabano; Curitiba (PR): curitibano. Duas Barras (RJ): bibarrense.

Naturais do Estado de São Paulo

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Espírito Santo: espírito-santense e capixaba. Florianópolis (SC): florianopolitano; Fortaleza (CE): fortalezense; Foz do Iguaçu (PR): iguaçuense. Garanhuns (PE): garanhuense; Goiânia (GO): goianiense; Goiás: goiano. João Pessoa (PB): pessoense. Macapá (AP): macapaense. Maceió (AL): maceioense, Manaus (AM): manauense ou manauara; Marajó (ilha): marajoara; Maranhão: maranhense; Mato Grosso: mato-grossense; Mato Grosso do Sul (MS): mato-grossensedo-sul ou sul-mato-grossense. Natal (RN): natalense; Niterói (RJ): niteroiense; Novo Hamburgo (RS): hamburguense. Pará: paraense; Paraná: paranaense; Pernambuco: pernambucano; Petrópolis (RJ): petropolitano; Piauí: piauiense; Poços de Caldas (MG): caldense; Porto Alegre (RS): porto-alegrense. Recife (PE): recifense; Rio de Janeiro (Estado): fluminense; Rio de Janeiro (cidade): carioca; Rio Grande (cidade do RS): rio-grandino; Rio Grande do Norte: rio-grandense-do-norte, norte-rio-grandense e potiguar; Rio Grande do Sul: gaúcho, rio-grandense-do-sul e sul-rio-grandense; Rondônia: rondoniense; Roraima: roraimense. Salvador (BA): soteropolitano; Santa Catarina: catarinense; Santarém (PA): santareno; Santos Dumont (MG): sandumonense; São Pedro da Aldeia (RJ): aldeense; São Sebastião da Grama (RJ): gramense; Sergipe: sergipano. Teófilo Otôni (MG): teófilo-otonense; Teresina (PI): teresinense; Tocantins: tocantinense; Três Corações (MG): tricordiano; Três Rios (RJ): trirriense. Vitória (ES): vitoriense. Naturais do Estado de São Paulo. Esta lista inclui alguns dos adjetivos pá-

Naturais do Estado de São Paulo trios referentes a cidades do Estado de São Paulo. Deu-se preferência aos que designam o natural de municípios mais citados no noticiário ou àqueles cuja forma possa causar dúvidas: Águas da Prata: pratense; Águas de Lindóia: lindoiense; Americana: americanense; Aparecida: aparecidense; Assis: assisense; Atibaia: atibaiano; Avaré: avareense. Barretos: barretense; Barueri: barueriense; Batatais: batataiense; Bom Jesus dos Perdões: perdoense; Bragança Paulista: bragantino; Brodowski: brodowskiano. Cajamar: cajamarense; Campinas: campineiro; Campos do Jordão: jordanense; Cananéia: cananeense; Capivari: capivariano; Cotia: cotiense; Cubatão: cubatense. Diadema: diademense. Embu, Embu-Guaçu: embuense. Fernandópolis: fernandopolense; Ferraz de Vasconcelos: ferrazense; Franca: francano; Francisco Morato: moratense; Franco da Rocha: francorochense. Guaratinguetá: guaratinguetaense; Guarujá: guarujaense; Guarulhos: guarulhense. Ilhabela: ilhabelense; Itanhaém: itanhaense; Itapecerica da Serra: itapecericano; Itapetininga: itapetiningano; Itaquaquecetuba: itaquaquecetubano; Itararé: itarareense. Jaboticabal: jaboticabalense; Jacareí: jacareiense; Jales: jalesense; Jundiaí: jundiaiense. Leme: lemense; Limeira: limeirense; Lindóia: lindoiano; Lins: linense. Mairiporã: mairiporanense; Marília: mariliense; Matão: matonense; Mauá: mauaense; Mogi das Cruzes, Mogi-Guaçu e Mogi-Mirim: mogiano; Mongaguá: mongaguaense. Nova Odessa: nova-odessense; Novo Horizonte: novo-horizontino. Orlândia: orlandino; Osasco: osasquense; Ourinhos: ourinhense.

Naturais do exterior

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Paulínia: pauliniense; Peruíbe: peruibense; Pindamonhangaba: pindense; Piracicaba: piracicabano; Piraju: pirajuense; Pirajuí: pirajuiense; Pirassununga: pirassununguense; Poá: poaense; Porto Feliz: porto-felicense; Praia Grande: praia-grandense; Presidente Bernardes: bernardense; Presidente Epitácio: epitaciano; Presidente Prudente: prudentino; Presidente Venceslau: venceslauense. Registro: registrense; Ribeirão Pires: ribeirão-pirense; Ribeirão Preto: ribeirão-pretano; Rio Claro: rio-clarense; Rio Grande da Serra: riograndense-da-serra. Santa Fé do Sul: santa-fé-sulense; Santa Isabel: isabelense; Santana de Parnaíba: parnaibano; Santo André: andreense; Santos: santista; São Bernardo do Campo: são-bernardense; São Caetano do Sul: são-caetanense; São Carlos: são-carlense; São José do Rio Pardo: rio-pardense; São José do Rio Preto: rio-pretense; São José dos Campos: joseense; São Roque: são-roquense; São Sebastião: sebastianense; São Vicente: vicentino; Serra Negra: serra-negrense; Sorocaba: sorocabano; Sumaré: sumareense. Taquaritinga: taquaritinguense; Tatuí: tatuiense; Taubaté: taubateano. Ubatuba: ubatubense. Vale do Paraíba: vale-paraibano; Valinhos: valinhense; Votuporanga: votuporanguense. Naturais do exterior. Nesta relação, figuram adjetivos pátrios que podem causar alguma dúvida ao jornalista, todos referentes a cidades e regiões do exterior e países, mesmo alguns já extintos e fragmentados ou que mudaram de nome (foram excluídas formas óbvias, como Dinamarca — dinamarquês, Nápoles — napolitano, etc.): Acaia (Gr.): aqueu; Açores: açoriano; Acra (Gana): acrense; Afeganistão: afegão, afegã; Alasca: alasquiano; Alemanha Ocidental: alemão-ociden-

Naturais do exterior tal; Alemanha Oriental: alemãooriental; Alentejo (Port.): alentejano; Alexandria (Egito): alexandrino; Alsácia (Fr.): alsaciano; Altai (montanha): altaico; Amarante (Port.): amarantino; Amsterdã: amsterdamês; Ancara (Turquia): ancarense; Andaluzia (Esp.): andaluz, andaluza; Andorra: andorrano; Anjou (Fr.): angevino; Antígua: antiguano; Antilhas: antilhano; Antuérpia: antuerpiano; Apeninos: apenínico; Arábia Saudita: saudita; Aragão (Esp.): aragonês; Arcádia (Gr.): árcade; Ardenas (Fr.): ardenês; Argel: argelino; Argélia: argelino; Arles (Fr.): arlesiano; Artois (Fr.): artesiano; Ásia do Sul: sul-asiático; Assam (Índia): assamês; Assuã: assuanês; Astracã (Rússia): astracanita; Astúrias (Esp.): asturiano; Atacama: atacamenho; Australásia: australásio; Azerbaijão: azerbaijano. Bahamas: bahamense; Bagdá: bagdali; Bahrein: bahreinita; Baleares: baleárico; Bali (Indon.): balinês; Báltico: báltico; Bangladesh: bengali; Barbados: barbadiano; Barcelona: barcelonês; Batávia: batavo; Baviera: bávaro; Bearn (Fr.): bearnês; Beja (Port.): bejense; Belém (Jordânia): belemita; Belgrado: belgradino; Belize: belizenho; Beluchistão: beluchi; Bengala: bengali; Bengasi: bengasiano; Benin: beninense; Bermudas: bermudense; Berna (Suíça): bernês; Bessarábia: bessarábio; Biafra: biafrense; Bielo-Rússia: bielo-russo; Bilbao: bilbaíno; Birmânia: birmanês; Biscaia (Esp.): biscainho; Boêmia (Rep. Checa): boêmio; Bogotá: bogotano; Bonn: bonense; Bordéus (Fr.): bordelês; Borgonha: borgonhês; Bósnia: bósnio; Boston: bostoniano; Botsuana: bechuano; Bragança (Port.): bragantino; Brandemburgo: brandemburguês; Brunei: bruneano; Bruxelas: bruxelense; Bucareste: bucarestino; Budapeste: budapestense; Buenos Aires: portenho; Burkina Fasso: burquinense; Burundi: burundinês; Butão: butanês.

Naturais do exterior

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Cabo Verde: cabo-verdiano; Caiena (G. Fr.): caienense; Cairo (Eg.): cairota; Calcutá (Índia): calcutaense; Caledônia (Fr.): caledônio; Camarões (Áfr.): camaronês; Camberra (Austrália): camberrano; Camboja: cambojano; Canaã (Pal.): cananeu; Canárias (Áfr. Esp.): canarino; Cantão (China): cantonense; Capadócia (Ásia): capadócio; Caribe: caribenho; Carolina do Norte (EUA): carolinense; Carolina do Sul (EUA): carolinense; Carrara (It.): carrarense; Cartago (Áf.): cartaginês; Casablanca (Marr.): casablanquense; Castelo Branco (Port.): albicastrense; Catalunha (Esp.): catalão; Catar (Ásia): catariano; Ceilão: cingalês; Ceuta (Áfr.): ceutense; Chade: chadiano; Chechênia: checheno; Chipre: cipriota; Cíclades (Gr.): cicladense; Cingapura: cingapuriano; Circássia (Ásia): circassiano; Cochinchina: cochinchinês, cochinchino; Coimbra (Port.): coimbrão, coimbrã; Colombo (Sri Lanka): colombense; Colônia (Alem): coloniano; Comores: comorense; Congo (Áfr.): congolês; Copenhague: copenhaguense; Coréia do Norte: norte-coreano; Coréia do Sul: sul-coreano; Corfu (Grécia): corfiota; Corinto: coríntio; Corrientes (Arg.): correntino; Costa do Marfim: marfinense; Costa Rica: costa-riquenho; Cracóvia: cracoviano; Cremona (It.): cremonense; Curdistão: curdo. Dacar (Senegal): dacarense; Dantzig: dantzigano; Daomé: daomeano; Djibuti (Áfr.): djibutiano; Dominica: dominicano; Dublin (Irl.): dublinense; Douro (Port.): duriense. El Salvador: salvadorenho; Emirados Árabes Unidos: árabe; Entebe (Uganda): entebense; Entre-Rios (Arg.): entrerriano; Epiro (Gr.): epirota; Estônia: estoniano; Estrasburgo (Fr.): estrasburguês; Etrúria: etrusco. Fiji: fijiano; Florença: florentino; Formosa (Ásia): formosino; Funchal (Madeira): funchalense.

Naturais do exterior Gabão: gabonense; Galiza (Esp.): galego; Gâmbia (Áfr.): gambiano; Gana: ganense; Gasconha (Fr.): gascão, gascona; Genebra (Suíça): genebrês; Geórgia (república): georgiano; Gibraltar: gibraltarino; Gironda (Fr.): girondino; Goa (Índia): goense; Granada (Esp. e Caribe): granadino; Groenlândia: groenlandês; Guatemala: guatemalteco; Guiana: guianense; Guiné (Áfr. Ocid.): guineano; GuinéBissau: guineense; Guiné Equatorial: guinéu-equatoriano. Hamburgo (Alem.): hamburguês; Hannover (Alem.): hanoveriano; Havana: havanês; Hébridas (Grã-Bretanha): hebridense; Honduras: hondurenho. Iêmen (Ásia): iemenita; Iêmen do Sul: sul-iemenita; Ilhas Comores: comorense; Ilhas Hébridas: hebridense; Ilhas Salomão: salomônico; Índia: indiano; Iugoslávia: iugoslavo. Jamaica: jamaicano; Jordânia: jordaniano. Kiribati: kiribatiano; Kuwait: kuwaitiano. Laos: laosiano; La Paz: pacenho; Lapônia: lapão, lapona; León (Esp.): leonês; Lesoto: lesoto; Letônia: letão, letã; Liechtenstein: liechtensteiniense; Lituânia: lituano; Luanda (Angola): luandense; Luxemburgo: luxemburguês; Lyon (Fr.): lionês. Macau (China): macaísta; Madagáscar: malgaxe; Madeira (Port.): madeirense; Madri: madrileno; Maiorca: maiorquino; Malabar (Ásia): malabarense; Málaga (Esp.): malaguenho; Malásia: malaio; Malavi: malaviano; Maldivas: maldivo; Mali: malinês; Malta: maltês; Malvinas: malvinense; Manágua: managüense; Manchester (Ingl.): manchesteriano; Mandchúria (Ásia): mandchu; Mântua (It.): mantuano; Marselha (Fr.): marselhês; Maurício: mauriciano; Mauritânia: mauritano; Melanésia: melanésio; Micronésia: micronésio; Minho: minhoto; Minorca: minorquino; Móde-

Naves espaciais

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na (It.): modenense; Moldávia (URSS): moldávio; Molucas: molucano; Mônaco: monegasco; Mongólia (Ásia): mongol; Montenegro: montenegrino; Montevidéu: montevideano; Munique: muniquense. Nauru: nauruano; Navarra (Esp.): navarrês e navarro; Nazaré: nazareno; Nepal: nepalês; Níger: nigerino; Nigéria: nigeriano; Nova York: nova-iorquino; Nova Zelândia: neozelandês. Omã: omani; Oxford: oxfordiano. País Basco: basco; País de Gales: galês; Papua-Nova Guiné: papuásio; Patagônia: patagônio; Pádua (It.): patavino; Piemonte (It.): piemontês; Polinésia: polinésio; Porto Rico: portoriquenho. Quênia (Áfr.): queniano. República Centro-Africana: centro-africano; República Dominicana: dominicano; República Malgaxe: malgaxe; Romênia: romeno; Ruanda: ruandês. Sabóia (Fr.): saboiano; Salamanca (Esp.): salamanquense; Salerno (It.): salernitano; Salomão (ilhas): salomônico; Salonica (Gr.): salonicense; Samoa: samoano; San Marino: samarinês; Santa Cruz de la Sierra (Bol.): cruz-serrano; Santa Lúcia (ilha): santa-lucense; Santarém (Port.): santareno; Santiago de Compostela (Esp.): santiaguês; São Cristóvão e Neves: são-cristovense; São Tomé e Príncipe: são-tomense; São Vicente e Granadinas: são-vicentino; Saragoça (Esp.): saragoçano; Sardenha (It.): sardo; Senegal: senegalês; Serra Leoa (Áfr.): serra-leonês, serra-leonesa; Sérvia: sérvio; Seychelles: seichelense; Sintra (Port.): sintrão; Siracusa (It.): siracusano; Somália: somali; Sri Lanka: cingalês; Suazilândia: suazi; Suriname: surinamês. Taiti: taitiano; Tânger: tangerino; Tanzânia: tanzaniano; Tarragona (Esp.): tarraconense; Tasmânia (Oceania): tasmaniano; Timor (Oceania): timorense; Togo: togolês; Toledo (Esp.):

Negar que

toledano; Tonga: tonganês; Tonquim (Vietnã): tonquinês; Toscana (It.): toscano; Transilvânia: transilvano; Transvaal (Áfr. do Sul): transvaaliano; Trás-os-Montes (Port.): trasmontano; Trieste (It.): triestino, Trinidad e Tobago (Antilhas): trinitário; Trípoli: tripolitano; Tripolitânia (Áfr.): tripolitano; Túnis: tunisino; Tunísia: tunisiano; Tuvalu: tuvaluano. Uganda: ugandense; Urais: uraliano. Valência: valenciano; Vanuatu: vanuatense; Varsóvia: varsoviano; Verona (It.): veronês; Versalhes (Fr.): versalhês. Zaire: zairense; Zâmbia, zambiano; Zanzibar: zanzibarita; Zimbábue: zimbabuano; Zululândia: zulu. Naves espaciais. 1 — Os foguetes e satélites, tanto os pioneiros da era espacial quanto os atuais, têm o gênero masculino: o Sputnik, o Viking, o Vanguard, o Explorer, o Sonda, o Tiros, o lntelsat, etc. 2 — As naves (mesmo que sejam consideradas ônibus espaciais, como a Columbia) são femininas: a Vostok, a Mercury, a Voshkod, a Gemini, a Soyuz, a Skylab, a Challenger, etc. 3 — O nome das naves vai no mesmo corpo do texto e não deve ser aportuguesado: Columbia, Apollo 13, etc. Navios. O nome vai no mesmo corpo do texto: Costa Marina. Necessário. Ver em é preciso, página 111, a concordância de é necessário. “Necrópole”. Palavra vetada. Use cemitério. Negar a. O verbo pede a preposição a e não para: Redes de TV negam espaço ao candidato (e não “para o”). / A empresa negou aumento aos funcionários. Negar que. 1 — Esta forma leva sempre a oração seguinte para o subjuntivo: Ministério nega que tenha censurado novela (e não que censurou). / A OMS nega que vacina seja (e não é) causa da epidemia de aids. / Senador nega

Negativa mais negativa

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que vá liderar (em vez de liderará) chapa de oposição. / O médico negou que o acusado usasse (e não usava) drogas. / A moça negou que seja (e não é) ou tenha sido (e não foi) garota de programas. / Ex-diretor nega que conhecesse (e não conhecia) irregularidades do banco. 2 — Se você precisar economizar sinais no título, use a forma alternativa, com infinitivo: Acusado nega ser “justiceiro” / Empresários negam ter feito pressão contra aumento / Engenheiro nega ter recebido convite. Negativa mais negativa. 1 — O português admite o uso de duas negativas na mesma frase sem que daí resulte um sentido positivo. Veja os exemplos seguintes, todos corretos: Não viu nada. / Não conheceram nunca alguém tão feio. / Sem as reclamações de ninguém além dele. / E nunca ninguém aí entrou. / Não tinham coisa nenhuma para comer. / Não quero nenhuma pessoa aqui. 2 — Erradas são as frases em que haja uma negativa antes (ninguém, nada, nem ou outra qualquer) e o advérbio não depois, como: Nem eu “não” pude ver (o certo: Nem eu pude ver). / Nenhum “não” morreu (o certo: Nenhum morreu). / Ninguém “não” fez (o certo: Ninguém fez). / Nada que o contrariasse “não” podíamos fazer (o certo: Nada que o contrariasse podíamos fazer), etc. “Negócio da China”. A imagem está demais desgastada para definir qualquer entendimento comercial com os chineses. Negrito. Ver destaques, página 93. Nem. Ver e nem, página 107. Nem com pronome. O nem atrai o pronome situado na mesma oração: Não foi nem se deixou levar. / Nem os amigos lhe fizeram a vontade. Nem... nem. 1 — Verbo no plural se os dois ou mais sujeitos podem praticar o fato expresso pelo verbo: Nem o repórter nem o redator perceberam o

Nenhum

erro. / Nem o deputado, nem o senador, nem o vereador quiseram comentar a declaração. 2 — Verbo no singular apenas se o fato expresso pelo verbo excluir um dos sujeitos: Nem o deputado nem o senador será eleito presidente (só um pode ser eleito). 3 — Se os sujeitos não forem da mesma pessoa, a 1ª predomina sobre a 2ª e a 3ª, e a 2ª, sobre a 3ª: Nem eu nem tu nem ele sairemos daqui. / Nem tu nem eles deveis ficar preocupados. Nem um. Ver nenhum, nem um, página 190. Nem um nem outro. 1 — Prefira o verbo no plural: Nem um nem outro apareceram. / Nem um nem outro são meus irmãos. 2 — Caso haja exclusão de um dos sujeitos, o verbo fica no singular: Nem um nem outro será eleito presidente (só um pode ser eleito). 3 — Se houver substantivo depois, este fica obrigatoriamente no singular: Nem um nem outro caso (e não casos) foram esclarecidos (ou foi esclarecido). / Nem uma nem outra coisa aconteceu. Nenhum. 1 — Vem normalmente antes do substantivo e é precedido de negativa: Não existe nenhum homem na cidade. / Fugiu de madrugada, sem que nenhum guarda o tivesse visto. 2 — Colocado depois do substantivo, dá ênfase à negativa: Não existe homem nenhum na cidade. / Fugiu de madrugada, sem que guarda nenhum o tivesse visto. / Não queria esmolas, nem favor nenhum. 3 — Pode ter valor afirmativo em frases como: Mais que nenhum outro jogador, tudo ele fez pelo time. 4 — Quando houver uma negativa antes, usa-se nenhum e não qualquer: Não viu nenhuma (e não qualquer) irregularidade no caso (consulte o verbete qualquer, página 243). 5 — Nenhum atrai o pronome situado na mesma oração: Nenhuma pessoa se machucou na

Nenhum (concordância)

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queda. / Nenhum amigo lhe abriu os olhos. Nenhum (concordância). O verbo fica sempre no singular: Nenhum dos homens ali presentes negou o fato. / Nenhum deles se dispôs a comparecer. / Nenhum de nós foi convidado para a festa. / Nenhum de vós o sensibilizou. Nenhum, nem um. 1 — Nenhum é antônimo de algum: Nenhum jornalista escreve melhor que ele (em oposição a: Algum jornalista escreve...). / Não tem nenhum direito de reclamar. / Não havia nenhuma divergência entre eles. 2 — Nem um equivale a nem um sequer, nem um único: Não quis ficar nem um instante mais. / Não ficaram encabulados nem um pouco. / Nem uma única folha se mexia. Nenhuma coisa de. Ver alguma coisa de, página, 35. Neo... Exige hífen antes de vogal, h, r e s: neo-árico, neo-escolástica, neo-hegelianismo, neo-inglês, neo-ortodoxo, neo-realismo, neo-socialismo. Nos demais casos: neocolonial, neoliberalismo, neolatino, neozelandês. Neuro... Liga-se sem hífen ao termo seguinte: neuroanatomia, neuroelétrico, neurocirurgião, neuropatologia, neurorradiologia, neurossensório. Ninguém. 1 — Rejeita o não em frases como: Ninguém o procurou (e não: Ninguém “não” o procurou). / Ninguém lhe faz favor algum. / Ninguém se feriu no acidente. 2 — Pode, porém, ser precedido de não ou combinar-se com jamais, nunca, nem e sem: Não havia ninguém na sala. / Ninguém jamais o procurou. / E nunca ninguém aí entrou. / Saiu sem que ninguém o percebesse. Nipo... Hífen na formação de adjetivos pátrios: nipo-americano, nipo-brasileiro. Nos demais casos: nipofilia, nipófobo. Nível. 1 — A locução a nível de, modismo desnecessário e condenável, tor-

Nomes chineses

nou-se uma das mais terríveis muletas lingüísticas da atualidade, em substituição a praticamente tudo que se queira. Veja alguns casos em que a locução aparece e como evitá-la: Decisão “a nível” de diretoria (decisão de diretoria). / Decisão “a nível” de governo (decisão governamental). / Reunião “a nível” internacional (reunião internacional). / O clube está fazendo contratações “a nível de” futuro (contratações para o futuro). / A proposta pelo jogador será “a nível de” (em torno de) 5 a 6 milhões de dólares. / Pude avaliar o técnico “a nível de” (como) uma pessoa pública. / Ela, “a nível da” (em relação à) eleição, só pretende votar bem. / “A nível de” (como) jornalista, prefere assuntos mais leves. 2 — Em determinados casos podem ser usadas as locuções no plano (de) e em termos de. Ou, em última instância, no nível de e em nível de (uma vez que nível rejeita o a sozinho): Os candidatos teriam hoje, “a nível” nacional (no plano nacional, em termos nacionais), 24% das intenções de voto. / O grupo elevou a entidade “a nível” primeiro-mundista (ao nível primeiro-mundista). 3 — Existe ainda ao nível de, mas apenas com o significado de à mesma altura: ao nível do mar. Nissei. Use esta forma e não “nisei”. Nobel. 1 — Sem acento (pronuncia-se Nobél). 2 — Isolado, faz o plural Nobéis: Os Nobéis de Química e Física. 3 — Com Prêmio, não varia: Linus Pauling ganhou dois Prêmios Nobel. No intuito de. Prefira para. Nomes bíblicos. Devem ser adaptados à língua portuguesa: Davi, Jó (e não Job), Jacó, Sara, Lot (e não Loth), Set, Rute, etc. Nomes chineses. 1 — O Estado adota a grafia atualizada (e convencional) dos nomes chineses: Deng Xiaoping, Zhao Ziang, Hua Kuofeng. 2 — Exceções: Mao Tsé-tung, Chiang Kai-chek

Nomes científicos

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e Chu En-lai. 3 — Nos nomes em que haja um elemento composto, o segundo termo tem inicial minúscula: Tsétung, Kai-chek, En-lai, Yang-tse (rio), Kai-fong (cidade), Ki-lin (província). 4 — Como o sobrenome, nos nomes chineses, vem antes do nome, nos títulos ou na segunda referência dos textos use Mao (e não Tsé-tung), Deng (e não Xiaoping), Chu (e não En-lai), etc. 5 — O sh chinês passa a x em português: Xangai (e não Shangai). 6 — Use Pequim e não Beijing. Nomes científicos. A primeira palavra tem inicial maiúscula e o nome científico vai sempre em itálico: Aedes aegypti, Aedes albopictus (tigre-asiático), Rhea americana (ema), Vulpes vulpes (raposa), Citrus aurantium sinensis (laranja-da-china), etc. Nomes de bairros e ruas. Ver São Paulo (locais), página 260. Nomes de cor. 1 — Palavra simples a) A cor é um adjetivo — varia: olhos azuis, cortinas verdes, madeira castanha, sapatos marrons, nuvens brancas, manchas roxas, riscos vermelhos. Exceção: roupas marinho. b) A cor é um substantivo — não varia: paredes creme, laços rosa, ternos cinza, carros gelo, tons pastel, gravatas abóbora, blusas vinho, cortinas limão, olhos turquesa, papéis marfim. Regra prática — Sempre que a locução cor de estiver subentendida ou expressa, o nome de cor fica invariável: paredes (cor de) creme, laços (cor de) rosa, blusas (cor de) vinho, papéis (cor de) marfim, ternos (cor de) cinza, estojos cor de carmim, folhas cor-derosa. 2 — Adjetivos compostos a) Adjetivo + adjetivo — só o segundo varia: olho verde-claro, olhos verde-claros; bandeira verde-amarela, bandeiras verde-amarelas; garrafa azul-escura, garrafas azul-escuras;

Nomes de lugares públicos

cortina castanho-clara, cortinas castanho-claras. b) Adjetivo + substantivo ou substantivo + adjetivo — composto invariável: blusas amarelo-canário, camisas rosa-claro, uniformes verde-oliva, carros vermelho-sangue, vestidos castor-claro, carros verde-abacate, olhos azul-turquesa. 3 — Casos especiais a) Azul-marinho e azul-celeste são invariáveis: ternos azul-marinho, tons azul-celeste. b) Ultravioleta não varia, enquanto infravermelho admite feminino e plural: raios ultravioleta, radiações infravermelhas. Nomes de emissoras de rádio e TV. 1 — Devem ser escritos no mesmo corpo do texto: Rádio Jovem Pan, Rede Bandeirantes, TV Gazeta. 2 — Exceção. Use em itálico o nome da Rádio Eldorado e suas variantes, Eldorado AM e Eldorado FM. 3 — O nome dos programas das emissoras também vai em itálico: Estadão no Ar, Fantástico, Nossa Língua Portuguesa. Nomes de institutos, órgãos, entidades, empresas e produtos. a) Os nomes de órgãos, entidades e institutos públicos ou oficiais deverão ser adaptados às normas ortográficas vigentes. Assim, Instituto Butantã (e não Butantan); Instituto Vital Brasil (e não Brazil), Instituto Adolfo Lutz (e não Adolpho), Fundação Osvaldo Cruz (e não Oswaldo). Exceções, já consagradas pelo uso: Lloyd Brasileiro e Itamaraty. b) Nos nomes de empresas privadas e nos de seus produtos, mantenha a grafia original: Gillette, Chrysler, McDonald’s, Manah, Villares, Ultragaz, Belgo Mineira, CocaCola, Antarctica, Guaraná Champagne, Bohemia (cerveja), etc. Nomes de lugares públicos. Devem ter inicial maiúscula e ser adaptados à ortografia vigente: Praça Rui (e não Ruy) Barbosa, Avenida Brigadeiro Luís (e não Luiz) Antônio, Rua Padre

Nomes de obras artísticas

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João Manuel (e não Manoel), Avenida Vital Brasil (e não Brazil), Avenidas Faria Lima e Angélica, Alamedas Barros e Santos, Ruas Augusta e Direita, etc. Nomes de obras artísticas. Ver destaques, página 93. Nomes de parlamentares. 1 — O nome dos senadores e deputados federais e estaduais deverá ser sempre seguido das siglas do partido e do Estado entre parênteses: O senador José dos Anjos (PRN-RS)... / O deputado federal Carlos Bastos (PL-SP)... / O deputado estadual João de Almeida (PT-BA)... 2 — Parlamentares em cargos de maior destaque podem dispensar essa indicação: O presidente do Senado, Antônio Brígido, avocou... / O presidente da Câmara, Augusto Macedo, quer... / O líder do PMDB no Senado, Álvaro Couto, defendeu... 3 — Quando for necessário, use a forma senador ou deputado por (e não de). 4 — Cuidado com a forma deputado paulista, senador amapaense. O deputado “paulista” José Genoíno é natural do Ceará. E o senador “amapaense” José Sarney não só nasceu como faz política no Maranhão. Nomes de publicações e obras literárias. 1 — Como norma, não se altera o nome de publicações ou obras literárias, que vão em destaque (itálico se o corpo do texto for o normal, corpo normal se o texto estiver em itálico, negrito itálico se o texto estiver em negrito e negrito se o corpo do texto for o negrito itálico): A notícia divulgada por O Globo. / A nota publicada em A Tribuna. / A frase inicial de Os Sertões. / Assistiu ontem novamente a Os Sete Samurais. Só use em negrito o nome do jornal e suas variantes: O Estado de S. Paulo, Estado e Estadão. 2 — Para manter a fluência da frase, no entanto, e evitar formas como em Os, de As, por O e outras semelhantes, pode-se fazer a contração quando

Nomes geográficos

essa prática contribuir para que o texto ganhe melhor ritmo: A notícia publicada pelo Globo. / A nota publicada na Tribuna. / O comentário do Estado. / A frase inicial dos Sertões. / Assistiu ontem novamente aos Sete Samurais. 3 — Obras de nome muito extenso poderão ser citadas pela forma reduzida depois que já se tiver feito menção completa ao seu título: Nas Memórias Póstumas, Machado de Assis descreve... / Quincas Berro d’Água (A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água) é um dos melhores momentos de Jorge Amado. 4 — Ver no item 7 do verbete maiúsculas e minúsculas, página 168, como usar iniciais maiúsculas e minúsculas nesses nomes e, no verbete destaques, página 93, normas sobre o emprego dos nomes de obras artísticas em geral. Nomes de ruas e locais estrangeiros. Os nomes de ruas, praças, parques e outros do exterior deverão ser escritos na forma original, mantendo-se, quando for essa a prática corrente, o nome e o local que ele indica: Wall Street, Central Park, Times Square, Long Island, Hyde Park, Fleet Street, Downing Street, Invalides, Bois de Boulogne, Champs Elysées, Calle Florida. Em alguns casos, pode-se adaptar o nome ao português: Praça de Maio (Buenos Aires), 5ª Avenida, Praça Vermelha, etc. Faça prevalecer o bom senso, no caso. Nomes espanhóis. Ver espanhol, página 114. Nomes geográficos. Não há normas definidas para a grafia dos nomes geográficos. Muitos já estão adaptados ao português (Filadélfia, Londres, Moscou, Bruxelas) e outros deverão ser escritos na grafia original (El Paso, San José, Sydney, New Hampshire). O capítulo Escreva Certo deste manual relaciona os principais deles.

Nomes japoneses

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Nomes japoneses. 1 — Os nomes comuns em geral são aportuguesados: saquê, camicase, iene, gueixa, quimono, nô, etc. Exceções: sashimi, karaokê, sukyaki, sushi, tempura, batayaki, ikebana, nikkei. 2 — Os nomes de pessoas seguem a transcrição ocidental, fornecida em geral pelas agências de notícias: Akihito, Sosuke Uno, Noboru Takeshita, Yasuhiro Nakasone, Kakuei Tanaka. 3 — Nos nomes geográficos, o único aportuguesamento que o Estado faz é o de Tóquio. Nos demais casos, use sempre a transcrição oficial: Osaka, Yokohama, Fukuoka, Iwo Jima, Nagoya, Hiroshima, Nagasaki, etc. 4 — A relação do capítulo Escreva Certo deste manual contém as palavras já aportuguesadas, as que devem ser usadas no original e os nomes geográficos. Nomes próprios. 1 — Uso. Adote normalmente, no noticiário, a forma pela qual a pessoa se tornou conhecida e não seu nome completo, à exceção de casos excepcionais (biografias, necrológios, etc.). Assim, João Figueiredo (e não João Baptista de Oliveira Figueiredo), Paulo Maluf (e não Paulo Salim Maluf); Olavo Setúbal (e não Olavo Egydio Setúbal), etc. Na primeira menção, é obrigatório o uso do prenome e sobrenome — o governador Mário Covas e não o governador Covas, apenas. 2 — Grafia. Lembre-se: o nome da pessoa é uma informação que você presta ao leitor. Por isso, tome com ele o mesmo cuidado atribuído à apuração da notícia. Confira sempre prenome e sobrenome e escreva o nome da forma pela qual a pessoa foi registrada, com y, dois nn, dois ll, dois tt, z, ph, etc. Exemplos: Rubens Barrichello, Raphael de Almeida Magalhães, Delfim Netto, Ruy Guerra, Rachel de Queiroz, Fernando Collor, etc. 3 — Nomes históricos. De acordo com as normas ortográficas vigentes, o Estado coloca na grafia atual os

Nomes próprios nomes históricos. Assim: Luís (e não Luiz) de Camões, Eça de Queirós (e não Queiroz), Washington Luís, Venceslau Brás, Campos Sales, Rui Barbosa, Aluísio Azevedo, Artur Azevedo, Vital Brasil, Machado de Assis (e não Assiz), etc. 4 — Pessoas mortas. Históricos ou não, os nomes de pessoas mortas serão adaptados à grafia atual: Castelo Branco (e não Castello Branco), Luís Carlos Prestes, Vinícius de Morais, Gilberto Freire, Ulisses Guimarães, etc. 5 — Nomes de mulher. Em geral, a mulher é conhecida pelo prenome: Ruth (Cardoso), Rosane (Collor), Indira (Gandhi). No entanto, esta regra não é terminante e no caso de pessoas notórias, especialmente, não hesite em chamar a mulher pelo sobrenome se esta for a forma usual ou recomendável: Thatcher (e não Margaret), Chamorro (e não Violeta), Aquino (e não Corazón), Navratilova (e não Martina), Sabatini (Gabriela), etc. 6 — Títulos. Em geral, nos títulos, o personagem da notícia é identificado pelo sobrenome: Clinton, Yeltsin, Chirac, Covas, Maciel, Collor, etc. Se já houver, porém, outra pessoa com o mesmo sobrenome ou se alguém for mais conhecido pelo prenome, identifique-o dessa forma: Fernando Henrique, Tancredo, Ulisses, Zenildo (de Lucena), Jânio, etc. Se a pessoa tiver um prenome ou sobrenome composto, deve, nos títulos, quando possível, ser designada pelo mais habitual: Ermírio (Antônio Ermírio), Bresser (Bresser Pereira), etc. 7 — Correção. Nos nomes estrangeiros, especialmente, preste atenção para que o nome da pessoa seja escrito corretamente. Assim, González (Felipe) e não Gonzales; Menem (Carlos) e não Meném ou Menen; Jacques (Chirac) e não Jaques, etc. 8 — Partículas. Inicial minúscula nestas formas: Charles de Gaulle,

Nomes russos

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Werner von Braun, Emiliano di Cavalcanti, Vincent van Gogh, Jean de la Fontaine, Alcide de Gasperi, Leonardo da Vinci. Quando a partícula inicia o nome, porém, use maiúsculas: o general De Gaulle, o cientista Von Braun, os pintores Di Cavalcanti e Van Gogh, o escritor La Fontaine, o político De Gasperi, o inventor Da Vinci. 9 — Aportuguesamento. Os nomes de reis, rainhas, príncipes, princesas, santos e papas normalmente são aportuguesados: Luís XV, Maria Antonieta, Catarina, Santo Tomás de Aquino, São José, Joana d’Arc, Pio XI, João XXIII, Paulo VI, João Paulo II. Em alguns casos também se adaptam os nomes de artistas ou personalidades históricas: Rafael (pintor), Maquiavel, Napoleão (Bonaparte), Júlio Verne e poucos mais. Conserve na grafia original, porém, os nomes de reis, rainhas, príncipes e princesas da atualidade: Elizabeth II, Charles, Andrew, Philip, Sarah, Margrethe, Carl Gustaf, Olaf, etc. Exceção: Balduíno. 10 — Forma original. Todos os demais nomes próprios devem ser mantidos na forma original: Victor Hugo, Honoré de Balzac, Alexander Fleming, Gabriel García Márquez, JeanJacques Rousseau, Josef Stalin, Mikhail Gorbachev, Boris Yeltsin, Jacques Chirac, Bill Clinton, Michelangelo Antonioni, etc. 11 — Abreviaturas. Não abrevie os nomes próprios. No caso de personalidades, use a forma que as tornou notícia: John Kennedy, em vez de John F. Kennedy; Chico Buarque, em vez de Chico B. de Holanda; etc. No caso de pessoas que apareçam ocasionalmente no noticiário, transcreva seu nome completo (desde que não muito extenso) ou elimine alguns dos sobrenomes intermediários, mas não os escreva de forma abreviada: O feirante João Almeida dos Santos (em vez de: O feirante João A. dos Santos). / O fa-

Normando...

zendeiro José Augusto de Almeida Prado (em vez de O fazendeiro José Augusto Chaves de Melo de Almeida Prado ou O fazendeiro José Augusto C. M. de Almeida Prado). 12 — Plural. Ver plural de nomes próprios, página 221. Nomes russos. Na grafia dos nomes russos, o Estado segue a notação inglesa, com algumas adaptações para o português: 1 — Use i e não y no final dos nomes russos: Trotski, Tchaikovski, Dostoievski, Stravinski, Tolstoi, Maiakovski, Malinovski, Nevski, Kerenski, etc. 2 — Mantenha o h depois do k em nomes como Chekhov, Sakharov, Zukhov, etc. 3 — O grupo zh da transcrição inglesa deve ser substituído por j em português: Soljenitsyn, Brejnev, Jivago (e não Solzhenitsyn, Brezhnev, Zhivago), etc. 4 — O Estado adota o grupo ch e não tch. Assim: Gorbachev (e não Gorbatchev), Kruchev, Chekhov, Chernenko, etc. Exceção: Tchaikovski. 5 — Os nomes russos devem terminar em v e não f: Romanov e não Romanoff; Prokofiev e não Prokofieff; Azov (mar) e não Azof, etc. Exceção, já consagrada: Rachmaninoff. 6 — Use ev e não ov, no final de nomes como Kruchev, Gorbachev, etc. 7 — Não acentue os nomes. Assim: Stalin (e não Stálin); Lenin (e não Lênin); Boris Yeltsin (e não Bóris); Tolstoi (e não Tolstói). “Nominado”. Use indicado (para um prêmio, por exemplo). Normalizar-se. Alguma coisa se normaliza e não normaliza, apenas: A distribuição de água já se normalizou. / A entrega de cartas normalizou-se ontem. Normando... Exige hífen na formação de adjetivos pátrios: normando-árabe,

Norte...

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normando-celta, normando-teutônico. Norte... Liga-se com hífen ao elemento seguinte na formação de adjetivos pátrios: norte-americano, norte-vietnamita. Nós. Nas entrevistas, evite o uso exagerado de nós por parte de quem está falando (e lembre-se de que é da índole da língua portuguesa a omissão do pronome pessoal). Repare, por exemplo, que o nós é perfeitamente dispensável nesta frase: “Sempre que (nós) pudemos, (nós) procuramos nos adaptar às situações que (nós) julgávamos mais convenientes para a empresa.” “No sentido de”. Quando o significado for o de para, use a preposição, mais simples. Nosso. 1 — Como o noticiário deve ser impessoal, deixe a palavra apenas para editoriais, comentários, crônicas e artigos. Não use, por isso, as formas nosso país, nosso governo, nosso Estado, nossa cidade, nossos dias, nossa seleção, nosso presidente, etc. 2 — Quanto ao emprego de nosso e suas flexões, ver pronome possessivo (uso), página 239. Nota da Redação. 1 — A Nota da Redação, usada principalmente em resposta a cartas de leitores ou de autoridades, vai em itálico, tem o título abreviado (N. da R.) e inicia parágrafo: N. da R. — A carta do presidente da associação não esclarece o aspecto principal da denúncia... 2 — Se a resposta for de repórter, colunista, cronista ou articulista, só irá em itálico a indicação: O repórter João dos Santos responde: A carta do presidente da associação não esclarece o aspecto principal da denúncia... Notícia antecipada. 1 — Não há ganho de tempo que compense os riscos de uma notícia feita por antecipação, ou seja, antes de acontecer. Você pode, isto sim, preparar um texto com todas

Notícias em seqüência

as informações disponíveis para liberá-lo assim que o fato se confirmar. Nunca, porém, feche o jornal com informações como: O deputado Antônio de Campos, que chegou hoje de madrugada a São Paulo, disse ontem em Nova York que... Não é impossível que o avião em que o deputado viaja se atrase ou fique retido em alguma cidade e ele não tenha chegado a São Paulo, como dizia a notícia. Outro exemplo de risco: O time do Santos, que jogou ontem à noite em Riad, acaba de contratar o jogador X. Se a notícia de que houve o jogo ontem à noite figurou no jornal apenas porque o fato estava previsto, quem pode garantir que algum imprevisto não tenha provocado o adiamento do jogo? Lembre-se: o improvável não é inviável, nesses casos. 2 — Procure sempre uma forma de não se comprometer nem ao jornal nessas situações. Por exemplo: O deputado Antônio de Campos, cuja chegada a São Paulo estava prevista para a madrugada, disse ontem em tal lugar que... / O Santos, que tinha jogo marcado para ontem à noite em Riad (tantas horas do Brasil), acaba de contratar o jogador tal. O leitor obviamente sabe que o jornal fecha no fim da noite e não pode prever fatos do gênero. A orientação vale para qualquer tipo de antecipação. O anedotário do jornalismo está repleto de informações como essas que não se confirmaram. Não contribua para ampliá-lo. Notícias em seqüência. No noticiário sobre visitas, feiras, congressos, seminários, exposições, shows e outros acontecimentos que prossigam nos dias seguintes, inclua sempre referências que permitam ao leitor saber quando eles começaram e quando terminam. Exemplos: O papa João Paulo II iniciou ontem uma visita de oito dias aos Es-

Nova-iorquino

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tados Unidos. / O presidente brasileiro, que ficará até sábado na Colômbia, disse... / No terceiro dia de sua visita à Espanha, a rainha Elizabeth II compareceu... / A Feira de Informática, que prosseguirá até domingo no Anhembi, apresenta hoje... / Na segunda das quatro semanas em que permanecerá com seu show em São Paulo, Milton Nascimento fará homenagem especial... A referência não precisa constar do lead, a não ser no início ou fim da visita, feira, etc., mas deve figurar obrigatoriamente em algum local da notícia, para que o leitor se situe melhor em relação ao fato (ele tem o direito de saber até quando vai uma viagem, pode querer visitar a feira, comparecer ao congresso ou assistir ao show). Nova-iorquino. Desta forma. Nova, New. 1 — A palavra Nova aparece nos seguintes nomes geográficos: Nova Amsterdã, Nova Bretanha (ilha), Nova Caledônia, Nova Délhi, Nova Escócia, Nova Guiné, Novas Hébridas e Nova Zelândia. 2 — Com relação aos Estados Unidos, use Nova apenas nas formas Nova Inglaterra e Nova York. Nos demais casos, mantenha o New do nome original: New Hampshire, New Haven, New Jersey e New Orleans. Novela das 6, das 7, das 8. Use sempre algarismos. Noves. No plural em prova dos noves e noves fora. Novi... Liga-se sem hífen ao termo seguinte: novilúnio, novilíngua. Novorizontino. É o nome do time. O natural da cidade chama-se novo-horizontino. Nucléico. E não “nucleico” (êi). Numerais. Concordância. Os numerais variam normalmente: Havia ali trezentas crianças. / O dicionário tem oitocentas e vinte páginas. / Caminhou mil e seiscentas jardas.

Números

Número (abreviatura). Só abrevie a palavra número quando ela indicar seriação: Avenida Faria Lima, nº 1.325. / Lápis nº 2. / Casa nº 3. Nos demais casos: Cresce o número (e nunca “nº”) de acidentes. / Eram números primos (e nunca “nºs primos”). Números. a) Instruções gerais 1 — De um a dez, escreva os números por extenso; a partir de 11, inclusive, em algarismos: dois amigos, seis operadores, 11 jogadores, 18 pessoas. Exceção: cem e mil. 2 — Proceda da mesma forma com os ordinais: primeira hora, terceiro aniversário, 15ª vez, 23º ano consecutivo. 3 — a) Nas enumerações, se houver valores abaixo e acima de 11, use apenas algarismos: Incêndio em Paris mata 7 e fere 17 pessoas. / Havia na praça 3 adultos e 12 crianças. / A decisão sairá em 10 ou 15 dias. b) Se os números não fizerem parte de uma enumeração, siga a regra: DSV apreende 12 carros em dois dias de vistorias. / Em três meses, concordatas batem recorde de 12 anos. / Os oito carros custaram R$ 100 mil. / As cinco máquinas chegaram em 1995. 4 — Não inicie orações com algarismos, mas escreva o número por extenso: Dezoito pessoas feriram-se no acidente. Sempre que possível, porém, mude a redação para não ter de escrever o número por extenso. Exceção: títulos, que podem começar com algarismos. 5 — Escreva os algarismos, de 1.000 em diante, com ponto: 1.237, 14.562, 124.985, 1.507.432, 12.345.678.543, etc. Exceção. Na indicação de anos não há ponto: 1957, 1996, ano 2000. 6 — Com mil, milhão, bilhão e trilhão, use a forma mista se os números forem redondos ou aproximados: 2 mil pessoas, 3 milhões de unidades, 5,4 milhões de toneladas, 1,4 bilhão

Números

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(e não 1,4 bilhões) de reais, 2 bilhões de habitantes, 15,5 trilhões de micróbios, etc. Repare: 2 (em algarismos) mil pessoas e não duas (por extenso) mil pessoas. Use apenas mil, e nunca “1 mil”: mil homens (em vez de 1 mil homens). 7 — Especifique sempre as ordens de grandeza dos números, mesmo que para tanto seja preciso repetir palavras: Estavam ali de 40 mil a 50 mil pessoas. / A cidade tem entre 3 milhões e 4 milhões de habitantes. / De 20 reais a 50 mil, qualquer quantia era aceita. / Falava tanto para 50 pessoas como para 50 mil, sem se perturbar. / A inflação deste mês ficará entre 1% e 2%. 8 — Estão vetadas as reduções “mi”, “bi” e “tri” para milhão, bilhão e trilhão. Estas formas (por extenso) são as únicas admitidas pelo Estado. 9 — Com números quebrados, use algarismos: O senador obteve 3.127.809 votos. / A cidade tem 3.456 bancas de jornais. 10 — Nos títulos, olhos, janelas, chamadas da Primeira Página e legendas, por economia de espaço, os números abaixo de 11 podem ser escritos em algarismos: O Congresso aprova 8 projetos. / Emenda rejeitada pela 3ª vez. / Os 5 refugiados chegam aos EUA. A recíproca, porém, não se recomenda, como recurso para aumentar o texto: Comício atrai apenas trezentas pessoas (use 300 em algarismos). 11 — Nunca use 0 antes de número inteiro, a não ser para indicar dezenas de loteria, números de referência, prefixos telefônicos e dígitos de computador. Para datas, número de páginas, horas, etc., adote sempre o número simples: 2/1/96 (e nunca 02/01/96); às 8 horas (e nunca às 08 horas); às 9h16 (e nunca às 09h16); chegará dia 9 (e nunca dia 09); na página 5 (e nunca na página 05).

Números 12 — Prefira usar por extenso os números fracionários: um terço, dois quintos, sete quartos, etc. Em títulos, olhos, legendas e chamadas, admitese, porém, a forma numérica: 1/3 das pessoas, 3/5 da população, etc. b) Por extenso 1 — Use o número por extenso nos nomes de cidades, em palavras compostas, nas expressões populares ou quando o número estiver substantivado: Três Lagoas, Santa Rita do Passa Quatro, três-estrelinhas, quatroolhos, segundo-tenente, dos oito aos oitenta, dos seiscentos diabos, cortar um doze, pintar um sete, fazer um quatro, o dois de ouros, desenhar um cinco, etc. Exceção: o nome dos dias da semana, apenas em títulos e mantendo o hífen. Exemplos: 5ª -feira, 2ªfeira, etc. Também por extenso: Primeiro Mundo, Terceiro Mundo, segunda intenção, primeiro plano, etc. 2 — Na transcrição de documentos: “Aos dezoito dias do mês de março do ano de mil novecentos e noventa e seis...” 3 — Para definir períodos históricos: o Setecentos (século 18), o Oitocentos (século 19). c) Em algarismos Como critério genérico, deverão ser empregados algarismos sempre que um número expressar valor, grandeza ou medida (e não apenas mera soma, como dois amigos, três pessoas, cinco emendas). De maneira mais específica, use algarismos em: 1 — Tabelas, relatórios econômicos, princípios matemáticos, quadros estatísticos, tabelas de horários, etc. 2 — Horas, minutos e segundos: Ele partirá às 4 horas. / A reunião irá das 7 às 9 horas. / O foguete foi lançado às 8h5min15s. Exceção: quando horas designa período de tempo. Exemplos: A reunião demorou oito horas. / A comitiva esperou três horas

Números

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pelo deputado. / Faltam dois minutos. 3 — Dias, meses (em algarismos), décadas, séculos: O presidente chega dia 3. / A Câmara votará a emenda dia 9. / 3/9/94. / Tinha saudades da década de 10. / O século 1º, o século 4º, o século 10º, o século 11. Exceção: quando se quer exprimir um período de tempo. Exemplos: O cantor se apresentará durante cinco dias em São Paulo. / Sua pesquisa abrange quatro décadas. / Passaram-se três séculos. 4 — Datas em geral, incluindo-se as que se tornaram nomes de locais públicos: São Paulo, 3/3/1993. / Rio de Janeiro, 2 de abril de 1995. / Avenida 9 de Julho (e não Nove de Julho). / Rua 7 de Abril. / Rua 15 de Novembro. Exceção: quando se quer dar ênfase a uma data histórica. Exemplos: O Sete de Setembro. / O Nove de Julho. 5 — Idades: Ele tem 3 anos. / Uma criança de 2 anos, 8 meses e 5 dias. Exceção: quando anos designa período de tempo. Exemplos: Ele esperou quatro anos. / Ela parece ter envelhecido dez anos. 6 — Dinheiro: 8 reais, 5 centavos, 2 dólares, 3 libras, 8 marcos, R$ 3 milhões, US$ 5 milhões. 7 — Porcentagem: Os preços subiram 5%. / A taxa de desemprego caiu 2% em maio. 8 — Pesos, dimensões, grandezas, medidas e proporções em geral: 5 quilos, 3 litros, 8 metros, 6 hectares, 2 arrobas, 9 acres, 6 alqueires, 2 polegadas, 2 partes, etc. Exemplos: A criança nasceu com 5 quilos. / A cidade consumia 6 toneladas de batatas por dia. / O garrafão comportava 3 litros de água. / O jogador mede 2 metros de altura. / Era um terreno de 6 hectares (9 acres, 6 alqueires). / Comprou um garrote de 8 arrobas. / Pediu um tubo de 3 polegadas. Exceção: distâncias e diferenças. Exemplos: O carro

Números deslizou oito metros. / Perdeu três quilos no regime. / A miss tinha duas polegadas a mais. / Faltavam dois alqueires na medição do terreno. / Coloque duas partes de café para cinco partes de água. 9 — Graus de temperatura: O termômetro marcava 3 graus. Temperatura cai para 1˚ (só em títulos). Diferenças de temperatura, porém, vão por extenso: A temperatura caiu três graus. 10 — Números decimais: A densidade do Estado é de 1,88 habitante por quilômetro quadrado. / A temperatura subiu 4,5 graus. 11 — Endereços: Rua Direita, 7, 3º andar. / Alameda dos Caetés, 8. Casa 3. 12 — Indicação de zonas, distritos ou regiões: Zona 6, 4º Distrito Policial, 9ª Região Militar. 13 — Todo número que indique ordem ou seqüência (especialmente em nomes de navios, aviões, naves espaciais, veículos, atos de peças teatrais, capítulos, canais, modelos, estradas, tamanhos, páginas, folhas, quartos, etc.): Número 2, lápis nº 1, nota 5, V8, F-1, DC-10, Apollo 7, Soyuz 9, ato 3, cena 2, 2º ato, capítulo 7, parte 2, canal 5, modelo 4, BR3, tamanho 7, página 7, quarto 5, enfermaria 2, etc. 14 — Resultados esportivos: O São Paulo venceu o Corinthians por 3 a 1. / O Brasil ganhou da Itália por 3 sets a 2. / Steffi Graf venceu por 7/6 e 6/4. (Mas: O São Paulo marcou dois gols de falta.) 15 — Resultados de votações e julgamentos: A emenda foi aprovada por 5 votos a 4 (Mas: A emenda precisava de quatro votos favoráveis.) / O réu foi condenado por 4 votos a 2. 16 — Contexto financeiro: A ação caiu 3 pontos. 17 — Latitude e longitude: O Estado do Amazonas está situado a

Números (por extenso)

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2 graus de latitude norte e a 9 graus de latitude sul. 18 — Seriação de festas, simpósios, congressos, feiras, conferências, corridas, competições, etc.: 2ª Festa da Uva, 3º Simpósio de Transportes, 5º Congresso de Cancerologia, 8ª Feira Nacional do Móvel, 4ª Conferência do Atlântico Sul, 5º Rali de Alfenas, 3º Enduro da Independência, 4ª Mil Milhas, Fórmula 1, Fórmula 3. 19 — Matemática: Multiplique por 8. / Divida por 4. / Some 5. / Subtraia 9. / Eleve à 3ª potência. 20 — Conflitos e governos: 1ª Guerra Mundial, 5ª República, 3º Reich. d) Concordância 1 — Números abaixo de 2 fazem a concordância sempre no singular: 0 hora, 0,9 metro, 1,9 milhão, 1,7 bilhão. Prefira o verbo, porém, no plural com milhão, bilhão, etc: 1,9 milhão de pessoas estavam presentes. / 1,7 milhão de habitantes já abandonaram o país. 2 — Os números um e dois e as centenas, a partir de duzentos, variam em gênero: um, uma, dois, duas, duzentas, trezentas, seiscentas, novecentas, seis mil duzentas e uma pessoas, oito mil setecentas e quarenta e duas espécies, etc. Números (por extenso). Se, em casos excepcionais, você precisar usar algum número por extenso, veja como fazêlo: a) Cardinais 1 — O e é sempre intercalado entre as centenas, as dezenas e as unidades: vinte e oito, cinqüenta e quatro, trezentos e quarenta e oito, oitocentos e vinte e quatro. 2 — Não existe e (nem vírgula) entre o milhar e as centenas, a menos que o número termine em dois zeros: mil quatrocentos e nove, mil e duzentos, sete mil oitocentos e dezesseis, dezoito mil e cem, cento e oitenta e quatro mil novecentos e dez.

Números ordinais

3 — Em números muito extensos, usa-se o e na mesma ordem de unidades, mas não entre uma ordem e outra: 142.387 = cento e quarenta e dois mil trezentos e oitenta e sete; 856.672.549 = oitocentos e cinqüenta e seis milhões, seiscentos e setenta e dois mil quinhentos e quarenta e nove; 765.432.854.987 = setecentos e sessenta e cinco bilhões, quatrocentos e trinta e dois milhões, oitocentos e cinqüenta e quatro mil novecentos e oitenta e sete. b) Ordinais 1 — Não existe hífen nos números ordinais: décimo terceiro (e não “décimo-terceiro”), vigésimo quinto, octogésimo nono. 2 — Alguns exemplos de números ordinais por extenso — ver quais são no verbete números ordinais, nesta página: 134º — centésimo trigésimo quarto; 267º — ducentésimo sexagésimo sétimo; 543º qüingentésimo quadragésimo terceiro; 652º — sexcentésimo qüinquagésimo segundo; 879º — octingentésimo septuagésimo nono; 985º — noningentésimo octogésimo quinto. Os números variam no feminino: 389ª — trecentésima octogésima nona. Números fracionários. A concordância se faz com o valor que o número expressa: Um quarto dos presentes vaiou o orador. / Dois quintos da terra nos pertenciam. / Na época dos biônicos, um terço dos senadores era nomeado e dois terços eram eleitos pelo povo. Números ordinais. Segue-se a relação dos números ordinais básicos e de alguns exemplos, para o caso de ser necessário usá-los por extenso: 1º — primeiro 2º — segundo 3º — terceiro 4º — quarto 5º — quinto 6º — sexto 7º — sétimo

Números romanos

200

8º — oitavo 9º — nono 10º — décimo 11º — décimo primeiro 12º — décimo segundo 13º — décimo terceiro 14º — décimo quarto 15º — décimo quinto 16º — décimo sexto 17º — décimo sétimo 18º — décimo oitavo 19º — décimo nono 20º — vigésimo 21º — vigésimo primeiro 30º — trigésimo 40º — quadragésimo 50º — qüinquagésimo 60º — sexagésimo 70º — septuagésimo ou setuagésimo 80º — octogésimo 90º — nonagésimo 100º — centésimo 101º — centésimo primeiro 200º — ducentésimo 300º — trecentésimo (ou tricentésimo) 400º — quadringentésimo 500º — qüingentésimo 600º — sexcentésimo (ou seiscentésimo) 700º — septingentésimo (ou setingentésimo) 800º — octingentésimo 900º — noningentésimo (ou nongentésimo) 1.000º — milésimo 10.000º — décimo milésimo 100.000º — centésimo milésimo. Os ordinais de milhão, bilhão e trilhão são, respectivamente, milionésimo, bilionésimo e trilionésimo. Números romanos. a) Uso 1 — Use algarismos romanos apenas para designar reis e papas, nomes oficiais de clubes ou associações, os antigos Exércitos brasileiros e os atuais Comandos Aéreos Regionais (Comar): Luís XV, Henrique VIII, d. João VI, d. Pedro II, João Paulo II,

Números romanos Paulo VI, João XXIII, Pio XI, Clube XV, XV de Jaú, XV de Piracicaba, I Exército, IV Exército, VII Comar. 2 — Mantenha os algarismos romanos na transcrição de leis ou documentos oficiais: “Parágrafo 4º ... IV — A inelegibilidade de que trata este parágrafo...” 3 — Use algarismos arábicos para todos os demais casos que indiquem seriação, entre eles séculos, capítulos, guerras, governos, planos, projetos, usinas, naves espaciais, zonas, distritos, regiões, festas, feiras, congressos, conferências, simpósios, competições esportivas, etc.: século 5º, século 10º, século 18 (e não século XVIII), século 20, 1ª Guerra Mundial (e não I Guerra Mundial), 3ª Guerra Mundial, 5ª República, 3º Reich, Plano Cruzado 2 (e não Plano Cruzado II), Angra 2, Gemini 5, Soyuz 8, Zona 4, 6º Distrito Naval, 4ª Região Militar, 3ª Festa da Uva, 23º Congresso de Cardiologia, 2º Simpósio de Informática, 15ª Feira do Automóvel, 6º Enduro da Independência, Fórmula 1, Fórmula 3, 5º Rali das Águas, etc. b) Como escrevê-los 1 — São sete as letras básicas: I = 1; V = 5; X = 10; L = 50; C = 100; D = 500 e M = 1.000. 2 — Se uma letra se repete, repete-se o valor: XX = 20; CCC = 300. 3 — As letras I, X, C e M podem ser repetidas no máximo três vezes em seguida; as letras V, L e D não se repetem. 4 — Se um valor maior precede outro menor, ambos se somam: LX = 60; CV = 105. 5 — Se um valor menor precede outro maior, ele é deduzido do segundo: XC = 90 (100 - 10); CD = 400 (500 -100). 6 — Uma barra sobre a letra aumenta mil vezes o seu valor: V = 5.000; M = 1.000.000. Eis alguns exemplos: I ............................ 1 II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 IV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 V ........................... 5 VI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

Nunca com pronome

201

VII . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 VIII . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 IX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 X . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 XI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 XIV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 XIX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 XX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 XXIX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 XXX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 XXXIX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 XL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 L . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 LIX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 LX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 LXX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 LXXX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 XC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 XCIX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 CC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200 CCXCVII . . . . . . . . . . . . . . . . . . 297 CCCXXVI . . . . . . . . . . . . . . . . . 326 CDXCIX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 499 D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 500 DCVIII . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 608 DCCXIX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 719 DCCCLXXIV . . . . . . . . . . . . . . . 874 CMI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 901 CMXCIX . . . . . . . . . . . . . . . . . . 999 M . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.000 MCDLXXXVI . . . . . . . . . . . . . 1.486 MD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.500 MCMLXXXVIII . . . . . . . . . . . 1.988 MCMXC . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.990 MM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.000 MMM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.000 IV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.000 IVDCCLXXIX . . . . . . . . . . . . . 4.779 V . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.000 X . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10.000 C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100.000 M . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.000.000 Nunca com pronome. O nunca atrai o pronome situado na mesma oração: Nunca lhes disseram a verdade. / Nunca os adversários se retrataram. Nunca jamais. Redundância de uso literário e só nesse sentido deve ser admitida: “... cuja chave ninguém nunca

Objeto direto com preposição

jamais soube onde ficava.” (Machado de Assis). Núpcias. Sempre no plural: felizes núpcias, núpcias concorridas. NY. Aceitável em títulos apenas, para substituir Nova York.

Ó, oh! Ó é a forma do vocativo: Veja, ó incrédulo. / Ó jovem, comporte-se. Oh! é interjeição de espanto ou admiração: Oh! Não o encontrei mais ali. Obedecer. 1 — Exige sempre a preposição a: Obedeceu aos superiores. / Obedecia às ordens. / Obedecia-lhe sem hesitar. 2 — Embora indireto, admite a voz passiva: Suas determinações foram obedecidas pelos subordinados. 3 — Pode também dispensar complemento: Manda quem pode, obedece quem tem juízo. / Sabe mandar e sabe obedecer. 4 — As mesmas normas aplicam-se a desobedecer. Objetivando. Ver visando, página 312. Objeto direto com preposição. Há casos em que o objeto direto pode, por eufonia, clareza ou realce da frase, ser precedido de preposição, em geral a. Eis os principais: 1 — Nomes próprios ou comuns e verbos que exprimem sentimentos: Amar a Deus sobre todas as coisas. / Judas traiu a Cristo. / Consolou aos amigos. 2 — Com o pronome relativo quem: Tinha um irmão a quem idolatrava. / Não sei a quem escolher. 3 — Antes de pronome tônico (mim, ti, si, ele, ela, nós, vós, eles e elas): “Nem ele entende a nós, nem nós a ele.” / Escolheu a vós. / Convidou a mim. / Amava-a tanto como a si próprio. / A mulher tinha apenas a ele, seu filho, no mundo.

Objeto pleonástico, ...

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4 — Quando há expressão de reciprocidade: Um só tinha ao outro. / As feras atacam-se umas às outras. 5 — Quando se antecipa o objeto para lhe dar realce: A você é que não quero aqui. / A ele todos aguardavam com impaciência. 6 — Com pronomes indefinidos, especialmente relativos a pessoas: Não amava a ninguém. / Conhecia a todos. / Por que amas a uns e odeias a outros? / A quantos a vida engana. 7 — Com ambos: “O aguaceiro caiu, molhou a ambos.” / Desconhecia a ambos. 8 — Para dar clareza à frase, evitando que o objeto direto se confunda com o sujeito, especialmente nas frases construídas na ordem inversa: A Abel matou Caim. / Matou o leão ao caçador. / “Encontrou-a e ao marido na Fazenda das Lajes.” / “E olhava o amigo como a um filho mais veIho.” Jornalisticamente, prefira sempre a ordem direta, que evita algumas dessas construções lingüisticamente sinuosas. 9 — Com alguns verbos transitivos diretos quando precedem infinitivo, como começar, principiar, aprender, ensinar, forçar, obrigar, convidar, acabar, cessar, puxar, etc.: Começou a fazer. / Principiou a ler. / Ensinou a viver. / Forçou a renunciar. / Obrigou a dizer. / Convidou a sair. / Acabou de chegar. / Cessou de falar. / Cansou de dizer. 10 — Em algumas expressões idiomáticas: Sacou do revólver, mas não ousou puxar da faca. / Arrancou da espada. / Pegou da agulha. / Cumpriu com a palavra. / Atirou com os livros sobre a mesa. 11 — Quando o objeto direto é um pronome oblíquo e vem seguido de aposto, este é preposicionado: Aconselhei-os (os = obj. dir.) a todos (aposto). / Ressaltou a afinidade que as (obj. dir.) ligava a ambas (aposto).

Obrigar

Objeto pleonástico, direto ou indireto. 1 — Por ênfase ou realce, pode-se repetir o objeto direto, em construções que têm maior curso literário que jornalístico: O dinheiro, ninguém o viu. / As flores, a mulher as colheu no jardim. 2 — O objeto direto pode ser constituído de um pronome átono (me, te, se, o, etc.) e de outro, tônico, ou de um substantivo, em ambos os casos precedidos de preposição: A ele, ninguém o engana. / A mim me parece tudo certo. / Aos amigos, não os encontrei na cidade. 3 — É comum, modernamente, a omissão do pronome oblíquo no objeto direto pleonástico: Os amigos a gente (os) conhece na hora do aperto. / Esse segredo eu (o) guardaria só para mim. 4 — Pelas mesmas razões de ênfase ou realce, pode-se repetir o objeto indireto: A mim ensinou-me tudo. / Às minhas palavras, ninguém lhes deu crédito. Atenção. Todas essas formas são literárias e deverão ser evitadas no noticiário. Obra-prima. Pense bem: quantas obras merecem essa classificação? Obrigado. 1 — Como fórmula de cortesia, concorda em gênero e número com quem faz o agradecimento (homem ou mulher, homens ou mulheres): obrigado pelo favor, obrigada pela atenção, obrigados pela resposta, obrigadas pela gentileza. Igualmente: muito obrigado, muito obrigada, muito obrigados, muito obrigadas. 2 — Como forma coloquial, obrigadão, portanto, só pode ser dito por homem, e não por mulheres. 3 — Caso o adjetivo seja substantivado, fica apenas no masculino e no singular: o meu obrigado, o nosso obrigado, o meu muito obrigado, o nosso muito obrigado (homem ou mulher, homens ou mulheres). Obrigar. Antes de infinitivo, exige a: O frio obriga a ficar em casa.

Observação, observância

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Observação, observância. Prefira observação para reparo, advertência, censura, ato de perceber pelos sentidos, e observância para execução fiel, cumprimento, prática. Obstruir. Segue a norma dos verbos regulares terminados em uir: Obstruo, obstruis, obstrui, obstruímos, obstruís, obstruem (e não obstrói ou obstroem). Ver: Verbo (3ª conjugação — uir), página 299. Obter. O verbo tem sentido positivo (significa alcançar, conseguir, ganhar). Por isso, não pode figurar em frases como: A feira “obteve” público muito inferior ao esperado. / A empresa “obteve” prejuízo no exercícios. Uma alternativa é usar ter, simplesmente. Oceano. Inicial maiúscula: Oceano Atlântico. Ocorrência. Jargão policial. Use fato ou descreva a “ocorrência”. Octa, octo... É octo o prefixo que entra na formação de palavras como octogenário, octocampeão, octogésimo, octogonal e octossílabo. Com octa, os termos mais comuns são octaedro, octana, octanagem e octangular. Ordinal de 800: octingentésimo. Óculos. Use a palavra no plural, da mesma forma que o artigo ou pronome: Meus óculos (e nunca “meu” óculos). / Comprou uns óculos novos (e nunca “um” óculos). / Os óculos (e não “o” óculos). Odiar. Conjugação. Pres. ind.: Odeio, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam. Pres. subj.: Odeie, odeies, odeie, odiemos, odieis, odeiem. Imper. afirm.: Odeia, odeie, odiemos, odiai, odeiem. Imper. neg.: Não odeies, não odeie, não odiemos, não odieis, não odeiem. Os demais tempos são regulares: odiava, odiavam; odiei, odiaram; odiará, odiarão; odiaria, odiariam; odiasse, odiassem. Seguem este modelo: ansiar, incendiar, intermediar, mediar e remediar.

“O Estado de S. Paulo”

“O Estado de S. Paulo”. 1 — O nome do jornal e suas variantes vão em negrito, se o texto estiver no corpo normal ou em negrito itálico, e em negrito itálico, se o texto estiver em itálico ou negrito. Assim: O jornal, conforme o caso, pode ser chamado de O Estado de S. Paulo, Estado e Estadão. / O jornal, conforme o caso, pode ser chamado de O Estado de S. Paulo, Estado e Estadão. / O jornal, conforme o caso, pode ser chamado de O Estado de S. Paulo, Estado e Estadão. / O jornal, conforme o caso, pode ser chamado de O Estado de S. Paulo, Estado e Estadão. 2 — Use o nome por extenso apenas nas notícias formais (especialmente naquelas em que o jornal seja tratado como empresa) ou nas transcrições: O Estado de S. Paulo ganhou ontem seu processo contra a União. / “O governo reconhece que O Estado de S. Paulo agiu estritamente dentro da lei”, declarou o porta-voz da Presidência. 3 — Para menções normais nos textos, considere a palavra Estado como núcleo do nome do jornal: Em entrevista concedida ao Estado... / O deputado declarou ontem ao Estado... / As informações divulgadas pelo Estado... / O diretor do Estado... / Serviço especial para o Estado... / Saiu ontem no Estado... 4 — As formas “o jornal O Estado de S. Paulo”, “o jornal Estado” ou “o jornal O Estado” só devem ser usadas entre aspas e em transcrições. O leitor sabe que O Estado de S. Paulo ou o Estado é um jornal. 5 — O nome Estadão está reservado apenas às peças publicitárias da empresa, ao Estadinho e às declarações textuais. Não poderá, por isso, figurar no noticiário, comentários, artigos e textos de colaboradores, regulares ou não.

Ofender o

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6 — Repare que o S. do nome do jornal é sempre abreviado e seguido de espaço: O Estado de S. Paulo. 7 — O nome dos cadernos e suplementos do jornal vai em itálico: Suplemento Agrícola, caderno Economia & Negócios, SeuBairro. 8 — Escreva em itálico o nome dos demais órgãos jornalísticos da empresa: Jornal da Tarde, Agência Estado e Rádio Eldorado. 9 — O nome do grupo e das suas empresas não noticiosas vai em corpo normal: S.A. O Estado de S. Paulo, Grupo Estado, OESP Gráfica, etc. Ofender o. E não “ofender ao”: Ofendeu o amigo, ofendeu o pai, ofendeu a Nação, ofendeu a moral. Oh. Ver ó, oh, página 201. Olhar, ver. Prefira olhar como dirigir a vista para, dar atenção, e ver como ter a percepção de: Olhou atentamente o desenho. / Olhou para cima. / Viu o avião passando. / Viu o livro caído no chão. Olimpíada. 1 — Use Olimpíada, no singular, ou Jogos Olímpicos. 2 — Existe plural quando se fala em duas ou mais competições: As Olimpíadas de 1992 e 1996. OLP. Use a forma Organização de (e não “para a”) Libertação da Palestina. Ombrear. O verbo não é pronominal e pede a preposição com: O escritor ombreia com (e não ombreia-se a) os mestres do romance. / Sua velocidade não ombreia com a dos adversários. Ombudsman. Flexões: ombudsmen, ombudswoman e ombudswomen. Omoplata. Palavra feminina: a omoplata. Onde com pronome. O onde atrai o pronome situado na mesma oração: Não sei onde as pessoas se esconderam. / É esta a casa onde lhe deram abrigo. Onde = em que. 1 — Onde equivale a em que apenas quando a referência é a lugar físico: A casa onde (em que)

Opiniões

nasceu. / A estrada onde (em que) ocorreu o acidente. / A lanterna onde a mosca pousou. / O parque onde as crianças brincavam. / O prédio onde (em que) trabalha. 2 — Em exemplos como os que se seguem, use sempre em que, na qual ou no qual e não onde: O conjunto definiu uma formação em que (e não onde) todos cantavam. / Na oração em que (em vez de onde)... / O release em que... / Eram dois discos radicais em que a fluência melódica... / É a única faixa em que Hermeto toca... / Distribuiu memorando em que... / Uma carta em que... / Declaração em que... / A idéia em que... / A tese em que... / Piadas em que... / Uma comédia em que... / O pensamento em que... / O século em que... / O ano em que... / Neste dia ensolarado em que... / Nesta época em que... / O partido em que ocorreu a irregularidade... / Na entrevista em que... / Na partida em que... / Arranjou um emprego em que colava selos nos envelopes... / Uma guerra em que... ONG. Na explicação da sigla, as iniciais são minúsculas: Uma organização não-governamental. Operação. Liga-se sem hífen a outro substantivo: operação tartaruga, Operação Descida. Única exceção: operação-padrão, operações-padrão. Operar. Quem opera é o cirurgião, e nunca o paciente. Assim: Jogador viaja amanhã para ser operado na terça (e não: Jogador viaja amanhã e “opera” na terça). Igualmente: General foi operado do coração em Cleveland (e não: General “operou” o coração em Cleveland). Opiniões. 1 — O jornal, como um todo, tem opiniões sobre os assuntos que publica e as expressa em editoriais. O noticiário, por isso, deve ser essencialmente informativo, evitando o repórter ou redator interpretar os fatos segundo sua ótica pessoal. Por interpretar os fatos entenda-se também a dis-

Opor veto

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torção ou condução do noticiário. Exemplos: ao tratar dos trabalhos de remoção de favelados de um local, o repórter entra em considerações sobre as injustiças sociais e os desfavorecidos da sorte ou, ao tratar de um assalto, coloca a miséria como fator determinante da formação do criminoso. Deixe esse gênero de ilação a cargo dos especialistas ou editorialistas e apenas descreva os acontecimentos. 2 — Para oferecer ao leitor maior diversidade de pontos de vista, o jornal tem críticos, comentaristas, analistas, articulistas, correspondentes e outros que, em textos assinados, poderão expor suas opiniões, nem sempre coincidentes com as do Estado. Em casos excepcionais, a reportagens mais amplas ou delicadas se permitirá algum tipo de interpretação. É obrigatório, porém, que sejam submetidas à Direção da Redação. Opor veto. É a melhor forma (e não apor). Prefira, no entanto, vetar, mais direto. O primeiro ... que. Ver primeiro, página 236. Óptico, ótica. 1 — Qualifique de óptico o que for relativo à visão: músculo óptico (para evitar confusão com ótico, relativo ao ouvido). 2 — Prefira, porém, a forma ótica tanto para o estudo da luz quanto para definir ponto de vista: A Ótica é uma parte da Física. / Na minha ótica, o fato ocorreu assim. / A miragem é uma ilusão de ótica. Opus Dei. Masculino: o Opus Dei. O qual. 1 — Use o qual (e suas flexões a qual, os quais e as quais) quando o relativo estiver afastado do antecedente ou puder permitir mais de uma interpretação: O presidente da delegação, o qual compareceu à sessão inaugural do congresso, garantiu... No caso, o pronome que diria respeito tanto ao presidente como à delegação. Outros exemplos: Uma amiga dos candidatos, a qual era preciso

Ora..., ora...

trazer para cá... / Uma sucessão de canaviais, os quais balançavam com o vento... / Avistei o pobre retirante, afligido pela seca, o qual já não tinha o que comer. 2 — O qual também é a forma empregada no lugar de que e quem depois das preposições sem e sob e de todas as que tenham duas ou mais sílabas (além das locuções prepositivas): O remédio sem o qual não podia viver. / Os patrões para os quais trabalhava. / As declarações segundo as quais o deputado mudaria de partido. / Os amigos perante os quais se desculpou. / Os problemas ante os quais não recuou. / As dificuldades diante das quais desanimou. / Os entraves apesar dos quais levou avante a iniciativa. / Os temas sobre os quais evitava falar. / As palestras após as quais se retirou. / O limite até o qual chegou. / Os torcedores entre os quais se incluía. / O discurso durante o qual fez vários apartes. / Os acordos mediante os quais o governo tentou regular a questão. / Os adversários contra os quais se bateu. 3 — Com as preposições a, com, de, em e por emprega-se, de preferência, que: A cidade a que chegou. / A roupa com que viajou. / O assunto de que tratou. / As casas em que morou. / Os princípios por que se bateu. 4 — O qual é também a forma usada depois de certos indefinidos, numerais e superlativos: Mesmo assim comprou os livros, alguns dos quais sabia que nunca iria ler. / A comitiva, parte da qual se dispersou, não conseguiu concluir a viagem. / Reuniu-se com os ministros, dois dos quais iriam representá-lo na solenidade. / Tinha dois irmãos, o mais novo dos quais era o seu preferido. Ora..., ora... Sem e intermediário: Falava ora alto, ora baixo (e não: Falava ora alto e ora baixo).

Órfão

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Órfão. Flexões: órfã, órfãos e órfãs. Órgão. Plural: órgãos. Ortografia. a) Se tiver qualquer dúvida sobre a forma de escrever uma palavra, nunca deixe de consultar o capítulo Escreva Certo deste manual, página 333, que inclui milhares de nomes comuns ou geográficos cuja grafia pode oferecer dificuldades. Se a palavra não fizer parte da relação, recorra ao dicionário. Lembre-se: erros ortográficos podem e devem ser sempre evitados, a todo custo. b) Veja alguns erros graves de grafia, para evitá-los mais facilmente (entre parênteses está a forma correta): ele “houve” (ouve) mal, “advinhar” (adivinhar), “hornar” (ornar), “suspenção” (suspensão), “exiga” (exija), “élice” (hélice), “angar” (hangar), “excessão” (exceção), “sansão” (sanção), “richa” (rixa), “exitar” (hesitar), “paralizar” (paralisar), “xuxu” (chuchu), “vultuoso” (vultoso), “beneficiente” (beneficente), “pixar” (pichar), “pixação” (pichação), “rochas” ou “rouxas” (roxas), “previlégio” (privilégio), “previnir” (prevenir), “frustado” (frustrado), “frustação” (frustração), “prostrar” (prostrado), “prostação” (prostração), “chícara” (xícara), “chale” (xale), “cincoenta” (cinqüenta), “zuar” (zoar), “ascenção” (ascensão), “benvindo” (bem-vindo), “míssel” (míssil), “incrustrado” (incrustado), “conecção” (conexão), etc. Oscar. Acrescente apenas um s no plural: um Oscar, seis Oscars. Os ... os mais ... Não repita o artigo em frases como: Contratei os jornalistas os mais talentosos. Use uma destas três formas: Contratei os jornalistas mais talentosos. / Contratei os mais talentosos jornalistas. / Contratei jornalistas os mais talentosos (as duas primeiras são preferíveis). Ótica. Ver óptico, ótica, página 205. “Otimização”, “otimizar”. Substitua essas palavras por expressões como

“Outra alternativa”

desempenho ótimo, tornar ótimo, tornar o melhor possível, etc. Ou, ou ... ou. 1 — O normal, jornalisticamente, é que o ou indique exclusão, alternância ou sinonímia, e nestes casos o verbo fica no singular: Ele se casará com Joana ou com Maria. / Ele se casará ou com Joana ou com Maria. / Ou um general ou um almirante presidirá o EMFA este ano. / O senador ou o deputado será eleito presidente. / A cefaléia, ou dor de cabeça, ataca muitas pessoas. 2 — Se o ou tem caráter de correção, o verbo concorda com o último sujeito: O ladrão ou ladrões foram hábeis. / O herdeiro ou herdeiros receberão uma fortuna. 3 — Quando a ação cabe a todos os sujeitos ou indica oposição, o verbo vai para o plural: O calor ou o frio excessivo prejudicam certas plantas. / O contador ou o economista podem assinar legalmente esse documento. Sempre que possível, no entanto, use e e não ou, nesses casos: o texto ganha em clareza. 4 — Se o sujeito for constituído de pessoas gramaticais diferentes, o verbo vai para o plural da que tem precedência sobre as demais: O diagramador ou eu podemos desenhar a página. / Ou ela ou tu haveis de sair. 5 — Verbo anteposto concorda com o primeiro sujeito: Ou fazemos nós o trabalho ou eles. / Ou fazem eles o trabalho ou nós. Ouça-o cantar. E nunca “ouça ele cantar”, “ouça ele dizer”, etc. O último ... que. Concordância. Ver primeiro, página 236. Ou seja. Fica invariável: O governo recorreu à sua fonte de renda habitual, ou seja, os impostos. / Duas dúzias e meia, ou seja, 30 ovos. (E nunca: ou sejam.) “Outra alternativa”. Redundância. Toda alternativa é outra. Escreva apenas que alguém não tem alternativa.

Ouvir

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Ouvir. 1 — Conjugação. Pres. ind.: Ouço, ouves, ouve, ouvimos, ouvis, ouvem. Pres. subj.: Ouça, ouças, etc. Imper. afirm.: Ouve, ouça, ouçamos, ouvi, ouçam. Part.: Ouvido. Os demais tempos são regulares. 2 — Ver escutar, ouvir, página 114. Ouvir os dois lados. 1 — Os dois ou mais lados envolvidos numa notícia deverão ser sempre ouvidos, se possível antes da publicação das informações ou declarações. Só quando alguma pessoa não puder ser encontrada é que se deve deixar sua palavra para o dia seguinte. A observação vale especialmente para os casos em que haja acusações a alguém. Lembre-se: o direito de resposta é sagrado. 2 — Em casos excepcionais, o jornal poderá deixar para ouvir a parte acusada apenas no dia seguinte. Por exemplo, quando não quiser que uma notícia exclusiva chegue ao conhecimento dos concorrentes antes da sua publicação ou quando alguma outra razão superior o determinar. Ouvir mais infinitivo. 1 — Não flexione o infinitivo: Ouvi-os cantar. / Ouviu os seguranças dar ordens. 2 — Ver infinitivo, página 145. Oxidar-se. Alguma coisa se oxida e não oxida, apenas: Os carros nacionais oxidam-se facilmente. / A peça oxidou-se.

Padrão. Liga-se com hífen a outro substantivo: desconto-padrão, desviospadrão. Pagão. Flexões: pagã e pagãos. Pagar. Regência. 1 (tr. dir.) — Pagar alguma coisa: Pagou a consulta. / Pagou as compras. / Pagou o jantar. / Pagou a camisa barato. / Pagou os pecados. / Pagou o que devia. 2 (tr. ind.)

Palavras dispensáveis

— Pagar a alguém ou a uma entidade: Deputado não paga a assessor. / Fraudadores devem pagar aos lesados. / Ministérios não pagam à Petrobrás. / O governo paga aos empreiteiros. / Devia pagar-lhe religiosamente. 3 (tr. dir. e ind.) — Pagar alguma coisa a alguém: A empresa pagou o salário aos funcionários. / Pagou-lhe o que prometera. 4 (intr.) — Sem complemento: Cometeu o crime, e pagou. / Entrou sem pagar. Página. Use na página 17, e não “à página 17”. Pago. Use pago tanto com ser e estar como com ter e haver: Foi ou estava pago, tinha ou havia pago. Tinha pagado, embora correto, está caindo em desuso. Paiçandu. Com ç. País. Inicial maiúscula quando designar o Brasil e não houver determinativo: O País manda tropas para a África. Em minúsculas: nosso país, este país ou neste país (mesmo que se refira ao Brasil), o país (qualquer outro que não o Brasil), os países do Prata, etc. Palácio. Use em palácio para indicar que a pessoa teve uma audiência no palácio e não somente o visitou. Igualmente: Irá a palácio amanhã. Palavras dispensáveis. O texto deve evitar palavras supérfluas ou dispensáveis. Use, por exemplo: em fevereiro (em vez de no mês de fevereiro), em 1990 (em vez de no ano de 1990), no Paraná (em vez de no Estado do Paraná), em Campinas (em vez de na cidade de Campinas), a prefeitura (em vez de a prefeitura municipal), o Senado (em vez de o Senado Federal), o Congresso (em vez de o Congresso Nacional), a Câmara de São Paulo (em vez de a Câmara Municipal de São Paulo), o Nordeste (em vez de a Região Nordeste), o Sudeste (em vez de a Região Sudeste). Em alguns casos, a expressão entre parênteses pode até ser necessária. Na maior

Palavras e locuções vetadas

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parte das vezes, porém, prefira a forma simplificada. Palavras e locuções vetadas. Esta lista inclui as palavras e locuções que o Estado considera antijornalísticas, pernósticas, desnecessárias, redundantes, malformadas ou inadmissíveis. Só podem, por isso, figurar em declarações ou artigos de pessoas estranhas ao jornal, mas jamais nos textos de responsabilidade da Redação, mesmo assinados: Adentrar Aduzir Aeródromo Agilização Agilizar Agudização Agudizar Alavancagem Alavancar Alcaide A nível (de) Antenado Ao apagar das luzes Apoiamento Assertiva Através de (a não ser no sentido físico) Avacalhação Avacalhar Azar Bólide ou bólido Bricolagem Brioso (soldado) Burgomestre Calor escaldante ou senegalesco Campo-santo Carnavalizar Carreata Causídico Colocação (como opinião, observação, ponto de vista) Congressual Contrafluxo Correr atrás do prejuízo Crista da onda Debutar Decúbito Departamento médico (em futebol)

Palavras e locuções vetadas Desabalada carreira Detonar (como provocar) Devido a (como por causa de) Disparar (como afirmar) Dispensa apresentações Edil Edilidade Elemento (como pessoa ou marginal) Elencado Elenco (de medidas) Elo de ligação Embasamento Embasar Emergencial Encarar de frente Encontrar a morte Enfrentar de frente Ente querido Entrementes Erário público Erva maldita Esculhambação Esculhambar Exitoso Extrapolar Facultativo (como médico) Fechar as cortinas Ferros retorcidos Fisicultor Flexibilização Flexibilizar Folclórico (como exótico, engraçado, ridículo) Galopante (inflação) Ganhar grátis Genitor(a) Gentilmente cedido Gesto tresloucado Gestões (como negociações) Goleirão Graciosamente (como de graça) Guardado a sete chaves Há ... atrás Hortifrutigranjeiro Implantação (a não ser no sentido médico) Implantar (a não ser no sentido médico) Implementação

Palavras estrangeiras Implementar Inserido no contexto Isto posto Jaez Já ... mais Lei de meios Leque de alternativas Literalmente lotado Matéria (em vez de notícia, artigo, reportagem, etc.) Matrimônio Manter o mesmo Manter o seu Meliante Mentalização Mentalizar Morfético Móvel (como motivo) Necrópole No bojo de Nosocômio Otimização Otimizar Outrossim Parabenizar Patamar (como nível) Pavoroso incêndio Pelo contrário Penalizar (como punir) Praticar (para preços ou taxas) Precioso líquido Precipitação pluviométrica Prefeitura municipal Prestigiamento Profissional do volante Próprio da municipalidade Sediar Sendo que Separar o joio do trigo Sinalizar (como indicar) Sofrer melhora Soldado do fogo Telinha (como TV) Tirar uma posição (como definir-se) Todos são unânimes Trabalhar com bola Tratativa Tríduo de Momo Via de regra Vias de fato

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Palavras estrangeiras

Viatura Violento incêndio Vítima fatal Xingamento Xingar Zagueirão (Ver também os verbetes lugarcomum, página 163 , modismo, página 180, pleonasmo, página 219, rebuscamento, página 248, e simplicidade, página 269 . Palavras estrangeiras. 1 — A palavra estrangeira, na sua forma original, só deverá ser usada quando for absolutamente indispensável. O excesso de termos de outra língua torna o texto pretensioso e pedante. E não se esqueça de explicar sempre, entre parênteses, o significado dos estrangeirismos menos conhecidos. 2 — Se a palavra ou expressão não tiver correspondente em português, porém, ou se este for pouco usado, recorra então ao termo estrangeiro, que vai no mesmo corpo do texto e não em destaque: stand by, hardware, entourage, apartheid, smoking, zoom, slide, holding, shopping center, marketing, joint venture, outdoor, funk. 3 — Não empregue no idioma original palavra que já esteja aportuguesada. Assim, uísque e não whisky; conhaque e não cognac; recorde e não record; chique (ou elegante) e não chic; caratê e não karatê; cachê e não cachet; tarô e não tarot; videopôquer e não videopoker, etc. 4 — Sempre que houver equivalente em português, prefira-o ao estrangeirismo: cardápio e não menu; préestréia e não avant-première; adeus e não ciao; escanteio e não corner; cavalheiro e não gentleman; freqüentador e não habitué; senhora e não lady ou madame; encontro e não meeting; senhor e não mister; impedimento e não off-side; primeiro-ministro e não premier; assalto e não round; padrão e não standard; fim de semana e não

Palavras inexistentes

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week-end; desempenho e não performance. 5 — Mesmo que você as julgue muito conhecidas, traduza sempre as citações em língua estrangeira: “Après moi le déluge.” (“Depois de mim, o dilúvio.”) “Alea jacta est.” (“A sorte está lançada.”) “To be or not to be: that is the question.” (“Ser ou não ser: eis a questão.”) Neste caso, use aspas. 6 — A não ser em textos especiais, e mesmo assim com parcimônia, evite ao máximo o uso de expressões estrangeiras (a exemplo das palavras de outras línguas), limitando-se apenas aos casos mais comuns: in memoriam, sine die, sine qua non, causa mortis, grand monde, tour de force, sui generis, honoris causa. Pense, no entanto, que nem todos os leitores saberão o significado de locuções como: à clef, à outrance, ad hoc, nec plus ultra, urbi et orbi, struggle for life, in partibus, et pour cause, rempli de soi-même, off the records, honni soit qui mal y pense. 7 — Nas palavras derivadas de nomes estrangeiros, mantém-se a estrutura original do vocábulo e acrescenta-se o sufixo (ou o prefixo) vernáculo: byroniano, shakespeariano, Bachianas, hobbesiano, behaviorista, kartódromo, taylorismo, marxista, pós-kantismo, pós-weberniano, warrantagem, windsurfista. Exceções: lobista (o Aurélio aportuguesou a forma), corintiano, hanoveriano, nova-iorquino, etc. 8 — Nas palavras oriundas do francês, mantenha o e original, não o transformando em a ou o nos casos seguintes (ninguém escreve manicura, mas manicure, por exemplo): avalanche, cabine, caminhonete, carroceria, champanhe, coquete, croquete, gabardine, lavanderia, limusine, magazine, manchete, manicure, maquete, marquise, marionete, nuance, omelete, pastiche, pelerine,

Pan...

plaquete (livro), popeline, raquete, toalete, tricoline, trompete, vagonete, valise, vedete e vitrine. Use, porém, com a estas palavras: clicheria, etiqueta, guilhotina, hachura, jeremiada, madama, mansarda, percalina, ravina, turbina, usina e vermina. 9 — No aportuguesamento das palavras estrangeiras, o sh em geral se transforma em x, o n das terminações torna-se m ou ão e as consoantes fortes finais recebem e ou ue: xampu (shampoo), xelim (shilling), gueixa (gueisha), raiom (rayon), gim (gin), cupom ou cupão (coupon), panteão (panthéon), orfeão (orphéon), batom (bâton), jetom (jeton), moletom (moleton), clipe (clip), grogue (grog), turfe (turf), clube (club), chique (chic), críquete (crickett), gangue (gang), golfe (golf), lorde (lord), ringue (ring), surfe (surf). Palavras inexistentes. Certifique-se sempre de que a palavra que você quer usar existe no idioma. Assim, por exemplo, os dicionários não registram gemeção, mas gemedeira, nem reconciliamento, mas reconciliação e outras como essas. Além disso, evite antecipar-se ao dicionário e partir para a criação indiscriminada de vocábulos, o que resulta em formas como adesivação, cartelização, agudizar, desfavelização, culpabilizar, fisicultor, literatizante, descupinização, urgencializar, contraculturalismo, pretensiosidade, elencado e dezenas de formas semelhantes. Palestra. Alguém faz, pronuncia ou profere, mas não “dá” uma palestra, que é jargão acadêmico. Pan... Hífen quando o outro termo começa com vogal, h, b, p, m ou n: panamericano, pan-eslavismo, pan-islâmico, pan-helênico, pan-mágico, pan-negritude, pan-brasileiro, panpsiquismo. Nos demais casos: pancontinental, pandinamismo, pangermanismo, pansexualista.

Pan-americano

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Pan-americano. Com hífen. “Pano de fundo”. Lugar-comum. Não use. Pantanal. Desta forma: Pantanal MatoGrossense. Panturrilha. Prefira barriga da perna. Pão-duro. Plural: pães-duros. O feminino tem a mesma forma: mulher pãoduro, mulheres pães-duros. Papa. 1 — Inicial minúscula: o papa, o papa João Paulo II. 2 — Feminino: papisa (prefira) e papesa. Pão. Plural: pães. Papai Noel. Tem plural: Havia dois Papais Noéis na loja. Paparazzi. É a forma do plural: Os paparazzi não davam folga à princesa. O singular é paparazzo: Era um paparazzo muito ousado. Par. Veja a diferença entre as expressões: A par de equivale a ciente de e em geral se usa com o verbo estar: Estava a par do fato (e nunca ao par do fato). Ao par indica título ou moeda de valor idêntico: título ao par, câmbio ao par. Para. Ver a (para), página 22. Pára. Pára, do verbo parar, tem acento: Ele pára sempre no sinal vermelho. O acento mantém-se nas palavras compostas, pára-choque, pára-lama, etc., mas não existe em paras e param. Para... Prefixo (significa semelhante, proximidade, elemento acessório) que se liga sem hífen ao elemento seguinte. O h cai e duplicam-se o r e o s: paracentral, paraestatal, paramilitar, parapsicologia, paraidrogênio, pararreumático, parassimpático. Não o confunda com pára... (ver abaixo). Pára... Elemento de composição com o sentido de que protege contra, que apara. Exige hífen: pára-brisa, párachoque, pára-lama, pára-quedas, pára-quedista, pára-raios, pára-sol. Para a frente. E não “para frente”. Para as. Sem crase: Para as 17 horas.

Paralisação

“Parabenizar”. Não use. Substitua o verbo por dar parabéns a, cumprimentar, felicitar ou aplaudir. Parabéns. Como é plural, não existem as formas “um” parabéns ou “o” parabéns, etc., mas apenas os parabéns, muitos parabéns, seus parabéns, etc. Para cá, para lá. Depois de para, devemse usar as formas cá e lá, e não aqui e ali: Veio para cá. / Levou-o de volta para lá. Para eu fazer. 1 — É a forma correta, pois o eu, em frases desse tipo, exerce a função de sujeito: Trouxe o livro para eu ler. / Esse trabalho é para eu fazer. / A matéria está aqui para eu rever (e nunca para “mim” ler, para “mim” fazer, para “mim” rever). 2 — Se o eu não for sujeito, então se usa para mim: Trouxe o livro para mim. / Não é conveniente para mim sair agora (para mim é complemento de conveniente). Parágrafos. Até 9, em ordinais; de 10 em diante, use cardinais: parágrafo 1º, parágrafo 8º, parágrafo 10, parágrafo 21. Só em casos excepcionais ou em transcrições recorra ao sinal §. Parágrafos (uso). Para que a leitura do jornal se torne mais agradável, procure quebrar o texto regularmente, de acordo com estas instruções: 1 — Abra parágrafo a cada 10 ou 12 linhas de coluna impressa (quatro a cinco linhas cheias da tela do micro ou do terminal). 2 — A determinação vale também para as linhas mais estreitas do texto (ao lado de fotos, em medida falsa, ou de janelas). 3 — Organize o texto para que essa mudança de parágrafo não se torne absolutamente aleatória. Por isso, evite fragmentar uma informação no meio, mas a desdobre de maneira que o parágrafo seguinte represente a sua continuidade. 4 — Sempre que possível, procure apresentar uma ou no máximo duas informações por parágrafo. Paralisação. Com s, assim como paralisar e paralisia.

Paralisar

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Paralisar. Exige complemento: Os empregados paralisaram o trabalho. Por isso, nunca escreva: Padeiros decidem “paralisar” (O certo: parar) se não houver aumento. / O metrô “paralisou” ontem. Param. Sem acento. Para mim. 1— Em casos como os que se seguem, o certo é para mim: Foi difícil para mim entender o texto. / É impossível para mim sair cedo hoje. Mim, no caso, completa o sentido de difícil e impossível, não sendo, portanto, sujeito do infinitivo, como ocorre, por exemplo, em: O livro é para eu ler. 2 — Ver para eu fazer, página 211. Pára-quedas. A mesma forma no singular e plural, com acento e hífen. Para trás. E não para atrás. Pardal. Feminino: pardoca (prefira), pardaloca e pardaleja. Par de... O outro elemento vai para o plural: par de sapatos, par de dançarinos, etc. Parecer mais infinitivo. Pode-se flexionar o verbo parecer ou o infinitivo: Os homens pareciam sorrir (use esta forma) ou Os homens parecia sorrirem. Parente. Feminino: parenta (prefira) e parente. Parêntese(s). Use parêntese para o singular e parênteses para o plural: abrir parêntese, fechar parêntese, entre parênteses. O conjunto, mesmo no sentido figurado, fica no singular: Faça um parêntese. / O parêntese estava no fim da página. Parênteses (uso). Usam-se os parênteses para: 1 — Intercalar num texto qualquer palavra, expressão ou oração acessória, representada em geral por uma explicação, uma circunstância incidental, uma reflexão, um comentário ou uma observação: Em 1995 a empresa investiu 80 milhões (e deve aplicar mais 50 milhões este ano) no seu

Parênteses (uso) Centro de Processamento de Dados. / Dos consultados, 70% disseram ter participado das últimas eleições (nos EUA o voto não é obrigatório). / A tese sobre os ciclos históricos (cuja duração o autor fixa em 30 anos) foi aprovada pelos examinadores. / As exportações do chamado complexo soja (grão, óleo e farelo) cresceram 20% em dois anos. / O senador X (PMDB-SP) tenta novamente reformular a Previdência. 2 — Isolar do texto uma palavra ou expressão que se queira destacar (é recurso a usar, porém, com toda a cautela): O livro de Gorbachev critica (mas justifica) Stalin. / Governo manda apurar (com urgência) as denúncias. / Como o governo (não) resolve esses problemas. / Um (mau) estudo sobre os parques paulistanos. / A recriação (medíocre) da Belle Époque. 3 — Transcrever as siglas que se seguem à explicação do nome de um órgão ou entidade: A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) condenou ontem... / A nota da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) diz ainda que... 4 — Levar ao leitor as referências bibliográficas: Este segundo volume das Obras Escolhidas (Editora Libor, 340 páginas, R$ 30,00) põe ao alcance do leitor... / “Eu sempre tento dar a interpretação mais benévola a todos os meus pecados.” (Edmund Wilson, Os Anos Vinte, Companhia das Letras, 369 páginas, 1987, tradução de Paulo Henriques Britto.) 5 — Indicar uma data: O crítico Edmund Wilson (1895—1972) deixou o livro inacabado. / O início da guerra (1939) coincidiu com a época da sua formatura. Observação. O ponto vai fora do parêntese quando a expressão que ele encerra é apenas parte da oração e vai dentro quando toda a oração é por ele englobada: Merece menção especial o

Parque

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esforço dos tradutores (Carlos de Almeida e João dos Santos). / Todos concordaram com o ditador. (Ninguém seria insensato a ponto de contrariálo.) / Sacos de dinheiro nas costas. (É a população trocando a velha moeda.) Parque. Inicial maiúscula: Parque do Ibirapuera (e nunca “Parque Ibirapuera”). “Parqueamento”, “parquear”. Anglicismos desnecessários. Use estacionamento e estacionar. Parquímetro. Aceitável, para designar o aparelho. Parte de. Concordância. Ver maioria, página 167. Partes do corpo. 1 — Partes do corpo e atributos da pessoa rejeitam o possessivo: Machucou o braço (e não o seu braço). / Feriu as mãos. / Arranhou a cabeça. / Bati o joelho na mesa. / Perderam a consciência. / Recuperei os sentidos. 2 — Uso do singular ou plural: ver plural indevido, item 3, página 223. Participação. No singular em frases como: A festa contou com a participação do presidente, do governador e do prefeito. / A participação de Giovanni e Rivaldo na seleção brasileira (e nunca “as participações”)... Participar. 1 — Participa-se alguma coisa, ou alguma coisa a alguém: Ele participou o seu casamento. / A empresa participou a decisão aos funcionários. 2 — Não se participa alguém de alguma coisa, porém, nem ninguém é participado de algo, em casos (errados) como: A empresa “participou os funcionários” da decisão. / Os funcionários “foram participados” (o certo: avisados, cientificados, informados) da decisão. 3 — No sentido de tomar parte, use a preposição de e não em: Participou dos (e não nos) debates, participou das sessões, participou do filme. 4 — Exige sempre complemento. Por isso, nunca escreva: Participaram

Partir

também fulano e beltrano (participaram de quê?). Particípio mais pronome. Em nenhuma hipótese o pronome oblíquo pode aparecer depois do particípio, em frases como: Tinha “feito-lhe”, havia “partido-se”, tinha “formado-se”, haviam “comido-o”. O certo é: Tinhalhe feito, havia-se partido, tinha-se formado, haviam-no comido. Particípios duplos. 1 — Use ter e haver com os particípios regulares e ser e estar, com os irregulares: O presidente havia (tinha) suspendido as negociações. / O acordo foi (estava) suspenso. / Tinha (havia) elegido, foi (estava) eleito. 2 — Nos títulos, empregue habitualmente o particípio irregular: Suspensas as aulas. / Aceitas as condições dos metalúrgicos. / Mortos os assaltantes. 3 — É essa também a forma correta em expressões como: Aceitas as condições, iniciaram-se as negociações. / Impresso o livro, a edição esgotou-se rapidamente. / Suspensos os alunos, as aulas prosseguiram. Partir. 1 — Cuidado com a locução a partir de, que significa apenas a começar de, a datar de (repare que existe uma idéia de continuidade): O presidente da associação vai exercer o mandato a partir do dia 1º. / As inscrições estarão abertas a partir de segunda-feira. / O mundo se tornou mais liberal a partir da Revolução Francesa. 2 — Se a ação for definida no tempo, não se poderá usar a partir de. Assim: As inscrições começarão na próxima semana (e não “a partir da”). / As aulas serão reabertas em fevereiro (e não “a partir de”). 3 — Como marca o início de alguma coisa no tempo e no espaço, é errado também usar a partir de em casos como: O time ensaiou várias jogadas “a partir de” (com) bola parada. / Livro conta a história recente do País “a partir de” (com base em) pesquisas

Páscoa

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do Ibope. / “A partir das” (pelas) avaliações, a sociedade ficou sabendo para onde vai o seu dinheiro. Páscoa. Como se trata de festa religiosa, os termos a ela referentes em geral têm inicial maiúscula: Páscoa, Semana Santa, Sexta-Feira Santa, Domingo de Ramos, Ressurreição, Paixão, Procissão da Cruz, Lava-Pés, QuartaFeira de Cinzas, etc. No entanto: malhação do judas. Passado do passado. Quando o texto menciona uma ação anterior à atual ou a outra já realizada (passado do passado), deve-se usar a forma composta do verbo: Apenas 24 horas depois de o ministro ter lançado (e não “lançar”) o plano, a Câmara aprovou o projeto. / O trem já havia partido quando ele se deu conta da hora. Passo-a-passo, passo a passo. Quando substantivo, tem hífen (é o próprio processo): O passo-a-passo é a melhor maneira de aprender a usar o computador. Sem hífen, é mera locução (indica a forma do processo): Avançaram passo a passo. Pasta. Use inicial minúscula: a pasta da Fazenda, essa pasta, etc. Pastel. Como é substantivo, não varia no plural quando indica cor: tons pastel (e não “pastéis”). “Patamar”. Não use. Para preços, taxas ou juros, prefira nível ou índice. Patriarca. Feminino: matriarca. Pátrios (plural). Nos adjetivos pátrios compostos, apenas o último elemento é flexionado e o primeiro obedece à forma de origem erudita, em geral mais reduzida: empresa belgo-mineira, companhia anglo-teuto-brasileira, consórcios franco-ítalo-nipônicos, etc. Paulista, paulistano. Paulista — natural do Estado de São Paulo, relativo ao Estado de São Paulo: polícia paulista, governador paulista. Paulistano — natural da cidade de São Paulo, relati-

Pauta

vo à cidade de São Paulo: paulistano do Brás, prefeito paulistano. Pauta. 1 — Chama-se pauta tanto o conjunto de assuntos que uma editoria está cobrindo para determinada edição do jornal como a série de indicações transmitidas ao repórter, não apenas para situá-lo sobre algum tema, mas, principalmente, para orientá-lo sobre os ângulos a explorar na notícia. 2 — A pauta constitui um roteiro mínimo fornecido ao repórter. Se ela for muito específica e pedir que ele apure apenas alguns aspectos da notícia, o repórter deverá obedecer a essa orientação, para evitar que suas informações conflitem com as de outros jornalistas que estejam trabalhando no mesmo caso ou as repitam. 3 — O pauteiro (preparador da pauta) deverá sempre que possível incluir na pauta os telefones de pessoas a entrevistar, endereços de locais que deverão ser procurados e dados semelhantes, que permitirão ganho de tempo. O repórter, no entanto, deverá ter iniciativa suficiente para encontrar as pessoas ou locais necessários quando esses dados não estiverem disponíveis ou forem insuficientes. 4 — Pautas óbvias não necessitarão de muito texto. Espera-se, por exemplo, que um repórter de cidade saiba o que perguntar ao prefeito ou a um secretário, o que apurar numa mudança de trânsito, como cobrir uma expulsão de invasores de área pública, etc. 5 — O repórter deverá também ter bom senso suficiente para mudar a angulação de uma pauta sempre que um assunto levantado no meio de uma entrevista ou cobertura se sobrepuser aos demais pedidos pela pauta. Em caso de dúvida, convém que ele entre em contato com o chefe de reportagem ou editor para saber se a sua decisão é correta. 6 — Evite dispersão desnecessária de esforços ao montar uma pauta.

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Você não precisa pedir a toda a rede local e nacional da empresa entrevistas com 30 ou 40 médicos sobre o avanço da aids, nem depoimentos de 30 ou 40 pacientes a respeito da doença, quando meia dúzia ou uma dezena deles já darão um quadro satisfatório da situação. 7 — De qualquer forma, não hesite em tornar uma pauta grande, sempre que o julgar necessário. Qualquer aspecto específico de um assunto somente poderá ser cobrado do repórter se tiver sido pedido na pauta. Mais do que isso, porém: o pauteiro, por sua própria função (tentar cercar todos os ângulos da notícia), pode ter idéias que não ocorreriam ao repórter. E vice-versa: por isso, é igualmente indispensável que o repórter complemente uma pauta que tenha deixado de lado algum aspecto importante de um assunto. Pé. São corretas as duas locuções, de pé e em pé. Pedir. Conjugação. Pres. ind.: Peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem. Pres. subj.: Peça, peças, peça, peçamos, peçais, peçam. Imper. afirm.: Pede, peça, peçamos, pedi, peçam. Imper. neg.: Não peças tu, ..., não peçais vós, não peçam eles. Os demais tempos são regulares. Pedir... a ou para. 1 — Pedir apoio ou atenção a — pedir que alguém dê apoio ou atenção a quem o solicita: O governo pede apoio (atenção) aos empresários (pede que os empresários o apóiem ou lhe dêem atenção). 2 — Pedir apoio ou atenção para — pedir que seja dado apoio ou atenção a alguém que se indica: Os EUA pedem apoio (atenção) para o Brasil (pedem que se dê apoio ou atenção ao Brasil). 3 — Outros exemplos: Empresários pedem abono salarial para os trabalhadores (que se dê abono aos trabalhadores). / Flagelados pedem ajuda ao governo (que o governo os ajude).

“Penalizar”

Pedir para, pedir que. 1 — Só use pedir para quando o sentido for de licença ou permissão: Pediu (licença) para sair mais cedo. / Pediu (permissão) para ir ao cinema. 2 — Nos demais casos, o correto é pedir que, e não “pedir para” ou “pedir para que”. Assim: Pediu que fossem com ele ao jogo (em vez de Pediu “para irem” com ele ao jogo ou Pediu “para que fossem” com ele ao jogo). / O delegado pediu que o acusador mostrasse provas da denúncia (e não O delegado pediu “para” o acusador mostrar... ou Pediu “para que” o acusador mostrasse...). / Quer pedir a eles que procurem... (e não “para que” procurem). Pegado, pego. Use pegado com ter e haver e pego, com ser e estar: Tinha (havia) pegado, foi (estava) pego. Pegado a. Faz-se a concordância normalmente: Esta casa fica pegada à fábrica. / Mesas pegadas à janela. / Edifícios pegados ao palácio. “Peito”. Prefira seio. Péla. Péla, jogo ou bola, tem acento: jogo da péla, as pélas de borracha. Péla, pélas, pélo. Essas três flexões do verbo pelar têm acento: A água péla quando está fervendo. / Tu pélas a laranja para ele? / Eu me pélo por comida caseira. Pele-vermelha. Não chame o índio brasileiro de pele-vermelha. O nome vale apenas para o da América do Norte. Plural: peles-vermelhas. Pelo andar da carruagem. Lugar-comum. Evite. Pêlo, pêlos. Com acento, no singular e plural, quando indica cabelo ou penugem: o pêlo do gato, os pêlos da cabeça. Pena de talião. Com t minúsculo, uma vez que não se trata de nome próprio. “Penalizar”. Significa somente causar pena ou desgosto a, magoar, afligir. Por isso, substitua-o por castigar, punir ou prejudicar em frases como: Governo muda IR para não “penali-

Pênalti

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zar” (prejudicar) contribuinte. / Banco não deve ser “penalizado” (punido, castigado) no caso X. / O aluno acabou “penalizado” (punido) pela ousadia. / Aumento “penaliza” (prejudica, pune, castiga) ainda mais o consumidor. Pênalti. Desta forma (e nunca “penal”). Penny. Centésima parte da libra. Plurais: pence (quando quantia) e pennies (quando moeda). Pequenez. Insignificância, e não “pequenês”. “Pequenos detalhes”. Redundância: não existem “grandes detalhes”. Pequinês. Natural de Pequim e raça de cães. Pêra. Com acento, no singular, tanto para designar a fruta como a porção de barba ou o interruptor: Pêra madura. / Raspar a pêra. / Apertou a pêra. No plural, não existe acento: peras. Perante. Sem a preposição a: Perante o pai. / Perante ela (e não “ao” pai, “a” ela). Perante o qual. E não “perante quem”: Eis o juiz perante o qual (e não “perante quem”) o réu deverá depor amanhã. Perder. Um time perde de outro por ou de l a 0, 2 a l, 3 a 2, etc. Perdoar. Regência. 1 (tr. dir.) — Perdoar alguma coisa: “Perdoai as nossas ofensas.” / Perdoou os seus gastos excessivos. / Perdoamos as dívidas dos amigos. 2 (tr. ind.) — Perdoar a alguém: Deus lhes perdoe. / A Receita perdoou aos devedores. / Perdoou aos acusadores. 3 (tr. dir. e ind.) — Perdoar alguma coisa a alguém: A Receita lhes perdoou as dívidas. / Não perdoa aos inimigos nenhum agravo. / Perdoa aos amigos todas as ofensas. 4 (intr.) — Sem complemento: É vingativo e nunca perdoa. / Perdoa, para seres perdoado. Observação. Admite a voz passiva: Foi perdoado pelos superiores.

Persuadir

Perfazer. Conjuga-se como fazer (ver, página 127). Performance. Anglicismo evitável. Prefira desempenho ou atuação. Pérgula. Com u. Pergunta, perguntado. Formas possíveis: À pergunta se pretendia voltar... / À pergunta onde pretendia ficar... / À pergunta como cumpriria as determinações... Não use, por serem formas inexistentes na língua: “perguntado se”, “perguntado sobre” e “à pergunta sobre”. Opção correta: interrogado ou indagado sobre. Perguntas e respostas. Ver no verbete entrevista, página 109, como editar entrevistas na forma de perguntas e respostas. “Permitir com que”. Fazer é que admite a preposição com. Use permitir que em frases como: O mau cheiro não permitiu que (e não “permitiu com que”) ninguém ficasse mais de cinco minutos na loja. Pernas, pra que te quero. Mesmo gramaticalmente incorreta, é essa a forma da locução popular. Perônio. Com i. Adjetivo: peroneal. Personagem. Faça a concordância com o sexo do ou da personagem. Assim: o personagem Hamlet, a personagem Aída. Proceda da mesma forma em orações como: A ministra foi a principal personagem dos acontecimentos. / O piloto era um personagem de destaque da Fórmula 1. / Como ficarão os personagens (homens e mulheres) da oposição? Persuadir. 1 — Quando o sentido for o de convencer ou demover, prefira a regência persuadir alguém de alguma coisa: Foi difícil persuadi-lo de não dar queixa à polícia. / Todos o persuadiram de não tomar aquela decisão. 2 — Quando persuadir significa induzir ou mover, a regência preferível é persuadir alguém a alguma coisa: Todos o persuadiram a sair. / O rei queria persuadir os súditos à submis-

Perto

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são. / Persuadiu-o a desaparecer por alguns dias. 3 — Pode-se ainda usar a forma persuadir alguém, apenas: Suas desculpas não persuadiram os superiores. / O governo conseguiu persuadir a população. 4 — O verbo admite também a forma pronominal e segue, nesse caso, o modelo dos itens 1 e 2: Persuadiu-se de que era hora de agir. / Eles se persuadiram a voltar atrás. 5 — Finalmente, como sinônimo de convencer, pode ser intransitivo (sem complemento): É uma pessoa que consegue persuadir. Perto. Invariável. Moram perto. / Plantaram árvores perto da casa. / As casas ficavam perto. Perverso. Significa mau, malvado. Cuidado com o seu uso no sentido figurado (efeitos perversos, ensino perverso, distribuição de renda perversa), que se está tornando lugar-comum. Perto de. Ver cerca de, página 59. Pese. Ver em que pese a, página 105. Peso. 1 — Com números redondos, use sempre por extenso o nome das medidas de peso: 200 toneladas, 40 quilos, 50 gramas. Nos títulos e tabelas, pode-se usar a abreviatura: 200 t, 40 kg, 50 g. 2 — Para indicar números quebrados, adote estas formas: 200,5 toneladas, 40,8 quilos, 50,4 gramas. Como no caso acima, nos títulos e tabelas permite-se a abreviatura: 200,5 t, 40,8 kg, 50,4 g. 3 — Se a medida for inferior a 2, ficará no singular: 1,5 tonelada, 1,9 quilo, 0,7 grama. 4 — Repare que as abreviaturas não têm ponto nem plural e há espaço entre o número e elas: 87 t, 65 kg, 32 g. 5 — Ver nas páginas 397 e 398 uma relação de pesos e medidas e a forma de convertê-los em valores mais usados no Brasil. Peso (boxe). Existe hífen depois de substantivo, mas não de adjetivo: pesomosca, peso-galo, peso-pena, peso leve, peso médio, peso meio-médio, peso meio-pesado, peso pesado.

Pesquisa

Pesquisa. 1 — Todo aniversário de acontecimento importante (nascimento e morte de personalidades, lançamento de movimentos ou trabalhos artísticos, edição de livros históricos, revoltas ou campanhas políticas, fatos internacionais, etc.) justifica matéria de pesquisa, independentemente de outras retrancas que se preparem sobre o assunto (repercussão, entrevistas e reconstituições). Evite, porém, fazer matéria excessivamente formal para recordar o fato, entremeando-a, sempre que possível, com pormenores curiosos ou diferentes para valorizar a pesquisa. Além da correção das informações, é importante desenvolver um trabalho apurado de texto que prenda a atenção do leitor. Matérias de pesquisa áridas ou pouco criativas afugentam o interessado logo nas primeiras linhas. 2 — Qualquer assunto de certa importância que volte ao noticiário deve ser relembrado, mesmo que sumariamente, para que o leitor se recorde do que se está tratando ou para apresentar o fato às pessoas que o desconheçam. Se alguém, por exemplo, se refere à UDN ou ao antigo PSD, lembrese de que os antigos partidos foram extintos em 1965 e, de lá para cá, se formou toda uma geração de leitores de jornal que nem sempre terá sido informada a respeito do que aconteceu na ocasião. Mais assuntos que justificariam pesquisa: revolta dos sargentos em Brasília, movimentos de Aragarças e Jacareacanga, o “bogotazo”, a invasão da Baía dos Porcos, o comício de João Goulart na Central do Brasil, a Marcha da Família em São Paulo, a guerrilha no Vale do Ribeira, a dissolução dos Beatles, o milésimo gol de Pelé, etc. 3 — Nem sempre, porém, as pesquisas devem limitar-se a reviver um fato, como nos dois casos anteriores. Generalizar ou historiar um tipo de acontecimento, por exemplo, fornece

Pessach

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excelente material do gênero. Assim, se o papa lança uma nova encíclica, você pode não apenas fazer uma pesquisa sobre as encíclicas anteriores desse pontífice, como sobre as principais encíclicas da história da Igreja, ou deste século, ou das últimas décadas. Um desastre de avião sempre impõe uma relação dos demais acidentes do ano ou da última década. O inverno muito rigoroso nos EUA e na Europa pode remeter a outros invernos tão ou mais severos de anos anteriores. Outros casos: na transferência de um jogador brasileiro para o exterior, podem-se lembrar negociações anteriores, tão milionárias quanto aquela de que se estiver tratando. A divisão de um país em duas partes, Norte e Sul, abre perspectivas para que se recorde como ocorreu a divisão de outros países e por quê (Alemanha, Coréia, etc.). Se o Brasil volta a negociar com o FMI, por que não mostrar desde quando o País mantém entendimentos com o Fundo e quantas vezes e em que condições recorreu a ele? Num surto ou epidemia, lembre-se também de mostrar que doença é essa, como ocorre, como evolui, como afeta as pessoas, etc. 4 — Ver também memória, página 176. Pessach. É a Páscoa judaica. Pessoas no noticiário. 1 — O cargo ocupado pela pessoa é que define, na maioria dos casos, a importância que ela merece no noticiário e o peso que será atribuído aos seus atos ou declarações. Por isso, mencione sempre em primeiro lugar a qualificação e não o nome dela: O ministro da Fazenda, João da Silva, garantiu ontem que... Personagens muito notórios do esporte e das artes, porém, poderão dispensar essa prática, bastando identificálos pelo nome. 2 — Na primeira menção, use sempre o prenome e o sobrenome da pessoa: o ministro Pedro Malan, o presi-

Pessoas no noticiário dente Fernando Henrique Cardoso, o ex-ministro Delfim Netto, o rei Juan Carlos, o empresário Mário Amato, o professor Francisco Barros, o piloto Michael Schumacher, a atriz Maitê Proença. Evite, apenas, que, no desdobramento do noticiário, o professor, por exemplo, seja chamado de Francisco ou Barros indistintamente. Ou ele é Francisco ou Barros. 3 — Adote, como identificação, o nome pelo qual a pessoa se tornou conhecida, evitando sobrenomes desnecessários. João Baptista de Oliveira Figueiredo, por exemplo, é João Figueiredo, simplesmente. Nomes artísticos e apelidos impõem-se quando for essa a forma pela qual o personagem adquiriu notoriedade. Xuxa é Xuxa e não Maria da Graça Meneghel. Da mesma forma Gal Costa, Pelé, Sivuca e outros. 4 — Se a pessoa não estiver exercendo nenhum cargo de relevo no momento, mas tiver ocupado função de destaque, identifique-a por essa atividade: O ex-presidente Augusto dos Santos pretende voltar ao Palácio do Planalto. Quando necessário à melhor compreensão dos acontecimentos, lembre outros cargos que ela eventualmente tenha ocupado. Finalmente, se ela tiver exercido vários cargos, identifique-a sempre pelo mais importante. Assim: O ex-governador João da Silva... (e não o ex-deputado ou o ex-prefeito João da Silva). 5 — Idade, sexo, religião, tendência política, Estado ou país de nascimento, raça e outras características como essas só deverão figurar no texto se estiverem relacionados com os fatos descritos. 6 — Evite, especialmente nos títulos, qualificar pessoas de forma que possa ofender toda uma coletividade: Cearense mata a amante / Italiano assalta banco. Nada indica que as palavras cearense e italiano tenham, no

Ph.D.

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caso, algo que ver com o acontecimento. 7 — Ver também cargos (como usar), página 57. Ph.D. Plural: Ph.Ds. Pica-pau. Com hífen. Da mesma forma: pica-pau-amarelo. Picar, picada. Ver morder, mordida, página 181. Pichar, piche. Com ch e não com x. Também: pichação, pichador. Picles. Aportuguesado e no plural: os picles. Pico. Inicial maiúscula: Pico do Jaraguá. Píer. Aportuguesado. Plural: píeres. Pierrô. Aportuguesado. Pigmeu. Feminino: pigméia. Pilotar. Significa dirigir veículo em geral. Por isso, no sentido figurado, como dirigir, controlar ou organizar qualquer coisa (pilotar um jantar, pilotar uma situação, pilotar um congresso, pilotar um quatro-bocas), só pode ser usado em textos muito especiais, mas nunca no noticiário. Piloti. É a forma do singular. No plural, pilotis. Piloto. Com função de adjetivo, permanece invariável: usina piloto, usinas piloto; plano piloto, planos piloto. Pingue-pongue. Desta forma. Pingüim. Com trema. Pior. 1 — Antes de particípio, use sempre mais mal e nunca pior: mais mal classificados (e não “pior classificados” ou, menos ainda, “piores classificados”). Ver mais bem, mais mal, página 167. 2 — Quando adjetivo, varia (equivale a mais mau): Eles eram piores (mais maus) que todos. / Muito piores (mais maus, mais condenáveis) do que os atos amorais de ontem são os argumentos imorais de hoje. / Piores (mais maus) que ele, só os irmãos. 3 — Quando advérbio, permanece invariável (equivale a mais mal): Eles estavam pior (mais mal) de vida. / Jogaram pior (mais mal) que antes.

Pleonasmo

Pior (a, o). Ver melhor (a, o), página 176. Pirata. Use como adjetivo quando vier depois de um substantivo: edição pirata, fitas piratas, emissora pirata. Piscicultura. E nunca “psicultura”. Pista, faixa. Não confunda: pista é cada parte contínua de uma rodovia. E faixa é cada divisão (marcada no solo, apenas) de uma pista. Assim, a Rodovia dos Imigrantes tem duas pistas, com três faixas cada uma. Já a Régis Bittencourt tem pista única, com duas faixas, uma em cada direção. Placa. No singular: Carro de placa (e não “de placas”) BAA-1618. Plano. Inicial maiúscula: Plano Real. Planta. Equivale a fábrica apenas em inglês. Por isso, não escreva, por exemplo: O grupo quer construir nova “planta” (nem “planta industrial”) no Brasil. Plantão. 1 — Use a locução de plantão apenas no seu significado real: Os médicos estavam de plantão. 2 — No sentido figurado, é modismo a evitar: os críticos de plantão, os golpistas de plantão, os bajuladores de plantão, etc. Pleito, preito. Pleito equivale tanto a eleição (pleito de novembro) como a demanda (pleito judicial), enquanto preito designa homenagem (preito aos mortos) ou reconhecimento (preito de gratidão). Pleonasmo. É a repetição de termos supérfluos, evidentes ou inúteis na frase. À exceção dos pleonasmos estilísticos, e assim mesmo apenas em casos especiais, evite os que comprometam o texto: 1 — Vicioso Acabamento final, agora já, ainda ... mais (ainda deverá demorar mais dez dias), almirante da Marinha, alocução breve (é breve por definição), brigadeiro da Aeronáutica, conclusão final (a menos que tenham existido outras, parciais), continuar ainda, conviver junto, criar novos,

Plural (substantivação)

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descer para baixo, elo de ligação (elo já significa ligação), encarar de frente (use, por exemplo, encarar firmemente), enfrentar de frente, entrar dentro ou para dentro, erário público, estrelas do céu, exultar de alegria, ganhar grátis, general do Exército, goteira no teto, há ... atrás (use há tantos anos ou tantos anos atrás), hábitat natural, inaugurar novo, já ... mais (use já não há e nunca “já não há mais”), labaredas de fogo, manter o mesmo (pode-se manter outro?), manter o seu, monopólio exclusivo, países do mundo, pequenos detalhes, permanece ainda, planos para o futuro, prefeitura municipal, regra geral, relações bilaterais entre os dois países, repetir de novo (a menos que se repita pela segunda vez), sair fora ou para fora, sorriso nos lábios, sua autobiografia, subir para cima, surpresa inesperada, todos foram unânimes, vereadores da Câmara Municipal e viúva do falecido. 2 — De idéia Há pleonasmos velados, menos graves, mas igualmente evitáveis, como nas frases: Campinas restaura velho casarão. / Recuperação do velho Parque D. Pedro começa este mês. / Navratilova volta ao tênis. A palavra velho, nas duas primeiras frases, é supérflua: para serem restaurados, ou recuperados, nem o casarão nem o parque podem ser novos. E, finalmente, Navratilova voltaria a que esporte senão ao tênis? (Opções: Navratilova volta a jogar, Navratilova volta à atividade ou Navratilova volta a Wimbledon). 3 — Estilístico É o pleonasmo literário, para dar força ou ênfase à expressão: Rir um riso amarelo. / Sonhar um sonho. / Ver com os próprios olhos. / Andar com as próprias pernas. Só deve ser usado em textos especiais. Plural (substantivação). Palavras invariáveis, quando substantivadas, obe-

Plural de locuções

decem às normas do plural: Pesar os prós e os contras. / As múltis, as micros (empresas), os micros (computadores), as máxis (desvalorizações), as mínis (saias). / Os sins e os nãos. / Os vivas e os morras. / Os senões e os poréns. / Os quatros e os cincos do baralho estavam rasgados. Dois, três, seis e dez não variam: os três de paus, os seis de ouros, os dez de espadas. Plural de adjetivos compostos. Nos adjetivos compostos, só o último elemento vai para o plural: medidas econômico-financeiras, estudos histórico-geográficos, vidas profissionalamorosas, camisas verde-claras, gravatas azul-escuras, partidos socialdemocratas, tendências nacional-socialistas. Exceções. a) Em surdomudo, os dois elementos se flexionam: homens surdos-mudos, crianças surdas-mudas. b) Azul-marinho e azul-celeste não variam: Ternos azulmarinho, blusas azul-celeste. Plural de adjetivos simples. Ver plural de substantivos e adjetivos simples, página 222. Plural de letras. Prefira usar o nome pronunciável da letra com s: Com todos os efes-e-erres. / Colocar um pingo nos is. / Separe os emes e os enes. Xis não varia: Os xis da questão. Apenas em casos excepcionais, aplique a duplicação da letra como forma de plural: Os aa e os ee. / Os vv e os zz. Plural de locuções. 1 — Nas locuções ligadas pela preposição de, coloque o segundo termo no singular, se se tratar de matéria contínua, e no plural, se a palavra indicar variedades, unidades, indivíduos: fábrica(s) de papel, indústria(s) de tinta, espécies de solo, grupo(s) de soldados, tipos de gente, marcas de sal, espécies de sais (sais diferentes), caixa(s) de fósforos, catálogos de tipos ou selos, exposição(ões) de quadros, exposições de pintura, fábrica(s) de envelopes, fábrica(s) de calçado, fábrica(s) de sapatos, de meias, de sandálias, etc.

Plural de nomes próprios

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2 — Proceda de maneira semelhante nos casos em que o segundo elemento tenha caráter predominantemente abstrato: se ele tiver sentido genérico, a segunda palavra não varia; se o sentido for específico, o vocábulo tem plural. Exemplos: níveis de investimento, planos de emprego, projetos de expansão, casos de estupro, pedidos de falência, opções de vôo, postos de benefícios, taxas de juros, quadros de avisos, etc. Plural de nomes próprios. 1 — Os nomes próprios, de acordo com determinação do Formulário Ortográfico, seguem as mesmas normas dos nomes comuns e por isso têm plural, como estes. Assim: as Martas, as Tarsilas, os Pedros, os Josés, os Luíses. A instrução vale também para os sobrenomes, incluindo-se neste caso as formas aportuguesáveis: os Maias, os Andradas, os Gusmões, os Matarazzos, os Silvas, os Almeida Prados, os Silva Jardins, os Monteiros de Carvalho, os Nobéis, os Papais Noéis, os Rafaéis do Louvre. 2 — Nomes estrangeiros. No caso dos nomes estrangeiros ou naqueles em que o plural regular soaria muito estranho, acrescente apenas um s à palavra: os Kennedys, os Collors, os Portinaris, os Van Goghs do Louvre, os Mitterrands, os Picassos. 3 — Entidades e coisas. Vão para o plural os nomes de órgãos públicos, empresas, entidades, veículos, armamentos, naves espaciais, aviões, navios e produtos industriais e comerciais: os Detrans, os Itaús, cinco Santanas, dois Mirages, as Apaes, três Bandeirantes, os Harriers, três Martinis, duas Aspirinas, dois Amarettos, três Coca-Colas, duas Antarcticas. 4 — Nomes geográficos ou de vias públicas. Admitem igualmente o plural, como os nomes comuns: os diversos Brasis, as duas Coréias, os Mato Grossos, os dois Rios, os muitos Re-

Plural de substantivos...

cifes, as duas Paulistas (avenida), as Augustas (rua) dos pobres e dos ricos. 5 — Marcas precedidas de outra palavra. Marca comercial precedida de outra palavra fica invariável: dois carros Vectra, cinco blindados Urutu, quatro aviões Mirage. A razão: considera-se subentendida a palavra marca (dois carros marca Vectra). Plural de siglas. Acrescente um s minúsculo às siglas usadas no plural: os CDBs, as Ufirs, os PMs, os SPCs, os IPMs, os DERs, as Apaes, as ARs, 50 UFMs, novas Cohabs. A regra vale também para o caso em que se queira pluralizar uma entidade normalmente única: os BBs, os BCs, os MECs, as UNEs, os EMFAs, os dois PSDBs, etc. Plural de substantivos compostos. 1 — Os dois elementos vão para o plural se os dois são variáveis: guardas-civis, cotas-partes, martins-pescadores, águas-furtadas, mãosbobas, bóias-frias, quintas-feiras, tenentes-coronéis, primeiros-ministros, meios-termos, pais-joões. Exceção. Se os dois elementos forem adjetivos, só o segundo será flexionado: os democrata-cristãos, os social-democratas, os franco-americanos, os maníaco-depressivos. (Trata-se, na realidade, da substantivação do adjetivo composto.) 2 — Só o segundo elemento vai para o plural a) Quando o primeiro é invariável e o segundo, variável: vice-presidentes, guarda-chuvas, mata-ratos, avemarias, auto-elogios, mal-entendidos, pega-rapazes, recém-nascidos, alto-falantes, abaixo-assinados. b) Quando o primeiro elemento é redução de um adjetivo (grão e grã, de grande, ou bel, de belo) e o segundo é substantivo: grão-duques, grão-rabinos, grã-cruzes, grã-duquesas, belprazeres. c) Quando os dois elementos são constituídos de palavras iguais ou indicam som de coisas: reco-recos, tico-

Plural de substantivos e...

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ticos, troca-trocas, quebra-quebras, pisca-piscas, tique-taques. 3 — Só o primeiro elemento no plural a) Quando o segundo elemento dá idéia de finalidade ou semelhança ou limita o primeiro: carros-bomba, escolas-modelo, postos-chave, idéiasbase, pombos-correio, elementos-surpresa, países-símbolo, canetas-tinteiro, imagens-síntese, mandatos-tampão, crianças-problema, meninossensação. Exceções: decretos-leis, homens-rãs e cidades-satélites. b) Quando uma preposição une os dois substantivos: pés-de-moleque, gotas-d’água, pães-de-ló, câmarasde-ar, estrelas-d’alva, mulas-sem-cabeça. Às vezes, o segundo substantivo já está no plural: rosa-dos-ventos, rosas-dos-ventos; mestre-de-obras, mestres-de-obras. 4 — Nenhum dos elementos no plural Se os dois forem invariáveis, se o segundo já tiver s, se os dois forem verbos de sentido oposto e se se tratar de expressão substantivada: os botafora, os topa-tudo, os pára-quedas, os salva-vidas, os leva-e-traz, os entra-esai, os diz-que-diz, os faz-de-conta. 5 — Casos especiais: Os arco-íris, os bem-me-queres, os bem-te-vis, os joões-ninguém, os louva-a-deus, os lugar-tenentes, os mapas-múndi, os padre-nossos, as salve-rainhas, os surdos-mudos. Plural de substantivos e adjetivos simples. Terminados em: 1 — Vogal ou ditongo. Acrescentase s: casos, evidentes, paus, leis, pôneis, heróis, tabus, rãs, órfãs, táxis, álcalis. 2 — ÃO. a) Como norma, o ão transforma-se em ões: corações, tubarões, campeões, omissões, leões. Incluem-se nesta regra todos os aumentativos: vagalhões, homenzarrões, cavalões, figurões, paredões. b) Algumas palavras fazem o plural em ãos

Plural indevido

(cidadãos, órfãos) ou ães (tabeliães, escrivães), enquanto outras admitem duas ou até três formas de plural, como alazões e alazães, anciãos, anciães e anciões, etc. Este manual registra a maior parte delas, nos verbetes respectivos. 3 — R e Z. Acrescenta-se es: mares, açúcares, bôeres (de bôer), gângsteres, rigores, faquires, juízes, raízes, pazes, vorazes, repórteres. Irregulares: caráter — caracteres; Lúcifer — Lucíferes; júnior — juniores; sênior — seniores; sóror — sorores. 4 — S. Quando monossílabos ou oxítonos, acrescenta-se es; quando paroxítonos ou proparoxítonos, permanecem invariáveis: gases, meses, retroses, obuses, portugueses; os pires, os ônibus, os ônus, os vírus, os fórceps. 5 — M. Transforma-se em ns: homens, reféns, fóruns, itens, alguns, bons. 6 — AL, EL, OL, UL. O l transforma-se em is: fatais, papéis, anzóis, sóis, azuis, paióis (de paiol), pauis (de paul). Exceções: mal — males; real (moeda antiga, não a atual) — réis; cônsul — cônsules. 7 — IL. Se tônico, converte-se em is; se átono, em eis: fuzil — fuzis, barril — barris, sutil — sutis; fóssil — fósseis, verossímil — verossímeis, estéreis, projéteis, têxteis, répteis. 8 — X. Ficam invariáveis: os tórax, os ônix, os telex, os látex, as fênix. 9 — N. Acrescenta-se s: hífen — hifens; pólen — polens; líquen — liquens; abdomens, cólons, íons. Exceção: cânon, cânones. Plural indevido. 1 — Fica no singular o substantivo que, depois dos verbos ser, tornar-se, virar, constituir, etc., confira ao sujeito (no plural) um caráter de abstração e generalização: Cavalos nacionais são o destaque do GP (destaque é uma palavra abstrata que generaliza o sentido do sujeito, cavalos nacionais).

Plural indevido

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Outros exemplos: Professoras são exemplo de dedicação. / Eis os assuntos que foram notícia hoje. / Tiros são sinônimo de confusão. / Essas acusações são conseqüência do despeito. / Manifestações como essas já não constituem novidade. / Pernilongos tornam-se o tormento da temporada. / A poesia e a canção são parte de um todo. / Pontos polêmicos foram a marca da nova Constituição. / Esses problemas foram alvo (objeto, tema) de uma série de reportagens. / Corinthians e São Paulo são a atração da rodada. / As palavras e os gestos são a ferramenta que o autor utiliza no trabalho. / Os ônibus incendiados foram o instrumento (meio, arma, recurso) dos agitadores. / Seu desprendimento e patriotismo serão exemplo e incentivo para as novas gerações. / Os lugares-comuns são o maior inimigo do jornalista. Exceções. A palavra ou expressão que vem depois dos verbos citados vai para o plural se exprimir um fato concreto, se individualizar o sentido do sujeito ou se encerrar idéia de oposição: Empresas tornam-se mercadorias na Bolsa (fato concreto). / Pai e mãe foram testemunhas do esforço do filho (individualização). / Dois atletas brasileiros são os destaques dos 100 metros. / Algumas dessas emendas são hoje partes (pontos, itens) essenciais da Constituição. / Nosso jornal era uma espécie de complemento nas casas, mas agora os outros é que são complementos. / Nomeações e demissões são armas do governador (oposição). 2 — Quando uma propriedade se refere a dois ou mais sujeitos, fica no singular: A polícia apurou a identidade (e não “as identidades”) dos mortos (isto é, de cada um). / A volta de Renato e Carlos ao time... (a volta de cada um). / Com a presença de Gil e Caetano (e não “as presenças”)... / Aguardavam o comparecimento (e

Plural indevido não “os comparecimentos”) do governador e do prefeito. / O Corinthians confirmou a escalação de Juca e Sílvio (e não “as escalações”). / O time sentiu a ausência (e não “as ausências”) de X e Y. / Mais de 30 mil pessoas tinham perdido o emprego (e não “os empregos”) na indústria. / Para o lugar de João e Pedro (e não para “os lugares”)... / O retorno de X e Y ao time (e não “os retornos”)... / Cederam seu nome aos amigos (e não “seus nomes”). / Sentiam-se felizes no fim da sua vida (e não “das suas vidas”). / Partidos definem sua posição (e não “suas posições”) para a eleição. / O time não soube explorar a velocidade (e não “as velocidades”) de Joãozinho e Marquinhos. / Com o resultado da venda da casa e da fazenda (e não “das vendas”)... / O time terá como novidade a entrada de X e Y (e não como “novidades as entradas”). / Os Estados estão com a economia arruinada (e não “as economias”). 3 — As partes do corpo, a menos que sejam mais de uma na pessoa (como olhos, ouvidos, pernas, etc.), ficam no singular quando a referência for a grupo ou multidão: Os alunos balançaram a cabeça (e não as cabeças). / O coração deles pulsava em ritmo acelerado. / Ambos estavam com problemas no estômago. / Apontaram o criminoso com o dedo (com um dedo). / Bateram com o nariz na porta. No plural: Voltaram os olhos (os dois) para os céus. / Ergueram as mãos (as duas), em sinal de aprovação. / Cortaram as orelhas (as duas) dos condenados à guilhotina. Usa-se o mesmo critério com os atributos da pessoa: Ficaram com o espírito prevenido (e não com os espíritos). / Queriam salvar a alma. / Tinham a consciência tranqüila. / Impuseram a vontade aos demais.

Pluri..

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Observação. Nos casos 2 e 3, não se deixe influenciar pela lingua inglesa, que pluraliza esses substantivos. Pluri... Liga-se sem hífen ao termo seguinte: plurianual, pluricelular, pluriovulado, pluripartidarismo, plurirradiado, plurissecular. Pobretão. Flexões: pobretona e pobretões. Pôde, pode. A forma do passado, pôde, tem acento, para evitar confusão com pode, presente. Assim: Fez o trabalho da melhor forma que pôde (foi capaz). / Ele pode (é capaz, tem permissão) fazer isso. Poder. Conjugação. Pres. ind.: Posso, podes, pode, podemos, podeis, podem. Pret. perf. ind.: Pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam. M.-q.perf. ind.: Pudera, puderas, pudera, pudéramos, pudéreis, puderam. Pres. subj.: Possa, possas, possa, possamos, possais, possam. Imp. subj.: Pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudésseis, pudessem. Fut. subj.: Puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem. Os demais tempos são regulares. Poderes. Desta forma: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. Ou simplesmente o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. No plural: os Poderes Executivo e Judiciário. Pódio. Aportuguesado. Põe, põem. Põe é a forma do singular e põem, a do plural, o que vale também para os derivados: O homem põe e Deus dispõe. / Elas põem, eles supõem. Poeta, poetisa. Use poeta para o homem e poetisa para a mulher. Respeite, porém, a forma a poeta, em artigos assinados, pois há quem atribua juízo de valor à palavra (poetisa, assim, seria qualquer mulher que faça versos e poeta, uma autora de méritos). Pogrom. Desta forma. Plural: pogrons.

Policial (noticiário)

“Polaco”. Prefira polonês (polaco tem sentido pejorativo em algumas regiões do Brasil). Poli... Liga-se sem hífen ao termo seguinte: poliartrite, policêntrico, poliéster, poliidroxila, poliolefina, polirrítmico, polissilogismo, poliuretano. Polícia. 1 — A palavra é feminina quando se refere à ordem, segurança (Fugiu da polícia) e masculina quando designa o policial: Um polícia segurou o ladrão. 2 — Apenas quando se quiser dar ênfase à corporação, a inicial deve ser maiúscula: A Polícia paulista prendeu o ladrão. / A Polícia Militar, a Polícia Política. 3 — A organização pertence ao Estado e não ao município. Assim: polícia paulista (e não “paulistana”), polícia fluminense (e não “carioca”). “Polícia carioca”. A polícia é fluminense (estadual) e não carioca (do município). Policial (noticiário). 1 — Uma das características do Estado, em toda a sua existência, sempre foi a discrição dispensada ao noticiário policial. Ocorrências de menor importância justificam meros registros. Se o fato, no entanto, merecer destaque, não hesite em fazê-lo. Alguns exemplos de acontecimentos que podem exigir maior espaço na edição: seqüestros; assaltos a banco ou a outros estabelecimentos com tiroteios ou lances dramáticos; acidentes com grande número de vítimas; incêndios com mortes ou danos materiais de monta; ação de grupos de extermínio; guerra de quadrilhas; tráfico de drogas; extorsões; assaltos a residências, com vítimas ou mobilização de grande aparato policial; crimes passionais ou de outros tipos com repercussão superior à normal, etc. De qualquer forma, poupe o leitor de detalhes escabrosos, por mais que seu texto deva ser rico em pormenores. 2 — O critério de importância pode às vezes dar lugar ao pitoresco: o vizinho que mobiliza a polícia porque a

Pólipo

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casa ao lado tem um papagaio que fala demais justifica matéria. Da mesma forma, outros pequenos dramas do dia-a-dia passíveis de se transformar em histórias de valor humano. 3 — Nunca acuse ninguém nem chame de criminoso ou assassino quem ainda não tenha culpa formada. Essa função cabe à polícia ou à Justiça. O repórter, para salvaguardar a responsabilidade do jornal, deverá deixar sempre clara a condição de acusado de alguém: “Fulano de tal, acusado da morte de...” A única exceção é para o caso de criminosos confessos ou presos em flagrante. 4 — Finalmente, tentar descobrir por que uma pessoa cometeu um crime é tarefa do repórter. Especular, porém, sobre o que torna um indivíduo criminoso já compete à sociologia. Ou à literatura. Seja principalmente jornalista, nestes casos. Pólipo. Com acento. Polir. Conjugação. Pres. ind.: Pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem. Pres. subj.: Pula, pulas, pula, pulamos, pulais, pulam. Imper. afirm.: Pule, pula, pulamos, poli, pulam. Os demais tempos são regulares. Pólo, pólos. Com acento no singular e plural: Pólo Norte, Pólo Sul, os Pólos Norte e Sul, pólo de desenvolvimento, pólos de colonização. Ponta-direita, ponta-esquerda. Com hífen, tanto para designar o jogador como a posição. Ponto. 1 — Indica normalmente o término de uma oração: O ministro disse que, para sair da crise, o País precisava confiar mais nas instituições. 2 — Usa-se ainda o ponto nas abreviaturas (à exceção daquelas que fazem parte do sistema métrico decimal), mas não nas siglas: dr., d., sécs., m, min, g, kg, PM, HC, ICMS, INSS. 3 — Se a abreviatura vier no fim do período, coloca-se apenas um ponto (e não o ponto da abreviatura mais o

Ponto-e-vírgula

final): Havia ali cães, galinhas, gatos, etc. / A empresa era a Irmãos Almeida Ltda. 4 — Use ponto (sem espaço) nas iniciais colocadas nos pés de matérias: J.M., P.L.C. 5 — O Estado não admite ponto nos títulos. Estão, pois, vetados exemplos como: Mais carne no mercado. Para os preços não subirem / O compulsório acabou. Mas a taxação continua alta. Ponto de. A locução é a ponto de (e não “ao ponto de”): Ficou assustado, a ponto de perder a voz. / O Ministério esteve a ponto de cair. / Chegou a ponto de perder a paciência. Não faça confusão com frases como: Voltou ao ponto de partida. / A água não havia chegado ao ponto de ebulição. Ponto de exclamação. Tem valor eminentemente literário; no jornal só deve ser usado em casos muito especiais e quando se quiser dar muita ênfase a uma declaração ou enunciado. Ponto de interrogação. 1 — Introduz habitualmente uma pergunta, mesmo que ela possa não exigir resposta: Quem está aí? / O que será que eles querem? / Quem tem medo de Virginia Woolf? 2 — Só pode ser usado nos títulos em casos muito especiais (ou em artigos, eventualmente). Ponto de vista. Sem hífen. Ponto-e-vírgula. É um sinal intermediário entre o ponto e a vírgula. Seus principais usos jornalísticos são: 1 — Separa partes de um período em que já exista vírgula: Formou-se engenheiro; o irmão, advogado. / Depois, chamou o filho, que acabava de chegar; a mãe só observava. 2 — Separa orações iniciadas por conjunções ou advérbios que indiquem restrição ou conclusão quando se quer ressaltar este sentido: Os soldados dormiam; então, os traficantes atacaram. / Até agora, só hipóteses; mas as pesquisas avançam. / Chegou

Pontos cardeais

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atrasado à sala; por isso, perdeu a melhor parte da conversa. 3 — Separa os diferentes itens de documentos, leis, enumerações, portarias, regulamentos, decretos, etc.: Consideram-se sujeitos à taxação: a) perfumes, cosméticos e produtos de toucador; b) bebidas fermentadas ou destiladas; c) artigos eletroeletrônicos; d) jóias e casacos de pele. Pontos cardeais. 1— Os pontos cardeais, quando indicam as grandes regiões do mundo ou do Brasil, têm inicial maiúscula: o Sul, o Nordeste, o Sudeste, Oriente Médio, Ocidente, o Leste. 2 — No caso das regiões brasileiras, use as formas Sul ou Região Sul, mas não região Sul. Proceda da mesma forma com Norte e Região Norte, Nordeste, etc. 3 — A inicial é minúscula, no entanto, se o ponto cardeal define direção ou limite geográfico: o nordeste de Goiás, o norte de São Paulo, o sudeste da Europa, o norte do Irã, o sudoeste dos EUA, o leste da Espanha. Igualmente: Percorreu o país de sul a norte. / O metrô avança no rumo sul. / A cidade fica no leste da França. / O furacão causou estragos no oeste das Antilhas. 4 — Nos adjetivos (referentes aos pontos cardeais) que acompanham o nome de partes do mundo, regiões ou países, use a inicial maiúscula: América Central, Europa Ocidental, África Oriental, América Setentrional, Ásia Central, Leste Europeu, Brasil Meridional, Cone Sul, Velho Oeste, etc. Pôr. 1 — Pôr, verbo, tem acento: pôr o pé na rua, pôr o nome na lista. 2 — O mesmo, porém, não ocorre com os derivados: impor, depor, compor, expor. 3 — Quanto à diferença entre pôr e colocar, ver colocar, página 70. Pôr (conjugação). Pres. ind.: Ponho, pões, põe, pomos, pondes, põem. Imp. ind.: Punha, punhas, punha, púnhamos, púnheis, punham. Pret. perf. ind.: Pus, puseste, pôs, pusemos, pu-

Porcentagem

sestes, puseram. M.-q.-perf. ind.: Pusera, puseras, pusera, puséramos, puséreis, puseram. Fut. pres.: Porei, porás, porá, poremos, poreis, porão. Fut. pret.: Poria, porias, poria, poríamos, poríeis, poriam. Pres. subj.: Ponha, ponhas, ponha, ponhamos, ponhais, ponham. Imp. subj.: Pusesse, pusesses, pusesse, puséssemos, pusésseis, pusessem. Fut. subj.: Puser, puseres, puser, pusermos, puserdes, puserem. Imper. afirm.: Põe tu, ponha você, ponhamos nós, ponde vós, ponham vocês. Imper. neg.: Não ponhas tu, não ponha você, não ponhamos nós, não ponhais vós, não ponham vocês. Infin.: Pôr. Flexionado: Pôr, pores, pôr, pormos, pordes, porem. Ger.: Pondo. Part.: Posto. Pôr (derivados). Atenção para alguns tempos: Pret. perf. ind.: Opôs, opuseram; compôs, compuseram; sobrepôs, sobrepuseram; depôs, depuseram. Imp. subj.: Opusesse, compusesse, sobrepusesse, depusesse. Fut. subj.: Se ele opuser, compuser, sobrepuser, depuser. Nunca, pois, “se ele opor”, “compor”, “sobrepor”, “depor”, etc. Seguem o mesmo modelo todos os derivados de pôr. “Por cada”. Cacófato evitável: por cada pessoa (por pessoa), por cada ano de trabalho (por ano de trabalho), etc. “Por causa que”. Italianismo. Use porque ou por causa de. Porcentagem. 1 — Uso a) Use porcentagem, e não percentagem, e porcentual, em vez de percentual. b) Adote sempre o número e o sinal equivalente, 5%, 10%, 45%, 280% — e não a forma por extenso, cinco por cento (a não ser em início de frase), ou a mista, 45 por cento. c) Se houver mais de um número na frase, coloque o sinal de porcentagem em todos eles: A gasolina deve subir de 2% a 3% quinta-feira. / Taxas devem baixar de 40% para

Porcentagem

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28%. / A alíquota do imposto passará de 12% para 15% ou 18%. 2 — Concordância a) O verbo concorda com o que for expresso pela porcentagem: Só 10% da produção de trigo foi salva. / Oitenta por cento da imprensa brasileira noticiou o fato. / Segundo a Fiesp, 50% das indústrias brasileiras estão obsoletas. / Mais de 30% das pessoas foram atingidas pela doença. Observação. Com 1%, faça a concordância no singular: Apenas 1% dos alunos faltou ao exame / Mais de 1% das pessoas foi atingido pela doença. b) Se se particularizar a porcentagem, a concordância mudará: Esses 20% da população morreram (e não “morreu”). / Os restantes 30% de aumento serão pagos dois meses depois (e não “será pago”). c) Se o verbo vier antes do número da porcentagem, a concordância se fará com o número: Está perdido 1% da colheita. / Estão perdidos 10% da colheita. d) Se o nome vier antes do número que exprime a porcentagem, a concordância se fará com o número: Dos alunos, 10% faltaram às aulas. / Da safra de soja, 30% estão perdidos. / Dos livros enviados, apenas 1% se perdeu. 3 — Cálculo Para calcular uma porcentagem, siga os exemplos abaixo. Eles se adaptam a quase todos os casos que aparecem com maior freqüência no noticiário. Nas situações mais complexas, não se arrisque: procure a ajuda de quem tenha maior experiência nesse tipo de cálculo. a) Um produto custa R$ 700,00. Seu preço aumenta para R$ 960,00. Qual foi a elevação, porcentualmente? Faça a subtração: valor novo menos valor antigo (960 - 700 = 260). Multiplique o resultado por 100 (260 x 100 = 26.000). A seguir, divida

Porcentagem o produto pelo valor antigo para obter a taxa da porcentagem: 26.000 ÷ 700 = 37,14%. b) Uma certa quantidade de soja vale, no exterior, 1.250 dólares. O preço cai para 1.120 dólares. Qual foi a queda porcentual? Faça a subtração: valor antigo menos valor novo (1.250 - 1.120 = 130). Multiplique o resultado por 100 (130 x 100 = 13.000). Dividindo o produto pelo valor antigo, você obterá a taxa da porcentagem: (13.000 ÷ 1.250 = 10,4%). c) Um produto custa 350 reais. Seu preço sobe 25%. Qual o novo valor? Forma 1. Multiplique o valor (350) pela taxa da porcentagem (25) e divida tudo por 100. Assim, 350 x 25 = 8.750. Divida o produto por 100, ou seja, 8.750 ÷ 100 = 87,5. Adicione o resultado ao valor inicial para obter o novo valor: 350 + 87,5 = 437,5. Forma 2. Some 1 com a taxa da porcentagem (precedida de 0,...). Assim: 1 + 0,25 = 1,25. Multiplique esse fator pelo valor inicial para obter o novo diretamente: 350 x 1,25 = 437,5. Se a taxa da porcentagem for de um dígito, some 1 com a porcentagem precedida de 0,0... Suponha que no caso acima a taxa seja de 7%. Assim: 1 + 0,07 = 1,07. Multiplique 1,07 pelo valor inicial, 350: 1,07 x 350 = 374,5. Se a taxa da porcentagem for de 0,7, por exemplo, some 1 com 0,007. Assim: 1 + 0,007 = 1,007. Multiplique 1,007 pelo valor inicial: 1,007 x 350 = 352,45. d) Um produto custa 350 reais. Seu preço cai 25%. Qual o novo valor? Forma 1. Multiplique o valor (350) pela taxa da porcentagem (25) e divida tudo por 100. Assim: 350 x 25 = 8.750. Divida o resultado por 100: 8.750 ÷ 100 = 87,5. Como o valor caiu, diminua 87,5 de 350, ou seja, 350 87,5 = 262,5.

Pôr-do-sol

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Forma 2. Como o valor caiu, subtraia a taxa da porcentagem de 1. Assim: 1 - 0,25 = 0,75. Multiplicando o valor do produto por esse índice, você obterá o resultado diretamente: 0,75 x 350 = 262,50. Se a taxa da porcentagem tiver apenas um dígito (7%, por exemplo), subtraia 0,07. Assim: 1 - 0,07 = 0,93. Portanto: 350 x 0,93 = 325,5. 4 — Observações a) Pontos porcentuais. Não confunda aumentos ou diminuições porcentuais com o número de pontos porcentuais. Assim, se um produto custa 120 e aumenta para 126, ele subiu 5%. Mas, se a inflação num mês é de 10% e passa a 12% no mês seguinte, houve um aumento de 2 pontos porcentuais na inflação, e não de 2%. b) Base é 100. Cuidado também para não confundir aumentos em porcentagens com o número que representa esses aumentos. Por exemplo: uma pessoa cujo salário é 100 e passa para 300 teve um aumento de 200% (e não de 300%, como se poderia supor, uma vez que o salário foi triplicado). Basta recordar que, quando um número dobra de valor, ele aumenta apenas 100%. c) Soma de porcentagens. Para somar porcentagens, deve-se multiplicá-las, com a inclusão prévia da base de referência. Por exemplo, para somar a inflação de dois meses (10% e 12%, digamos), multiplica-se 1,10 x 1,12 = 1,2320 (e não 22%). O resultado deve ser lido como 23,2%. Para subtrair porcentagens, recorre-se, inversamente, à divisão. Pôr-do-sol. Plural: pores-do-sol. Porém. Não inicia oração e, por isso, deve aparecer no interior dela: A empresa participou da concorrência. Sua idoneidade, porém, foi posta em dúvida (e não: A empresa participou da concorrência. Porém, sua idoneidade foi posta em dúvida).

Por que, por quê, ...

Pôr em xeque. Forma correta, e nunca pôr em “cheque”. Por hora, por ora. Por hora — por 60 minutos: Passaram pelo pedágio 5 mil carros por hora. Por ora — por enquanto, por agora: O governo não pretende, por ora, revogar a decisão. / O empresário acha que por ora nada mudará. Por isso, por isto. Duas palavras (e nunca “porisso” ou “poristo”): O ministro foi operado; por isso, não vai trabalhar esta semana. / Não me abalo por isto. Pornô. Plural: pornôs (filmes pornôs). Por o. Evite juntar a preposição por e os oblíquos o, a, os, as. Assim, use: Por desempenhá-lo mal, perdeu o cargo (e não por o desempenhar). / Por levarem-nas sem cuidado, deixaram as aves escapar (e não por as levarem). Por ora. Ver por hora, por ora, nesta página. Porque com pronome. O porque atrai o pronome localizado na mesma oração: Tudo lhe aconteceu porque se recusou a admitir o erro. / Chegou cedo porque os amigos lhe pediram. Por que, por quê, porque, porquê. 1 — Usa-se por que a) Nas perguntas: Por que você demorou? / Por que os países vivem em guerra? / Por que sinais o reconheceram? b) Sempre que estiverem expressas ou subentendidas as palavras razão e motivo: Não sei por que razão ele faltou. / Ninguém sabe por que motivo ele deixou o emprego. / A Polônia explicou por que (motivo) havia vetado a visita de Kennedy. / Eis por que (razão) o trânsito está congestionado. Observação. É essa a forma que figura em títulos como: Por que (motivo) o governo mudou a economia / Veja por que (razão) seu dinheiro está valendo menos / Por que admirar o Halley / Por que construir Brasília. c) Quando essa forma puder ser substituída por para que ou pelo qual, pela qual, pelos quais e pelas

Por si só

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quais: Todos lutamos por que (para que) haja maior justiça social. / Estavam ansiosos por que (para que) ela voltasse. / Este é o caminho por que (pelo qual) seguiu. / Mataram a cobra por que (pela qual) a criança fora picada. / Eram os nomes de solteiras por que (pelos quais) as amigas sempre as haviam chamado. 2 — Usa-se por quê Quando, nos casos previstos na questão anterior, encerra a frase: As torcidas nunca aceitam o resultado adverso. Por quê? / Estava triste sem saber por quê. / O diretor nos advertiu e perguntamos por quê (razão nos advertiu). / Muitos protestaram, mas não havia por quê (motivo protestar). / Vocês brigaram, meu Deus, por quê? 3 — Usa-se porque Quando equivale a pois, porquanto, uma vez que, pelo fato ou motivo de que: Não viajei porque perdi o avião. / Chegue cedo porque o estádio hoje vai ficar lotado. / O espetáculo foi cancelado porque não havia teatro disponível. Observação. É também essa a forma que aparece nas orações em que se pergunta algo propondo uma resposta: Você não foi porque choveu? / Vamos reduzir o número de páginas da revista porque o papel está escasso? 4 — Usa-se porquê Quando, como substantivo, substitui as palavras motivo, causa, razão, pergunta ou indagação: Não sei o porquê da sua recusa. / O diretor não quis explicar os porquês da decisão. / Havia muitos porquês para poucas respostas. / É uma criança cheia de porquês. Por si só. Ver só, sós (por si), página 272. “Por sorte”. Nunca use essa forma no noticiário, em frases como: Por sorte, ninguém morreu no acidente. O texto informativo deve ser neutro e não expressar desejos. Se for o caso, faça a ressalva: Embora o carro tenha fica-

Possível

do totalmente destruído, ninguém morreu no acidente. Portenho. Não é sinônimo de argentino: designa apenas o natural de Buenos Aires. Porventura. Equivale a acaso e escrevese numa única palavra: Se porventura você viajar ainda hoje, não deixe de me avisar. / Porventura você viu o livro por aí? Pós. 1 — Como prefixo, é normalmente seguido de hífen: pós-bíblico, pósdatado, pós-diluviano, pós-eleitoral, pós-operatório, pós-romano, pós-socrático. Exceções: poscefálico, posfácio, poslúdio, pospasto, posponto, pospor, postônico. 2 — Na formação de palavras, use sempre pós e não “post”, que só tem sentido em locuções latinas como post-meridiem e post-mortem. Posar, pousar. 1 — Sem u sempre que significar servir de modelo, apresentar-se como: Posou para o fotógrafo. / Sempre posa de democrata. 2 — Pousar, entre outros, tem o sentido de colocar em, descansar, passar a noite, descer: A moça pousou a xícara na mesa. / A tropa andou dois dias sem pousar. / Os viajantes pousaram no rancho. / A ave pousou no galho. / O avião pousou sem problemas. Possível. 1 — Com o mais, o menos, o maior, o menor, o melhor e o pior, possível fica invariável: Os resultados são o mais promissores possível. / Os resultados são o mais possível promissores. / Os resultados são promissores o mais possível. (Das três formas, a primeira é mais usual.) / O jornal atingiu o maior número de páginas possível. / Elas viviam no melhor dos mundos possível. 2 — O artigo no plural leva o adjetivo para o plural: Os resultados foram os piores possíveis. / Os resultados foram os menos brilhantes possíveis. / Aquelas eram as mais belas músicas possíveis. / Os alunos obtiveram as menores notas possíveis. 3 — Antes de particípio, use mais bem e mais mal

Possível, provável

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no singular: Eram pessoas o mais bem-educadas possível. / Eram objetos o mais malfeitos possível. 4 — A expressão quanto possível não varia: Os resultados eram quanto possível promissores. Possível, provável. Genericamente a equivalência seria: possível = que pode acontecer ou ser praticado; provável = que deve acontecer, que apresenta probabilidade, que dá idéia de verossimilhança. Assim: É possível que ele vá ao almoço, mas não provável (vê-se que existe uma gradação de viabilidade ou expectativa). Da mesma forma: É possível, mas não provável, que um time pequeno vença um grande fora de casa. / Um grande terremoto é possível, mas não provável no Brasil. Impossível e improvável seguem a mesma norma. Possuir. 1 — Possuir, corretamente, equivale a estar na posse de, ter a propriedade de, poder dispor de, desempenhar, desfrutar: X possui uma bela casa. / Y possui muita saúde. / Z possui alto cargo no governo. 2 — São erradas, e devem ser substituídas por ter ou equivalente, construções como: Ninguém “possui” direito adquirido à reeleição. / O médico “possuía” uma carreira de sucessos. / Varejo “possui” 3 milhões de carnês em atraso. / Alguns pacientes “possuem” testes falsamente positivos. / O assaltante “possuía” diversas passagens pela polícia. / Fulano “possui” uma filha. / Os estabelecimentos “possuíam” liminares favoráveis. / O filho não “possuía” diálogo com os pais. “Postecipar”. Nunca use. A palavra não existe. Posteriori (a). Significa depois da experiência, pelos efeitos, com apoio nos fatos: A reação química foi comprovada a posteriori (pelos efeitos). / Tomou a decisão a posteriori (com apoio nos fatos). A locução não equi-

Prazeroso

vale a depois, posteriormente. Assim, são erradas frases como: Apresentarei os documentos a “posteriori”. Posto-chave. Plural: postos-chave. Postura. 1 — Prefira posição ou atitude. Postura, só em último caso ou para definir a posição do corpo. 2 — É errado usar postura em frases como: O técnico criticou a “postura” dos volantes em campo. Postura não equivale a colocação, a palavra correta nesse caso. Pouco. Ver é muito, é pouco, página 105. Poucos de. Concordância. Ver algum (alguns) de, página 35. Pousar. Ver posar, pousar, página 229. Pra. 1 — Sem acento, tanto para designar para como para a. 2 — Na reprodução de frases populares, use pra e não para: Pra chuchu. / Pra burro. / Pernas, pra que te quero. Nos demais casos, para: Para a frente. / Para trás. / Chegou para ficar. Praça. 1 — No masculino para designar soldado: o praça (daí a origem do diminutivo pracinha). Nos demais sentidos, a palavra é feminina. 2 — Como lugar público, tem inicial maiúscula: Praça da Liberdade. Praia Grande. Sem artigo: prefeitura de Praia Grande, em Praia Grande. “Praticar”. Fuja ao modismo e à impropriedade: não se “praticam” juros, taxas, preços ou alíquotas, que podem, isso sim, ser cobrados, estabelecidos, fixados ou determinados. Prazer (verbo). Conjugação. Em geral, é usado apenas nas terceiras pessoas. Pres. ind.: Praz, prazem. Imp. ind.: Prazia. Pret. perf. ind.: Prouve. M.-q.perf. ind.: Prouvera. Fut. ind.: Prazerá, prazerão. Fut. pret.: Prazeria. Pres. subj.: Praza. Imp. subj.: Prouvesse. Fut. subj.: Prouver. Ger.: Prazendo. Part.: Prazido. Prazeroso. Sem i (a palavra relaciona-se com prazer). Da mesma forma, prazerosamente.

Pré...

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Pré... Em geral exige hífen, especialmente quando a pronúncia aberta se torna caracterizada: pré-ajustar, précarnavalesco, pré-datado, pré-diluviano, pré-escolar, pré-encolhido, pré-história, pré-jurídico, pré-moldado, pré-natal, pré-operatório, pré-primário, pré-romano, pré-santificado, pré-universitário, pré-vestibular. Algumas exceções: prealegar (ou préalegar), preanunciar, preconcebido, precondição, predefinição, predeterminado, predisposição, predizer, preestabelecer, preexistência, prefiguração, prefrontal, prejulgar, preordenação, previgorante. Precaríssimo. Um i só. Precaver. a) Conjugação. Só tem a 1ª e a 2ª pessoa do plural do pres. ind. e não tem o pres. subj. Pres. ind.: Precavemos, precaveis. Imp. ind.: Precavia, precavias, etc. Pret. perf. ind.: Precavi, precaveste, precaveu, precavemos, precavestes, precaveram. Pres. subj.: Não tem. Imp. subj.: Precavesse, precavesses, etc. Fut. subj.: Se eu precaver, se tu precaveres. Imper. afirm.: Precavei (única pessoa). Part.: Precavido. b) NÃO EXISTEM as formas “precavejo”, “precavês”, “precavém”, “precavenho”, “precavenha”, “precaveja”, etc., que devem ser substituídas por previno, prevines, previna e previnas ou pelas formas equivalentes do verbo acautelar-se. c) O verbo hoje é usado quase que exclusivamente como pronominal (precaver-se). Preceder. Prefira a regência direta, preceder alguém ou alguma coisa: Geisel precedeu Figueiredo no governo. / A letra daquela música precedeu a melodia. “Precisa fazer, sair”. É errado dizer: “Precisa” fazer a limpeza, “precisa” sair logo, “precisa” comprar o disco, “precisa” ser muito homem para fazer isso. Use, em vez de precisa, é preciso, é necessário, deve-se, precisa-se ou equivalente.

Precisão

Precisão. 1 — O Estado considera sua obrigação publicar apenas notícias corretas e precisas; por isso, espera de seus repórteres o máximo de esforço, empenho e exatidão na apuração dos fatos, na divulgação de declarações e na descrição dos acontecimentos. Troque idéias, sempre que necessário. Não aceite como pacífica ou definitiva a primeira e única informação que receber. Discuta, pondere, duvide. Ouça sempre o maior número de pessoas e dê o desconto devido quando os dados lhe forem fornecidos por fontes ligadas a um dos lados. Se você tem de descrever algo que não viu, colha o máximo de depoimentos, reconstitua o fato com a maior precisão possível e não transmita ao leitor uma versão falha ou incompleta: sempre é tempo de incluir um elemento a mais na notícia. Se você esteve presente ao acontecimento, não hesite, da mesma forma, em fazer perguntas a pessoas que considere idôneas: elas sempre poderão enriquecer a sua matéria com detalhes que lhe podem ter passado despercebidos. 2 — A precisão exige que você entenda tudo o que vai transmitir ao leitor. Especialmente nas entrevistas, evite deixar algum ponto obscuro. Procure tornar as declarações inteligíveis e evite o procedimento cômodo de simplesmente colocar entre aspas aquilo que você não entendeu (e o leitor também não compreenderá, com toda a certeza). 3 — Para garantir a precisão dos textos, verifique sempre com atenção: o nome correto das pessoas e a forma de escrevê-los; nomes de ruas e avenidas; endereços; números; horários; datas; cálculo do número de pessoas presentes a um local; relações de nomes (se a notícia diz, por exemplo, que havia oito pessoas presentes e lhes dá os nomes, veja se a relação tem realmente oito pessoas e não sete ou nove), etc.

Precisar

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4 — Aos redatores recomenda-se todo o cuidado na refundição das matérias, com dois objetivos principais: a) eliminar algum possível erro que tenha escapado do repórter (números exagerados, relações incompletas, etc.); b) não cometer enganos na transposição das informações (atribuir declarações de umas pessoas a outras, alterar números ou nomes, mudar o local do fato, etc.). 5 — Ver também correção (no verbete ética interna), página 120, e erros, página 112. Precisar. Regência.1 — Precisar alguma coisa (indicar com precisão, particularizar): Não soube precisar o dia da partida. / Ele precisou suas necessidades. 2 — No sentido de ter necessidade, prefira a regência indireta do verbo: O país precisa de novos empregos. / Todos precisamos de estímulo no trabalho. / Precisa-se de empregados. / Este é o livro de que ele precisa. / Era tudo de que precisava. Com infinitivo, porém, dispense a preposição: Precisamos sair. / A empresa precisa contratar novos empregados. / Eles precisam ir embora ainda hoje. Precisa-se de. Na passiva pessoal, use a forma correta: Precisa-se de repórteres. Nunca, “precisam-se” de repórteres (quando uma preposição se segue ao verbo, na passiva pessoal, este permanece invariável). Preciso. Ver é preciso, página 111. Preço, preços. De preferência, use o singular: Sobe o preço dos automóveis. / O governo autoriza o aumento do preço dos eletrodomésticos. Reserve preços aos casos em que se trate de diversos artigos: A tabela da empresa inclui novos preços. / O governo libera os preços novamente. Prefeitos de São Paulo. Antônio Prado, de 7/1/1889 a 15/1/1911; Raimundo Duprat, de 16/1/1911 a 14/1/1914; Washington Luís, de 15/1/1914 a 15/8/1919; Rocha Azevedo, de 16/8/1919 a 15/1/1920; Firmiano

Prefeitos de São Paulo Pinto, de 16/1/1920 a 15/1/1926; Pires do Rio, de 16/1/1926 a 23/10/1930; Cardoso de Melo Neto, de 24/10/1930 a 5/12/1930, Anhaia Melo, de 6/12/1930 a 25/7/1931; Francisco Machado de Campos, de 26/7/1931 a 13/11/1931; Anhaia Melo, de 14/11/1931 a 4/12/1931; Henrique Jorge Guedes, de 5/12/1931 a 23/5/1932; Gofredo da Silva Teles, de 24/5/1932 a 2/10/1932; Artur Sabóia, de 3/10/1932 a 28/12/1932; Teodoro Ramos, de 29/12/1932 a 1/4/1933; Artur Sabóia, de 2/4/1933 a 22/5/1933; Osvaldo Gomes da Costa, de 23/5/1933 a 30/7/1933; Carlos dos Santos Gomes, de 31/7/1933 a 21/8/1933; Antônio Carlos Assunção, de 22/8/1933 a 6/9/1934; Fábio Prado, de 7/9/1934 a 31/1/1938; Paulo Barbosa de Campos Filho, de 1/2/1938 a 15/2/1938; Fábio Prado, de 16/2/1938 a 30/4/1938; Prestes Maia, de 1/5/1938 a 10/11/1945; Abraão Ribeiro, de 11/11/1945 a 14/3/1947; Cristiano Stockler das Neves, de 15/3/1947 a 28/8/1947; Paulo Lauro, de 29/8/1947 a 25/8/1948; Mílton Improta, de 26/8/1948 a 3/1/1949; Asdrúbal da Cunha, de 14/1/1949 a 27/2/1950; Lineu Prestes, de 28/2/1950 a 31/1/1951; Armando de Arruda Pereira, de 1/2/1951 a 7/4/1953; Jânio Quadros, de 8/4/1953 a 6/7/1954; Porfírio da Paz, de 7/7/1954 a 17/1/1955; Jânio Quadros, de 18/1/1955 a 5/2/1955; William Salem, de 6/2/1955 a 1/7/1955; Lino de Mattos, de 2/7/1955 a 10/4/1956; Wladimir de Toledo Piza, de 11/4/1956 a 7/4/1957; Ademar de Barros, de 8/4/1957 a 9/1/1958; Cantídio Sampaio, de 10/1/1958 a 6/2/1958; Ademar de Barros, de 7/2/1958 a 8/2/1961; Manuel Figueiredo Ferraz, de 9/2/1961 a 28/2/1961; Ademar de Barros, de 1/3/1961 a 7/4/1961; Prestes Maia, de 8/4/1961 a 7/4/1965; Faria Lima, de 8/4/1965 a

Prefeitura

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7/4/1969; Paulo Maluf, de 8/4/1969 a 7/4/1971; José Carlos Figueiredo Ferraz, de 8/4/1971 a 21/8/1973; Brasil Vita, de 22/8/1973 a 27/8/1973; Miguel Colasuonno, de 28/8/1973 a 16/8/1975; Olavo Setúbal, de 17/8/1975 a 15/7/1979; Reynaldo de Barros, de 16/7/1979 a 13/5/1982; Antônio Salim Curiati, de 13/5/1982 a 15/3/1983; Altino Lima, de 15/3/1983 a 10/5/1983; Mário Covas, de 10/5/1983 a 1/1/1986; Jânio Quadros, de 1/1/1986 a 1/1/1989; Luiza Erundina, 1/1/1989 a 1/1/1993; Paulo Maluf, 1/1/1993 a 1/1/1997; Celso Pitta, 1/1/1997. Prefeitura. 1 — Inicial maiúscula: a Prefeitura de São Paulo, a Prefeitura (referindo-se a São Paulo, capital). Inicial minúscula: a prefeitura do Rio, as prefeituras de Santos e São Vicente, a prefeitura (qualquer outra que não a de São Paulo). 2 — Use apenas prefeitura e não “prefeitura municipal”. Preferir. 1 — Constrói-se com a preposição a e não com a locução do que: Prefere a mãe ao pai (e não “do que” o pai). / Os alunos preferiam jogar futebol a praticar atletismo. / “Prefiro os que colocam bem as idéias aos que colocam bem os pronomes” (Sí1vio Romero). 2 — Também é errado usar preferir com em vez de: O lateral prefere jogar no Brasil “em vez de” (o certo: a) ir para a Espanha. 3 — Como preferir já tem valor absoluto, são inadmissíveis frases do tipo de: Prefiro antes morrer a renunciar. / Os times preferem mais atacantes a defensores. / Preferia cem vezes brincar a estudar. O “antes”, o “mais” e o “cem vezes” estão sobrando nas frases. 4 — Com preferível, proceda da mesma forma: Achou preferível sair a ficar. / É preferível lutar a morrer sem glória. 5 — O do que pode ser usado com melhor: É melhor um pássaro na mão do que dois voando. 6 — Conjuga-se como servir (ver, página 266): prefiro, preferes; que eu prefira; prefere tu, preferi vós; etc.

“Premier”

Prefixos. 1 — Os prefixos e demais elementos de composição usados no lugar dos substantivos por eles iniciados devem obedecer às mesmas normas de acentuação e flexão do substantivo: O governo prepara nova máxi. / Ministério anuncia mínis periódicas. / Na moda, voltam as mídis (saias). / Muda a legislação das micros (microempresas). / O Brasil fabricará novos micros (microcomputadores). 2 — Numa enumeração em que o último elemento seja constituído de prefixo mais substantivo ou adjetivo, não flexione nem acentue os prefixos: Maior apoio às micro e miniempresas. / Na moda, convivem a mini, a midi e a maxissaia. / Os tecnocratas abusam das maxi, midi e minidesvalorizações. / O ministro tratou de problemas macro e microeconômicos. 3 — Os prefixos e os demais elementos de composição que se ligam com ou sem hífen ao elemento seguinte na formação de palavras foram incluídos neste capítulo um a um, como verbetes isolados (anti, infra, super, etc.). No verbete hífen, página 139, pode ainda ser encontrada uma lista de elementos de composição que se ligam sem hífen ao termo seguinte. Prefixos mais nomes próprios. Use hífen sempre que um prefixo se ligar a nome próprio: anti-Brasil, antiMaluf, anti-EUA, anti-Rússia, antiHIV, extra-ONU, super-Marília, hiper-Hitler, sub-Napoleão, ex-Beatle, etc. Exceção: Anticristo. Pregresso. Significa anterior, passado, e não se relaciona necessariamente com criminosos: Estudou a vida pregressa do candidato, do deputado, etc. / A história pregressa da nossa gente. Premiar. Verbo regular: premio, premias; premie, premiem; etc.

Prêmio

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“Premier”. Use apenas primeiro-ministro (e não “premier” ou “premiê”). Prêmio. 1 — Com inicial maiúscula antes do nome que qualifica: Prêmio Nobel, Prêmio Eldorado de Música, Prêmio Molière, Prêmio Moinho Santista. 2 — No plural, flexione apenas a palavra prêmio: Prêmios Nobel, Prêmios Molière, Prêmios Eldorado. Prendido, preso. Use prendido com ter e haver e preso, com ser e estar: Tinha (havia) prendido, foi (estava) preso. Preposição omitida. 1 — Antes de certos adjuntos de tempo, modo e lugar, a preposição freqüentemente pode ser omitida: Zezinho, (com o) tornozelo enfaixado, é dúvida do Corinthians domingo. / Maria, (com os) olhos cheios de lágrimas, retirou-se da sala. / (Com o) Réu ausente, testemunha descreve suas atrocidades. / Chegarão (no) domingo. / Partirão (na) terça-feira. / O filho, (de) cabeça baixa, ouvia a reprimenda. 2 — A preposição pode ainda ser omitida antes do que numa série de casos. Ver que (com preposição), página 244. 3 — Com terminal e marginal, não omita a preposição: Terminal do Tietê, Marginal do Pinheiros. 4 — Apenas em casos muito especiais (títulos, selos ou olhos) a preposição poderá ser omitida, em construções como eleição-98, Copa-98, Mundial91, importação-97, diretas-89, vestibular-96, índice Fipe. No texto, use sempre eleição de 98, Copa de 98, Mundial de 91, importação de 97, diretas de 89, vestibular de 96, índice da Fipe. A forma reduzida dá ao texto um estilo telegráfico, impróprio para jornal. 5 — Há fórmulas, porém, que não se admitem em nenhuma hipótese, como passageiros Varig, pilotos F1, carros GM, etc. Preposição repetida. 1 — Falta de simultaneidade, descontinuidade ou natureza diferente. Repete-se a preposição sempre que se tem uma ação ou qualidade não simultânea, descontinuada

Preposição repetida ou de natureza diferente: Obra dedicada aos poetas e aos romancistas (eles são ou poetas ou romancistas). / Dirigiu-se aos filhos e aos netos. / Vive ao mesmo tempo num apartamento e numa casa. / As Forças Armadas devem ser eficientes na terra, no ar e no mar. / É um veículo ágil no ar e no solo. / Lutou contra o pai e contra o filho (um por vez). 2 — Simultaneidade, continuidade ou mesma natureza. Não se repete a preposição: Obra dedicada aos poetas e romancistas (poetas que são romancistas). / Lutou contra o pai e o filho (os dois juntos). / Passou a pão e água. / Perfeição de forma e fundo. / Pano de linho e algodão. / Filhos da agitação e desordem dos nossos dias. 3 — As preposições a e por devem ser repetidas quando se repete o artigo: Curvou-se aos desmandos e aos abusos da ditadura (e não: aos desmandos e os abusos). / Tornou-se famoso pelas reportagens, pelos artigos e pelas crônicas que escreveu (e não pelas reportagens, os artigos e as crônicas...). 4 — Prefira, no caso 3, não repetir nem a preposição nem o artigo (respeitadas as condições de 1 e 2): Curvouse aos desmandos e abusos da ditadura. / Tornou-se famoso pelas reportagens, artigos e crônicas que escreveu. / Falou pelos presentes e ausentes. 5 — Possessivos. Se repetir o possessivo, repita a preposição; se não, omita a preposição e o possessivo na segunda referência: Falou dos seus desejos e das suas aspirações. / Falou dos seus desejos e aspirações (preferível). 6 — Não repita a preposição com o aposto: Chegado da capital, São Paulo (e não chegado da capital, “de” São Paulo). 7 — Com expressão explicativa ou retificativa, repita a preposição: Veio da capital, ou seja, de São Paulo. / Neste ano, ou melhor, no próximo... / Saiu com o pai, digo, com o tio. / Sua

Presa

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desinibição desagradou aos parentes, especialmente ao pai (e não especialmente o pai). Presa. Presa equivale a vítima e por isso mantém-se invariável em frases como: João, presa (e não “preso”) de forte emoção, desmaiou. / O doente, presa de depressão e temores... / O marido foi presa de um acesso de ciúme. Prescrição, proscrição. 1 — Prescrição tem três sentidos mais comuns: perda da validade (prescrição da pena), ordem, preceito, norma (O ministro deu prescrições severas para a assinatura do acordo) ou indicação exata (prescrições do médico). 2 — Proscrição significa supressão, proibição, desterro: a proscrição dos testes nucleares, a proscrição do Partido Comunista, a proscrição dos líderes revolucionários. Da mesma forma, prescrever e proscrever ou prescrito e proscrito. Presença. Fica no singular em frases como: A presença de Romário e Sávio na seleção brasileira... / A presença do presidente, do governador e do prefeito (e nunca “as presenças”). Presidência. Com inicial maiúscula apenas quando se tratar do cargo máximo do País: Era candidato à Presidência da República. / Disputará a Presidência. Inicial minúscula para outros cargos: Era candidato à presidência do PFL, à presidência da comissão, à presidência do São Paulo, à presidência do Congresso. Presidente. Use presidente para homem e mulher: o presidente da República, a presidente da Câmara dos Vereadores. Presidentes da República. Deodoro da Fonseca (Governo Provisório, de 15/11/1889 a 26/2/1891, e Governo Republicano, de 26/2/1891 a 23/11/1891); Floriano Peixoto, de 23/11/1891 a 15/11/1894; Prudente de Morais, de 15/11/1894 a 15/11/1898; Campos Sales, de

Presidentes da República 15/11/1898 a 15/11/1902; Rodrigues Alves, de 15/11/1902 a 15/11/1906; Afonso Pena, de 15/11/1906 a 14/6/1909; Nilo Peçanha, de 14/6/1909 a 15/11/1910; Hermes da Fonseca, de 15/11/1910 a 15/11/1914; Venceslau Brás, de 15/11/1914 a 15/11/1918; Delfim Moreira, de 15/11/1918 a 28/7/1919; Epitácio Pessoa, de 28/7/1919 a 15/11/1922; Artur Bernardes, de 15/11/1922 a 15/11/1926; Washington Luís, de 15/11/1926 a 24/10/1930; Junta Governativa: general Mena Barreto, general Tasso Fragoso e almirante Isaías de Noronha, de 24/10/1930 a 3/11/1930; Getúlio Vargas (Governo Provisório, de 3/11/1930 a 20/7/1934, Período Constitucional, de 20/7/1934 a 10/11/1937, e Estado Novo, de 10/11/1937 a 29/10/1945); José Linhares, de 29/10/1945 a 31/1/1946; Eurico Gaspar Dutra, de 31/1/1946 a 31/1/1951; Getúlio Vargas, de 31/1/1951 a 24/8/1954; João Café Filho, de 24/8/1954 a 9/11/1955; Carlos Luz, de 9/11/1955 a 11/11/1955; Nereu Ramos, de 11/11/1955 a 31/1/1956; Juscelino Kubitschek, de 31/1/1956 a 31/1/1961; Jânio Quadros, de 31/1/1961 a 25/8/1961; Ranieri Mazzilli, de 25/8/1961 a 8/9/1961; João Goulart (parlamentarismo, de 8/9/1961 a 24/1/1963, e presidencialismo, de 24/1/1963 a 1/4/1964); Ranieri Mazzilli, de 2/4/1964 a 15/4/1964; Castelo Branco, de 15/4/1964 a 15/3/1967; Costa e Silva, de 15/3/1967 a 31/8/1969; Junta Militar: almirante Augusto Rademaker, general Lyra Tavares e brigadeiro Márcio de Souza e Mello, de 31/8/1969 a 30/10/1969; Emílio Garrastazu Médici, de 30/10/1969 a 1 5 / 3/ 1974; Er nes t o Geis el, de 15/3/1974 a 15/3/1979; João Figueiredo, de 15/3/1979 a 15/3/1985; Tancredo Neves, 15/3/1985; José Sarney, de 15/3/1985 a 15/3/1990; Fernando Collor, 15/3/1990 a 29/12/1992; Ita-

Presidir

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mar Franco, 29/12/1992 a 1/1/1995; Fernando Henrique Cardoso, 1/1/1995. Presidir. Prefira a forma direta (presidir alguma coisa): Presidir a reunião, presidir o governo, presidir o tribunal, presidir os destinos do país. Pressentir. Conjuga-se como mentir (ver, página 177). “Prestigiamento”. Em vez de usar a palavra, inexistente em português, explique o seu significado na matéria. Pretensão, pretensioso. Com s. Preterir. Conjuga-se como aderir (ver, página 32). Prevenir. Regência. 1 — Pode-se prevenir alguém ou alguma coisa: Resolveu preveni-lo. / A polícia queria prevenir desordens. / Preveniu os parentes. 2 — Pode-se também prevenir alguém de ou contra: Preveniu o povo dos riscos da decisão. / Preveniu os amigos contra o cão. 3 — Alguém pode ainda prevenir-se contra: Preveniu-se contra os falsos amigos. 4 — Outra regência é prevenir, sem complemento: Mais vale prevenir que remediar. / É hora de agir e não de prevenir. 5 — Conjuga-se como agredir (ver, página 34): previno, prevines, previne, prevenimos, prevenis, previnem; que eu previna, previnas, previna, previnamos, previnais, previnam; previne tu, previna, previnamos, preveni, previnam; etc. Prever. 1 — Quanto ao uso, ver esperar, página 115. 2 — Conjuga-se como ver (ver, página 297). Prima-dona. Com hífen. Plural: primadonas. Primeira-dama. Com hífen. Plural: primeiras-damas. Primeiro. Na locução o primeiro ... que, o verbo concorda com o primeiro: Fui o primeiro que saiu (e não que saí). / Foi o primeiro convidado que chegou. O último que e outras expressões semelhantes seguem a mesma norma.

Privilégio

Primeiro (dia). 1 — O primeiro dia de cada mês deve ser sempre escrito no ordinal: 1º de abril, 1º de maio. 2 — Pode ir com inicial maiúscula e por extenso caso se deseje dar ênfase à data comemorativa: o Primeiro de Janeiro (Dia da Confraternização Universal), o Primeiro de Maio (Dia do Trabalho). 3 — Apenas se a data for escrita de forma abreviada, empregue 1: 1/9/82. Primeiro-ministro. 1 — Quando mulher, primeira-ministra. 2 — Plural: primeiros-ministros e primeiras-ministras. 3 — Em nenhuma hipótese use as formas “1º-ministro” ou “1º ministro”. Principiar. Antes de infinitivo, exige a: Quis principiar a fazer a matéria logo. Princípio. Veja a diferença entre as locuções formadas pela palavra: 1 — A princípio significa no começo: A princípio, pensava em sair, mas arrependeu-se e decidiu ficar em casa. 2 — Em princípio equivale a em tese, de modo geral: Todos, em princípio, são iguais perante a lei. / Em princípio, todos o estimavam. 3 — Por princípio quer dizer por convicção: Por princípio, não tolero pessoas racistas. Prior. Feminino: prioresa (prefira) e priora. Priori (a). Equivale a antes da experiência, pela causa ou pela natureza da causa: Conclusão a priori (sem apoio nos fatos). / Teoria formulada a priori (antes da experiência). Não tem o sentido de antes, anteriormente, sendo, pois, incorretas construções como: Fez o pagamento “a priori”. Privada. Para evitar duplo sentido, use o adjetivo sempre junto do substantivo: a vida privada, a iniciativa privada. Nunca em frases como: A vida pública e a privada. / A iniciativa estatal e a privada. Privilégio. E não “previlégio”.

Pró

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Pró. 1 — Com o sentido de a favor de, liga-se com hífen a um substantivo: encontro pró-prorrogação, campanha pró-Machado de Assis, cruzada próinfância, concentração pró-diretas, apelo pró-invasores. 2 — Como elemento de composição, deve ser seguido de hífen: pró-americano, pró-britânico, pró-homem, pró-socialista, pró-soviético. Exceções: procônsul, procriar, protórax, propor, pronome. 3 — Quando substantivo, tem singular e plural: Pesou os prós e os contras. Problema. Liga-se com hífen a outro substantivo: preso-problema, mulheres-problema. Procedência. 1 — Os textos do serviço local não terão nenhuma indicação de procedência. Procure, porém, deixar claro que se trata de notícia oriunda de São Paulo ou de fato ocorrido na capital do Estado. 2 — As notícias e reportagens das sucursais, correspondentes e enviados especiais terão como indicação de procedência o nome da cidade de onde se originem, em maiúsculas, mas não em negrito. A norma vale tanto para os municípios do interior (nele incluídas as cidades da Grande São Paulo, à exceção da capital) como para os dos Estados. Veja os exemplos: SANTOS — O cargueiro russo Solaris chegou ontem... GUARULHOS — Um incêndio destruiu ontem à noite... BRASÍLIA — A Câmara dos Deputados aprovou, em segunda votação... 3 — Se uma sucursal ou correspondente cobrir fato ocorrido em outra cidade, a procedência do noticiário será a da cidade que originou a notícia e não a do município da sucursal ou correspondente. Por exemplo, se Campinas mandar notícia de Paulínia, use esta indicação: PAULÍNIA — A Refinaria do Planalto...

Procedência 4 — Se a procedência da matéria for a de uma cidade pouco conhecida, explique, no texto (e não na procedência), onde a cidade se localiza (norte de Goiás, sul de São Paulo, região de Bauru, etc.). 5 — O noticiário do exterior começará sempre com o nome da cidade de origem, em maiúsculas, mas não em negrito. Se a cidade não for muito conhecida, coloque, em minúsculas, o nome do país: WASHINGTON — O governo dos Estados Unidos advertiu ontem... PUERTO NOVO, Argentina — Um terremoto destruiu mais de 200 casas... 6 — Matérias procedentes de mais de uma fonte (sucursais, correspondentes e serviço local) não terão nenhum nome de cidade como indicação. Neste caso, porém, marque sempre em itálico o nome de cada uma das cidades de onde se originam as informações ou onde ocorreram os fatos relatados, na primeira menção que for feita a elas: O presidente da República disse ontem em Ribeirão Preto que... Ao desembarcar de volta em Brasília, insistiu... 7 — Nas chamadas de primeira página em que se fundir o noticiário das agências ou de enviados especiais com o dos correspondentes no exterior, a informação destes deverá trazer o seu nome e o cargo em itálico: Em Nova York, informa o correspondente João de Almeida... Também nas notícias publicadas no interior do jornal, se se fizer esse tipo de fusão, adote o mesmo procedimento. 8 — Se a fusão de notícias incluir material de colaboradores, e não de funcionários do jornal, use esta forma:

Proceder

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Em Nova York, segundo informa Cíntia de Campos, especial para o Estado, ... 9 — As chamadas de primeira página não levarão nenhuma indicação de procedência, nem mesmo nas matérias provenientes do exterior. A única exceção é para o caso dos enviados especiais, quando se adotará a norma respectiva. Proceder. Regência. 1 — Proceder a alguma coisa: O juiz procedeu ao julgamento. / Proceder ao inquérito, ao inventário, ao interrogatório, à eleição. 2 — Proceder de algum lugar ou de alguém: Ele procede de Ribeirão Preto. / Ele procede da família Maia. / A acusação procede de quem? 3 — Proceder (sem complemento): Ele sempre procede bem. / A denúncia não procede. 4 — Como proceder não admite a regência direta, inexistem formas como: O inventário “foi procedido”. / O inquérito “foi procedido”. Prodígio. Liga-se sem hífen a outro substantivo: menino prodígio, crianças prodígios. “Proferir que”. Alguém profere alguma coisa, mas não profere que. Profeta. Feminino: profetisa. Progenitor(a). Use pai ou mãe. Progenitor e progenitora, só em casos muito especiais: além de rebuscados, significam, na origem, avô e avó. Progredir. Conjuga-se como agredir (ver, página 34): progrido, progrides; que eu progrida; etc. Proibido. Ver em é preciso, página 111, a concordância de é proibido. Proibir. Regência. 1 — Proibir alguma coisa: A lei brasileira proíbe o aborto. / A empresa proibiu a entrada de pessoas estranhas. 2 — Proibir alguém de alguma coisa: O pai proibiu o filho de viajar. / Proibiu-nos de procurá-lo. 3 — Proibir alguma coisa a alguém: Os médicos lhe proibiram as

Pronome oblíquo...

visitas. / Proibiu aos amigos que o acompanhassem. Projétil. Use esta forma, com o plural projéteis. Projeto. Inicial maiúscula: Projeto Axé. Proliferar. E não “proliferar-se”. Pronome oblíquo (complemento comum). 1 — Quando um pronome oblíquo é complemento de dois ou mais verbos, ele pode vir ligado apenas ao primeiro, sem repetição posterior: Nós o desejamos e fizemos. / O país se desenvolvia e expandia territorialmente. / Eram sugestões que se confundiam e completavam. 2 — Com infinitivos, porém, repita o pronome: Para confundi-lo e preocupálo... / Queria procurá-lo e convidá-lo a participar da festa. Pronome oblíquo com verbo. 1 — Os pronomes o, a, os e as não se alteram se a forma verbal termina em vogal ou nos ditongos ei, ai, ou e iu: Disseo, amava-a, convoca-os, peço-as, educa-as, falei-o, notai-a, queimouos, pediu-as. 2 — Quando a forma verbal termina em r, s ou z, essas letras desaparecem e os pronomes o, a, os e as assumem as formas lo, la, los e las: Comêlo (comer + o), contá-la (contar + a), amá-los (amar + os), pedi-las (pedir + as), contê-los (conter + os), pusemolo (pusemos + o), dissemo-la (dissemos + a), pede-lo (pedes + o), ama-lo (amas + o), fizeste-los (fizestes + o), cortamo-las (cortamos + as), dispô-lo (dispôs + o), pu-lo (pus + o), fi-lo (fiz + o), fá-lo (faz + o). 3 — Os pronomes o, a, os e as também assumem a forma lo, la, los e las quando vêm depois de eis, nos e vos: Ei-lo, ei-las, no-lo, no-las, vo-lo, volas. 4 — Se a forma verbal termina em ão, õe, am e em, usam-se as variantes no, na, nos e nas: Dão-no (dão + o), põe-na (põe + a), calam-nos (calam + os), pedem-nas (pedem + as). São er-

Pronome oblíquo com...

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radas, pois, formas como põe-a, calam-os, pedem-a, dão-o, etc. 5 — A terminação mos das formas verbais também perde o s antes de nos e vos, o que não ocorre, entretanto, com te, lhe e lhes: damo-nos, abrimovos, propusemos-te, fizemos-lhe, dissemos-lhes. 6 — Com as outras pessoas verbais e pronomes oblíquos (que não o, a, os e as), não há alterações: fazem-nos, fazem-lhe, pusestes-vos, pusestesnos, tínheis-vos, laváreis-vos, feriraste, deram-lhes, pedistes-me, disseram-nos, pedir-lhe, entregar-lhes, faz-lhe, pus-lhe, quis-lhe, diz-lhe, dão-vos, pões-te, dás-lhe, mandasnos. 7 — Com os demais pronomes (que não o, a, os e as), eis permanece invariável: eis-nos, eis-vos, eis-te, eis-me. 8 — O pronome se pode associarse a me, te, lhe, nos, vos, lhes (mas nunca a o, a, os e as): Dê-se-lhe ajuda, faça-se-nos a vontade, a mente toldase-me, apontem-se-lhes os erros, etc. (nunca, porém, “diga-se-o”, “peça-sea”, “façam-se-as”, “indiquem-seos”). Pronome oblíquo com verbo (intercalação). 1 — Depois do futuro ou do futuro do pretérito (antigo condicional), não se pode usar o pronome oblíquo. São, pois, incorretas formas como “darei-te”, “pedirás-nos”, “contariase”, “teríamo-lo”, etc. 2 — Por esse motivo, intercala-se o pronome no verbo, com a observância das regras expressas no uso geral destas formas: trabalhar-se-á (trabalhará + se), dar-se-ia (daria + se), pedilo-ia (pediria + lo), contar-lhe-íamos (contaríamos + lhe), encontrar-nosemos (encontraremos + nos), solicitar-vos-ei (solicitarei + vos), fabricálo-emos (fabricaremos + lo), lamentar-vos-eis (lamentareis + vos), punirnos-ão (punirão + nos). 3 — Os verbos fazer, dizer e trazer reduzem-se a far, dir e trar nestes dois

Pronome possessivo (uso)

tempos: far-nos-á (fará + nos), di-loíamos (diríamos + o), trar-lhe-ei (trarei + lhe), far-nos-ão (farão + nos), dirte-emos (diremos + te); trar-nos-íeis (traríeis + nos), etc. 4 — Como, porém, essas formas soam de maneira rebuscada para o leitor, devem, por isso, ser evitadas no noticiário (conserve-as, no entanto, em artigos e comentários assinados). Pronome oblíquo com verbo (particípio). Nunca use o pronome oblíquo depois de particípio (tendo “formado-se”, havia “quebrado-se”, foi “negado-lhe”, etc). Nesse caso, o pronome só pode ligar-se ao verbo auxiliar: foi-lhe negado, tinha-se formado, havia-se quebrado, etc. Pronome oblíquo no início de frase. Nunca inicie frase com o pronome oblíquo. Essa forma só poderá ser admitida na linguagem coloquial (crônicas, principalmente) ou na transcrição de declarações populares: Me deixem dizer uma coisa / Lhe pedi socorro, mas ele não ouviu. Pronome possessivo (uso). 1 — Concordância A concordância de gênero (masculino ou feminino) e número (singular e plural) se faz com o objeto possuído; a de pessoa (meu, teu, nosso, etc.), com o possuidor: Eis os meus amigos. / Trouxeste junto tuas filhas? / O rapaz mostrava seu novo apartamento. / Já fizemos nossa opção. / Vejo que convosco vieram vossas mulheres. / Os professores zelavam pelo seu futuro. 2 — Colocação na frase Colocado normalmente antes do substantivo, o possessivo pode, no entanto, vir depois dele, principalmente quando desacompanhado de artigo definido, com substantivo já determinado por outra palavra, nas interrogações diretas e nos casos de ênfase: Não espere notícias nossas tão cedo. / Eram todos amigos seus. / Recebe-

Pronome possessivo (uso)

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mos um artigo vosso esta semana. / Essas são algumas antipatias nossas. / Será mesmo ruim ou é intolerância sua? / “Alma minha gentil que te partiste...” (Camões). Depois do substantivo, o possessivo indica também que não se trata do todo, mas de parte dele: Diretor revoga ordem sua (uma ordem qualquer). / Diretor revoga sua ordem (a ordem). / Diretor nomeia seus irmãos (todos) para o cargo. / Diretor nomeia irmãos seus para o cargo (alguns). / Governador manda prender seus parentes (todos). / Governador manda prender parentes seus (alguns). 3 — Partes do corpo, qualidades do espírito e objetos de uso pessoal Rejeitam o possessivo: Machucou a cabeça (e não a sua). / Quebrei a perna (e não a minha). / Feriram as mãos. / Perderam a consciência. / Mudamos a mentalidade. / Puseram os óculos (e não os seus). / Levou junto a bengala (e não a sua). / Coloquei a moeda na palma da mão (e não da minha). 4 — Duplo sentido (seu, sua, seus, suas) O uso do seu freqüentemente dá origem a orações de duplo sentido: O presidente garantiu aos cidadãos que o seu esforço livraria o país do caos. No caso, o possessivo seu pode tanto referir-se ao presidente como aos cidadãos. Em casos semelhantes, recorra às formas dele, deles, dela, delas, de você, do senhor e outras, para tornar a frase mais clara: O presidente garantiu aos cidadãos que o esforço deles livraria o país do caos. Outros exemplos: O pai pediu à filha os livros dela (filha). / O professor comentou com os alunos as deficiências dele (professor). / Ele disse que não sabia se este era o livro dele ou o do senhor. / A advogada encontrou o pai na sala dela. / Fui à casa dela (principalmente quando a pessoa se dirige a um interlocutor).

Pronome possessivo (uso) 5 — Seu redundante Evite o seu redundante ou desnecessário, especialmente nos títulos, em que tem aparecido com freqüência como recurso para ganhar alguns sinais: Ele estava em (sua) casa. / O governo reverá o (seu) orçamento. / Palmeiras muda o (seu) time. / A casa, com o (seu) belo piso de ladrilhos antigos, atraía muitos compradores. 6 — Pronome oblíquo pelo possessivo Quando possível, o possessivo deve ser substituído pelo pronome oblíquo, com o que a frase ganha em elegância: Beijou-lhe (as suas) as mãos. / Não lhe (os seus) conheço os critérios. / Ela me (os meus) cortou os cabelos. 7 — Nosso de modéstia ou opinião O nosso pode tanto substituir o meu como expressar a opinião de entidades ou instituições, caso em que se enquadram, por exemplo, os editoriais do jornal: Com este discurso, foi nosso (meu) objetivo... / Nossa opinião (do jornal) sobre o escândalo não sofreu nenhuma contestação. 8 — Vosso de cerimônia Aplica-se a uma pessoa ou a destinatários a que se presta reverência: Foram sábias lições as que vosso pai deixou. / “Levareis, Senhores Delegados, aos vossos Governos, à vossa Pátria, estas declarações...” 9 — Substantivação Quando substantivados, os possessivos designam, no singular, aquilo que pertence a uma pessoa e, no plural, os parentes ou companheiros de alguém: Nada tenho de meu. / Com muito esforço, conseguiu alguma coisa de seu. / Recomendações aos teus. / Ali vinham João e os seus. / Ele era um dos nossos. 10 — Formas de tratamento ou reverência As formas de tratamento ou reverência iniciadas por nosso, vosso ou sua concordam, sempre na terceira

Pronomes retos

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pessoa, com o sexo de quem recebe o tratamento: Vossa Alteza (rei) é justo. / Vossa Alteza (rainha) é justa. / Vossa Santidade (o papa) ficou satisfeito? / Vossas Senhorias não precisavam ficar preocupados. / Nossa Senhora é a mãe de Cristo. 11 — Possessivo em vez de mim, ti, nós, etc. Com certas locuções prepositivas, costuma-se usar o possessivo no lugar dos pronomes oblíquos tônicos (mim, ti, nós, vós, você e vocês): Ao meu lado (ao lado de mim). / À tua disposição (à disposição de ti). / Em vosso favor (em favor de vós). / Por sua causa (por causa de você). 12 — Artigo com possessivo. Ver artigo definido (com possessivo), página 42. Pronomes retos 1 — Uso geral a) Use os pronomes do caso reto (eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas) apenas para dar ênfase ao sujeito, para opor pessoas diferentes ou para distinguir os pronomes que tenham a mesma forma na 1ª e 3ª pessoa do singular: Eu, e mais ninguém, sou o responsável. / Ele, sim, sabe dar vida a um texto. / Estávamos ali os dois: ele, mais velho, e eu, recém-saído da adolescência. / Eu disse que ele seria contratado (o oposto: Ele disse que eu seria contratado). b) A não ser nesses casos, dispense o pronome reto, especialmente quando a desinência verbal deixar claro a qual deles o texto se refere: Pediu (ele) que (nós) saíssemos. / Fizeste (tu) o que haviam (eles) solicitado? / Chegastes (vós) a tempo para a festa. / Saí (eu) antes que chovesse. / Fizestes (vós) o que esperavam (eles)? Algumas repetições, além de desnecessárias, enfraquecem um texto: O delegado disse que, de posse dos relatórios dos superintendentes, ele decidiria como proceder (o ele repetido dá até mesmo a impressão de re-

Pronomes retos ferir-se a outra pessoa). / Ele garantiu que, só depois que todos tivessem opinado, ele diria o que pensava do caso. / Quando eu lhes recomendei silêncio, eu não esperava que eles atendessem tão rapidamente ao pedido. / Nós queríamos que todos soubessem que nós não éramos os culpados. 2 — Casos especiais a) Eu. Textos especiais (crônicas, artigos, etc.) podem adotar a primeira pessoa como forma de expressão, mas convém evitar, a todo custo, o recurso expresso ao eu, que dá uma desagradável sensação de narcisismo. Use o verbo na primeira pessoa e omita o pronome em vez de alongarse em frases como: Quando eu cheguei a São Paulo, eu trazia a simplicidade do menino que eu fora no interior e eu não pretendia perder na cidade que eu escolhera para morar. / Eu estou deixando algo que eu construí, que eu fiz crescer, que eu mantive na época mais difícil do Brasil. b) Ordem na frase. Recomenda a modéstia que o eu, num sujeito composto, venha em último lugar: Os primos e eu (em vez de eu e os primos) estamos prontos. / José, Antônio e eu começaremos o trabalho amanhã. c) Nós por eu. No chamado plural de modéstia, costuma-se usar nós em vez de eu (oradores, editorialistas, articulistas e outros). O verbo concorda com o pronome, mas o adjetivo ou particípio, como norma, fica no singular (concorda com a idéia de eu): Nós estamos atento a tudo o que se passa aqui. / Nós nos sentimos honrado com esta homenagem. / Antes sejamos breve que prolixo. d) Vós por tu ou você. Vós substitui tu ou você como tratamento de cerimônia, e a concordância se faz como no caso anterior: Pai nosso, que estais no céu... / Vós sois o nosso rei. / Vós estais enganada. / Acho que chegastes atrasado.

Pronto-socorro

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3 — Pronome reto como objeto direto a) Os pronomes pessoais do caso reto devem ser empregados como sujeitos e não como objetos diretos: Ele saiu (mas não: Eu vi “ele”). / Nós viemos (mas não: A foto mostra “ele” sendo levado...). / Ele contou a história (mas não: Esta é uma história ligando “ele” ao assassinato...). b) O pronome reto pode ser objeto direto apenas quando antecedido de todos, seguido de um número ou preposicionado: Vimos todos eles ali. / Eles convidaram nós três para a festa. / Conhecia bem todos nós. / Aguardo todos vós. / Espero eles quatro. / Escolheu a nós. / A mãe tinha apenas a ele, o filho que lhe restara. / Não entende a nós, nem nós entendemos a ele. c) Os verbos mandar, deixar, fazer, ver, ouvir, sentir, restar, bastar e faltar, quando acompanhados de infinitivo, não podem introduzir pronome reto, mas apenas oblíquo: Deixe-me dizer (e não “deixe eu” dizer). / Mande-o sair (em vez de “mande ele” sair). / Faça-o ficar (e não “faça ele” ficar). / Veja-nos representar (e não “veja nós” representar). / Ouça-os tocar (em vez de “ouça eles” tocar). / Sentimo-la desfalecer (e não “sentimos ela” desfalecer). / Resta-lhe sumir no mundo (e não “resta ele” sumir). / Basta-te conseguir (e não “basta tu” conseguires). / Falta-me completar o quadro (e não “falta eu” completar). d) A preposição com exige as formas comigo, contigo, consigo, conosco e convosco, em vez de “com mim”, “com ti”, “com nós”, etc. Usam-se com nós e com vós, no entanto, quando aos pronomes se seguem as palavras mesmos, próprios, outros e todos ou um número: A moça queria falar com nós mesmos. / Disse que se entendeu com vós próprios. / Com nós outros é que ele não conte. / Já convivemos com vós todos. / Eles vão sair com nós quatro.

Próximo

Pronto-socorro. Com hífen. Plural: prontos-socorros. Pronúncia. Ver página 329. Propositadamente. Propositado e propositadamente são preferíveis a proposital e propositalmente, tanto no sentido de adequação ou oportunidade quanto no de intenção: Observação propositada. / Derrubou o copo propositadamente. Próprio. 1 — Concordância. Ver mesmo, mesma, página 177. 2 — Superlativo: propriíssimo. Proscrição. Ver prescrição, proscrição, página 235. Prostrar(-se). Sempre com tr. Protéico. E não “proteico” (êi). Protestado. É um título ou cheque, mas nunca o devedor. Assim: Teve o título protestado. E não: Pagou a dívida e mesmo assim foi “protestado”. Proto... Hífen antes de vogal, h, r e s: proto-actínio (ou protactínio), protoevangelho, proto-história, proto-revolução, proto-satélite. Em outros casos: protofonia, protomártir, protonauta, protozoário. Prova dos noves. Desta forma, e não “prova dos nove”. Provável. Ver possível, provável, página 230. Prover. Conjugação. Pret. perf. ind.: Provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram. M.-q.-perf. ind.: Provera, proveras, provera, provêramos, provêreis, proveram. Fut. subj.: Prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem. Part.: Provido. Os outros tempos seguem ver (ver, página 297): provejo, provês, provê, provemos, provedes, provêem; provia; proverei, proverás; proveria; que eu proveja; se eu provesse; provê, proveja, provejamos, provede, provejam; etc. Provir. Conjuga-se como vir (ver, página 308). Próximo. 1 — Quando se referir a tempo, use a palavra apenas com o sentido de futuro: no próximo mês, no

Próximo (de ou a)

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próximo ano, no próximo século, nos próximos 15 dias (nunca, porém: no mês próximo futuro, no ano próximo futuro, no século próximo futuro, nos 15 dias próximos futuros). 2 — Não use próximo, porém, para designar os dias da semana em curso: O presidente visitará São Paulo quinta-feira (e não “na próxima” quinta-feira). Próximo (de ou a). A forma vai depender do sentido da frase: 1 — Adjetivo. Concorda com o substantivo ou pronome: Os primos estavam próximos. / Elas ficaram mais próximas de nós. / A casa era próxima da outra. 2 — Em locução: Ela estava próximo do pai (perto do). / Morávamos muito próximo da sua casa. / Próximo ao rio havia uma árvore muito alta. Pseudo. 1 — É prefixo, apenas, e jamais adjetivo. Assim, forma palavras como pseudo-análises, pseudocríticas, pseudo-heróis, pseudo-sensações ou pseudoprofetas (em vez de “pseudas análises”, “pseudas críticas”, “pseudos heróis”, “sensações pseudas” ou “profetas pseudos”). 2 — Como prefixo, tem hífen antes de vogal, h, r e s: pseudo-anemia, pseudo-esfera, pseudo-histórico, pseudo-revelação, pseudo-sigla. Nos demais casos: pseudodiamante, pseudofruto, pseudoprotetor. Psico... Liga-se sem hífen ao termo seguinte: psicocirurgia, psicorragia, psicossocial, psicoterapia. Quando o segundo termo começa por vogal, pode haver mudanças no interior da palavra: psicanálise (psico + análise), psicastenia (psico + astenia), psiquiatria (psico + iatria). Psique. Sem acento (pronuncia-se psíque, e não psiquê). O móvel, no entanto, é psichê. Pudico. Sem acento (pronuncia-se pudíco). Puro-sangue. Plural: puros-sangues. “Puxa-saco”. Não use.

Quando com pronome

Quai d’Orsay. Outro nome do Ministério das Relações Exteriores da França. Qual (o). Ver o qual, página 205. Qual (quais) de. Concordância. Ver algum (alguns) de, página 35. Qualquer. Plural: quaisquer. Qualquer (como nenhum). 1 — É errado o uso de qualquer em orações negativas no lugar de nenhum. Escreva, pois: O texto não apresenta nenhum erro. / O time não tem nenhuma possibilidade de vitória. / Não tive nenhuma intenção de ofendê-lo. / Tentou conseguir o cargo sem nenhum resultado. (E não: “qualquer erro”, “qualquer possibilidade”, “qualquer intenção”, “qualquer resultado”.) São válidas ainda estas formas: O texto não apresenta erro algum. / O time não tem possibilidade alguma de vitória. 2 — Se o sentido não for o de nenhum, qualquer pode ser empregado mesmo em orações negativas: Isso não é qualquer (todo, algum, um qualquer) homem que faz. / Não se deve tomar qualquer (todo, um qualquer) remédio. / Negou ter feito qualquer (alguma, uma) declaração à imprensa. Qualquer coisa de. Concordância. Ver alguma coisa de, página 35. Qualquer (quaisquer) de. Concordância. Ver algum (alguns) de, página 35. Qual seja. Ao contrario de ou seja, admite a concordância normal: Procura alguns empregados, quais sejam dois escriturários, um contador e um tesoureiro. É forma a evitar, porém. Quando com pronome. O quando atrai o pronome localizado na mesma oração: O assalto ocorreu quando Marcos se dirigia (e não “dirigia-se”) para

Quanta

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o trabalho. / Quando lhe deu (e não “deu-lhe”) a notícia, ficou emocionado. Quanta. Sem s, pois já se trata do plural de quantum: Estudou a teoria dos quanta. “Quantia de dinheiro”. Redundância: modernamente só se usa quantia para dinheiro. Por isso, não diga: Havia ali grande “quantia” de pessoas, de frutas, de objetos, mas quantidade. Quanto. 1 — Prefira não usar o antes de quanto: Viaje quanto antes. / Quanto mais cedo, melhor. / Saiba quanto o convite nos honra. / Fez quanto pôde. / Mais de 10 mil reais foi quanto ofereceu pelo barco. / Quanto custa? / Não sabia quanto todos o estimavam (e não o quanto). 2 — Quão segue a mesma norma: Veja quão desastrado ele é. Quantos de. Concordância. Ver algum (alguns) de, página 35. Quantos são. O certo: Quantos são seis vezes três? / Quantos são dois mais três? (e não quanto “é” dois mais dois). Quarto-de-milha. Invariável: égua quarto-de-milha, cavalos quarto-demilha, os quarto-de-milha. Quatorze. Prefira catorze, se tiver de usar o número por extenso. Quatro-dormitórios. Com hífen quando designa o tipo de apartamento: Comprou um quatro-dormitórios. Mas: Comprou um apartamento de quatro dormitórios. Quatro-estrelas. Ver estrelas, página 118. Que. Concordância. 1 — O antecedente imediato do que, como norma, determina a concordância: Sou eu que pago. / Fomos nós que saímos. / Fostes vós que nos inspirastes. / Eram eles que deviam morrer. 2 — Havendo dois ou mais antecedentes, o verbo vai para o plural da pessoa que tem precedência sobre as demais (a 1ª tem precedência sobre a 2ª e a 3ª, e a 2ª,

Que (com preposição)

sobre a 3ª): Não serei eu nem ele que haveremos de reformar o mundo. 3 — Se o que faz parte de um vocativo, o verbo vai para a segunda pessoa: Ó homem, que és mortal... / Maria, que desceis dos céus... 4 — O verbo fica na terceira pessoa se o sujeito é um infinitivo e não o que: Os livros que é difícil encontrar. 5 — Os pronomes nós e vós podem prevalecer sobre o antecedente imediato do que: Não somos nós os que iremos discordar disso. Quê. O quê tônico é acentuado. Veja os casos em que ele ocorre: a) Quando é substantivo, com o significado de alguma coisa, qualquer coisa: Tinha um quê de mistério. / Desconhecia o quê da questão. b) Quando é o nome da letra q: Um quê maiúsculo. c) Quando, como interjeição, designa espanto: Quê! Não é o que você pensa. d) Quando encerra a oração: Para quê? / Ele não vem por quê? / Queria não sei o quê. e) Na expressão sem quê nem pra quê: Ele, sem quê nem pra quê, se irritou com todos. Que (comparação). Ver comparações (formas), página 72. Que (com preposição). Em certos casos, a preposição que acompanha o que (pronome ou conjunção) deve estar expressa na oração e em outros pode ser omitida (elipse). Veja como proceder em cada um deles: 1 — A preposição é obrigatória quando o que tem um antecedente — como se trata de pronome relativo, lembre-se: ele pode ser substituído sempre por o qual, a qual, os quais e as quais — e a regência do verbo, da palavra ou da expressão a exige: Como escrever algo com que (com o qual) não simpatizamos (quem simpatiza simpatiza com alguma coisa)? / Foi o melhor espetáculo a que (ao qual) assistiram (assiste-se a um espetáculo). / Era uma pessoa de quem todos gostavam (quem gosta gosta de alguma coisa). / Queria tudo a que (ao

Que (com preposição)

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qual) tinha direito (ter direito a alguma coisa). / O jogador em quem (e não que) o Santos tinha interesse era X (ter interesse em) / Venceu a prova de que (da qual) participou (participa-se de). / Não sabia com que (com a qual) espécie de gente estava lidando (lida-se com). / O processo a que (ao qual) respondia prescreveu (responde-se a um processo). / O convite de que abriu mão... / A bondade de que era capaz... / O livro de que lhe falei... Atenção. São erradas frases como: Esse contrato, que ninguém revela as bases... / A empresa, que o ministro não quis revelar o nome... / O criminoso, que ninguém sabia dizer o nome... / A carta, que ele guardou a cópia... / O acusado, que você ignorava a profissão... Em todas elas falta um de: de que ninguém revela as bases, de que o ministro não quis revelar o nome, do qual ninguém sabia dizer o nome, de que ele guardou a cópia, de que você nem sabia a profissão. E todas, melhor, poderiam ser construídas com o relativo cujo: O contrato cujas bases ninguém revela... / A empresa cujo nome o ministro não quis revelar... / O criminoso cujo nome ninguém sabia dizer... / O acusado cuja profissão você ignorava... / A carta cuja cópia ele guardou... 2 — Mantenha a preposição quando o que introduz orações que completam o sentido de um substantivo, adjetivo ou advérbio (completivas nominais): Estamos certos (do quê?) de que não se haviam aborrecido. / Manifestou a certeza (do quê?) de que ninguém o contestaria. / Chegou à conclusão de que o caso estava perdido. / Não existe nenhuma possibilidade de que a lei seja reformulada. / Publicou a notícia de que o ministro... / Não há dúvida de que cabe ao Congresso... / Deu-se conta de que havia outras saídas. / Era contrário a

Que (com preposição) que todos comparecessem... / Era favorável a que o absolvessem. Grande parte das frases como as citadas constrói-se com o verbo ter + substantivo: Tenho medo de que não cheguem a tempo. / Tinha a impressão de que, tinha a certeza de que, tinha esperanças de que, tinha confiança de que, a expectativa de que, o receio de que, o temor de que, a desconfiança de que, a necessidade de que, a consciência de que, etc. 3 — A preposição pode (a forma é mais eufônica) ser omitida quando o que introduz oração que tem a função de objeto indireto: Duvido que ele faça isso (embora também seja correto escrever duvido de que ele faça isso). / O governo concordou que (preferível eufonicamente a concordou em que) aquela era a melhor proposta. / O acusado desconfiava que queriam prejudicá-lo. / Precisamos que alguém nos ajude. / Os assaltantes suspeitavam que alguém os havia denunciado. / Todos insistiram que (preferível a insistiram em que) estava na hora de mudar a política da empresa. / Militares confiavam que (preferível a confiavam em que) a anistia seria rejeitada. / Não se importava que ela fosse feia. / Suspeitase que ninguém virá à festa. Observação. Mesmo que haja inúmeros exemplos em contrário, prefira usar os verbos recordar-se, lembrar-se e esquecer-se com a preposição de: Lembrava-se vagamente de que perto da casa corria um riacho. / Recordou-se de que o haviam ofendido anos atrás. / Não se esqueça de que o torneio começa amanhã. 4 — Quando há outra preposição antes, clara ou subentendida, o em que precede o que pode ser omitido nas orações de tempo, lugar e modo. O uso do em, no entanto, torna a frase mais clara: Num país (em) que um governador derruba um ministro... / Ficou solidário com o chefe nas vezes

Que (= o qual)

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(em) que se demitiu. / A última vez (em) que usaram... / O ano (em) que a aids matou mais pacientes foi... / Na primeira vez (em) que arranjou um inquilino... / Outra vez (em) que discutíamos a respeito... / Ao mesmo tempo (em) que determinava essas restrições... / No tempo (em) que os animais falavam... Que (= o qual). Ver o qual, página 205. Quebra-cabeça. Desta forma. Quebracabeças é o plural. Que com pronome. O que atrai o pronome situado na mesma oração: Foi então que se deu (e não “que deu-se”) o inusitado. / O médico que o tratou era muito competente. / A professora queria que os alunos lhe obedecessem. Que é, que era, que foi. Suprima a expressão, sempre que possível: A polícia só admitirá manifestações (que forem) pacíficas. / Empresas obtêm lucros muito acima do (que era) previsto. / O homem (que é) esforçado vence na vida. / O ladrão (que foi) preso pela multidão conseguiu escapar. Quem (concordância). 1 — O verbo fica normalmente na terceira pessoa do singular: Fui eu quem fez o trabalho. / Quem paga somos nós. / Fostes vós quem nos iludiu. (Há gramáticos que admitem a concordância com o antecedente: Sou eu quem pago, por exemplo. No Estado, porém, adote a norma geral.) 2 — Quando quem equivale a que pessoas, existem duas possibilidades: a) Com o verbo ser, usa-se o plural: Quem serão os responsáveis pelo crime? / Não sabia dizer quem eram eles. b) Com os demais verbos, usase o singular: Diga quem apóia e quem condena a idéia. / Dos convidados, não sei quem já chegou. 3 — Quando usado com valor absoluto, fica no masculino e no singular: Quem com ferro fere com ferro será ferido. / Quem tudo quer tudo perde.

Que nem

4 — Pode concordar com uma palavra feminina, quando a referência for expressa e clara: Hoje em dia só fica bonita quem pode. / Quem for a mais esperta ganhará o prêmio. Quem (uso). 1 — Refere-se especialmente a pessoas: Este é o amigo com quem ele trabalha. / Quem fez a matéria foi um repórter especial. 2 — Pode ser usado para coisas personificadas (evite, porém, esta prática): Quem os pôs a perder foi a ganância. / Criticou o Ministério da Justiça, a quem responsabilizava pela sua situação. 3 — Como relativo (tem um antecedente ao qual se refere), é sempre precedido de preposição: Eis a pessoa com quem vamos sair. / Perdeu a filha, a quem tanto amava. / Despediu o funcionário por quem fora destratado. / Era o vizinho de quem nada ouvira dizer. 4 — Pode referirse a um plural, como equivalente a os quais, as quais, em orações deste tipo: Não se dava com os vizinhos, a quem mal conhecia de vista. / Lembrou-se então dos pais, de quem guardava suaves recordações. / São pessoas a quem todos devemos respeito. 5 — Por eufonia, em certos casos, é substituído por o qual (ver, página 205): sem o qual, mediante o qual, perante a qual, segundo o qual, etc. Quem (vírgula). Não use vírgula entre o quem e o segundo verbo que concorda com ele: Com o tratamento, quem faz dieta pode voltar a comer de tudo. / Quem avisa amigo é. / Quem viver verá. / Quem não deve não teme. (e não: Quem faz dieta, pode voltar... / Quem avisa, amigo é. / Quem viver, verá.) Quem com pronome. O quem atrai o pronome situado na mesma oração: Quem lhe fez (e não quem “fez-lhe”) a pergunta?/ Não sei o nome de quem o procura. / É o funcionário a quem se atribuiu o trabalho. Que nem. Aceitável apenas na linguagem coloquial ou em declarações. No

Querer (conjugação)

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noticiário, use como: É feio como o pai. Querer (conjugação). Pres. ind.: Quero, queres, quer, queremos, quereis, querem. Pret. perf. ind.: Quis, quiseste, quis, quisemos quisestes, quiseram. M.-q.-perf. ind.: Quisera, quiseras, quisera, quiséramos, quiséreis, quiseram. Pres. subj.: Queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram. Imp. subj.: Quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos, quisésseis, quisessem. Fut. subj.: Quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem. Part.: Querido. Querer (regência). 1 — Querer alguma coisa: Todos querem ganhar mais. / O governo quer conter a inflação. / Eles queriam o cargo. 2 — Querer a alguém: Ele queria bem aos amigos. / Este é o amigo que muito lhe quer. 3 — Querer alguém para ou por: Eles o queriam para (ou por) amigo. 4 — Querer, apenas: Para poder é preciso querer. Quer ... quer. É a forma correta: Quer queira quer não queira... / Quer sejam filhos quer apenas amigos... Nunca: quer queira “ou” não queira, quer sejam filhos “ou” apenas amigos, etc. Pode-se usar também: ou queira ou não queira. Neste caso, o primeiro ou pode ser omitido: queira ou não queira... “Que tem direito”. O certo é a que tem (tinha, teve, terá) direito: Exige tudo a que tem direito (e não “tudo que tem direito”) . / Reivindicaram as vagas a que tinham direito. / Imaginou as regalias a que terá direito. / Recebeu a herança a que teve direito. Quilo. Ver peso, página 217. Quilo... Liga-se sem hífen ao termo seguinte: quiloampère, quilograma, quilômetro, quilorragia, quilossiemens, quilowatt. O h não cai: quilohertz. 2 — O k só existe nas abreviaturas: kA (quiloampère), kg (quilogra-

Radio...

ma), kHz (quilohertz), km (quilômetro), kW (quilowatt). Quilômetro. Ver distância, página 98. Qüiproquó. Desta forma. Quis. Não existe z nas formas do verbo querer: quis, quiseram, quisesse, quiseste, etc. Quite, quites. Quite no singular e quites no plural: Estou quite. / Estamos quites. Quórum. Aportuguesado. Plural: quóruns. Quota. Prefira cota. Quotidiano. Prefira cotidiano. Quotista. Prefira cotista.

Rabugento. Com g: rabugento, rabugice. Com j: rabujar. Raças. Ver animais, página 37. Rádio. 1 — Palavra masculina quando designa o aparelho ou o meio de difusão: Meu rádio está com defeito. / A polícia foi avisada do assalto pelo rádio. / O rádio atinge milhões de pessoas no País. 2 — É feminina quando se refere à emissora: São Paulo terá duas novas rádios. / O governo cancelou a concessão da rádio. (Cuidado com o cacófato de “por rádio”. Para evitá-lo, use pelo rádio.) 3 — Com inicial maiúscula antes do nome de uma emissora: Rádio Eldorado. Radio... 1 — Prefixo que designa raio, radiação e transmissão pelo rádio. Em qualquer desses sentidos, liga-se ao termo seguinte sem hífen: radiocultural, radiodifusão, radiorreceptor, radiossonda. 2 — Mantenha o o do prefixo quando o segundo elemento começar por a, e e i: radioatividade, radioator, radioemissora, radioisótopo. 3 — Existe hífen em rádio-relógio.

Raios X

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Raios X. Prefira o plural: raios X. Rapar, raspar. Para cabelo, use apenas rapar, que significa cortar rente: Rapou a barba. / Rapou o cabelo do calouro. Raspar significa lixar, desbastar, tocar ou ferir de raspão: O marceneiro raspou a madeira. / O carro raspou o portão. / Raspou a perna no chão. Rasgar-se. Alguma coisa se rasga e não rasga, apenas: A camisa rasgou-se. / Papel de seda rasga-se facilmente. Ratificar, retificar. Ratificar significa homologar, confirmar: ratificar o acordo, ratificar a decisão. Retificar quer dizer corrigir: retificar um erro, retificar (rever) uma opinião. Reage... Existe vírgula em todos os movimentos iniciados dessa forma: Reage, São Paulo. / Reage, Cidadão. Reabrir. Alguém reabre alguma coisa ou alguma coisa reabre-se (de preferência): Presidente reabre ponte hoje. / Congresso reabre-se (e não reabre) com debate da reforma. Reagir. Regência. 1 — Alguém reage a ou contra (tr. ind.): Reagiu às insinuações maldosas. / A opinião pública reagiu contra as ameaças. 2 — Alguém reage, apenas (intr.): Depois de sofrer o segundo gol, o time reagiu e ganhou a partida. / O paciente afinal reagiu. Real. 1 — A moeda brasileira tem plural regular: 1 real, 5 reais. Réis é o plural de uma antiga moeda de Portugal e do Brasil: mil-réis. 2 — Inicial maiúscula para designar o plano e minúscula para a moeda: O Real (plano) dá sustentação ao governo. / O governo não pretende desvalorizar o real (moeda). 3 — Quanto ao uso da moeda, ver dinheiro, página 97. Reaver. Conjuga-se como haver, mas só tem as formas em que existe a letra v nesse verbo: Pres. ind.: Reavemos, reaveis (não tem as demais pessoas). Imp. ind.: Reavia, reavias, reavia, etc. Pret. perf. ind.: Reouve, reouveste,

Rebuscamento

reouve, reouvemos, reouvestes, reouveram. M.-q.-perf. ind.: Reouvera, reouveras, etc. Fut. pres.: Reaverei, reaverás, reaverá, etc. Fut. pret.: Reaveria, reaverias, etc. Pres. subj.: Não existe. Imp. subj.: Reouvesse, reouvesses, etc. Fut. subj.: Reouver, reouveres, reouver, reouvermos, reouverdes, reouverem. Imper. afirm.: Reavei vós. Part.: Reavido. As formas “reavê”, “reaveja”, etc., não existem. Podem ser substituídas por recupera, recupere ou recobra, recobre. Rebuscamento. 1 — Se a simplicidade é condição essencial do texto jornalístico, o rebuscamento, ao contrário, tira dele toda a fluência, autenticidade e identificação com o leitor. A tecnologia aparece com destaque entre as fontes desse tipo de vício estilístico. Tenha sempre presente, por isso, que você não escreve para um público específico, mas para leitores tão diversificados como uma dona de casa e um empresário, por exemplo. O que soa familiar a este parecerá certamente estranho àquela. Acompanhe, na lista abaixo, apenas alguns exemplos de palavras e expressões que cumpre evitar a todo custo. Se uma ou outra pode até ser aceita em condições especiais, na maioria, porém, elas só prejudicam o texto jornalístico. Não serve de atenuante o fato de algumas delas já estarem incluídas nos dicionários: o papel deles é esse mesmo. Ao jornalista compete saber escolher bem os termos que usa e os registrados seguramente não se encontram entre eles (até mesmo porque grande parte deles não figura em nenhum vocabulário da língua): adesivação, agenciamento, agendado, agilização, agudização, alavancagem, antenado, apoiamento, auditar, barqueata, bricolagem, canibalizar, carnavalizador, carreata, cartelização, catapultar, catastrofismo, coletivizar, coloquializar, conformemente, congressual, convenia-

“Receber das mãos”

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do, cooperativado, cosmopolitizarse, culpabilizar, deletado, desconstrucionismo, descupinização, desenquadramento, desfavelização, desmaniqueizar, desnarcotizar, desratização, desregulamentação, desrepresamento, dessacralizador, deturpante, dialogal, disponibilizar, elencado, elenco de medidas, embasamento, emblemático, emblematizar, emergencial, emocionalismo, encapsulamento de rejeitos, energizante, expertisar, expressional, extrapolar, ficcionalizar, fisicultor, flexibilização, formatação (de jogo), hominização, idealizante, instrumentalizar, listar, literatizante, medalhado, mentalização, mitologizar, mundanizar, nucleada (região), nobelizado, obstaculizar, obviar, operacionalizar, oportunizar, oscarizado, otimização, palatável, parabenizar, paradigmático, parodístico, periciado, prestigiamento, pretensiosidade (o que existe é pretensão), problematização, rebeneficiado, rentabilizar, republicanizar, ressociabilização, sucatização, tantalizador, tecnologizado, transfusionado (que recebeu transfusão), tratativa, trivializante, urgencializar, verbalização, vivenciar e zerar. 2 — Em casos excepcionais, palavras podem ser criadas, quando as necessidades do noticiário e do momento o exijam. Siga, porém, as regras do idioma, a eufonia e principalmente o bom senso. Veja, por exemplo, algumas palavras bem-formadas: ambientalista, preservacionista, conservacionista, superaquecimento, indexação, terceirização e muito poucas mais. Evite, porém, forçar a índole da língua. O melhor, por isso, é usar as opções que o português já oferece: você e o jornal não estarão correndo nenhum risco. 3 — Textos empolados ou forçados. A distância que separa a originalidade do rebuscamento ou do texto forçado é muito pequena. Veja exem-

Reclamar

plos reais de textos em que o jornalista, em busca da criatividade, resvalou para imagens empoladas e de gosto altamente duvidoso: O primeiro tentáculo do projeto multimídia Tucano Artes desembarca amanhã no Brasil, faz show segunda-feira no Canecão e mostra trabalho na quarta em São Paulo. / Hoje, a jogadora Maria faz seu melhor ponto. No jogo da paixão, ela arremessa uma aliança na mão esquerda do empresário Sérgio de Almeida. / A taxa de desemprego na Grande São Paulo indicou o acréscimo de 17 mil pessoas ao universo de desempregados da região. / Relançamento alonga maturidade do produto / Eram 500 sanduíches naturalmente escoltados por 50 caixas de cerveja... / Congonhas ‘engessa’ vôos para zerar atraso. / Mulheres que habitaram o poder a bordo do mandato dos maridos... / Ramo afinado de outra árvore genealógica de caule robusto... / O economista, pela própria formação, se compõe na sociedade como o profissional para o diagnóstico e a lidança com o cerne da condição do convívio entrelaçado entre os reinos da natureza, substâncias e condicionantes dessa social coexistência, de resultante a economia. / A palavra, na sua multipluralidade significativa, vacila em posicionar definitivamente a conceituação referente a jornalismo, pela diversidade de seus ramos. 4 — Ver também simplicidade, página 269. “Receber das mãos”. Redundância. Use receber, apenas: O ministro da Fazenda recebeu ontem do presidente (e não “das mãos” do presidente) o texto definitivo da reforma tributária. Se quiser dar ênfase ao fato, acrescente do próprio: O ministro recebeu ontem do próprio presidente... Recife. Com artigo: o Recife, no Recife. Reclamar. Regência. 1 — (tr. dir.). Exigir, pedir, invocar: Reclamar seus di-

Recomendado

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reitos, reclamar justiça, reclamar reformas, reclamar vingança, reclamar melhores salários. 2 — (tr. ind.). Protestar, opor-se a: Reclamar contra os preços altos, reclamar dos pais, reclamar dos preços. 3 — (tr. dir. e ind.). Invocar, implorar: Reclamou justiça ao presidente. / Reclamou a ajuda do irmão. 4 — (intr.). Queixar-se, protestar: Se não estiver satisfeito, reclame. / Todos reclamavam muito. Recomendado. Formas corretas: Foi recomendado pelo irmão. / Foi recomendado aos superiores. / Foi-lhe recomendado repouso. No entanto, ninguém pode ser “recomendado a fazer algo”: Os militares estão sendo “recomendados a” evitar manifestações políticas (o certo, neste caso, é aconselhados). / Foi “recomendado” a manter silêncio (aconselhado, exortado). Recorde. É invariável como adjetivo: marca recorde, preços recorde. Recorrer. Recorre-se a alguém, mas recorre-se de uma decisão: O presidente recorreu aos assessores para recorrer da decisão do Supremo (e nunca: O presidente recorreu “à” decisão do STF). Recrear, recriar. Recrear — divertir; recriar — transformar, criar novamente. Recusar. Regência. 1 — Recusar alguma coisa (tr. dir): O deputado recusou o convite. / O país recusou recorrer aos bancos. / Recusou sair, recusou entrar, recusou fazer-lhe o favor. 2 — Recusar alguma coisa a alguém (tr. dir. e ind.): Recusou o favor aos amigos. / Recusou a ajuda aos flagelados. 3 — Recusar-se a (pron.): Recusou-se a sair. / Recusou-se à imposição. Rede. Com inicial maiúscula e em corpo normal: Rede Globo, Rede Manchete. Refazer. Conjuga-se como fazer (ver, página 127). Referendo. E não “referendum”.

Regência diferente

“Referido”. Use esse deputado, essa publicação, em vez de “referido deputado”, “referida publicação”, etc. “Referir que”. Alguém refere alguma coisa, mas não refere que. Refletir-se. Alguma coisa se reflete e não reflete, apenas: A denúncia refletiu-se no Congresso. / A crise refletiuse na economia como um todo. / A Lua refletiu-se no lago. Refrão. Plural: refrãos (prefira) e refrães. Atenção: a forma “refrões” não existe. Regência. Este manual relaciona apenas a regência mais usual dos verbos, substantivos e adjetivos ou as formas que possam dar maior margem a dúvidas, definindo-se, em alguns casos, por uma delas, entre duas ou mais possíveis. Para as palavras não previstas neste volume, consulte o Dicionário de Verbos e Regimes, o Dicionário de Regimes de Substantivos e Adjetivos (ambos de Francisco Fernandes), o Dicionário Prático de Regência Verbal e o Dicionário Prático de Regência Nominal (os dois últimos de Celso Pedro Luft), além, evidentemente, dos dicionários comuns, entre os quais o Caldas Aulete e o Aurélio. Regência diferente. 1 — Só é possível dar o mesmo complemento a dois ou mais verbos se eles tiverem regência idêntica: Encontrou-se e jantou com o amigo (encontrou-se com o amigo e jantou com o amigo). / A Argentina congela e reajusta preços e salários (congela os e reajusta os). / Subiu e desceu pela escada (subiu pela e desceu pela). / Confiava e acreditava nos filhos (confiava nos e acreditava nos). 2 — Se a regência for diferente, esse tipo de oração estará errado, como nos exemplos seguintes: Li e gostei do artigo (li o artigo e gostei do artigo). / Deputado ataca e pode romper com o prefeito (ataca o e pode romper com). / Polícia identifica e pede a prisão dos assaltantes (identifica os e pede a prisão dos). / Não conheço

Região metropolitana

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nem me interesso pelo seu trabalho (não conheço o e não me interesso por). / Venha ver, ouvir e dançar com o grupo X (ver o, ouvir o e dançar com). Opções: Li o livro e não gostei dele. / Não conheço o seu trabalho nem me interesso por ele. / Venha ver e ouvir o grupo X e dançar com ele. Caso a frase soe mal, estruture-a de outra forma. 3 — Como exceções, admite-se apenas o uso de entrar e sair, a favor ou contra e antes, durante e depois, por constituírem praticamente frases feitas: Ele vive entrando e saindo do time. / Você é a favor ou contra a nova lei? / Antes, durante e depois da reunião, houve muitas discussões. Região metropolitana. Iniciais minúsculas: A região metropolitana de São Paulo. / O governo quer ampliar o número de regiões metropolitanas. Regiões do Brasil. 1 — Use inicial maiúscula no nome das regiões brasileiras: Região Sul, Região Norte, Região Leste, Região Centro-Oeste, Região Oeste, Região Sudeste, Região Nordeste (ou, de preferência, apenas Norte, Sul, Leste, Centro-Oeste, Oeste, Sudeste e Nordeste). Também: as Regiões Norte e Nordeste. 2 — Oficialmente as regiões brasileiras são cinco, com a seguinte divisão: Norte — Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins; Nordeste — Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe; Centro-Oeste — Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul; Sudeste — Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo; Sul — Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 3 — Fernando de Noronha deixou de ser território e voltou a fazer parte de Pernambuco. 4 — Ver também Estados, página 116. Regionalismos. 1 — Não encampe, no noticiário, termos que, embora comuns em alguns Estados, não sejam

Reivindicar

usados no restante do País (entre parênteses, a forma a adotar): gari (lixeiro), lanterneiro (funileiro), bombeiro (encanador), mafuá (parque de diversões), guri (menino), sinaleira (sinal), borracha (esguicho), passeio (calçada), aipim ou macaxeira (mandioca), de ponta-cabeça (de cabeça para baixo), jabá (carne-seca, carne-de-sol ou charque, conforme o caso), etc. 2 — Evite ainda regionalismos típicos de São Paulo: farol (use sinal), guia (meio-fio), etc. 3 — Lembre-se, finalmente, de que moleque, na maioria dos Estados, tem o sentido de menino marginal. Por isso, evite a palavra. “Registrar que”. Não existe essa forma: O deputado “registrou que” o Brasil deve 120 bilhões de dólares. Use: O deputado disse, ressaltou, afirmou que... “Regra geral”. Redundância. Toda regra é uma generalização. Regredir. Conjuga-se como agredir (ver, página 34). Regularizar. Regulariza-se a situação de uma pessoa e não essa pessoa. Assim: O clube já regularizou a situação de Zezinho na CBF. E não: O clube já “regularizou” Zezinho na CBF. Da mesma forma: regularizar a situação dos brasileiros nos EUA. E não: “Regularizar os brasileiros” nos EUA. Reino Unido. Compreende a Inglaterra, a Irlanda do Norte, a Escócia e o País de Gales. Reitor. Feminino: reitora. Forma de tratamento: Magnífico Reitor, Magnífica Reitora (aceitáveis apenas em transcrições). Reivindicar. É mais forte que pedir ou solicitar, equivalendo a reclamar, exigir: Os sindicatos reivindicam aumento. / O povo reivindicava seus direitos. Formas corretas: reivindicar, reivindicação (nunca “reinvidicar”, “reinvidicação”, “reinvindicar” ou “reinvindicação”).

Relações públicas

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Relações públicas. Sem hífen, designa a atividade: Ele trabalha em relações públicas. Com hífen, identifica o profissional: Ele é o relações-públicas da empresa. Relâmpago. Use como adjetivo quando vier depois de um substantivo: torneio relâmpago, comícios relâmpagos. “Relatar que”. Alguém relata alguma coisa, mas não relata que. Remediar. Conjuga-se como odiar (ver, página 203): remedeio, remedeia, remedeiam, remedeie, etc. Remédio. Remédio para — ajuda a função de um órgão: remédio para o coração, para o estômago. Remédio contra — combate uma doença: remédio contra a aids, contra a gastrite. Remissão. 1 — Quando um texto fizer referência a outro publicado na mesma página, é obrigatório remeter o leitor a ele com indicações em itálico como: ver ao lado, ver acima, ver abaixo, íntegra ao lado, etc. Exemplos: Depois do encontro que mantiveram ontem com dirigentes da CBF (ver ao lado), os representantes da Fifa... / Ao divulgar o texto do seu “manifesto à Nação” (íntegra abaixo), o deputado... 2 — Se por alguma razão notícias que tenham relação entre si forem publicadas em editorias diferentes, convém alertar o leitor para o fato por meio de chamada no pé do texto ou boxe em negrito e formato especial: Outras notícias sobre a greve na página C5. / Íntegras dos decretos na página B8. / A mensagem do governador à Assembléia está na página A12. 3 — Referências ligeiras, no entanto, podem ser feitas no próprio texto: Na entrevista, o governador mencionou também as invasões de terras no Pontal do Paranapanema (ver noticiário na página 14)... Render. Use dominar, e não “render”, que é jargão policial, em frases como:

Repercussão

Ladrões dominam (e não “rendem”) 50 pessoas e roubam banco. / Os moradores foram dominados (e não “rendidos”) pelos assaltantes. Renomado. Prefira famoso ou célebre, palavras mais jornalísticas. Renovar. Exige complemento: O jogador renovou o contrato com o clube. E não apenas: O jogador renovou com o clube. Renunciar. 1 — Prefira a regência indireta: O ministro renunciou ao cargo. / O ermitão renunciara aos prazeres da vida. / Renunciou à vida, renunciou à fama, renunciou a um direito. 2 — Pode também dispensar complemento: Jânio Quadros renunciou em 1961.. Repelir. Conjugação. Pres. ind.: Repilo, repeles, repele, repelimos, repelis, repelem. Pres. subj.: Repila, repilas, repila, repilamos, repilais, repilam. Imper. afirm.: Repele, repila, repilamos, repeli, repilam. Os demais tempos são regulares. Repercussão. 1 — A maior ou menor importância de um fato determina a sua repercussão e, ao mesmo tempo, o número de linhas e retrancas que o jornal deverá dedicar ao seu desdobramento. Qualquer acontecimento tem sempre dois tipos de repercussão, a natural e a provocada. 2 — A repercussão natural é a óbvia. Numa acusação, por exemplo, ouvir a outra parte. Numa demissão injusta ou inesperada, procurar a vítima. No despejo dos moradores de um prédio, falar com eles. 3 — A repercussão provocada é a que deve ser planejada pelos pauteiros e vai além do óbvio. Numa acusação, por exemplo, além da parte atingida, poderão ser ouvidos outros setores. Idem numa demissão injusta ou inesperada. No despejo dos moradores de um prédio, entrevistar os vizinhos ou autoridades. 4 — Qualquer tipo de fato se presta a repercussão. Por isso, procure se-

Repercutir

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lecionar bem aqueles que realmente a mereçam, por afetar a vida do País, do Estado, do município ou de uma comunidade, e fuja ao que se pode considerar a “síndrome da repercussão”. Afinal, nem todo assunto a justifica. 5 — Numa repercussão, leve em conta, entre outros, os seguintes fatores: a) as pessoas ouvidas devem ter relação com o fato ou autoridade para opinar a respeito; b) numa repercussão é natural que o leitor compare o que os vários entrevistados dizem — por isso, para que não haja favorecimentos ou injustiças com eles, convém que você faça perguntas semelhantes a todos; c) se o assunto justificar ampla repercussão, ela deverá ser a mais variada possível, ouvindose todos os setores nele envolvidos (trabalhadores, empresários e governo, por exemplo, num fato econômico); d) lembre-se de que a população é diretamente afetada pela maioria dos acontecimentos, sejam eles o lançamento de um grande plano econômico ou uma simples mudança de trânsito — por isso ela nunca deve ser esquecida nas repercussões; e) procure informar-se sobre o fato cuja repercussão você vai cobrir, para não correr o risco de saber menos que o entrevistado sobre o assunto; f) prepare habitualmente uma relação extensa de pessoas a ouvir, pois raramente você conseguirá falar com todos aqueles cuja opinião pretendia colher e é sempre recomendável ter nomes de reserva; g) a diversidade permitirá ainda que você reúna um número razoável de declarações para escolher entre elas apenas o essencial ou as melhores; h) finalmente, tente ser original nas perguntas e não limitar-se somente ao óbvio. Repercutir. Alguma coisa repercute, mas não se pode repercutir alguma coisa. Assim: As declarações do presidente repercutiram intensamente.

Repetições

Não escreva, porém: O repórter “repercutiu”, no Congresso, as declarações do presidente. A opção: O repórter fez a repercussão, no Congresso, das declarações do presidente. Repetições. Não transforme em preocupação obsessiva o receio de repetir palavras na mesma frase ou muito próximas entre si. Se você já usou hospital e estabelecimento, por exemplo, recorra novamente a um deles, caso o texto exija, e nunca a “nosocômio”. Atente, no entanto, para uma série de verbos ou partículas cujo emprego abusivo chega, por vezes, a comprometer a matéria: 1 — Que. Talvez o caso mais comum, pelo fato de o que exercer diversas funções na frase. Nem por isso, porém, se justificam períodos como: Smith é o líder da organização PTL, que tem 500 mil seguidores que, religiosamente, contribuem com 15 dólares todos os meses, o que dá uma renda mensal de 7,5 milhões de dólares; ele teve de admitir nos últimos dias que realmente teve um envolvimento sexual em 1980 com uma secretária de sua igreja e que foi extorquido em 11 mil dólares para que o escândalo não fosse revelado. / Não existe um só acontecimento histórico que se possa supor que seja conhecido de todos. / A refém disse que foi puxada do carro e que conseguiu arrancar a filha. / O proprietário da casa alegou que não violou a lei e que só quis construir um jardim. / A represália que todos temem que o país possa sofrer por parte dos credores... 2 — Ser. Outro campeão de repetições, especialmente nas flexões é, são, era, eram, foi, foram, será, serão, seria e seriam: Para a torcida que foi ao Morumbi domingo, o resultado foi considerado bom, uma vez que, numa situação normal, o empate poderia ter sido ruim, mas seria impossível exigir mais do time naquelas condições. / Eles serão os primeiros a

Repetir

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ser avisados. / Fulana, que é irmã de Y, é uma boa atriz e é muito eficiente no espetáculo que está sendo apresentado no Teatro Paiol. 3 — Ter e estar. Mais dois verbos usados com pouca moderação: Ele teve de admitir nos últimos dias que realmente teve ... / O mandato do presidente já está definido e é uma questão que deveria estar encerrada. 4 — Já. Os dois países já destacaram funcionários para cuidar da agenda do encontro, já que um dos temas já definidos é... 5 — Vai, vão. A carne bovina vai fazer parte da tabela que a Sunab vai divulgar até o fim da semana, mas não vai subir mais de 10%, segundo... 6 — Para. No caminho para o elevador, pararam para ver... / Para disfarçar, às vezes usam crianças para ganhar confiança... / O compositor recebeu R$ 3 milhões para ceder sua música para o comercial e mais R$ 300 mil para aparecer na TV. 7 — Um, uma, seu, sua e cujo. São outros termos que se repetem com freqüência muito superior ao admissível. Repetir. Conjuga-se como aderir (ver, página 32). Repetir de novo ou outra vez. Redundância. Repetir já significa fazer de novo ou outra vez. Assim, repete-se, apenas, uma frase, um erro, uma construção. Pode-se, no entanto, repetir de novo ou outra vez um fato se ele já foi (1) praticado e (2) repetido. “Repetir o mesmo”. Mais uma redundância (não se repete outro). Escreva apenas: O técnico repetirá o time (e não “o mesmo time”) de domingo. Reportagem. A reportagem pode ser considerada a própria essência de um jornal e difere da notícia pelo conteúdo, extensão e profundidade. A notícia, de modo geral, descreve o fato e, no máximo, seus efeitos e conseqüências. A reportagem busca mais: partindo da própria notícia, desenvolve

Reportagem uma seqüência investigativa que não cabe na notícia. Assim, apura não somente as origens do fato, mas suas razões e efeitos. Abre o debate sobre o acontecimento, desdobra-o em seus aspectos mais importantes e divide-o, quando se justifica, em retrancas diferentes que poderão ser agrupadas em uma ou mais páginas. A notícia não esgota o fato; a reportagem pretende fazê-lo. Na maior parte dos casos, a reportagem decorre de uma pauta que a chefia encaminha ao repórter, mas é comum o próprio repórter escolher um assunto e sugeri-lo aos superiores. Há algumas instruções fundamentais que todos os repórteres podem seguir para que suas reportagens atendam às expectativas do leitor: 1 — Escolha uma abertura atraente, que prenda o leitor. 2 — Mesmo que a reportagem seja sobre assunto já conhecido, procure iniciar o texto com algum fato novo ou que tenha passado despercebido. 3 — Se sua reportagem tiver começo, meio e fim, será muito maior a possibilidade de que o leitor consiga acompanhá-la sem esforço e sem largá-la no meio. 4 — Ordene os fatos. Eles são muitos numa reportagem e, por isso, deverão ser agrupados em blocos que guardem relação entre si. 5 — Não confie na memória: anote tudo que vir ou ouvir. Na hora de escrever o texto final, será sempre preferível ter material em excesso a faltarem informações para completar a reportagem. 6 — Seja rigoroso na apuração dos fatos e na seleção dos dados. Confira e verifique todos os detalhes. Em caso de dúvida, faça consultas posteriores com especialistas, vá ao Arquivo. Tudo se justifica para que a reportagem não contenha nenhum erro ou informação incompleta.

Represa

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7 — Informações de ambiente, quando relacionadas com os fatos descritos na reportagem, contribuem para enriquecê-la e torná-la mais viva e completa. 8 — Sempre que possível, procure saber o máximo sobre o assunto que vai transformar em reportagem. Você se sentirá muito mais seguro dessa forma. 9 — Trace um roteiro para as grandes reportagens; caso contrário, você poderá perder-se na coleta dos dados. 10 — Faça o mesmo para redigir a reportagem: se ela for de pequena extensão, poderá ser ordenada mentalmente, o que se consegue com a experiência. Reportagens muito longas, porém, de uma página ou mais, devem ser antecipadamente divididas em retrancas estanques, para que o trabalho se torne mais fácil. 11 — Considere a pauta da reportagem apenas um roteiro ou indicação (a menos que você tenha instruções terminantes para não se desviar do assunto); sua sensibilidade dirá quando você pode dirigir a reportagem para caminhos jornalisticamente mais compensadores. 12 — Colha todas as versões que puder para o mesmo fato, confronteas e, a partir daí, selecione as mais verossímeis. Se for absolutamente impossível optar por algumas delas, registre-as e mostre ao leitor os contrastes. 13 — Confie especialmente no que viu. Informações obtidas de outras pessoas devem ser incluídas com cautela e critério no texto, mencionandose sempre a fonte. Caso esta não possa aparecer, tente conferir a informação com outra fonte. Lembre-se: a distância entre o furo e a barriga é muito pequena. 14 — Selecione, se possível, mais de um especialista ou entrevistado que você conte incluir na reportagem;

Resistir

nem sempre você vai conseguir falar com aquele que quer. 15 — Finalmente, pense sempre que os assuntos são cíclicos no noticiário. Por isso, uma consulta ao Arquivo, antes de você começar a preparar a reportagem, o ajudará a buscar ângulos novos e a não repetir aquilo que o jornal já explorou exaustivamente. Represa. Inicial maiúscula: Represa Billings. Reproduzir-se. Alguém ou alguma coisa se reproduz e não reproduz apenas: O clã reproduziu-se rapidamente. / Boas idéias nem sempre se reproduzem como deveriam. Réptil. Use esta forma. Plural: répteis. República. Inicial maiúscula quando a palavra representa o Brasil ou a data histórica: o presidente da República, a Proclamação da República. República Checa. E não “Tcheca”. Requerer. Conjugação. Pres. ind.: Requeiro, requeres, requer. Pret. perf. ind.: Requeri, requereu, requereram. M.-q.-perf. ind.: Requerera. Fut. ind.: Requererei, requererá. Fut. pret.: Requereria. Pres. subj.: Requeira, requeiramos. Imp. subj.: Requeresse. Fut. subj.: Requerer, requereres. Part.: Requerido. Como se vê, NÃO segue a conjugação de querer. “Requintes de crueldade”. Lugarcomum. Não use. Residir em. Use a forma residir em e não residir a: Reside na Rua da Consolação. / Residia numa casa luxuosa. Sempre que possível, porém, prefira morar em. Resistir. 1 — Quem resiste resiste a: Resistiu às intempéries. / Resistiu às pressões. 2 — Por isso, existe a forma resistir-lhe: Não conseguiu resistirlhe. Nunca, porém, “resisti-lo” ou “resisti-la” (como, por exemplo, na frase: A pressão é enorme e, para “resistila”...).

Responder

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Responder. 1 — No sentido de dar resposta a alguém ou a alguma coisa, use a regência indireta: Responder à carta, responder ao ofício, responder ao documento, responder às calúnias, responder ao desafio, responder ao esforço, responder aos tiros, responder pelos atos, respondeu-lhe sem demora. 2 — Como transitivo direto significa dizer em resposta: Respondeu o que queria. / Respondeu que não aceitava a proposta. 3 — Pode ainda ser transitivo direto e indireto: Respondeu-lhe que pretendia mudar de emprego. 4 — Como dar resposta a, pode ainda ser intransitivo (sem complemento): Todos os chamaram, mas ninguém respondeu. 5 — Apesar de transitivo indireto, admite a voz passiva com o mesmo significado de dar resposta a: A carta foi respondida pelo secretário. Ressarcir. Só tem as formas em que ao c se segue i: ressarciu, ressarcimos, ressarcissem. Por isso não existe “ressarce”, que pode ser substituído por indeniza, compensa ou mesmo paga. Ressentir. Conjuga-se como mentir (ver, página 177). Restabelecer. E não “reestabelecer”. Restar. Concordância normal: Sabia que lhe restavam apenas dois meses de vida. / Não restaram dúvidas aos políticos. Resto. Por causa do sentido pejorativo, evite frases como “o resto” da população, “o resto” da cidade, “o resto” dos soldados, “o resto” dos habitantes. Use os demais habitantes, na outra parte da cidade, os soldados sobreviventes e formas semelhantes. Restringido, restrito. Restringido pode ser usado tanto com ser e estar quanto com ter e haver: O uso de carros oficiais foi restringido. / O governo tinha restringido o uso de carros oficiais. Com ser e estar, admite-se tam-

Retornar (ligação)

bém o emprego de restrito: O uso de carros oficiais estava restrito. Resultar. 1 — Resultar não pode vir acompanhado de adjetivo ou particípio em frases como: Tanto esforço resultou inútil. / A festa resultou brilhante. / O filme resultou aborrecido. No lugar, podem-se usar: foi, tornou-se, veio a ser, fez-se, saiu-se. 2 — Jornalisticamente o verbo tem três usos mais comuns: a) Provir: Do primeiro casamento, resultaram-lhe dois filhos. b) Tornar-se, redundar: As negociações resultaram em fracasso. c) Ser conseqüência ou efeito: A decisão resultou do consenso. Reter. Atenção para algumas formas: retinha (e não “retia”); reteve, retiveram (e não “reteu”, “reteram”); retivera (e não “retera”); se ele retivesse (e não se ele “retesse”); se ele retiver (e não se ele “reter”). Reticências. Indicam uma hesitação na frase ou a falta de conclusão de uma idéia. Têm valor essencialmente literário e devem ser evitadas nas notícias, para não lhes dar o caráter de indefinição. Jornalisticamente, as reticências são admitidas nestes dois casos: 1 — Nas legendas em seqüência: O touro enfurecido investe contra os populares ... / ... e é contido por um toureiro improvisado. 2 — Entre parênteses, para indicar que uma citação foi interrompida e retomada mais adiante: Diz o estudo: “A população brasileira é comedida e repele os extremos. Teme os partidos de direita ou de esquerda. (...) Está sujeita, porém, à sedução dos líderes carismáticos que, ao longo dos anos, tem elegido com certa constância.” Retificar. Ver ratificar, retificar, página 248. Retornar (ligação). Essa regência não existe. Por isso, escreva que alguém respondeu ou não à ligação e não que “retornou a ligação”.

Retorquir

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Retorquir. Conjugação. Só tem as formas em que ao qu se segue e ou i: retorquem, retorquiram, etc. Retrair. Conjuga-se como cair (ver, página 55). Réveillon. Inicial minúscula e acento: Ia participar da festa do réveillon. Rever. Conjuga-se como ver (ver, página 297). Revertido. Escreva apenas que a renda de alguma promoção reverterá em benefício de uma instituição, e não que “será revertida”: o verbo é indireto e não pode ter voz passiva. Revés. Com s. Plural: reveses. Revezamento, revezar. Com z. Ribeirão. Inicial maiúscula: Ribeirão das Lajes. Rindo à toa. Lugar-comum. Evite. Ringue, rinque. Ringue — tablado onde os pugilistas lutam; rinque — pista de patinação. Rio. 1 — Prefira Rio, apenas (e não Rio de Janeiro), para designar tanto a cidade como o Estado: o Rio, o Estado do Rio. 2 — Use inicial maiúscula no acidente geográfico: Rio Tietê. Rir. Conjugação. Pres. ind.: Rio, ris, ri, rimos, rides, riem. Imp. ind.: Ria, rias, ria, ríamos, ríeis, riam. Pret. perf. ind.: Ri, riste, riu, rimos, ristes, riram. Pres. subj.: Ria, rias, ria, riamos, riais, riam. Imper. afirm.: Ri, ria, riamos, ride, riam; etc. Ritmo da frase. 1 — Toda oração, a não ser em casos especiais, tem um núcleo básico, constituído de sujeito, predicado e complementos. Para que o leitor não tenha sua atenção interrompida por frases e adjuntos intercalados, procure seguir essa ordem natural. O texto terá maior fluência e será mais linear, dispensando o leitor de esforços adicionais para apreender rapidamente o sentido da frase. Em outros casos, elementos da oração podem ser deslocados para dar-lhe maior clareza ou para eliminar ambi-

Ritmo da frase güidades. E, ainda, para garantir melhor ritmo à frase. Sinta, nesta extensa relação de exemplos, todos reais, como as formas entre parênteses são muito mais diretas, explícitas e objetivas que as originais: A pior chuva da década paralisa há cinco dias Curitiba (paralisa Curitiba há cinco dias). / Ministro promete tratar com rigor funcionalismo (tratar funcionalismo com rigor). / Café eleva a US$ 2 bilhões saldo comercial (eleva saldo comercial a US$ 2 bilhões). / Ministro considera discussão sobre mandato irrelevante (irrelevante discussão sobre mandato). / Vigias matam no ABC seis menores a tiros e facadas (matam seis menores a tiros e facadas no ABC). / Os brasileiros assistirão aos Jogos Pan-Americanos pela televisão, que serão abertos... (assistirão pela televisão aos Jogos Pan-Americanos, que serão abertos...) / Mulher é quase linchada por matar o filho (quase é linchada...). / Ele sabe preparar como ninguém peixes (sabe preparar peixes como ninguém). / Altos salários pagarão em 97 mais impostos (pagarão mais impostos em 97). / Brasil tenta mostrar que é o melhor do mundo contra Rússia (Brasil tenta mostrar contra Rússia que é o melhor do mundo). / Aluguel caro põe em fuga inquilinos (põe inquilinos em fuga). / Já está pronto o novo livro sobre o Brasil de Thomas Skidmore (o novo livro de Thomas Skidmore sobre o Brasil). / Não será surpresa se o ano começar com uma visita ao Brasil do papa (visita do papa ao Brasil). / A lesão do cavalo pode condená-lo a parar de correr irremediavelmente (pode condená-lo irremediavelmente a parar de correr). / Refrigerantes estão mais caros 40% (40% mais caros). / A campanha de combate aos ratos da Prefeitura recebeu... (A campanha da Prefeitura de combate aos ratos recebeu...).

RJ

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2 — Quando uma oração se desdobrar em outra, coloque a circunstância de lugar no fim da primeira, para poder encadear as proposições: Esteve em 1977 no Brasil, onde deu uma série de conferências (e não esteve no Brasil em 1977, onde deu...). 3 — A colocação do adjetivo ao lado do substantivo pode também tornar as frases mais fluentes: fita americana de ação (e não fita de ação americana), seleção feminina de voleibol do Brasil (e não seleção de voleibol feminina do Brasil), etc. 4 — Ver também colocação das palavras na oração, página 64, colocação dos termos na oração, página 65, e colocação pronominal, página 67. RJ. Use a sigla apenas em títulos, quando necessário, para substituir o Estado do Rio. Para a cidade, use Rio, que tem o mesmo número de sinais e evita confusões. Rockefeller. Desta forma. Rodovias. Adapte o nome à grafia atual: Rodovia Castelo (e não “Castello”) Branco, Rodovia Osvaldo (e não “Oswaldo”) Cruz. Roer. Conjuga-se como moer (ver, página 180). Romano... Liga-se com hífen ao elemento seguinte na formação de adjetivos pátrios: romano-árabe, romano-germânico. Nos demais casos: romanófilo, romanologia. Romeno. 1 — É o natural da Romênia (não existem as formas “rumano” e “Rumânia”). 2 — Exige hífen na formação de adjetivos pátrios: romenobúlgaro, romeno-russo. Romper-se. Alguma coisa rompe-se e não rompe, apenas: A tubulacão rompeu-se com as chuvas. / A terra rompeu-se com o abalo. Rosh Hashaná. É o ano-novo judaico. Rota de colisão. Lugar-comum. Não use. Roubo. Ver furto, roubo, página 132.

Saber

“Round”. Prefira assalto. Rua. Inicial maiúscula: Rua Augusta. Rubrica. Sem acento (pronuncia-se rubríca). Rufião. Flexões: rufiona, rufiões (prefira) e rufiães. Ruir. Conjugação. Não tem as formas em que ao u se seguiria a ou o, mas apenas aquelas com e ou i: rui, ruem, ruiu, etc. Rupia. Sem acento (moeda). Rush. Plural: rushes. Russo... Liga-se com hífen ao elemento seguinte na formação de adjetivos pátrios: russo-americano, russo-branco. Nos demais casos: russofilia, russofobia, russofônico.

S. É a abreviatura tanto de São (S. Paulo) como de Santo (S. Antônio) e Santa (S. Catarina). S.A. Abreviatura correta de Sociedade Anônima (e não “S/A”, a menos que uma empresa adote esta forma). O plural é S.As.: lei das S.As. Saara. Sem h nem acento. Adjetivo: saariano. Sabá. Desta forma, para designar o descanso dos judeus ou assembléia de bruxas (e não “shabbath” ou “sabbat”). Saber. Conjugação. Pres. ind.: Sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem. Pret. perf. ind.: Soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, souberam. M.-q.-perf. ind.: Soubera, souberas, soubera, soubéramos, soubéreis, souberam. Pres. subj.: Saiba, saibas, saiba, saibamos, saibais, saibam. Imp. sub.: Soubesse, soubesses, soubesse, soubéssemos, soubésseis, soubessem. Fut. subj.: Souber, souberes,

Sabichão

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souber, soubermos, souberdes, souberem. Os demais tempos são regulares. Sabichão. Flexões: sabichona e sabichões. “Sacana”. Vulgaridade. Não use, assim como “sacanagem”, “sacanear”, etc. Sacar. Alguém saca dinheiro ou saca uma arma. Mas não escreva que o técnico “sacou o jogador do time” nem que o jogador “foi sacado do time”. Use, neste caso, tirar ou substituir. Sacerdote. Feminino: sacerdotisa. Sacristão. Flexões: sacristã, sacristães (prefira) e sacristãos. Sacudir. Conjuga-se como acudir (ver, página 31). Safado. Evite. Aceitável apenas em declarações, e entre aspas. “Safra agrícola”. Redundância. Use safra de grãos, de leguminosas, etc. Ou, no sentido figurado, safra de romances, de best sellers. Saint. Os nomes com Saint em francês têm hífen: Saint-Laurent, Paris SaintGermain. Sair. 1 — Conjuga-se como cair (ver, página 55). 2 — Cuidado com o duplo sentido nos títulos quando se emprega o verbo como sinônimo de ser divulgado. Assim, use a palavra nome em frases como: Nomes de ministros saem domingo (em vez de Ministros saem domingo, construção que pode dar a idéia de que eles se afastam do cargo). Sair-se melhor ou pior. Sair, nesses casos, é sempre pronominal e melhor permanece invariável: Os que se saíram melhor (e não “melhores”) foram... / Os jogadores saíram-se pior (e não “piores”) do que o previsto. Salários. Faça a distinção: salário — o que recebe o funcionário de uma empresa privada ou o funcionário público contratado com base na CLT; vencimentos — nome dado aos proventos dos funcionários públicos municipais, estaduais e federais, inclusive dos militares e dos juízes; subsídios

Sanear (finanças)

— ganhos dos vereadores, deputados estaduais e federais e senadores; soldo — parte fixa dos vencimentos dos militares. Saldar, saudar. Saldar significa pagar, amortizar: Saldou a dívida. Saudar equivale a cumprimentar: Saudou as pessoas presentes. Saldo. Não use saldo para acidentes, incêndios, tumultos, etc., em frases como: O “saldo” do acidente foram X mortes.Uma opção: O acidente deixou 3 mortos e 12 feridos. Salto. E não “Salto de Itu”. Salvado, salvo. Use salvado com ter e haver e salvo, com ser e estar: Tinha (havia) salvado, foi (estava) salvo. Salvo. Concordância. Ver exceto, página 122. Salvo o caso. E não “salvo no caso”: Salvo (excetuado, salvado, afora) o caso dos menores, a polícia prometeu reprimir com rigor a agitação. Samba-enredo. Plural: sambas-enredo. Sambódromo. Inicial minúscula: O desfile será amanhã no sambódromo. San. Não traduza a palavra nos nomes geográficos. Assim, San Diego, San José, San Marino, San Salvador. Única exceção: São Francisco (EUA). Sanção, sancionar. Cuidado com o sentido da frase, pois sanção apresenta, ao mesmo tempo, significados opostos, facilmente confundíveis: 1 — Equivale a aprovação ou promulgação (O projeto obteve a sanção do presidente) e genericamente a confirmação, ratificação (A palavra ainda não tem a sanção do uso). 2 — Corresponde, inversamente, a punição, pena: sanções contra os grevistas, sanções da ONU contra os dois países. 3 — Sancionar, porém, deve ser usado apenas no sentido positivo: sancionar uma lei, sancionar a decisão da assembléia, etc. Sandeu. Feminino: sandia. Sanear (finanças). Para finanças, administração, governo ou corrupção, use

Santo, São

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sanear, e não “sanar”: Sanear as finanças do País, sanear a administração estadual, sanear a corrupção no governo, sanear o governo federal. Santo, São. 1 — Usa-se Santo quando o nome começa por vogal ou h: Santo Antônio, Santo Estêvão, Santo Henrique. Exceções: Santo Tomás de Aquino, Santo Jeremias, Santo Tirso, Santo Cristo, Santo Jó. O papa também é o Santo Padre (evite esta forma, porém). 2 — São vale para todos os nomes iniciados por consoante: São Bento, São Carlos, São José. 3 — Para o feminino, só há uma forma, Santa: Santa Inês, Santa Helena. 4 — Abreviatura oficial: S. (tanto para São como para Santo e Santa). Não use “Sto.” e “Sta.”, portanto. São-paulino. E não “sampaulino” nem “sãopaulino”. Plural: são-paulinos. São Paulo (locais). Não se deixe levar pelas placas: adapte o nome dos locais de São Paulo às normas do Formulário Ortográfico. E veja quando eles devem ou não ter preposição: Artur Alvim (sem h), Bexiga (e não Bixiga), Butantã, Campos Elísios, Ermelino Matarazzo, Guaianases, Mooca (sem acento), Santa Ifigênia, Marginal do Pinheiros, Marginal do Tietê (não use as formas Marginal do Rio Pinheiros e Marginal do Rio Tietê ou Marginal Pinheiros e Marginal Tietê), Parque do Ibirapuera, Largo Paiçandu, Pátio do Colégio, Brigadeiro Luís Antônio, Eça de Queirós, Enéias (e não Enéas) Carvalho de Aguiar, Domingos de Morais, Gasômetro, Juscelino Kubitschek, Luís Gama, Pais de Barros, Pais Leme, Paraguaçu, Turiaçu, Venceslau Brás, Washington Luís, etc. São Vicente de Paulo. De Paulo e não de Paula. Não confundir com São Francisco, este sim de Paula. Satisfazer. 1 — Admite tanto a regência direta como a indireta. Por questão de uniformidade, prefira a direta no sentido de atender, contentar, realizar,

Se (concordância)

cumprir, preencher, observar, etc.: A produção satisfaz a procura. / Satisfazer suas necessidades. / Satisfazer o espírito. / Satisfez o pedido do pai. / Satisfez o pai, a mãe, o chefe. / Satisfazia as condições exigidas. 2 — Como sinônimo de convir, ser conveniente ou agradar, prefira, no entanto, usar satisfazer com objeto indireto: A oferta não lhe satisfez. / A proposta lhe satisfez. 3 — Pode ainda ser intransitivo (sem complemento): A resposta não satisfez. / Apesar de tudo, o trabalho satisfez. 4 — Admite a forma pronominal: Comeu até satisfazer-se. / Satisfazia-se com pouco. 5 — Conjuga-se como fazer (ver, página 127): satisfaço, satisfazes; satisfazia; satisfiz; satisfizera; satisfarei; satisfaria; que eu satisfaça; se eu satisfizesse; se eu satisfizer; etc. Se (concordância). 1 — O verbo concorda com o sujeito: Faz-se análise, fazem-se análises. / Vendem-se casas. / Alugam-se apartamentos. / As leis que se faziam necessárias... / Eram fotos em que se viam meninas... / Considerem-se os artigos tais e tais... / Que se busquem novos acordos... / Logo se verão os craques locais na TV. / Suponham-se dois funcionários igualmente talentosos... / A pesquisa mostra em que continente se marcam mais gols. / Na roda se comentavam os erros e acertos do governo. 2 — Na locução verbal, o auxiliar é que se flexiona: Devem-se converter os reais em dólar. / Podem-se instituir novas leis... / As objeções que se costumam fazer... (Para alguns gramáticos, pode-se ou não flexionar o auxiliar nestes casos: costuma-se fazer muitas críticas ou costumam-se fazer muitas críticas. Mesmo eles, no entanto, admitem que, com os auxiliares dever e poder, a prática mais generalizada é levar o verbo para o plural: devem-se converter, podem-se

Se (uso errado)

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instituir. Por isso, no Estado, prefira o plural.) 3 — Há casos em que a locução verbal fica invariável (o sujeito é o infinitivo). Regra prática: se o infinitivo não puder ser substituído por ser mais particípio, o auxiliar fica no singular. Exemplos: Pretende-se refazer as normas de estilo (não se pode dizer “pretendem ser refeitas”, ao contrário de devem-se refazer as normas, equivalente a devem ser refeitas as normas). Outros exemplos: Não se conseguiu obter informações. / Tenta-se contratar novos funcionários. / Quer-se introduzir novos processos de impressão. 4 — Note que o verbo isolado (caso 1) e o auxiliar, nestes casos (dever, poder, costumar), são sempre transitivos diretos (introduzem objeto direto). Se o verbo for transitivo indireto (seguido de preposição), fica invariável: Precisa-se de ascensoristas. / Trata-se de casos sem solução. / Deve-se recorrer a novos exemplos. / Só se falava desses jogadores. / É urgente que se rompa com esses padrões (e nunca “precisam-se” de, “tratam-se” de, “devem-se” recorrer a, só “se falavam” desses, que “se rompam” com, etc.). Se (uso errado). Não se usa o pronome se: 1 — Em expressões como difícil de, fácil de, bom de, ruim de, passível de, duro de, agradável de, etc., que já têm valor passivo (difícil de ser feito, fácil de ser entendido): fácil de entender, difíceis de vender, bom de fazer, ruim de tomar, passível de errar, duro de roer, agradável de recordar. 2 — Quando o conjunto pronome mais infinitivo equivale a um adjetivo (é de admirar = é admirável): Foi de espantar (espantosa) tamanha ousadia. / Eram de esperar (esperadas) melhores relações entre os dois países. / Foram de pasmar suas ofensas. / Serão de temer novos retroces-

Seção, secção, sessão, cessão

sos. / É de entender que ele se comporte dessa forma. Igualmente: de notar, de impressionar, de compreender, de tolerar, de acreditar. No negativo, usa-se a mesma forma: Não serão de temer tais retrocessos. / Não é de espantar que se comporte assim. / Não seria de esperar tamanha compreensão. 3 — Quando não tem função alguma na oração: É preciso pensar (e não “pensar-se”) nisso. / É preciso cogitar (e não “cogitar-se”) desse caso. / É hora de fazer o inventário. / É difícil conseguir a cura da aids. / É comum encontrar pessoas paradas nessa esquina. / Esta é uma forma de fortalecer o partido. / O contra-ataque é a maneira mais fácil de chegar ao gol. / Há planos para construir um centro de produção em São Paulo. “Se a”, “se o”, “se as”, “se os”. São erradas orações em que o se aparece na função de sujeito ao lado do pronome: Não “se o” sabe. / Sempre “se a” vê. / As páginas ficarão mais legíveis desenhando-“se-as” à tinta. / Fazendo“se-os” sair já, chegarão ao litoral antes de escurecer. Outros exemplos vetados: “dê-se-o”, “diz-se-a”, “acredita-se-o”, etc. Não confunda com o se conjunção: Se o homem sair... / Se as mulheres vierem... Se acaso... É a forma correta: “Se acaso você chegasse...” / Se acaso você viajar ainda hoje, não deixe de me avisar. Não existe a construção “se caso” você viajar... Há, isto sim, o equivalente: Caso você viaje ainda hoje, não deixe de me avisar. Seção, secção, sessão, cessão. 1 — Seção. Equivale a divisão, repartição, segmento, parte de uma publicação ou de um todo, setor, etc.: Seção Eleitoral, Seção de Tráfego, Seção de Esportes, seção de metais (numa orquestra), décima seção, capítulo dividido em seções, seção de brinquedos ou de roupas, seção de linha de ônibus. Use seção em vez de secção

Secretaria

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em todos esses casos, embora coexistam as duas formas. 2 — Secção. Empregue a palavra apenas no caso em que corresponde a corte, amputação: secção da aorta. E em derivados como vivissecção. 3 — Sessão. É o tempo que dura uma reunião, espetáculo ou trabalho, e também esse próprio ato: sessão de cinema, sessão de teatro, sessão de pancadas, a sessão do Congresso, as sessões da Constituinte, sessões diárias de radioterapia, sessão humorística, etc. 4 — Cessão. Ato de ceder: cessão de bens, cessão de um prédio, cessão de direitos. Secretaria. Em maiúsculas: a Secretaria do Turismo, as Secretarias de Justiça e Promoção Social. Em minúsculas: a secretaria, essa secretaria (segunda referência): PMDB quer mais uma secretaria. / O governador reformulará as secretarias. Secretariado. Inicial minúscula: A reunião do secretariado vai começar às 9 horas. Séculos. 1 — Até 10, em ordinais; de 11 em diante, em cardinais. Use algarismos arábicos e não romanos: século 1º, século 10º, século 19 (e não XIX), século 20 (a norma oficial recomenda algarismos romanos: século XX). 2 — Abreviatura (só para casos excepcionais): séc., sécs. Sede. Liga-se com hífen a outro substantivo: país-sede, edifícios-sede. Sediar. 1 — Palavra vetada. O verbo não existe formalmente no idioma e pode ser substituído por ser a sede de, organizar, promover, etc.: Sydney será a sede da Olimpíada de 2000. / Cidade quer promover (organizar) campeonato de veteranos. 2 — Em vez de “sediado”, use com sede em: Empresa com sede na capital. “Se estivesse vivo”. Não use: é fórmula ultrabatida. Seguir. Conjuga-se como servir (ver, página 266): sigo, segues; que eu siga; segue tu, segui vós; etc.

Segundo clichê

Segundo clichê. É uma notícia incluída no jornal depois que parte de sua edição já fechou ou rodou. Não abuse do recurso porque sempre haverá leitores de cujos exemplares a informação não constará. Existem três casos que justificam um segundo clichê: 1 — Notícia imprevista, recebida pela Redação depois do seu horário de fechamento. Em situações semelhantes, o mais prático e menos demorado é colocar a notícia em 2º clichê no lugar de outra menos importante. Se o 2º clichê, porém, exigir maior destaque, não hesite até mesmo em reformular a página para dar ao fato o seu devido relevo. Para o 2º clichê atingir o maior número possível de exemplares, evite, na reformulação da página (quando necessária), recompor os textos ou títulos (fazendoo apenas em casos extremos), a fim de que a montagem da nova página se dê no menor prazo possível. 2 — Notícia prevista, com base em fato que se realizou depois do horário de fechamento da edição ou que estava em desenvolvimento quando o jornal encerrou os trabalhos normais. Feche a página com um texto que possa ser substituído em 2º clichê. No caso de uma competição esportiva, por exemplo, em 1º clichê pode entrar o noticiário do dia dos clubes envolvidos e, em 2º, o jogo que tenham disputado entre si. Se o fato for uma reunião, a notícia de 1º clichê pode relatar o que ocorreu até um determinado horário (sempre com a indicação: até as 22, 23 ou 24 horas de ontem, e nunca até o momento em que encerrávamos esta edição, porque o leitor não sabe qual é esse momento) e depois ser reformulada, com o acréscimo dos fatos posteriores. 3 — Eventual correção de texto com erro que seja percebido a tempo. Deve ser feita sempre que necessário, uma vez que a intenção da empresa é apresentar ao leitor uma edição o

“Segundo informou”

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mais possível isenta de falhas. De qualquer forma, a agilidade na preparação do 2º clichê é essencial para que a notícia figure no maior número possível de exemplares. Por isso, quando você estiver esperando um 2º clichê, deixe à mão todas as informações disponíveis para montar a notícia no menor espaço de tempo. “Segundo informou”. Evite as formas segundo informou ontem, segundo revelou ontem, etc. Use apenas informou, revelou, disse, afirmou. Segundo o qual. Use segundo o qual ou os quais, e não “segundo quem”: A testemunha segundo a qual (e não “segundo quem”) o crime ocorrera assim. / Não revelou o nome dos ministros segundo os quais (e não “segundo quem”) a economia entraria em recessão. Segurado, seguro. Use segurado com ter e haver e seguro, com ser e estar: Tinha (havia) segurado, foi (estava) seguro. Seguro-desemprego. Plural: seguros-desemprego. Da mesma forma: segurossaúde. Seio. 1 — Use a palavra apenas para designar a parte do corpo ou a maternidade (o seio materno, seios pequenos, seios grandes, operação nos seios). A expressão no seio de (no seio da família, no seio da sociedade, no seio da Igreja, no seio do governo) deve ser substituída por no, na, no interior de, no meio de ou equivalente. Seleção. Inicial minúscula: a seleção brasileira de futebol, a seleção brasileira, a seleção, a seleção brasileira de vôlei, a seleção italiana. Sem... 1 — Deve ser sempre seguido de hífen quando forma unidades vocabulares: sem-cerimônia, sem-família (pessoa que não tem família), semfim (extensão ilimitada), sem-luz (o que vive nas trevas), sem-par, sempudor (despudor), sem-pulo (chute), sem-razão (falta de razão), sem-sal, sem-trabalho (desempregado), sem-

Sem-número, sem número

ventura (desventura), sem-vergonha. Exceção: sensabor. 2 — Não têm plural, nem como substantivos, nem como adjetivos, as seguintes palavras compostas iniciadas por sem: sem-casa, sem-dinheiro, sem-família, sem-lar, sem-luz, sempão, sem-par, sem-sal, sem-terra, sem-teto, sem-trabalho e sem-vergonha (os sem-casa, dois sem-terra, os homens sem-trabalho, moças semsal, eram muito sem-vergonha, cabelos sem-par, os sem-lar e sem-pão, etc.). 3 — Admitem o plural: sem-cerimônia, sem-cerimonioso, sem-nome, sem-número, sem-pulo e sem-vergonhice (atrocidades sem-nomes, os sem-números, as sem-cerimônias, os sem-números, dois sem-pulos, as sem-vergonhices, etc.). “Semáforo”. Prefira sinal. Semana. l — O domingo é o primeiro e não o último dia da semana; portanto, na edição dominical, esta semana designa apenas a que está começando, e não a que acabou. 2 — A semana em que se está é sempre esta, e nunca “essa”. Semana passada, semana que vem. Prefira as expressões na semana passada e na semana que vem, que seguem as normas gramaticais e são muito mais eufônicas: O ator chegou ao Brasil na semana passada (em vez de semana passada). / A casa de shows será inaugurada na semana que vem (no lugar de semana que vem). Semana Santa. Iniciais maiúsculas. Semi... Prefixo que exige hífen antes de vogal, h, r e s: semi-automático, semi-eixo, semi-internato, semi-oficial, semi-úmido, semi-homem, semi-real, semi-selvagem. Nos demais casos: semibárbaro, semicírculo, semifinal, semiportátil. Sem-número, sem número. 1 — Semnúmero é substantivo: Havia ali um sem-número de pessoas (um número indeterminado). 2 — Sem número, in-

Sem o qual

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variável, tem função adjetiva: Passou por perigos sem número (inumeráveis). Sem o qual. Por eufonia, use sem o qual, e não “sem quem”: Era o amigo sem o qual (e não “sem quem”) nunca saía. Senado. O nome oficial é Senado Federal, mas prefira Senado, apenas (não existe outro). Senador por. E não de: senador por São Paulo. Se não, senão. 1 — Se não (trata-se da conjunção se com o advérbio não): a) Pode ser substituído por caso não: Se não chover (caso não chova), o estádio deverá ficar lotado. / Este exemplo diz tudo; se não (caso não), vejamos. / Serão advertidos se não forem trabalhar. b) Equivale ainda a quando não: Seriam como irmãos, se não (quando não) como pais e filhos. / Esta é, se não (quando não) uma missão impossível, pelo menos uma tarefa muito difícil. / Se convém, é delicado; se não, é taxativo. / Queremos contratar três novos empregados, se não quatro. c) O se é conjunção integrante e introduz oração que funciona como objeto direto: O repórter perguntou se não era melhor adotar outra solução (o repórter perguntou o quê? Isto: se não era melhor...). / Queria saber se não havia mais lugar na sala (queria saber isto: se não havia...). / Todos lhe ponderaram se não devia esperar mais. 2 — Senão. Pode ser substituído por: a) Do contrário, de outra forma, aliás: Ande logo, senão chegaremos atrasados. / As empresas precisam aumentar a receita, senão não terão como pagar aos funcionários. / Eis a vantagem, disse, senão ela nunca o procuraria. b) A não ser, mais do que, menos, com exceção de: Não vieram senão

“Sendo que”

eles dois. / Não lhe restava senão o tempo. / O coração não é senão um órgão muscular. / Não fazia outra coisa senão chorar. / Não conseguia pensar em mais nada senão nos filhos. / Não pode fazer nada mais senão reclamar. c) Mas, mas sim, mas também: Isto não cabe a ele, senão aos amigos. / Não o fez para irritá-lo, senão para adverti-lo. / Ninguém ama o que deve, senão o que deseja. d) De repente, de súbito, eis que (como senão quando): Eis senão quando todos o viram chegar. / E foi senão quando os presentes o puderam desmascarar. e) Mas antes, mas sim (como senão que): Agora, não falará apenas por uma rede de TV, senão que por todas as emissoras. / Queria o trabalho pronto não amanhã, senão que dali a duas horas. f) Falha, defeito, obstáculo (como substantivo): Não há pessoa sem senão. / Havia muitos senões no texto. / Só tinha um senão: era muito instável. Senão a. Antes de pronomes, use sempre senão a: Não tinha outros parentes senão a eles (em vez de: senão eles). / Não visitava ninguém senão a nós. Senatoria. Designa o cargo de senador, assim como a duração dessas funções (pronuncia-se senatoría). Senatória é o adjetivo correspondente: função senatória, cadeira senatória. “Sendo que”. Nunca use. É um péssimo recurso de expressão, evitável em todos os casos: A construção seguiu ritmo lento, “sendo que” só terminou em 1930 (e só terminou em...). / Compareceram à reunião dez deputados, “sendo que” três... (dos quais três...). / O número de pessoas atingidas pela radiação subiu para 21, “sendo que” duas em estado grave (duas das quais em estado grave).

Senhor

265

Senhor. Não use, no noticiário, as formas senhor ou sr. antes de nome próprio. Assim, escreva: O presidente da comissão, João da Silva (e não senhor ou sr. João da Silva)... Senhora. Ver marido e mulher, página 173. Sênior. Plural: seniores (ô). Sensação. Liga-se com hífen a outro substantivo: menino-sensação, atletas-sensação. Sentar(-se) a. 1 — Sentar ou sentar-se em significa sentar em cima de: Sentou na cadeira, na poltrona. / Sentouse na mesa (sobre a mesa), para demonstrar informalidade. 2 — No sentido de tomar assento ao lado de, o verbo exige a preposição a: Sentouse à (e não “na”) mesa para almoçar. / Sentou à máquina para trabalhar. / Sentou-se ao piano. / Sentou-se à (e não “na”) janela para assistir ao desfile. Sentido incompleto. 1 — Os verbos transitivos (diretos e indiretos) pedem sempre complemento. O mesmo ocorre com certas palavras e expressões que, sozinhas, tornam incompleto o sentido da oração. Veja sempre se o texto que você escreveu não deixa no ar uma destas perguntas: o quê? quem? de quê? do quê? Eis alguns exemplos de orações com sentido incompleto: Parlamentaristas desistem de impugnar (o quê?). / Ministro rejeita exigência de desapropriar (o quê?) de colonos gaúchos. / Governador desafia Planalto, mas concilia (o quê? quem?) em seu Estado. / Secretário assina (o quê?) pelo governador e indica (quem?) para autarquia. / Vestibular começa a inscrever (quem?). / O jogador não treinou ontem e disse que dificilmente deve renovar (o quê?). / Ministros acham que procurador não criticou (quem?). / Deputados articulam (o quê?) para que Congresso vote emenda logo. / Rio mobiliza (o quê? quem?) para apresentar emendas. /

Sentimentos

Líder diz que adversários manipulam (o quê? quem?). / Irritação levou ministro a acusar (quem?), diz portavoz. / Ele era avesso (a quê?). / Ele estava desejoso (de quê?). / O atacante matou no peito (o quê?), tentou direto (o quê?) e colocou para fora (o quê?). / O zagueiro tentou atrasar (o quê?) e quase fez contra (o quê). 2 — Não é suficiente a palavra a que o texto se refere ter sido expressa antes. Um pronome ou um sinônimo deve substituí-la na oração seguinte: O livro deverá ser vendido também nas bancas de jornais e a idéia é publicar (publicá-lo) em apenas um volume. / O piloto estava com uma unha ferida, porque a moto caiu em cima (em cima dela). / João, improvisado de lateral, não se adaptou (à posição) e deverá ser substituído no time. / O jogador se disse disposto a comprar o seu passe e negociar (negociá-lo) diretamente com outra equipe. / Ameaçaram o casal e (o) mandaram passar para o banco de trás. 3 — Em casos excepcionais, fica claramente subentendido o que se quer expressar e, por isso, admitemse construções como: Governador atropela e não socorre. / Usinas de Carajás serão obrigadas a reflorestar. / Quem for comprar agora vai pagar muito mais pelos carros. / O governo poderá contratar com salários de mercado. / Um local preferido de quem navega e pesca. / Piloto abandona na terceira volta. Lembrese, porém: são casos excepcionais. A norma é não deixar no ar as perguntas o quê? quem? de quê? do quê? Sentimentos. Os sentimentos e emoções das pessoas devem ser registrados com a devida cautela para que o texto não se torne piegas. À exceção dos estados mais aparentes (choro, acesso de loucura e outros), procure traduzir a agitação, calma ou nervosismo da pessoa descrevendo suas ati-

Sentir

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tudes. Exemplo: agitando sem cessar as mãos, fumando um cigarro atrás do outro, piscando ininterruptamente, fazendo gestos de impaciência, mexendo-se incessantemente na cadeira, falando de forma pausada, cruzando e descruzando as pernas, olhando a todo momento o relógio. Enfim, mostre como a pessoa se comportava em vez de procurar definir suas atitudes com palavras. Nada, por exemplo, autoriza a frase o jogador, nervoso, errou o chute. Pode ter errado simplesmente porque tocou mal na bola. Ou encerrando a entrevista mais cedo porque aparentemente não gostou das perguntas. Quem garante que foi por isso? Sentir. Conjuga-se como mentir (ver, página 177). Sentir mais infinitivo. 1 — Não flexione o infinitivo: Senti-os fraquejar. / Sentiram as pernas tremer. 2 — Ver infinitivo, página 145. Sequer. Significa ao menos, pelo menos e só pode ser usado em orações negativas: Ele não disse sequer o que pretendia. / A empresa não tinha sequer um gerente. / O deputado não apresentou sequer um projeto. / Nem um deles disse sequer o que pensava. / Partiu sem sequer se despedir dos amigos. / O presidente nem sequer os recebeu. / Partiu sem avisar e nem sequer pudemos despedir-nos dele. (São, pois, incorretas orações como: Os alunos “sequer” foram avisados. / Ele “sequer” disse o que pretendia. / O presidente “sequer” os recebeu. / “Sequer” pudemos despedirnos dele.) Ser. Conjugação. Pres. ind.: Sou, és, é, somos, sois, são. Imp. ind.: Era, eras, era, éramos, éreis, eram. Pret. perf. ind.: Fui, foste, foi, fomos, fostes, foram. M.-q.-perf. ind.: Fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram. Fut. pres.: Serei, serás, será, seremos, sereis, serão. Fut. pret.: Seria, serias, seria, seríamos, seríeis, seriam. Pres.

Servir (regência)

subj.: Seja, sejas, seja, sejamos, sejais, sejam. Imp. subj.: Fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem. Fut. subj.: For, fores, for, formos, fordes, forem. Imper. afirm.: Sê tu, seja você, sejamos nós, sede vós, sejam vocês. Imper. neg.: Não sejas tu, não seja você, não sejamos nós, não sejais vós, não sejam vocês. Infin.: Ser. Flexionado: Ser, seres, ser, sermos, serdes, serem. Ger.: Sendo. Part.: Sido. Ser de opinião que. É a forma correta: Somos de opinião que ele deve ficar e não somos de opinião “de que”... Seriíssimo. Com dois is. Ser ... ser. Ser pode funcionar como auxiliar de si próprio: foi sendo, fui sendo, fora sendo. Ser, serem. É indiferente o uso de a ser e a serem. Prefira, porém, o singular: Os chefes indicaram os funcionários a ser promovidos. / Os livros a ser publicados já tinham sido escolhidos. Serra. Inicial maiúscula: Serra do Mar. Servir (conjugação). Pres. ind.: Sirvo, serves, serve, servimos, servis, servem. Pres. subj.: Sirva, sirvas, sirva, sirvamos, sirvais, sirvam. Imper. afirm.: Serve, sirva, sirvamos, servi, sirvam; etc. Servir (regência). 1 — Servir alguma coisa (tr. dir.): A empregada serviu o almoço. 2 — Servir a alguém (tr. ind.): Não serviu à mãe, serviu à filha. / O amigo muito lhes servia. / Serviu a vários governos. 3 — Servir em algum lugar (tr. ind.): Servir no Exército, na Marinha, na Aeronáutica. / Servir na Artilharia (e não servir “ao” ou “o” Exército, “à” ou “a” Artilharia). 4 — Servir alguma coisa a alguém: Serviram-lhe um prato de camarões. / A empregada lhes serviu o jantar. 5 — Servir, apenas (intr.): Nasceu para servir. / A empregada perguntou se podia servir. 6 — Servir-se (pron.): Sirvam-se todos. / Sirva-se da feijoada. / Gostava de servir-se dos amigos.

Sesqui...

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Sesqui... Prefixo que significa uma vez e meia: sesquicentenário (um centenário e meio, ou seja, 150 anos). Sessão. Ver seção, secção, sessão, cessão, página 261. Seu. Redução de senhor. Aceitável apenas em matérias coloquiais ou de ambiente: seu José, seu Antônio (e nunca “seo” José). Use essa forma em itálico. Seu e sua (uso). Ver pronome possessivo (uso), página 239. Seu e sua redundantes. Evite o uso abusivo ou redundante de seu e sua, especialmente nos títulos, em que essas palavras aparecem freqüentemente apenas como recurso para o redator ganhar alguns sinais. Veja os exemplos seguintes, em que o possessivo pode simplesmente ser omitido ou substituído pelo artigo (nenhuma outra pessoa que não o sujeito teria condições de praticar a ação expressa na frase): X pediu (a sua) aposentadoria como deputado. / Corredor da morte inicia (sua) operação. / Jogadora some e pode perder o (seu) emprego. / Atriz reconcilia-se com o (seu) pai. / Fundações buscam a (sua) independência financeira. / Diante da ameaça de ser punido, reconsiderou a (sua) decisão. / Bancários festejam a conquista da (sua) estabilidade. / STF elegerá o (seu) presidente. / Empresas dão férias (a seus) aos empregados. / Corinthians tenta corrigir os (seus) erros. / Flamengo joga a (sua) invencibilidade. “Seu próprio”, “seu respectivo”. Formas redundantes. Veja os exemplos corretos: Brigou com os próprios filhos. / Procurem os seus lugares. / Procurem os respectivos lugares. / Admirava-se da própria imaginação (e não os “seus” próprios filhos, os “seus” respectivos lugares). Sevícias. Significa violências físicas e não sexuais, apenas. Sevilha. Desta forma, assim como sevilhano.

Siglas

“Sheik”. Use xeque. Shopping center. 1 — Inicial maiúscula quando acompanha o nome: Shopping Center Morumbi, os Shopping Centers Ibirapuera e Iguatemi. 2 — Quando usada genericamente, a expressão tem inicial minúscula: O movimento dos shopping centers no Natal foi superior ao esperado. 3 — Repare que no plural só center varia: os shopping centers. 4 — Admite-se também a forma shopping, que se flexiona normalmente: Gosta de passear em qualquer shopping. / Os shoppings estavam muito cheios ontem. Short. No singular: Vestiu o short (e não os shorts). Si. 1 — Só deve ser usado com o sentido reflexivo: Voltou-se para si mesmo. / Falou de si para consigo. / Os funcionários discutiram o caso entre si. 2 — Não use as expressões (correntes em Portugal) em que o si equivale a você, o senhor: Não me refiro “a si”. / Pretendo “de si” uma opinão. Sic. Latinismo: significa assim mesmo, textualmente. Indica que um termo ou texto foi reproduzido fielmente, por mais estranho (ou errado) que possa parecer: Ele escreveu que “não havia excessão (sic!) possível”. Siglas. 1 — Escreva as siglas no mesmo corpo do texto. Por motivo de simplificação, este verbete inclui como siglas os acrônimos, palavras formadas por sílabas ou partes das iniciais do nome de um órgão ou entidade: Embratur (Empresa Brasileira de Turismo), Contran (Conselho Nacional de Trânsito), Sunab (Superintendência Nacional do Abastecimento), etc. 2 — Não use pontos intermediários ou pontos finais nas siglas: ONU (e não O.N.U.), EUA. 3 — Na primeira citação, explique sempre o que a sigla significa e a coloque entre parênteses, a seguir (e nunca antes): O Conselho Monetário

Siglas

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Nacional (CMN) aprovou ontem... / A discussão do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) pela Câmara... Nunca use a forma inversa: O PNB (Produto Nacional Bruto) brasileiro... 4 — Dispense da explicação apenas a representação do nome dos partidos políticos e das empresas comerciais (mas não públicas ou estatais) nas quais a sigla se tornou sinônimo do próprio nome: PMDB, PFL, PSDB, Varig, Vasp, Bradesco, Banespa. De qualquer forma, em caso de dúvida, transcreva o significado da sigla. Só não precisam “traduzir” as siglas textos da Primeira Página, editoriais, artigos, colunas (Persona, Direto da Fonte, etc.) e cartas de leitores, por causa da economia de espaço. 5 — Escreva em maiúsculas todas as siglas até três letras: TC, BC, AM, ONU, USP, CFP, PFL. 6 — As siglas e acrônimos com quatro letras ou mais têm apenas a inicial maiúscula quando são pronunciáveis: Sudene, Cobal, Condephaat, Masp, Vasp, Eletropaulo, Varig. Exceções: CNEN, EMFA. 7 — As siglas com quatro letras ou mais vão em maiúsculas quando se pronuncia separadamente cada uma de suas letras ou parte delas: CNBB, CPFL, BNDES. 8 — Algumas siglas podem ter letras maiúsculas e minúsculas na sua estrutura (na origem, foi uma forma de diferenciá-las de outras idênticas): CNPq (antigo Conselho Nacional de Pesquisas, hoje, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, para evitar, na época, confusão com o CNP, Conselho Nacional do Petróleo), UnB (Universidade de Brasília), CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), SPTrans (São Paulo Transporte S.A.). 9 — Use apenas as siglas já existentes ou consagradas, evitando criá-las

Siglas apenas porque os títulos exigem palavras curtas. 10 — Evite, da mesma forma, a profusão de siglas no mesmo título: CMN debate IPI, ICM e ITR. Ou o uso de siglas menos conhecidas: RDPO pode substituir DUT em viagens. 11— As siglas dos órgãos estrangeiros que tiverem nome traduzido em português deverão seguir essa designação, e não a original: Organização das Nações Unidas (ONU), Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), Agência Internacional de Desenvolvimento (AID). Outros casos: EUA, OCDE, OEA, OIT, Opep. 12 — Em outros casos, mantém-se a sigla estrangeira, mesmo que o seu nome em português não corresponda perfeitamente à sigla: Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Outros casos: Unesco, Unicef, Fisa (Federação lnternacional de Automobilismo Esportivo), Foca (Federação dos Construtores de Fórmula 1). 13 — Apenas em casos excepcionais pode tornar-se necessário transcrever a designação da sigla na língua original e sua tradução em português. Em condições normais, basta apenas adaptá-la. 14 — Procure explicar a sigla sempre de forma correta e completa. Por exemplo, o Conselho Nacional era do e não “de” Petróleo. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos tem a sigla ECT, e não “EBCT”. Ibama identifica o Instituto Brasileiro do (e não “de”) Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. CNBB significa Conferência (e não “Confederação”) Nacional dos Bispos do Brasil e INSS, Instituto Nacional do Seguro (e não “de Seguridade”) Social. 15 — Ver também abreviaturas, página 23.

Silenciar

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Silenciar. Alguém silencia e não silencia-se: Os barulhentos Roquetes silenciam para sempre. Silvícola. E não “selvícola”. Igualmente, silvicultura. Símbolo. Liga-se com hífen a outro substantivo: país-símbolo, idéiassímbolo. Símbolos químicos. No nome do elemento químico, os dicionários normalmente dão o seu símbolo. Ver também abreviaturas, página 23. Simpatizar com. E não simpatizar-se com: Ele simpatizou com a casa, com a moça, com o vizinho. Simplicidade. A simplicidade é condição essencial do texto jornalístico: quanto mais concisa, direta e objetiva for a notícia, maior o número de pessoas que atingirá. Escrever de maneira simples, no entanto, exige esforço e o atendimento de uma série de requisitos. Veja alguns deles: 1 — use frases curtas e na ordem direta; 2 — escolha palavras acessíveis a qualquer tipo de leitor; 3 — opte pelo vocábulo mais simples que defina uma coisa ou situação; 4 — evite os termos técnicos desnecessários e, quando absolutamente indispensáveis, não deixe de explicá-los; 5 — fuja das frases pernósticas e pomposas. 1 — Frases curtas e diretas. As chamadas de primeira página cujo texto se reproduz a seguir são três bons exemplos de texto conciso, objetivo e direto. Contêm as informações essenciais em frases curtas, simples e sem rodeios O governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), quer arrendar prédios públicos à iniciativa privada. O objetivo da medida é reduzir gastos. Em anúncios de jornal, o governador pôs à disposição dos interessados vários imóveis, como um centro de convenções, outro de exposições e um projeto hoteleiro. O pilo-

Simplicidade to Nelson Piquet já arrendou o autódromo da cidade. Um elefante de 2 toneladas e 2 metros de altura fugiu ontem do Circo Sorriso, no km 35 da Rodovia Campinas—Mogi-Mirim. “Parecia um bando de malucos”, disse o dono do circo, Ismael Alarcón, sobre a equipe que se formou para procurar o animal. O elefante, recapturado, tinha ido tomar banho numa represa. A inflação não caiu? Então, que caia o número. Poucos ministros resistiram à tentação. Em 73, Delfim Netto quis segurar a inflação e fez a FGV pesquisar só preços irreais. Depois, o governo recalculou o índice. Conclusão: 22%, confusão e greves. Simonsen expurgou a “inflação do chuchu”. Funaro mudou até de calculador: da FGV ao IBGE. Ontem, o governo multiplicou índices. Inversamente, leia uma oração de sete linhas cheias em que o redator não conseguiu colocar um ponto sequer: Encarnando o espírito de lady Godiva que, segundo a lenda, cavalgou nua por Coventry na Idade Média para atender à condição imposta por seu marido, o senhor feudal da cidade, para revogar taxas impostas à população, uma manifestante irrompeu ontem despida na catedral local, na Grã-Bretanha, e interrompeu um serviço religioso pelos cem anos da instalação na cidade da primeira fábrica de automóveis do país, a Daimler, dizendo que sua mãe havia morrido num acidente de carro e exibindo o corpo pintado com frases como “A Mãe Terra é a deusa”. Ou estas outras, em que o texto tortuoso e as intercalações excessivas

Simplicidade

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tornam difícil a compreensão do que se quer dizer: Para chegar até o mandante do crime, que contratou os executores com a intermediação de um major do serviço secreto — X-9 —, e aos criminosos — João da Silva, José de Almeida e Alberto Santos, o Betinho, além do empresário Francisco de Sousa, filho do ex-presidente do Flor de Lis Futebol Clube —, foi preciso ocorrer a mudança na cúpula da polícia fluminense, com a saída do secretário da Polícia Civil, Pedro Cabral. Enquanto sua produtora, Maverick Filmes — que distribuiu Adeus, Minha Concubina, nos Estados Unidos —, prepara nova incursão cinematográfica, na qual ela deve contracenar com Harvey Keitel, de O Piano, Madonna tem outro convite para exercitar sua porção atriz, uma vez que o diretor espanhol Bigas Luna, do já cult Jamón, Jamón, quer a moça no papel de uma prostituta em seu próximo filme. Com referência ao assassinato do comerciante Augusto de Almeida, cometido por indivíduos desqualificados, o qual perdeu a vida por motivo banal, quero lembrar a todas as pessoas que passavam pelo local naquele momento e pararam para apreciar a cena de um ser humano decente, pai de família, sendo espancado, de forma covarde e selvagem, até a morte, diante dos olhos aterrorizados da esposa e dos filhos, sem terem esboçado um gesto para impedir que se consumasse tal tragédia, a não ser anotar o número da chapa do carro dos marginais, que tal desgraça não acontece só com os outros. 2 — Palavras acessíveis. O noticiário não é lugar para o repórter ou

Simplicidade redator mostrar erudição. Não adianta você entremear seu texto de palavras difíceis que o leitor possa não conhecer. Mas, inversamente, não precisa também descer ao nível de uma redação primária, quase de composição escolar. Procure apenas utilizar termos que se incluam no universo do leitor ou não lhe causem estranheza. Fuja também de expressões que possam parecer pedantes, eruditas ou pernósticas, por não fazerem parte do uso comum. Uma recomendação: evite qualquer palavra ou construção que você não usaria numa conversa normal. Eis alguns termos e expressões que o leitor pode não conhecer ou não seriam recomendáveis no noticiário, por parecerem pernósticos ou pedantes: conspícuo, consuetudinário, palatável, contenda, ágape, entrementes, não obstante, consoante (= conforme), por conseguinte, porfia, prélio, pugna, prócer, nesse ínterim, propositura, autogol, outrossim, opíparo, destarte, alhures, algures, necrópole, despiciendo, conquanto, porquanto, posto que, isto posto, de sorte que, assaz, deveras, castrense, chiste, bazófia, cobro, escrínio, sodalício, aduzir, prolatar, protrair, etc. 3 — A mais simples. Na primeira referência, utilize sempre a palavra mais comum. Lembre-se: existe um termo, e um só, que define melhor uma coisa ou situação. Apele para um sinônimo ou equivalente apenas na segunda menção, e assim mesmo como último recurso: voltar é sempre melhor que regressar ou retornar; votar é sempre melhor que sufragar; tribunal é sempre melhor que corte; passageiro é sempre melhor que usuário. Por isso, os termos fora dos parênteses são melhores jornalisticamente que os que se encontram dentro deles: último (derradeiro), casa (moradia, residência ou habitação), eleição

“Sinalizar”

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(pleito), vigorar (viger), raiva (hidrofobia), avião (aeronave), procura (demanda), futuro (porvir), professor (docente), pesca (captura), juiz (magistrado), projeto (proposição), carro (veículo ou viatura), militar (castrense), pressa (açodamento), fugir (evadir-se), afligir (fustigar), relaxamento (lassidão), entrar (ingressar), seca (estiagem), recusar (declinar de), observar (perscrutar), imposto (tributo), esclarecer (deslindar), cidade (urbe), importância (relevância), quantia (cifra), demora (delonga), etc. 4 — Termos técnicos. Se alguns são necessários, e deverão aparecer no texto acompanhados da explicação, outros podem ser dispensados e substituídos até pelo próprio significado, com inegáveis vantagens para o leitor. Por exemplo, no Congresso dá-se o nome de “apoiamento” ao compromisso de apoio de um parlamentar à iniciativa de outro. Em vez de usar apoiamento, então, que exigiria explicação a seguir, fale apenas em compromisso de apoio ou algo equivalente. Atente especialmente para casos como os dos exemplos abaixo, em que se mesclam termos técnicos dispensáveis e construções que poderiam ter sido redigidas de maneira menos enigmática: Buscava um modelo capaz de permitir maiores áreas de insolação e ventilação. / Uma tabela regressiva de alíquotas deverá reger a tributação de aplicações em títulos privados nominativos, se for aprovada a nova sistemática fiscal para o mercado financeiro. / A tais ponderações provenientes do Poder Público, assiste presunção de veracidade. / O DER quer recuperar a malha rodoviária brasileira. / Atenção: ônibus no contrafluxo. 5 — Redação viciosa. Mesmo sem recorrer a termos técnicos, existem frases desnecessariamente complicadas, nas quais se volta à questão do

Síndrome

pedantismo. Eis algumas: Os vestibulares em vários Estados brasileiros apresentaram menor índice de procura, fenômeno que passa por interpretações diferentes. / Ontem à tarde, este curto desabafo do ex-presidente flutuou em um quarto de hospital. Na maior parte dos casos, as construções são facilmente substituíveis por outras mais simples e mais próximas do universo do leitor: A polícia decidiu proteger as frotas da São Paulo Transportes e das empresas permissionárias (por que não particulares?). / Usuários (passageiros) queixam-se do estado dos ônibus. / Ônibus ficam sem poder operar (ônibus não puderam funcionar). / O texto está vazado no seguinte teor (o texto é o seguinte). / Já há uma carga muito elevada de veículos na Avenida Paulista (o trânsito está intenso na Avenida Paulista). / A faixa de rolamento da esquerda (a faixa da esquerda). 6 — Palavra que vale uma expressão. Não diga em duas palavras o que você puder exprimir em uma. Votar, por exemplo, é melhor que “comparecer” ou “ir às urnas”; mencionar substitui com vantagem “fazer referência a”; estrear é muito mais direto que “fazer a sua estréia”. Que dizer então de governador como “chefe do Executivo estadual”? Ou de idade como “anos de vida”? Ou de presidente como “primeiro mandatário da Nação”? E “no próximo mês de março” é em março, simplesmente. “Sinalizar”. Use indicar, projetar, apontar e equivalentes para substituir sinalizar (mero modismo) em frases como: O índice de hoje projeta (e não “sinaliza”) uma inflação de 10%. / A fala dos ministros tinha tudo para indicar (e não “sinalizar”) um período de alta. Síndrome. Ver doenças, página 100.

Sine die

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Sine die. Locução latina: por tempo indeterminado. Fica invariável: As decisões foram adiadas sine die. / A reunião foi adiada sine die. Sine qua non. Para definir condição indispensável, só pode ser empregado no singular: condição sine qua non. No plural, o correto seria condições sine quibus non, jornalisticamente inviável. Dessa forma, use condições indispensáveis, essenciais, absolutamente necessárias. Sino... Prefixo que significa China ou chinês e se liga com hífen ao elemento seguinte na formação de adjetivos pátrios: sino-brasileiro, sino-coreano, sino-russo. Nos demais compostos: sinófono, sinologia. Sinonímia. Desta forma. Sins. Sim tem plural, quando substantivado: Os nãos e os sins. Sinta-o respirar. E nunca “sinta ele respirar”, “sinta ele chegar”, etc. Síntese. Liga-se com hífen a outro substantivo: país-síntese, imagens-síntese. Sintra. Com S indica a serra e a sede de concelho de Portugal: Eça de Queirós escreveu, com Ramalho Ortigão, O Mistério da Estrada de Sintra. Sir. 1 — Não existe artigo antes de sir. 2 — Use o título sempre com o prenome: Conheci sir Winston e não Conheci “sir Churchill”. Sistema solar. Inicial minúscula: A Terra faz parte do sistema solar. Sistina. A capela do Vaticano: o nome deriva de Sisto, o papa que determinou a sua construção. Situado em. Use, sem nenhum receio, situado em: Situado na Rua Direita, situado no alto do morro, situado na ilha, situado na esquina (e não “à” Rua Direita, etc.). Proceda de maneira idêntica com residente e morador: Residente na Rua Direita, morador no Largo da Paz. Só. Concordância. Pode equivaler a sozinho (varia) e a somente (não varia):

Sobressair

Eles estavam sós (sozinhos). / Foram eles sós (sozinhos) os responsáveis. / Sós (sozinhos), os deputados não mudam as leis (em vez de Só os deputados não mudam as leis). / Só (somente) se elegeu porque o candidato mais forte renunciou. / Não promovia só (somente) os amigos. Só, sós (por si). Por si só exprime o singular e por si sós, o plural: Sua competência por si só o recomenda para a função. / Essas qualidades por si sós justificam a sua contratação. Soar (horas). Concordância. Ver horas, página 140. Sob... Hífen antes de b e r: sob-bosque, sob-roda. Nos demais casos: sobalçar, sobgrave, sobpor, sobtensão. Sob, sobre. 1 — Sob significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. / É muito simples tentar camuflar, sob a justificativa de censura, a denúncia. 2 — Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação. Sobrar. Concordância normal: Sobram ainda 500 reais. / Sobram leis no País. Sobre. 1 — Não significa em relação a. Por isso, use a locução em textos como: A empresa queria dobrar as vendas de julho em relação às de janeiro (e não “sobre as de janeiro”). 2 — Um time pode conseguir uma vitória sobre outro, mas nunca use sobre para derrota. Assim: A derrota do Grêmio diante do (e não “sobre o”) São Paulo... Sobre... Hífen antes de h, r e s: sobrehumano, sobre-restar, sobre-saia. Exceções: sobressair, sobressalto(ar), sobressalente. Nos demais casos: sobreaviso, sobreexcitar, sobreintender, sobreolhar, sobrecarta, sobreloja. Sobressair. Sem se: Ele sobressai (e não “sobressai-se”) entre os colegas. / Foi

Social-democrata

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o jogador que mais sobressaiu (e não “se sobressaiu”) na partida. Social-democrata. Plural: social-democratas (partidos social-democratas, os social-democratas). Socio... Liga-se sem hífen ao termo seguinte: sociocultural, socioeconômico, sociolingüística, sociologia, sociopolítico. Socorrido em. E nunca ao: Foi socorrido no (e não “ao”) Hospital das Clínicas. Sófia. Com acento, é a capital da Bulgária. “Sofrer aumento”. Não use. Preços ou produtos aumentam ou sobem, simplesmente. “Sofrer melhoras”. Em bom estilo, ninguém “sofre melhoras”. Prefira melhorar, mais simples, ou, em último caso, sentir, experimentar ou acusar melhoras. Sol. 1 — Com inicial maiúscula quando a referência for ao astro: Aguardou o eclipse do Sol. / EUA vão explorar o Sol. 2 — Com inicial minúscula para designar a luz do Sol, o lugar iluminado por ele ou os sentidos figurados: Gostava de tomar sol. / É muito forte o sol do meio-dia. / Ficou exposto ao sol. / O lado do sol era mais procurado. / “O sol da liberdade em raios fúlgidos...” / O artista pintou um sol surrealista. Solicitar. 1 — Prefira a regência solicitar alguma coisa a alguém: Solicitou providências ao prefeito. / Solicitoulhe um emprego. / Solicitou-o ao pai. 2 — Pode-se também solicitar alguma coisa: Solicitou que todos saíssem. / Solicitamos providências. “Solicitar para”. O certo é solicitar que: Solicitou que todos saíssem (e não “para” que todos saíssem). Ver pedir para, pedir que, página 215. Solo. Liga-se com hífen a outro substantivo: temporada-solo, discos-solo.

“Sua autobiografia”

Soltado, solto. Use soltado com ter e haver e solto, com ser e estar: Tinha (havia) soltado, foi (estava) solto. Somatório. E não “somatória”. Somos cinco. E não somos “em” cinco, “em” dois, etc. Soprano. O soprano (se se tratar de homem ou menino com voz de soprano) e a soprano (cantora com essa voz): o soprano João Carlos; a soprano Maria Callas; as sopranos Maria Callas e Renata Tebaldi; Bidu Sayão, soprano brasileira. Sóror. Não use artigo antes de sóror: Elogiou sóror Angélica. Sorte. Ver em de maneira que, página 89, como usar a locução de sorte que. Sortir. Conjugação. Pres. ind.: Surto, surtes, surte, sortimos, sortis, surtem. Pres. subj.: Surta, surtas, surta, surtamos, surtais, surtam. Imper. afirm.: Surte, surta, surtamos, sorti, surtam. Os demais tempos são regulares. Sortir, surtir. Sortir — prover, abastecer, variar: Sortir o mercado, mesa sortida, frios sortidos; surtir — ter resultado: Sua intenção surtiu efeito. Sótão. Plural: sótãos. Sousa. Com s quando se tratar de nomes históricos: Martim Afonso de Sousa, Tomé de Sousa, Cruz e Sousa. Soviete. Aportuguesado: Soviete Supremo. SP. Aceitável em títulos, apenas, para substituir tanto o Estado de São Paulo como a cidade. Procure, no entanto, fazer o título de forma que fique claro se se trata do Estado ou da cidade. “Sto.”, “sta.”. Use S. como abreviatura tanto de São como de Santo e Santa: S. José, S. Antônio, S. Catarina. “Sua autobiografia”. Redundância. O prefixo auto já encerra a idéia de seu, próprio. Outras formas redundantes: “sua autoconfiança”, “sua auto-suficiência”, “sua autonomia”.

Suar, soar

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Suar, soar. Tempos de suar: suo, suas, suam; sue, sues, suem. Tempos de soar: sôo, soas, soam; soe, soes, soem. “Sua Santidade”. Use papa. Sua Santidade, só em transcrições. Sub... Hífen antes de b e r: sub-base, sub-bosque, sub-reptício, sub-região. Nos demais casos: subalimentado, subemenda, subinspetor, subordem, subumano, subchefe, subdivisão, subgrupo, sublegenda, subprefeitura, subsecretário. Subestimar. E não “substimar”. Subir. 1 — Subir é intransitivo (não tem complemento) quando se refere a preços: Preços sobem hoje. / Sobem os preços dos alimentos. / Remédios sobem 50%. 2 — Como transitivo (com complemento), use elevar ou aumentar: Lojas elevam (e não “sobem”) preços de eletrodomésticos. / Governo aumenta (e não “sobe”) impostos. 3 — Conjugação: como acudir (ver, página 31). Submergir. Conjugação. Pres. ind.: Submerjo, submerges, submerge, submergimos, submergis, submergem. Pres. subj.: Submerja, submerjas, submerja, etc. Part.: Submergido e submerso. Os demais tempos são regulares. Subsídios. Ver salários, página 259. Substantivo mais substantivo. Quando dois substantivos se unem na frase, formando um conjunto, podem ocorrer duas situações: 1 — O segundo modifica o primeiro com a função de adjetivo, dispensando, por isso, o hífen. Exemplos: funcionários fantasmas, rádio pirata, formiga gigante, torneio relâmpago, garoto prodígio, país membro, camisa esporte, marca recorde, fita cassete, usina piloto, concentração monstro. 2 — O segundo representa uma superposição em relação ao primeiro e por isso o hífen se impõe: elementosurpresa, atleta-sensação, mulhermaravilha, criança-fenômeno, papel-

Suíte

título, desconto-padrão, imagemsíntese, preso-problema, disco-solo, país-símbolo, linguagem-modelo, posto-chave, carro-bomba, mandato-tampão, torneio-incentivo, torneio-início, homem-máquina, personagem-tipo, ponto-limite, públicoalvo, salário-base, homem-hora, garoto-propaganda, edifício-sede, auxílio-maternidade, hora-aula, carnêleão, almoço-homenagem, valetransporte, caderneta-pecúlio, cidade-porto, empréstimo-ponte, carropipa, país-continente. Substituir. Substitui-se alguém e não a alguém: O filho substituiu o (e não “ao”) pai na empresa. / Não havia quem o substituísse. Suceder. Regência. 1 (intr.) — Ocorrer, realizar-se: Sucedeu um acidente. 2 (tr. ind.) — Substituir, entrar no lugar de, acontecer a: O filho sucedeu ao pai. / A república sucedeu à monarquia. / Veja o que lhes sucedeu. 3 (tr. dir. e ind.) — Substituir: José sucedeu ao irmão na presidência da empresa. 4 (pronom.) — Vir depois: Sucederam-se períodos de recessão. / À tempestade se sucede a bonança. Atenção: Uma pessoa ou coisa sucede a outra (e não sucede outra). Por isso, não existe a forma “sucedê-lo”. Sueco... Exige hífen na formação de adjetivos pátrios: sueco-dinamarquês, sueco-gótico. Suíte. 1 — É o desenvolvimento, nos dias seguintes, de uma notícia publicada pelo jornal. Indispensável logo depois da divulgação do fato, como seu desdobramento natural ou mesmo provocado, deve, no entanto, ser suspensa quando não houver novas informações a respeito e os textos já estiverem apenas repetindo os dados colhidos nos dias anteriores. 2 — Nunca deixe o noticiário chegar a extremos como: Não houve ontem nenhuma novidade sobre o caso X ou O caso Y continua na estaca zero. Só se justifica notícia nes-

Sujar-se

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tas circunstâncias se o que se pretende ressaltar é exatamente a omissão de alguém em relação ao fato. 3 — A suíte deve sempre lembrar sumariamente de que caso se está tratando e suas implicações, para permitir que mesmo quem não tenha lido as primeiras informações possa acompanhar a seqüência do noticiário. Sujar-se. Alguém ou alguma coisa se suja e não suja, apenas: Seu corpo sujou-se de poeira. / A camisa sujouse com a ventania. Sujeito repetido. Exceto em casos excepcionais, não repita o sujeito em orações como: Alberto, um dos artilheiros do campeonato, ele está... / A idéia deste programa, ela nos obriga... / O programa, ele exige a nossa participação... / A empresa, apesar dos apelos em contrário, ela não cedeu à argumentação... Sul... Liga-se com hífen ao segundo elemento na formação de adjetivos pátrios: sul-africano, sul-americano, sul-vietnamita. Sultão. Flexões: sultana, sultões (prefira), sultãos e sultães. Sumir. Conjuga-se como acudir (ver, página 31). Super... 1 — Liga-se com hífen aos elementos iniciados por h e r: superhomem, super-requintado. Nos demais casos: superaquecimento, superestrutura, supercampeonato, superintender, supersaturação. 2 — Mesmo quando usado para ampliar ou valorizar alguma coisa, super funciona como prefixo e está sujeito às regras acima: superassalto (e não “super assalto”), superestrela, superanalfabeto, super-rato, super-herói, supergato. 3 — Se a palavra que super modifica, no entanto, for nome próprio, empregue o hífen, em qualquer circunstância: super-Fernanda, super-Pelé, super-Chernobyl. Superávit. Desta forma. Plural: superávits.

Superlativo

Superlativo. a) Uso 1 — Use o superlativo apenas em casos especiais e de absoluta necessidade. Lembre-se: ele exprime a qualidade do adjetivo no seu grau máximo. Por isso, na maior parte dos casos, é recomendável o superlativo com muito (analítico), em vez do superlativo de uma só palavra (sintético), até mesmo para evitar formas rebuscadas: Muito sábio (analítico) — sapientíssimo (sintético); muito áspero — aspérrimo; muito ágil — agílimo; muito louvável — laudabilíssimo. 2 — Como já está no grau máximo, o superlativo não admite reforço: “muito péssimo”, “muito ótimo”, “mais velocíssimo” constituem erros grosseiros. b) Formação 1 — Adjetivos terminados em A, E, O e EIO. Desaparecem o A, E, O e IO e acrescenta-se íssimo: pequeníssimo, levíssimo, verdíssimo, caríssimo, maciíssimo, seriíssimo, cheíssimo, feíssimo. 2 — Terminados em ÃO e Z. Radical latino + íssimo: cristianíssimo, saníssimo, velocíssimo, capacíssimo. 3 — Terminados em M. O M transforma-se em N e acrescenta-se íssimo: comuníssimo. 4 — Terminados em L (tônico), R e U (tônico). Acrescenta-se íssimo: atualíssimo, popularíssimo, cruíssimo. Exceções. Estes superlativos derivam do radical latino: crudelíssimo (cruel), fidelíssimo (fiel), infidelíssimo (infiel) e generalíssimo (geral). 5 — Terminados em VEL (átono). Radical latino + bilíssimo: amabilíssimo (amável), terribilíssimo (terrível), solubilíssimo (solúvel). 6 — Terminados em IL (átono). Acrescenta-se imo: facílimo, dificílimo. 7 — Terminados em RO e RE. Radical latino + rimo: celebérrimo (cé-

Superlativo

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lebre), macérrimo (magro — os gramáticos consideram erro grave a forma corrente, magérrimo), acérrimo (acre), nigérrimo (negro), paupérrimo (pobre). Já se admite, em muitos casos, a forma paralela, com o acréscimo de íssimo ao adjetivo terminado em RE ou RO. Exemplos: magríssimo, asperíssimo, acríssimo, negríssimo, pobríssimo. Exceção. Nobre faz nobilíssimo. 8 — Terminados em CO e GO. Muda-se a terminação para QU e GU e acrescenta-se íssimo: riquíssimo, branquíssimo, ceguíssimo, larguíssimo. Exceções. Amicíssimo (amigo), antiqüíssimo (antigo), publicíssimo (público) e simpaticíssimo (simpático). c) Lista Segue-se uma lista com alguns dos superlativos mais comuns ou que possam dar margem a dúvidas. Os de uso muito erudito servem apenas de referência para eventuais inclusões em textos especiais. Acre — acérrimo e acríssimo Ágil — agílimo e agilíssimo Agradável — agradabilíssimo Agudo — acutíssimo e agudíssimo Alto — supremo, sumo e altíssimo Amargo — amaríssimo e amarguíssimo Amável — amabilíssimo Amigo — amicíssimo Antigo — antiqüíssimo Áspero — aspérrimo e asperíssimo Atroz — atrocíssimo Audaz — audacíssimo Baixo — ínfimo e baixíssimo Bom — ótimo e boníssimo Capaz — capacíssimo Célebre — celebérrimo Cheio — cheíssimo Comum — comuníssimo Cristão — cristianíssimo Cruel — crudelíssimo Difícil — dificílimo Doce — dulcíssimo e docíssimo Eficaz — eficacíssimo

Superlativo Fácil — facílimo Feio — feíssimo Feroz — ferocíssimo Fiel — fidelíssimo Frágil — fragílimo e fragilíssimo Frio — frigidíssimo e friíssimo Geral — generalíssimo Grande — máximo e grandíssimo Horrível — horribilíssimo Humilde — humílimo e humildíssimo Incrível — incredibilíssimo Infiel — infidelíssimo Inimigo — inimicíssimo Jovem — juveníssimo Livre — libérrimo e livríssimo Louvável — laudabilíssimo Macio — maciíssimo Magro — macérrimo e magríssimo Mau — péssimo e malíssimo Miserável — miserabilíssimo Mísero — misérrimo Móvel — mobilíssimo Negro — nigérrimo e negríssimo Nobre — nobilíssimo Pequeno — mínimo e pequeníssimo Pessoal — personalíssimo Pobre — paupérrimo e pobríssimo Possível — possibilíssimo Precário — precaríssimo Pródigo — prodigalíssimo Próprio — propriíssimo Próspero — prospérrimo e prosperíssimo Provável — probabilíssimo Público — publicíssimo Sábio — sapientíssimo Sagrado — sacratíssimo Salubre — salubérrimo e salubríssimo São — saníssimo Semelhante — simílimo Sensível — sensibilíssimo Sério — seriíssimo Simpático — simpaticíssimo Simples — simplicíssimo e simplíssimo. Tenaz — tenacíssimo Terrível — terribilíssimo Úbere — ubérrimo

Supra...

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Vão — vaníssimo Veloz — velocíssimo Visível — visibilíssimo Voraz — voracíssimo Vulnerável — vulnerabilíssimo. Supra... Hífen antes de vogal, h, r e s: supra-axilar, supra-estrutura, suprahomem, supra-orbital, supra-renal, supra-sumo, supra-umbilical. Nos demais casos: supracitado, supradivino, supramundano, supratorácico. Supremo. Só o STF é Supremo Tribunal (Federal). Nos demais casos: Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Superior Tribunal Militar (STM). Há ainda o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Tribunal Superior do Trabalho (TST). Surdina. Use em surdina e não “na surdina”. Surdo-mudo. Nas flexões, não segue a regra dos adjetivos compostos: menina surda-muda, rapazes surdosmudos, crianças surdas-mudas. Surpresa. Liga-se com hífen a outro substantivo: visita-surpresa, elementos-surpresa. Surto. Ver epidemia, surto, página 111. Suspendido, suspenso. Use suspendido com ter e haver e suspenso, com ser e estar: Tinha (havia) suspendido, foi (estava) suspenso. Sutiã. Aportuguesado.

Tabaréu. Feminino: tabaroa. Tabelião. Flexões: tabeliã (prefira), tabelioa e tabeliães. Tabu. Pode ser substantivo: o tabu do sexo, sociedade cheia de tabus. E adjetivo, com plural regular: assunto tabu, palavras tabus. Tábua, tabuada. Com u. Taça. Com inicial maiúscula antes do nome que determina: Taça Brasil, Taça de Prata. Com minúsculas,

Tamanho do texto

porém, na segunda referência: a taça, essa taça, conquistou a taça. Tacha, taxa. Tacha — pequeno prego ou mancha; taxa — tributo, imposto. Tachar, taxar. Com o significado de acusar, censurar, pôr defeito em, o correto é tachar: O deputado tachou o adversário de corrupto. / Eles o tacharam de leviano. Taxar quer dizer impor tributo a: Os governos taxavam o país a mais não poder. Tal. Concorda com o substantivo a que diz respeito: Que tal o clima da cidade? / Que tais os ares do campo? Talvez. Exige subjuntivo quando vem antes do verbo: Você talvez o conheça melhor que nós. / Este talvez seja o seu trabalho mais representativo. Se estiver depois do verbo, o tempo usado será o indicativo: É talvez o melhor de todos. Tamanho do texto. 1 — O ideal é que o repórter, antes de sair para uma cobertura, já saiba quantas linhas deve escrever e dessa forma colha os dados de acordo com o tamanho da notícia ou reportagem. Evidentemente, se esta se tornar mais importante que o previsto, seu número de linhas poderá ser ampliado. 2 — Nunca hesite em dizer que os dados que você conseguiu não dão um determinado tamanho. É preferível que você escreva um texto curto e objetivo a ficar acrescentando pormenores sem importância à notícia apenas para chegar ao número de linhas pedido. 3 — Se o editor determina ao repórter ou redator um texto com x linhas, é porque a matéria já está prevista ou diagramada nesse tamanho, que deverá ser rigorosamente observado. A falta ou excesso de linhas sempre acarreta problemas sérios na diagramação da página e conseqüentes atrasos na edição. Por isso, se os dados disponíveis (seja de reportagem, seja de texto reescrito) forem insuficientes para completar a extensão

Tampão

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exigida ou muito superiores a ela, avise o editor antes de liberar o texto — a tempo, portanto, de que qualquer reformulação possa ser feita. 4 — As indicações de número de linhas das matérias das sucursais, correspondentes e enviados especiais deverão também obedecer com rigor à previsão encaminhada à sede do jornal: lembre-se sempre de que o editor orientará a diagramação da página segundo os dados que você mesmo lhe forneceu. Qualquer mudança nessa previsão depois da página diagramada prejudicará o fechamento. Tampão. Liga-se com hífen a outro substantivo: prefeito-tampão, mandatostampão. Tampouco, tão pouco. 1 — Sempre numa única palavra para expressar também não: Não saiu, tampouco conseguiu dormir. 2 — Tão pouco usa-se em frases como: Tão pouco entusiasmo. / Em tão pouco tempo. / Nunca fez tanto por tão pouco (sentido de pequeno ou pouca coisa). Neste segundo caso, existe também tão poucos: Nunca havia recebido tão poucos amigos em casa (ou tão poucas manifestações de apoio). Tanto como, tanto quanto. 1 — Existem as duas formas: Tanto o pai como (ou quanto) o filho... 2 — Concordância. Verbo no plural: Tanto o governo quanto (ou como) o Congresso aprovaram a decisão. 3 — Diante de adjetivo, tanto assume a forma tão: É tão inteligente quanto (ou como) o pai. Tanto faz... Fica invariável: Tanto faz dois como três anos. / Tanto faz cinco quanto dez reais (e não “fazem”). Tão pouco. Ver tampouco, tão pouco, nesta página. Tão-só, tão-somente. Com hífen. Tato. Sem c, assim como tatear, tátil, etc. Taxa. Ver tacha, taxa, página 277. Taxar. Ver tachar, taxar, página 277. Tecelão. Flexões: tecelã (prefira), teceloa e tecelães.

Tem, têm

Te-déum. Desta forma. Plural: te-déuns. Tele... Liga-se sem hífen à palavra ou elemento de composição seguinte: teleator, telecomunicações, teleobjetiva, telerradiográfico, telessonda, teleteatro. No caso de telespectador, faz-se a fusão dos dois ee. Telefone. 1 — Informações são dadas pelo telefone tal, e não “para” o telefone tal. Pode-se, isto sim, ligar para o telefone tal. 2 — Uma pessoa fala ao e não “no” telefone. 3 — Use hífen para separar o prefixo e parênteses nos interurbanos: 223-7932, 0800342311, (021)462-5476. Telefonema. Masculino: um telefonema, os telefonemas. Televisão. 1 — Para identificar o meio de comunicação, use televisão, TV ou tevê, nesta ordem de preferência (nunca, porém, Tv ou tv). 2 — Antes do nome da emissora, adote as formas TV ou Rede, conforme o caso, em corpo normal: TV Globo, Rede Globo. 3 — Canal 4, canal 7, etc., só na programação de TV e por economia de espaço; nos demais casos, indique sempre o nome da estação ou rede: TV Bandeirantes, Rede Manchete. Lembre-se: essa designação (canal 2, canal 11) vale apenas para a capital paulista e arredores, pois no interior (sistema UHF) e em outros Estados a numeração é diferente. Televisionar. Prefira esta forma, assim como televisionamento, a televisar e televisamento. Telex. Use telex (pronúncia: teléx): um telex, dois telex. Tem, têm. 1— Tem indica o singular: Ele tem muitos amigos. / O País tem muitas dívidas. Nos derivados de ter, quando igualmente no singular, usase o acento aberto: mantém, contém, detém, sustém. 2 — Têm designa o plural: Os dois têm muitos amigos. / Os países subdesenvolvidos não têm como pagar suas dívidas. Nos deriva-

“Tem gente”

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dos, o acento se conserva: mantêm, contêm, detêm, sustêm. “Tem gente”. Uso errado do verbo ter. Ver havia muitas pessoas, página 138, e ter (como existir), nesta página. “Temos”, “tivemos”. O noticiário deve ser impessoal. Por isso, em vez de “temos”, “tivemos”, etc., recorra a haver, existir e outras formas: No Brasil existe muita desigualdade social (e não: No Brasil “temos” muita desigualdade social). / Houve muitos acidentes nas estradas no feriado (e não: “Tivemos” muitos acidentes nas estradas no feriado). Temperatura. É alta ou elevada, baixa ou reduzida. Frio ou quente usa-se para tempo, dia, manhã, tarde, noite, etc. Temperatura (conversão). 1 — Para converter grau Fahrenheit em Celsius (centígrado), faça a seguinte operação: subtraia 32 do valor Fahrenheit, multiplique o resultado por 5 e divida por 9. Exemplo: converter 104 graus F em centígrados. Subtraia 32 (104 - 32 = 72), multiplique por 5 (72 x 5 = 360) e divida por 9 (360 ÷ 9 = 40). Portanto, 104 graus F equivalem a 40 graus C ou centígrados. 2 — Para converter grau Celsius (centígrado) em Fahrenheit, faça esta operação: multiplique o grau C por 9, divida o resultado por 5 e acrescente 32. Exemplo: converter 20 graus C em F. Multiplique por 9 (20 x 9 = 180), divida por 5 (180 ÷ 5 = 36) e acrescente 32 (36 + 32 = 68). Portanto, 20 graus C equivalem a 68 graus F. 3 — Como 32 graus F equivalem a 0 grau C, números abaixo de 32 na escala F darão resultado negativo em graus C. Assim, 14 graus F equivalem a -10 graus C e 0 grau F corresponde a -17,8 graus C. 4 — Os números obtidos nem sempre são inteiros. Assim, 78 graus F correspondem a 25,6 graus C e 42 graus C equivalem a 107,2 graus F.

Ter (conjugação)

Temporão. Plural: temporãos. Feminino: temporã. Tenção, tensão. 1 — Tenção equivale a intuito, intenção: Não fez tenção de voltar. / Sua tenção é sair já. 2 — Tensão corresponde a estiramento, rigidez ou estado físico: A tensão que o cargo lhe causava era insuportável. / Tensão muscular, tensão arterial, tensão superficial. Ter (abuso). Use o verbo ter livremente, nos seus sentidos habituais e corretos; evite, porém, transformá-lo em verbo-ônibus (como sinônimo de praticamente todos os demais), especialmente nos títulos, apenas por causa do seu reduzido número de letras. Veja alguns exemplos reais e no mínimo discutíveis: Bancos peruanos têm liminar / Bispo cancela missa que UDR teria em Bagé / Deputado tem aplauso do governo / Estados e municípios têm 60 milhões / Ladrão de carro tem pena até o ano 2010 / Fiscais têm 50 denúncias, mas não autuam empresas. Repare até que alguns títulos não só não ficam claros como admitem dupla interpretação. Ter (como existir). Haver é que significa existir, e não ter. Use, pois, estas formas: Não há problema (em vez de Não “tem” problema). / Há muita gente lá (em vez de “Tem” muita gente lá). / Não havia solução (em vez de Não “tinha” solução). / Não há de quê (em vez de Não “tem” de quê). / Não houve jeito (em vez de Não “teve” jeito). Atenção: enquadram-se neste caso (são erradas) frases como: Hoje “tem” Palmeiras x São Paulo. / Na página 8 “tem” Madonna. / Não “tem” saída para o País. / “Teve” de tudo ontem em São Paulo. / Onde “tem” Brasil “tem” Telebrás. / “Tem” dia para tudo. Ter (conjugação). Pres. ind.: Tenho, tens, tem, temos, tendes, têm. Imp. ind.: Tinha, tinhas, tinha, tínhamos, tínheis, tinham. Pret. perf. ind.: Tive, tiveste, teve, tivemos, tivestes, tive-

Ter (derivados)

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ram. M.-q.-perf. ind.: Tivera, tiveras, tivera, tivéramos, tivéreis, tiveram. Fut. pres.: Terei, terás, terá, teremos, tereis, terão. Fut. pret.: Teria, terias, teria, teríamos, teríeis, teriam. Pres. subj.: Tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham. Imp. subj.: Tivesse, tivesses, tivesse, tivéssemos, tivésseis, tivessem. Fut. subj.: Tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem. Imper. afirm.: Tem tu, tenha você, tenhamos nós, tende vós, tenham vocês. Imper. neg.: Não tenhas tu, não tenha você, não tenhamos nós, não tenhais vós, não tenham vocês. Infin.: Ter. Flexionado: Ter, teres, ter, termos, terdes, terem. Ger.: Tendo. Part.: Tido. Ter (derivados). Atenção para seis tempos: Pres. ind.: Mantém (singular), mantêm (plural); detém, detêm; retém, retêm; entretém, entretêm; contém, contêm; obtém, obtêm. Imp. ind.: Mantinha, detinha, retinha, entretinha, continha, obtinha (e nunca “mantia”, “detia”, “retia”, “entretia”, etc.). Pret. perf. ind.: Manteve, deteve, reteve, entreteve, conteve, obteve (e nunca “manteu”, “deteu”, “reteu”, “entreteu”, etc.). M.-q.-perf. ind.: Mantivera, detivera, retivera, entretivera, contivera, obtivera (e nunca “mantera”, “detera”, “retera”, “entretera”, etc.). Imp. subj.: Mantivesse, detivesse, retivesse, entretivesse, contivesse, obtivesse (e nunca “mantesse”, “detesse”, “retesse”, “entretesse”, etc.). Fut. subj.: Mantiver, detiver, retiver, entretiver, contiver, obtiver (e nunca “se eu manter”, “deter”, “reter”, “entreter”, etc.). Conjugamse da mesma forma: abster-se, ater-se e suster. Terceiro Mundo. 1 — Com maiúsculas e sem hífen. 2 — Palavras derivadas: terceiro-mundismo e terceiro-mundista. 3 — Os outros dois mundos são os países capitalistas desenvolvidos e o antigo bloco comunista. 4 — Não use a forma “3º Mundo”.

Terreno de marinha

Ter de. Use ter de em vez de ter que, quando o sentido for de necessidade, obrigação, desejo ou interesse: O Brasil terá de importar arroz. / Temos de prever as despesas do próximo semestre. / O trabalho tem de ser iniciado hoje. / Eles tinham de sair cedo. / A prefeitura teve de indenizar os desapropriados. Teresa, Teresina. A menos que se trate de mulher que grafe o nome com h ou z, use sempre s em Teresa e derivados: Madre Teresa de Calcutá (traduzido), imperatriz Teresa Cristina, Santa Teresa (bairro ou religiosa), Teresinha do Menino Jesus, Teresina, Teresópolis, etc. Ter lugar. Como sinônimo de realizarse, ocorrer, dar-se, suceder, prefira qualquer uma destas formas: A reunião será realizada amanhã. / O incêndio ocorreu ontem. Terminar mais infinitivo. Com infinitivo, use acabar e não terminar: Acabou de fazer, acabou de sair, acabou de escrever (e não terminou de fazer, terminou de sair, terminou de escrever). Termo... 1 — Liga-se sem hífen ao elemento seguinte: termodinâmica, termonuclear, termorreceptor, termossifão. 2 — Mantenha o o do prefixo mesmo quando o segundo elemento começar por vogal: termoatômico, termoelétrica. Terra. 1 — Sempre com inicial maiúscula quando se referir ao planeta: A Terra tem 4,5 bilhões de anos. / A Terra é azul. 2 — No sentido de chão firme (opondo-se a mar e ar), rejeita o artigo: Estava em terra. / Terra à vista. / Deixou os filhos em terra. / Viajou por terra. / Desceremos hoje a terra (e não “à terra”). Terreno de marinha. Desta forma, e não terreno “da Marinha” (trata-se de área situada junto ao mar ou à margem de certos rios e lagoas).

Ter tido

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Ter tido. Ter pode ser auxiliar de si próprio: Tinha tido, tenho tido, tínhamos tido. Tetraneto. Ver bisneto, trineto, tetraneto, página 53. Tetravô. Ver bisavô, trisavô, tetravô, página 53. Tevê. Ver televisão, página 278. Têxtil. Desta forma. Plural: têxteis. Texto-legenda. 1 — Como é ao mesmo tempo uma notícia e uma legenda, deve, por isso, descrever a fotografia e relatar o fato em linguagem direta e objetiva. Recomenda-se que o texto-legenda preencha de três a cinco linhas cheias ou o que a Diagramação determinar. Em casos excepcionais, admitese um pouco mais e, raramente, menos. Não existe parágrafo no texto-legenda, nem inicial nem intermediário. 2 — O ideal é que o texto-legenda contenha pelo menos duas frases, a primeira descritiva e a segunda, complementar e informativa. Como título, reproduza algum pormenor da notícia ou mesmo a sintetize:

Visita “protocolar” O general João de Almeida passa em revista a tropa formada em sua homenagem na Academia Militar das Agulhas Negras. O oficial fez ontem uma visita “meramente protocolar” à escola. 3 — Se necessário, para ganhar espaço, o texto-legenda pode assumir caráter informativo na sua totalidade. Evite apenas, por uma questão de ritmo, que o texto se resuma a uma única frase, dividindo sempre o período em duas ou mais orações:

Praia sem sol Depois de horas de congestionamentos nas estradas, o paulistano aproveitou o mormaço do domingo e lotou as praias, entre elas a da Enseada, no Guarujá. A Dersa prevê um retorno também complicado: mais de 500 mil carros passaram ontem pelos

Times de futebol pedágios do sistema Anchieta—Imigrantes. 4 — Eventualmente, o texto-legenda pode funcionar como chamada de primeira página para assunto que o jornal desenvolva em outro local da edição:

Terminal do desespero As crianças têm sido as principais vítimas da desorganização no Terminal Rodoviário do Tietê. Muitas desembarcam sozinhas e chegam a esperar horas até serem encontradas por quem vai buscá-las. Há também muita sujeira e assaltos na rodoviária. Página C4. Tigres asiáticos. Inicial minúscula: O Brasil quer negociar com os tigres asiáticos. Times de futebol. 1 — São masculinos na quase totalidade: o Palmeiras, o Flamengo, o Pinheiros, o Estudiantes, o Sporting, o Arsenal, o Racing, o Milan. Há algumas exceções, no entanto, e o Estado as respeita. Brasil: a Portuguesa, a Ponte Preta, a Internacional (Limeira), a Esportiva (Guaratinguetá). Itália: a Roma, a Internazionale, a Juventus, a Fiorentina, a Sampdoria, a Udinese e a Lazio. Portugal: a Acadêmica (Coimbra). América Latina: a Universidad (de vários países). 2 — Use o nome dos times conforme eles estejam registrados: Corinthians, Mogi Mirim, Novorizontino, Pirassununguense, Sãocarlense, Coritiba, Sport, Goytacaz, Mixto, Paysandu, etc. 3 — Os times estrangeiros que tenham nome de cidade conservarão a denominação original: Napoli (de Nápoles), Genoa (de Gênova), Milan (de Milão), Torino (de Turim), Bologna (de Bolonha), Real Madrid (de Madri), Atlético de Madrid (de Madri), Zaragoza (de Saragoça), Sevilla (de Sevilha), Anvers (de Antuérpia), Genève (de Genebra), etc. Exceção: Colônia, de Colônia (Köln em alemão).

Tintim

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Tintim. Desta forma: tintim por tintim (e não “tim-tim” ou “tim tim”). “Tio Sam”. Não use. A expressão tem caráter depreciativo. Tipo. Aceitável apenas na linguagem coloquial (mas não nos textos formais do jornal) em frases como: Um grupo de empresários esteve na cidade tipo assuntando. / Era um homem tipo quem tudo sabe. / Era uma mulher tipo perua. Tique, tique-taque. Tique, cacoete, já está aportuguesado. Use também tique-taque (imitação do som do relógio). “Tirar uma posição”. Lugar-comum. Não use. Tireóide. Mantenha sempre o e: tireoidectomia, tireoidismo, tireoidite. O adjetivo correspondente é tireóideo. Título. Liga-se com hífen a outro substantivo: idéia-título, papéis-título. Títulos Instruções gerais 1 — O título deve, em poucas palavras, anunciar a informação principal do texto ou descrever com precisão um fato: Governo desiste de aumentar impostos / Assaltantes roubam 500 mil e prendem 12 reféns. 2 — Procure sempre usar verbo nos títulos: eles ganham em impacto e expressividade. 3 — Para dar maior força ao título, recorra normalmente ao presente do indicativo, e não ao pretérito: Israelenses e palestinos assinam (e não assinaram) acordo de paz / Reitor chama (e não chamou) polícia para poder trabalhar. 4 — Nos textos noticiosos, o título deverá obrigatoriamente ser extraído do lead; se isso não for possível, refaça o lead, porque ele não estará incluindo as informações mais importantes da matéria.

Títulos 5 — Use inicial maiúscula apenas na primeira palavra do título e nos nomes próprios: Ministro pode ser indiciado / Pacifistas fazem protesto diante da Casa Branca. 6 — Os títulos no Estado vão sempre em letras minúsculas (caixabaixa). Só faça títulos inteiramente em maiúsculas (caixa-alta) em casos muito especiais. Por exemplo, em manchetes que exijam maior destaque que as normais. 7 — Nenhuma palavra do título poderá ser separada no fim da linha (nem mesmo as ligadas por hífen). 8 — Evite igualmente partir nomes próprios constituídos de dois ou mais vocábulos. Exemplos: Protesto diante da Casa Branca termina em tumulto Novo LP de Roberto Carlos bate recorde. 9 — Não repita palavras na mesma página (à exceção de artigos, preposições e contrações curtas). 10 — Evite fórmulas semelhantes de títulos na mesma página (a não ser intencionalmente, para fazer jogo de títulos): O Brasil vai bem, afirma o presidente / Os Estados precisam de recursos, diz o governador. 11 — Esteja atento para que o título da chamada de primeira página e o da mesma notícia colocada no interior do jornal não sejam rigorosamente iguais. 12 — O Estado não usa títulos com ponto. Assim, estão vetados exemplos como estes: O Metrô reconhece que errou. E pune seus funcionários / O Brasil joga. Para buscar a classificação. 13 — A não ser que você faça um título propositadamente centrado, evite deixar muito branco nas linhas (no máximo um ou dois sinais). Da mesma forma, procure tornar o con-

Títulos

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junto das linhas harmônico e agradável. 14 — Importante: respeite com rigor o limite de sinais estabelecido para cada título. Caso contrário, ele terá de ser reduzido, tornando a página um verdadeiro catálogo de tipos. Instruções específicas 1 — Abreviaturas. Evite abreviar nomes próprios: P. Ferreira, P. Alegre, E. Santo, J. Paulista, C. Verde, R. Carlos, F. Henrique Exceção: S. (de São e Santo), como em S. Caetano, S. Catarina, S. Amaro, etc. Mas, quando possível, use São e Santo por extenso. E não abrevie a indicação dos cargos das pessoas, principalmente como recurso para ganhar sinais nos títulos: gen. Almeida, gov. Pereira, alm. Valença. Só são admitidas reduções das formas de tratamento, como dr. Jatene, d. Eugênio, pe. Eurico. 2 — Adjetivação. O adjetivo, por mais forte que seja, não substitui a informação específica: Comissão propõe profundas mudanças no IR / Realizado o maior assalto a banco do ano. / Governo baixa medidas duras para tentar conter o déficit. / Média de mortes teve aumento brutal. Profundas, maior, duras e brutal, no caso, não dão as informações essenciais: quais e o valor. 3 — Artigo. Pode ser dispensado, na maior parte dos casos, para economizar sinais: Deputado acusa CUT / Peso do pacote divide governo. Conserve obrigatoriamente o artigo, porém, nas formas de valor absoluto, como o maior, o menor, o máximo, o mínimo, os mais velhos, o mais novo, o único, os menos culpados, o menos instruído, o principal, etc. 4 — Artista pelo personagem. O Estado não admite que se use o nome do artista pelo personagem que esteja representando no momento. Exem-

Títulos plos: Cuoco morre no fim / Tarcísio Meira casa com Bruna Lombardi. 5 — Atípicos. Há títulos atípicos que podem ser jornalísticos e criativos. Lembre-se, porém, de que são exceção e não a regra: Não, não chega de saudade / A difícil vida fácil / A morte do homem do Brasil / O incrível caso dos encapuzados que atacaram a polícia / Adeus, Joel; bemvindo, Joel. 6 — Auxiliar. O título auxiliar deve complementar o principal, e não repetir informações nele contidas. Veja alguns exemplos de títulos auxiliares bem-feitos (entre parênteses está o título auxiliar): O templo da segurança nacional abre suas portas a Lula e Covas (Com isso, a ESG rompe um comportamento de décadas) / Vereador paulista renuncia (Câmara triplicou seu salário e ele achou a decisão incorreta) / Museus descobrem fraude (Arte pré-colombiana não passa de obra de artista mexicano). Em contraste, veja um caso em que o título auxiliar repete o principal: Medidas vão reduzir a liquidez (O CMN aprovará amanhã medidas para reduzir o excesso de dinheiro em circulação). 7 — Causa—efeito. Em alguns casos, especialmente nos relativos a fenômenos meteorológicos, acidentes e outros, admite-se o emprego do efeito pela causa em títulos como: Acidentes matam 20 nas rodovias paulistas / Chuva interrompe o trânsito na Anhangüera / Mau tempo adia a rodada do campeonato / Crise impede a viagem do presidente / Frio eleva preço das verduras. / Coração aposenta jogador aos 20 anos. Evite, no entanto, casos em que essa relação se torne forçada ou ininteligível: Turbina derrubou o avião do ministro / Ferrovia Norte—Sul já prepara canteiro de obras / Meteorologia antecipa jogo do Santos / Junho

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pode dar o gatilho, diz assessor do ministro. Eis outros exemplos de títulos pouco inteligíveis do gênero: Contrato perdoa Joãozinho (o jogador foi perdoado porque sua presença era exigida por contrato nos jogos do time) / Tabela abre supermercado ao meiodia (por causa de uma tabela de última hora, os supermercados só iriam abrir ao meio-dia) / Contracheque solta secretário em Fortaleza (liberação dos contracheques fez que servidores soltassem secretário retido no gabinete dele). 8 — Confusão. Os títulos devem ser claros para não provocar nenhum tipo de confusão no espírito do leitor. Veja os exemplos seguintes: Em comício de Pedro Almeida lança Gomes para a Presidência / Presos acusados de roubo. No primeiro, seria indispensável uma vírgula entre Pedro e Almeida; no segundo, fica a dúvida: presos foram acusados de roubo ou foram presos os acusados de roubo? 9 — Correção. É indispensável nos títulos, para evitar exemplos (reais) como: Pernambuco pede DPF para apurar morte de vereador / São Paulo relaxa e permite Juventus empatar por 2 a 2. / Portos parados ameaçam falta de combustível. / Horário de verão começa 6 de outubro em 12 Estados e no DF. / 10 — Dizer. Não use o verbo (nem declarar e afirmar) para entidades, como em: Eletropaulo diz que contas de luz podem estar erradas. Substitua-o por admite, nega, contesta, etc. 11 — E. Está vetado o uso da conjunção e no início dos títulos, sejam eles principais ou auxiliares: E o governo já admite que vai demitir mais servidores. / As propostas de desapropriação de terras não têm valor jurídico (...) E até a lei do meio ambiente foi desrespeitada. / E a CLT afinal vai mudar.

Títulos 12 — Encampação. A menos que o jornal as tenha apurado, as informações devem ser atribuídas a alguém e não encampadas nos títulos. Veja os exemplos: Uruguai não está nem um pouco preocupado / A Terra é um organismo vivo / Lucro já não atrai tanto as empresas. / Renato não pensa em ser o artilheiro. Em todos os casos, obviamente havia alguém dizendo o que consta dos exemplos. Os títulos, porém, fazem que as afirmações passem a ser do jornal. 13 — Excesso. Se os títulos muito telegráficos são condenáveis, da mesma forma produzem má impressão os que têm o efeito contrário: excesso de palavras. Veja como a falha fica patente nos exemplos seguintes, em que detalhes absolutamente secundários tiveram de ser incluídos para que o título satisfizesse a contagem exigida: O Brasil é favorito no Torneio de Novos que se inicia hoje em Toulon, na França / Traficante Celsinho da Vila Vintém é preso de madrugada em casa em Padre Miguel / Centro vai ganhar outra rede de varejo, a Luzes Shopping, no local onde ficava a Casa Sloper / Ministério inicia Programa Bom Menino com a presença da primeira-dama do País. 14 — Fato previsto. Mesmo nos fatos previstos, você pode fugir do óbvio. No dia da posse dos governadores, por exemplo, em vez de simplesmente anunciar Governadores tomam posse, há opções como: Governos mudam, ficam as dívidas / Estados falidos dão posse a governadores hoje. 15 — Foi. Evite o uso de foi nos títulos: é ruim e já está subentendido nos casos em que se recorre ao particípio. Veja como ele é totalmente dispensável: (Foi) Aprovada a estatização dos bancos no Peru / (Foi) Iniciada a corrida aos cargos no governo.

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16 — Fracos. Há títulos fracos para o que pretendem expressar. Eis alguns exemplos: Vaticano divulga seu balanço / Plenário rejeita proposta do PFL / A decisão final do caso dos tratores. No primeiro caso, havia a informação de que o Vaticano tivera prejuízo no ano anterior; no segundo, não se diz qual é a proposta do PFL; no terceiro, igualmente, não se revela ao leitor em que consiste a decisão final do caso dos tratores. 17 — Futuro do pretérito. O antigo condicional não deve ser empregado nos títulos por transmitir ao leitor idéia de insegurança, eventualidade e falta de convicção: Aids teria sido a causa de chacina em SP / Curto-circuito teria causado o incêndio na Paulista / Excesso de informação causaria estresse. Uma saída é recorrer a palavras como pode, deve, possível, provável, ameaça, espera e outras que contornem a situação. Há um caso, porém, em que se admite o uso do futuro do pretérito. É quando ele formula uma hipótese: Antecipação agradaria aos vereadores / Exministro afirma que reeditar o Plano Cruzado seria até hilariante. 18 — Gerúndio. Evite o gerúndio nos títulos, seja de notícias, seja de reportagens, artigos, comentários, críticas, crônicas, etc. Eis alguns exemplos que mostram não ser essa uma boa fórmula para os títulos: Desenterrando o passado / Cartel de Medellín invadindo o Brasil / Uma cidade refazendo seu passado / Chileno corta pulsos a bordo de avião dizendo-se perseguido / Deputado apresenta relatório propondo 4 anos / Desmistificando a onda de violência. Há sempre uma forma do presente que pode, com vantagem, substituir o gerúndio. 19 — Informações adicionais. Sempre que possível, aproveite bem os sinais do título para dar informações adicionais que o tornem mais claro jornalisticamente ou ajudem a

Títulos evitar confusões: Gripe Florentina, a que vai e volta, atinge paulistanos / Bethânia (Defesa do Consumidor) pede normas para controle de preços / Reed, do Citicorp, defende conversão da dívida externa / Santos, o ministro, garante que não pretende renunciar / Gramado, sem encomendas, desativa setor moveleiro / Braga classifica de recuo o controle de preços, já tentado por Simonsen / Edberg, 3º do ranking, é eliminado em Roland Garros / Mordidos demais, carteiros argentinos param trabalho / Enfarte mata Muskie, ex-secretário de Carter / Banco Atlas, que fez a reestruturação da Acme, compra ações dos sócios minoritários / INPC de março foi de 0,29%, o menor sem congelamentos / Brigitte, irreconhecível, leiloa jóias para proteger animais / Augusto, liberado para voltar ao treinamento, livra-se do corte / Morre o roteirista de “Perdidos na Noite”, o filme / Kanu, carrasco do Brasil, está fora do futebol. 20 — Jogo de palavras. Raramente um jogo de palavras se justifica no título; na maior parte das vezes, o que o redator consegue é passar ao leitor frases de gosto altamente duvidoso, como, por exemplo: Preço do sapato aperta consumo / Chegada de Nobel da Paz causa guerra / Minivaca produz maxileite / Crise deixa estaleiros a ver navios / Altamiro: levando o choro na flauta / Em ano eleitoral, metrô paulista entra nos trilhos / Brasileiros abrem olho para o Japão / Com mil raios! Como é difícil usar o micro nesses temporais... / Presidente digere queixas em jantar / Ferro elétrico passa bem pela recessão / Passada a turbulência, Vasp decola de novo / Inundações levam preço para o brejo / Fábrica da Volks pisa fundo em Resende / Comprador chora com preço da cebola. 21 — Jogo de títulos. Quando feito com critério, o jogo de títulos na

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mesma página pode ser uma solução criativa: Edu, o do Palmeiras, vai jogar / Edu, o da Portuguesa, quer descansar. 22 — “Muletas”. Nada pior num título, por ficar evidente o recurso, do que palavras utilizadas apenas para esticar a linha. Veja casos em que o um, o seu, o já e os artigos definidos ou são redundantes ou não têm nenhuma função na frase: Presidente critica um deputado / Empresa demite os seus funcionários / Corinthians já teme o América / O leão foge do circo. Por que um deputado e não deputado, apenas? A empresa poderia demitir outros funcionários que não os seus? Teme, simplesmente, e não já teme. Finalmente, que leão? que circo? 23 — Nome certo. Use sempre o nome da pessoa, da cidade ou da coisa, evitando fórmulas destinadas somente a aumentar o número de sinais do título, como as que se seguem: Despovoamento e marés ameaçam a cidade das gôndolas / Greve de ônibus e metrô deixa a “Cidade Luz” sem transporte / Contundido o “Furacão de Lins” / Chuva arrasa a capital fluminense. / Obras revitalizam a capital da Argentina. 24 — Nomes usuais. Use no título sempre o nome pelo qual a pessoa seja conhecida. Se o jornal utiliza Covas nos títulos, por exemplo, a forma Mário Covas é um desvio da norma e revela apenas que o Mário teve o mero objetivo de completar o número de sinais. Outros exemplos condenáveis: Bill Clinton recebe Boris Yeltsin / Evocada a memória de Tancredo Neves / Leonel Brizola critica a política econômica. 25 — Números agrupados. Evite agrupar números quando o resultado possa confundir ao leitor, como nos casos seguintes: Última prova da temporada decidiu a F-1 17 vezes / Previstas para 1998 30 competi-

Títulos ções. / Chegam dia 24 16 governadores. 26 — Obscuros. Nunca faça títulos que o leitor não possa identificar de imediato, como: BNDES socorre giro de micro, pequeno e médio (empresário) / Surrealismo, 100, está de volta (movimento ressurge cem anos depois). 27 — Ontem. Não use o advérbio nos títulos, pois se presume que o jornal publique, na quase totalidade, notícias da véspera. Recorra ao presente, que torna o título mais forte: Presidente anuncia acordo com credores (e não: Presidente anunciou ontem acordo com credores) / Santos vence o Guarani (e não: Santos venceu ontem o Guarani). 28 — Opinião. Somente os títulos de editoriais, artigos ou comentários assinados poderão expressar opinião: Imposição do bom senso / Uma decisão desastrosa / O passado condena no Uruguai. Nos demais casos, e especialmente no noticiário, estão vetados títulos desse tipo. 29 — Ordem na frase. A ordem dos termos no título deve ser a mais linear possível. Evite intercalações e inversões violentas, como nos casos seguintes: França discute hoje nos EUA o terror / Prefeitos vão levar ao presidente reivindicações / Marcelo e Igor podem ter esta semana habeascorpus / Bancos querem negociar com Incra as suas terras. / Santos vence por 2 a 0 a Portuguesa. 30 — Palavras fortes. Há palavras ou construções muito fortes, que dão aos títulos clara idéia de exagero. Fuja de exemplos como: Protestos infernizam a vida de Copacabana / Empresários morrem de medo de novo congelamento / Lei americana enfurece os europeus / Intervenção deixa governador irado. 31 — Pontuação. Aplicam-se aos títulos as mesmas normas de pontuação dos textos comuns: aliás, nos ver-

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betes específicos deste manual, dezenas de exemplos são de títulos. Por isso, neste momento, cabem apenas algumas observações: • Não use os dois-pontos para introduzir retranca ou procedência: França: cresce o número de acidentes / Terras: governo muda a legislação / Caso dos tratores: mais um indiciado. • Não coloque também a retranca ou procedência no fim do título: Moscou afasta o ministro da Defesa: caso Cessna / Funcionário é baleado dentro do carro: Sergipe. • Não use vírgula para indicar retranca (caso em que também os doispontos estão vetados): Escuta telefônica, delegado procurado / Apartamentos, o ministro vai explicar. • Não use ponto de interrogação nos títulos. O leitor tem direito a respostas. Dessa forma, estão vetados títulos como: O cacau, a caminho da privatização? / Como cortar 14 bilhões no déficit? / Novo congestionamento na Imigrantes? / Quem paga a conta dessas mordomias? • Use aspas no título para as palavras que, segundo as normas de redação, vão em itálico ou negrito no texto: Autor renega “Os Homens do Espaço” / Gil grava “Chão de Estrelas” / “Soneca” vai deixar o caso Anastácio. / “Estado” ganha causa no STF. • Os títulos inteiramente entre aspas estão vetados, a não ser em dois casos: sub-retrancas e títulos auxiliares de entrevistas. • Em casos especiais, o ponto-evírgula pode ser usado para indicar duas informações diferentes contidas no mesmo texto: Governo divulga plano; bolsas caem. • Finalmente, lembre-se de que estão vetados os títulos com pontos (ressalvados os casos de excepcionalidade, mas sempre com permissão da Direção da Redação). Assim, não use

Títulos exemplos como: Tiros na mata. Para salvar jacarés / A cidade quer o porto. Mas não a esse preço / Os dois meninos saem a passeio. E não voltam. 32 — Positivos. Sempre que possível, substitua um título com não pela forma positiva (exemplificada entre parênteses): Ator não aceita (rejeita) prêmio / Funcionário não quer (recusa) promoção / Lista não inclui (omite, exclui) convocados / Governo diz que não tem (nega) intenção de extinguir conselho / Universidade não encerra (prorroga) inscrições. 33 — Pronome oblíquo. Evite o pronome oblíquo nos títulos, para não dar ao leitor idéia de sofisticação: Escritor inglês ganha ação contra jornal que o difamou / Ladrões esperam família acordar para assaltá-la. 34 — Rebuscamento. É o uso de palavras estranhas ao universo do leitor ou de termos que não sejam os mais simples para expressar determinada situação. Lembre-se de que o título tenta estabelecer comunicação direta com o leitor. Por isso, os vocábulos empregados devem ser, quando possível, os do seu dia-a-dia. Evite, pois, formas como estas: Polícia cala sobre a fuga de 2 mil / Ministro diz que o gatilho de servidor é controverso / Centavo, moeda tão vil que ninguém se abaixa para pegar / Inseto americano mimetiza predador para poder fugir / “Etarra” assassinada / Para senador, PMDB deveria ter sabatinado ministro / Viúva de Allende solicita anistia / OMS não acha importante contabilizar casos de aids / PMDB deseja mudar a Constituição / Mulher de brigadeiro ecoa “revolta silenciosa” / São Paulo põe em campo sua face “yang”. 35 — Reduções. Evite reduzir palavras nos títulos, a não ser em casos já consagrados, como soft, micro, máxi, míni e múlti.

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36 — Repetições. Determinadas repetições podem dar força aos títulos, quando criteriosas e adequadas à situação descrita: Polícia apura polícia no seqüestro / Governador diz que não disse nada contra o Judiciário / Formas que geram formas / “Eu fico, eu faço” / Ninguém é de ninguém na noite / Artistas convidam artistas para exposição. Em outros casos, no entanto, elas apenas denotam falta de recursos: Proposta para a dívida não é para já, esclarece a Fazenda / Deputado tira prorrogação de mandato de prefeitos de capitais de relatório / Inflação na UE baixa a seu índice mais baixo em 20 anos / Municípios farão vigília para fazer incluir suas propostas na nova Carta. / Casas inventam atrações para atrair público. 37 — Rimas. Cuidado com as rimas, especialmente em ão, mais notadas pelo som forte: Ministro nega pressão política para demissão / Advogado toma cuidado para não ser incriminado / Barulho na cidade revela insensibilidade. 38 — Sem sujeito. Em alguns casos, a supressão do sujeito não torna o título enigmático e pode ser aceita: Assassinado ao lado do filho menor / Mordido pelo rival / Condenado a 12 anos sem provas. 39 — Sentido completo. Quanto mais informações você der ao leitor, mais o título terá cumprido seu objetivo. Por isso, evite os detalhes supérfluos e procure usar todos os sinais à disposição para que o título diga o máximo. Veja como é possível: Senado aprova e argentinos já têm divórcio / Leão-marinho melhora, come mais e brinca / Acidente com ônibus no Cairo mata 50 crianças / Botafogo joga mal, empata e perde dinheiro / Fábricas de motos dão férias, cortam horas extras e reduzem produção / Flamengo, goleado de novo, vai atrás de Romário / Polícia frustra se-

Títulos qüestro, mata três e resgata reféns / Conde salta 24 pontos em dez dias e assume liderança no Rio / Computador pára, avião cai e 70 morrem no Peru / Aluno mata, fere, se mata e choca a USP. 40 — Sentido incompleto. Evite os títulos que deixam no ar a pergunta o quê?, como nos exemplos seguintes: Ministro admite congelar, após ajuste de preços / Deputado quer saber se funcionário pode acumular. Congelar o quê? Acumular o quê? 41 — Singular pelo plural. Há casos em que se pode usar um termo no singular para designar toda uma classe ou categoria. Exemplos: Greve de servidor termina hoje / Deputado já ganha mais em São Paulo / Contribuinte paga mais imposto. Em muitas ocasiões, porém, o uso do singular poderá dar a idéia de que a notícia se refere a uma só pessoa da classe ou categoria e não a toda ela. Veja exemplos reais de títulos que se devem evitar (em todos eles as notícias se referiam à categoria ou a grupos de pessoas): Comissário da Vasp decide manter greve / Passageiro queima ônibus em Itaquera / Camelô dobra os preços de açúcar e sal / Militar argentino pede anistia ampla / Marginal quebra e incendeia um automóvel / Banco dispensa acordo com FMI / Militar cubano desertou em massa, diz general / Jogador faz greve no Fluminense (era o time todo) / Motorista de táxi ameaça parar / Menina brasileira se prostitui no Paraguai / Apoio de governador vira estigma de candidato (o apoio era dos governadores e o estigma, dos candidatos nos Estados) / Estoque de concessionária supera 100 mil (o número é a soma do estoque de todas as concessionárias do País). 42 — Telegráficos. Evite ao máximo as formas telegráficas constituídas por um substantivo mais uma data ou sigla. Prefira sempre Copa de

Título(s) de...

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94, e não Copa-94, etc. Veja outros exemplos a evitar: Mundial-98, eleições-92, orçamento-SP, déficit-RJ, campanha-89, Campeonato-91, carros GM, etc. 43 — Tempos verbais. Como o presente é usado nos títulos para definir uma ação passada, mas recente (da véspera, em geral), ele só pode referirse ao futuro quando acompanhado da indicação de tempo: Presidente dos EUA chega amanhã. Estaria errado, porém, dizer que O Brasil volta a negociar com o FMI se essa ação ainda não se tiver iniciado. O correto, então, seria: Brasil voltará a negociar com o FMI. Outro exemplo impreciso: Judeus protestam, mas papa recebe Waldheim. O que se quis dizer: Judeus protestam, mas papa receberá Waldheim. Quando se localiza uma ação no passado, o tempo usado deverá então ser o pretérito e não o presente (os casos mais comuns são os de balanços ou levantamentos): Abate de bois caiu 8,6% no ano passado / Consumo de combustíveis aumentou 15% em abril / Pedidos de concordata atingiram 150 empresas em janeiro / Indústria demitiu 50 mil até agora / Empresa perdeu US$ 60 milhões no primeiro semestre / Indústria cresceu 8% no segundo semestre / Banqueiro pediu ajuda para tentar evitar intervenção do BC. Abate de bois caiu e não cai; consumo aumentou e não aumenta (a ação está definida no passado); banqueiro pediu (isto é, havia pedido, pediu há dias e não pediu ontem). 44 — Ter. Use o verbo ter nos seus verdadeiros significados, em vez de transformá-lo em mais um curinga dos títulos. Veja exemplos do seu mau emprego: Médicos ingleses têm controvérsias sobre a aids / Crianças têm campanha no colégio sobre eleições / Assassinos de Joana têm 15 anos de cadeia / Fiscais têm 50 de-

Todo

núncias por dia / Senador tem aplauso dos eleitores. 45 — Título-legenda. Alguns títulos podem, em casos excepcionais, funcionar como verdadeiras legendas. É preciso, porém, que a diagramação deixe clara essa condição e as fotos a justifiquem: Veja o que fizeram com Becker / Adivinhe quem passou por aqui / Eis o chefe dos bandidos de capuz. 46 — Tratamento. Apenas em casos especiais, formas de tratamento poderão aparecer nos títulos: As peripécias do sr. ministro / A vida de sir Laurence Olivier / As memórias de madame Claude / Assim será, dr. Tancredo. Título(s) de ... 1 — Se se tratar de mulher, título de eleitora. 2 — No plural, títulos de eleitor e não títulos de eleitores. Tiver/estiver, tivesse/estivesse. Não confunda as formas tiver e tivesse, do verbo ter, com estiver e estivesse, do verbo estar. Siga a regra prática: o ter pode ser sempre substituído por haver, e o estar, não. Assim: O jogador vai assinar o contrato segundafeira, quando o diretor do clube tiver (houver) voltado da Europa. / Se estiver presente à festa, será homenageado. Repare que o haver não pode ser usado no segundo caso. Igualmente: Se tivesse (houvesse) voltado a tempo, o diretor participaria da festa. / Se estivesse insatisfeito com o trabalho, teria dito. “Tivemos”. Ver “temos”, “tivemos”, página 279. Toca-discos. No singular e plural. Tocantins. Com artigo: Estado do Tocantins, no Tocantins, o Tocantins. Todo. Concordância. Embora advérbio, todo (como sinônimo de inteiramente) pode concordar, por atração, com o adjetivo que modifica: Era uma série toda especial. / Os meninos estavam todos nus. / Elas ficaram todas molhadas. Existe, igualmente,

Todo, todo o

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a concordância normal: Era uma série todo especial. / Os meninos estavam todo nus. / Elas ficaram todo molhadas. (Estes dois últimos casos, todo nus e todo molhadas, aparecem muito raramente.) Todo, todo o. 1 — Siga a norma de que todo, sem artigo, significa um, cada, qualquer, enquanto todo o equivale a inteiro: Trabalho todo dia (cada dia, qualquer dia). / Trabalho todo o dia (o dia inteiro). / Todo homem é mortal (um, qualquer, cada homem). / Retalhou todo o homem (o homem inteiro). / Todo o eleitorado festejou a vitória (o eleitorado inteiro). / Toda nação tem aliados (qualquer nação). / Toda a nação passava fome (a nação inteira). Todo-poderoso. Flexões: todo-poderosa, todo-poderosos e todo-poderosas. “Todos foram unânimes”. Redundância. Use Foram unânimes nessa opinião ou Todos apoiaram essa opinião. Todos os. Todos exige sempre os em frases como: Todos os que quiseram saíram cedo. / Estavam ali todos os que haviam tido problemas com a justiça. / Todos os que viviam na cidade sofriam com a poluição. / Todos os manifestantes foram punidos. “Todos os dois”. Expressão rejeitada pelos gramáticos. Use os dois ou ambos. Todos os três, todos três. Quando todos antecede um número, usa-se artigo se o número vier acompanhado de substantivo e não se usa artigo se o número estiver isolado: Comprei todos os três romances que você indicou, e já li todos três. / Compareceram à reunião todos os dez membros do conselho. / Estavam animados todos quatro. Tomar parte em. E não de: Tomou parte na reunião. / Não quis tomar parte no conselho da empresa.

Trans...

Tomás. Desta forma nos nomes já consagrados pelo uso: Santo Tomás de Aquino. Com h e/ou z, só no caso de a própria pessoa adotar essa grafia. Tonelada. Ver peso, página 217. Torácico. E não “toráxico”. Tórax. Invariável no plural: os tórax. Torneios. Três equipes — triangular; quatro — quadrangular; cinco — pentagonal; seis — hexagonal; sete — heptagonal; oito — octogonal. Tossir. Conjuga-se como cobrir (ver, página 62): tusso, tosses; que eu tussa; etc. Total. Concordância no singular: Um total de 1.500 delegados vai (e não “vão”) participar da convenção. “Trabalhar com a hipótese”. Lugarcomum. Não use. Um delegado, um político, etc., podem investigar, considerar, levantar ou levar em conta uma hipótese. Trabalho, trabalhar. Não use as palavras no lugar de treino e treinar. Constituem jargão de técnico e preparador físico. Trading company. Pode-se usar trading, apenas. Plural: trading (sem s) companies ou as tradings. Tráfego/tráfico. Tráfego equivale a trânsito: tráfego congestionado, correntes de tráfego. Tráfico corresponde a comércio ilícito: tráfico de drogas, tráfico de mulheres, tráfico de influência. “Tragédia mata”. Tragédia não mata. Mortes em grande número ou em certas condições é que constituem uma tragédia. Trair. Conjuga-se como cair (ver, página 55). Trans... Liga-se sem hífen ao termo seguinte: transatlântico, transamazônico, transcaspiano, transinduísmo, transoceânico, transrenano, transuraniano. No caso de a segunda palavra começar com s, ocorre a fusão: transaariano (através do Saara), transiberiano, transudar.

Transplantado

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Transplantado. É o órgão, não o paciente. Use, portanto: O fígado transplantado. Mas não: O “transplantado” teve alta ontem. / A menina “transplantada” passa bem. Opção: O paciente do transplante teve alta ontem. Trás. Com preposições, use trás e não atrás: Andou para trás. / Saiu de trás do carro. / Veio por trás. Trás, traz. Trás — atrás (Ficou para trás. / Veio de trás. / Saiu por trás.); traz — flexão do verbo trazer (O filme lhe traz muitas lembranças). Trasladar. Prefira trasladar e trasladação a transladar e transladação. Tratamento (formas). 1 — Abrevie sempre as formas de tratamento, sejam elas simples, como sr., dr. ou d. (dom e dona), ou cerimoniosas, como S. Exa., V. Sa., etc. (ver, quanto ao uso, os verbetes dom, página 101, dona, página 101, doutor, página 102, e senhor, página 265). 2 — Ao se dirigir ao leitor, chameo de você. 3 — Em entrevistas de perguntas e respostas, use você para artistas, esportistas, crianças, etc., e o sr. para pessoas de idade, autoridades, políticos, empresários e membros da administração pública. 4 — O texto jornalístico só comporta formas cerimoniosas de tratamento em editoriais, artigos e matérias especiais ou na reprodução de declarações e documentos. Jamais no noticiário. 5 — As formas simples e suas abreviaturas devem ser escritas com inicial minúscula: doutor (dr.), senhor (sr.), dom (d.) e dona (d.). Nas formas cerimoniosas, use inicial maiúscula: Vossa Excelência (V. Exa.), Sua Senhoria (S. Sa.), Vossa Eminência (V. Ema.). 6 — Modo de usar. As formas de tratamento com Vossa designam a pessoa a quem se fala, isto é, fazem parte de diálogos: Tenho todo o res-

Tratamento (formas) peito por Vossa Alteza. / Vossa Excelência agiu mal. As formas com Sua indicam a pessoa de quem se fala (ausente em geral): Traga a roupa de Sua Eminência. / Não é o comportamento adequado a Sua Senhoria. 7 — Concordância. a) Verbal. Usa-se sempre a terceira pessoa, tanto no singular como no plural: Vossa Excelência faz falta no Congresso. / Vossas Senhorias estão descontentes, por quê? / Sua Santidade chegou cedo ao estádio. / Suas Majestades não virão mais hoje. b) Nominal. O adjetivo concorda com o sexo da pessoa identificada pela forma de tratamento: Vossa Alteza é poderoso (rei). / Vossa Alteza é delicada (rainha). / Vossa Excelência está enganado (homem). / Vossa Excelência chegou atrasada (mulher). / Suas Senhorias foram indicados (homens) ou indicadas (mulheres). 8 — Nas abreviaturas, apenas o segundo elemento se flexiona: V. Exas., S. Sas. 9 — Eis algumas formas de tratamento, suas abreviaturas e os cargos que identificam: Sua ou Vossa Alteza (S. A. ou V. A.): príncipes, arquiduques e duques. Sua ou Vossa Eminência (S. Ema. ou V. Ema.): cardeais. Sua ou Vossa Excelência (S. Exa. ou V. Exa.): presidente da República, ministros, governadores, prefeitos, parlamentares, juízes, autoridades diplomáticas e pessoas de alta categoria, em geral. Sua ou Vossa Excelência Reverendíssima (S. Exa. Revma. ou V. Exa. Revma.): bispos e arcebispos. Sua ou Vossa Magnificência: reitores de universidades. Usa-se ainda o tratamento Magnífico Reitor. Sua ou Vossa Majestade (S. M. ou V. M.): reis e imperadores. Sua ou Vossa Reverendíssima (S. Revma. ou V. Revma.): sacerdotes em geral.

“Tratam-se de”

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Sua ou Vossa Santidade (S. S. ou V. S.): o papa. Sua ou Vossa Senhoria (S. Sa. ou V. Sa.): funcionários graduados, pessoas de cerimônia e oficiais até coronel. Meritíssimo: para juízes (mas nunca meretíssimo). “Tratam-se de”. O certo é trata-se de em frases como: Trata-se (e não “tratam-se”) dos homens mais ricos do mundo. / Trata-se dos Estados mais populosos do País. Não existe a passiva pessoal com verbos transitivos indiretos. “Tratativa”. Palavra vetada. Use acordo ou negociação. Travessão. 1 — É usado para intercalar uma expressão explicativa ou complementar no período, equivalendo, conforme o caso, a vírgulas ou parênteses: O uso de atores conhecidos — geralmente homens maduros — é outra distorção. / Também para o contribuinte individual — autônomo, empregador e desempregado — é cada vez mais difícil recolher a taxa. / O governador de Goiás — o Estado mais afetado pela medida — recusou-se a falar à imprensa. 2 — Substitui os dois-pontos: Eram assim seus dias — muito trabalho, pouco descanso. / Eis o autor das denúncias — o próprio ministro. 3 — Introduz uma pausa mais forte no período ou destaca a parte final de um enunciado: Uma noite com Chico — e Caetano. / Estava estudando a vida de Átila — ele mesmo, o rei dos hunos. / O cineasta atacou a platéia de “ intelectuais adultos” — suposta nata da crítica mundial. 4 — Liga palavras ou grupos distintos de palavras que não formam um terceiro significado. Isto é, não existe um conjunto semântico, como nas palavras compostas, mas apenas encadeamentos do tipo dos que se se-

Travessão guem (neste caso não se emprega o hífen, mas o travessão): A estrada São Paulo—Curitiba. / O sistema Anchieta—Imigrantes. / A linha Rio— Nova York. / A ponte Rio—Niterói. / Os entendimentos Brasil—Argentina. / O trajeto Vila Madalena—Vila Prudente. / A passagem Rio—São Paulo. / A harmonia carro—pedestre. / O diálogo governo—supermercados. / O ciclo vigília—sono. / O encontro Clinton—Yeltsin. / Associação adjetivo—substantivo. / A rivalidade Palmeiras—Corinthians. / O corredor 9 de Julho—Santo Amaro. / Foguete terra—ar. / O antagonismo capital—trabalho. O hífen formaria uma palavra composta, quando o que se tem, nos casos citados, é uma cadeia vocabular. 5 — Separa as datas de nascimento e morte de uma pessoa: São Paulo, 1905 — Rio de Janeiro, 1960. 6 — É o sinal usado pelo Estado depois do nome da cidade de procedência de uma notícia: BRASÍLIA — O Supremo Tribunal Federal julgou ontem... 7 — Se o segundo travessão coincidir com uma vírgula, usam-se os dois sinais: Depois de ter quitado 24 prestações, de um total de 50 — a última foi de R$ 589,20 —, o mutuário tentou transferir... / Essa mensagem do jornal, publicada na edição de novembro — especial, com 20 páginas —, já indicava a disposição... 8 — Jamais coloque mais de dois travessões no mesmo período, como no caso seguinte, para não confundir o leitor: Essa prática — que privilegia o filho mais velho — é muito antiga e a Bíblia dá um exemplo — o de Esaú e Jacó — em que o primeiro vendeu o direito de primogenitura — e por um prato de lentilhas.

Traz

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9 — Indique os diálogos com travessão, como no exemplo da nota abaixo: O porta-voz Sérgio Amaral ostentava uma gravata estampada de zebrinhas ao embarcar para a China na comitiva presidencial. — O senhor está levando a zebra embora, embaixador? — brincou um repórter. O assessor não perdeu a oportunidade de fazer ironia: — Não, esta é só enfeite. A zebra estou deixando aqui. 10 — Não recorra ao travessão, porém (e sim à virgula), para isolar os verbos de uma declaração: “Todos nós”, prosseguiu, “temos consciência dos problemas do País.” E não: “Todos nós” — prosseguiu — “temos consciência dos problemas do País.” Outro exemplo: Com essa medida, garantiu o presidente, seria possível apressar a votação. E não: Com essa medida — garantiu o presidente — seria possível apressar a votação. 11 — Nos chapéus, títulos, olhos, janelas e legendas, use o hífen, em vez do travessão, muito longo nos corpos maiores. 12 — Ver outros exemplos do uso do travessão nos diálogos em declarações textuais, página 86. Traz. Ver trás, traz, página 291. Trazer. Conjugação. Pres. ind.: Trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem. Pret. perf. ind.: Trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram. M.-q.-perf. ind.: Trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos, trouxéreis, trouxeram. Fut. pres.: Trarei, trarás, trará, traremos, trareis, trarão. Fut. pret.: Traria, trarias, traria, traríamos, traríeis, trariam. Pres. subj.: Traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam. Imp. subj.: Trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxésseis, trouxessem. Imper. afirm.: Traze, traga, tragamos, trazei,

Troféu

tragam. Imper. neg.: Não tragas, não traga, não tragamos, não tragais, não tragam. Os demais tempos são regulares. Trema. 1 — É obrigatório sempre que o u colocado entre um g ou q e um e ou i for pronunciado: conseqüência, eloqüente, eqüino, cinqüenta, tranqüilidade, agüentar, averigüei, lingüiça, lingüística, etc. 2 — Não existe trema antes de a e o: míngua, adequado, exíguo, aquoso. 3 — Quando uma palavra puder ser usada com e sem trema, prefira a forma sem o sinal: sanguíneo, liquidificador, Antiguidade, etc. Três-dormitórios. Com hífen quando designa o tipo de apartamento: Comprou um três-dormitórios. Mas: Era um apartamento de três dormitórios. Três-estrelas. Ver estrelas, página 118. “Tri”. Nunca use no lugar de trilhão. Tribunais. Veja os nomes corretos: Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal Regional Federal (TRF), Tribunal Superior do Trabalho (TST), Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Superior Tribunal Militar (STM), Tribunal de Contas da União (TCU), Tribunal de Contas do Estado (TCE), Tribunal de Contas do Município (TCM), Tribunal de Justiça (TJ) e Tribunal de Alçada. Trilhão. Concordância. Ver milhão, milhar, página 177. Trimensal, trimestral. Trimensal — que ocorre três vezes por mês; trimestral — que ocorre a cada três meses, que dura três meses. Trineto. Ver bisneto, trineto, tetraneto, página 53. Trisavô. Ver bisavô, trisavô, tetravô, página 53. Troca de farpas. Modismo. Evite. Troféu. Com inicial maiúscula antes do nome que determina: Troféu Brasil, Troféu União. Minúsculas, porém, na

Trólebus

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segunda referência: o troféu, esse troféu, conquistou o troféu. Trólebus. Sem i e com acento. Assim também trole. Tudo. Quando sintetiza uma enumeração, responde pela concordância da frase: Vinhos, mulheres, dinheiro, tudo concorreu para a sua perdição. Tudo a ver. E nunca “tudo haver”. O melhor, porém, é tudo que ver: Essa roupa tem tudo a ver (ou que ver) com você. Tudo de. Concordância. Ver alguma coisa de, página 35. Tudo o mais. E não “todo o mais” ou “tudo mais”. Tudo (o) que. Existem as duas formas, tudo que e tudo o que: Deu à família tudo o que estava ao seu alcance. / Fez pelo país tudo que pôde. / Conseguiu tudo (o) que queria. Tupiniquim. Como sinônimo de brasileiro, tem sentido depreciativo e já desgastado. Turbo... Liga-se sem hífen ao termo seguinte, eliminando-se o h e duplicando-se o r e o s: turboacionado, turboelétrico, turboélice, turbojato, turborreator. Turco... Liga-se com hífen ao elemento seguinte na formação de adjetivos pátrios: turco-asiático, turco-soviético. Nos demais compostos: turcofilia, turcomano. TV. Ver televisão, página 278. Tzar. Prefira czar e seus derivados, como czarista.

“Ua”. Não use. É preferível o cacófato (como em “uma mão”, por exemplo) a essa forma. Ue, ui (terminação). 1 — A terminação ue equivale ao subjuntivo dos verbos

Uma (crase)

em uar: continue, averigúe, recue, atue, acue, atenue, sue, etc. 2 — Já o final ui corresponde ao pres. ind. dos verbos em uir: inclui, intui, influi, atribui, polui, restitui, etc. Associe: ue — uar; ui — uir. Última, último. l — O adjetivo pode ser usado para mês, ano ou século, mas sem a menção do mês, ano ou século. Assim, no último mês, mas não “no último mês de abril”; no último ano, e não “no último ano de 1996”; etc. 2 — Não empregue a palavra também com os dias da semana: o tempo verbal deixará claro que a ação ocorreu no passado. Dessa forma: Fulano chegou quinta-feira (e não “na última” quinta-feira). / O congresso começou segunda-feira (e não “na última” segunda-feira). Último. Ver em primeiro, página 236, como fazer a concordância de o último ... que. Último adeus. Lugar-comum. Evite. Ultra... Prefixo que exige hífen antes de vogal, h, r e s: ultra-apressado, ultra-elevado, ultra-independente, ultra-oceânico, ultra-humano, ultra-realismo, ultra-som. Nos demais casos: ultracentrífuga, ultramarino, ultravioleta. Ultraleve. Variável: os ultraleves, aviões ultraleves. Ultrapassar. O verbo é direto: Conseguiu ultrapassar os (e não “aos”) retardatários. / Sua generosidade ultrapassou as (e não “às”) expectativas. Ultravioleta. Não varia: radiação ultravioleta, raios ultravioleta. Um (uso). Ver artigo indefinido, página 45. Uma (crase). Só existem dois casos de crase antes de uma: 1 — Com hora (porque não se trata do indefinido, mas do numeral): O trabalho começa à uma hora. Escreve-se igualmente da uma às quatro, e não “de uma às quatro”. 2 — Na locução à uma (de

Uma porção ou...

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uso raro), que significa ao mesmo tempo. Uma porção ou um sem-número de. Concordância. Ver maioria, página 167. Um daqueles que. Concordância. Ver um dos … que, nesta página. Um (uns) de. Concordância. Ver algum (alguns) de, página 35. Um desses que. Concordância. Ver um dos ... que, nesta página. Um dos ... que. 1 — O verbo normalmente vai para o plural: Ele é um dos deputados que mais lutam pelo contribuinte. Desdobre a frase: Dos deputados que mais lutam pelo contribuinte, ele é um. Outros exemplos: Ele foi um dos que saíram antes. / Esse foi um dos livros que encantaram sua juventude. / Foi um dos que mais vibraram... / Eis um dos que mais pedem... / Era um dos que mais lutavam pela liberdade individual. / Vinha ali um dos amigos que deviam... Às vezes o um pode ser omitido: Não sou (um) dos que pensam assim. / Foi (um) dos que se feriram no acidente. 2 — O verbo fica no singular apenas quando a ação se refere a uma única pessoa: Foi um dos seus livros que li ontem à noite. / Foi uma das peças de Brecht que estreou ontem em São Paulo. / Era um dos seus filhos que estava conosco ontem. 3 — Seguem o mesmo modelo as formas um desses que e um daqueles que. Um e outro. Concordância. l — Use o verbo, de preferência, no plural. O substantivo que vem depois de um e outro, se houver, fica no singular; o adjetivo que qualificar esse substantivo vai para o plural, no entanto. Exemplos: Um e outro queriam sair cedo. / Um e outro jornalista são competentes. / Um e outro jornalista americanos. / Um e outro livro antigos. 2 — A forma da locução não varia, mesmo que ela se refira a um termo masculino e a outro feminino:

Únicos

Ali estavam a mãe e o filho, um e outro (e não uma e outro) cansados da viagem. / O discurso e a crítica, um e outro lhe desagradaram. Úmero. Desta forma. “Um mil”. Não use um antes de mil. Se precisar escrever essas formas por extenso, use mil reais, mil e novecentos, etc. Um ou outro. Concordância. Verbo e substantivo, se houver, no singular: Um ou outro dos seus filhos ainda o visitava. / Um ou outro amigo bondoso às vezes lhe trazia flores. Um outro, um ... outro. 1 — Evite o artigo um antes de outro: Era outro homem que estava ali (e não “um” outro). / Dobramos outra esquina. / Use outra máquina. / Compre outro artigo. 2 — As formas um ao outro, um do outro e um para o outro ficam em geral no masculino quando aplicadas a pessoas de sexos diferentes: Pedro e Joana não disfarçavam a afeição que os ligava um ao outro. / Ali estavam irmão e irmã, a zombar um do outro. / Professora e aluno estavam imóveis, a olhar um para o outro. Um ... que. Concordância. O verbo concorda com o um: Sou um homem que acredita (e não “que acredito”) na verdade. / És uma pessoa que podia (e não “podias”) ter tido mais sorte na vida. Uni... Liga-se sem hífen à palavra ou elemento de composição seguinte: uniaxial, unioculado, unicameral, unilateral, unirreme, unissex, uníssono. União. Inicial maiúscula quando representa o governo federal: Os Estados vão pedir ajuda à União. União Européia. É o nome oficial, e não mais Comunidade Européia. Únicos. A palavra expressa a idéia de um, mas pode ser usada para indicar número muito pequeno em relação ao total ou algo superior a todos os demais: Eram os dois únicos sobrevi-

Ureter

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ventes do terremoto. / Seus romances eram únicos e sem rival. Ureter. Sem acento (pronuncia-se uretér). Urra. Forma do verbo urrar. A exclamação é hurra! Usuário. Recorra à palavra apenas quando não houver outra para substituí-la. Exemplo: usuário de computador. Nos demais casos, ela deve ser evitada: “Usuário” de ônibus, trem, metrô, avião, etc., é passageiro; “usuário” de rodovia é motorista; “usuário” de drogas é consumidor de drogas; “usuário” das praias é banhista ou turista, etc. Usucapião. No masculino: o usucapião. Usufruir. Prefira a regência direta: O país usufruiu os benefícios de sua posição. / Usufruía a companhia dos amigos com prazer. Usufruto. Com u.

Vai haver... A locução fica invariável se haver corresponder a existir: Vai haver milhares de mortes no trânsito este ano. / Muitos casos ainda vai haver iguais a este. Vai para. O verbo ir, nas expressões de tempo, é impessoal: Vai para cinco anos que o presidente renunciou. Da mesma forma vai por ou vai em. Vale-compra. Plural: vales-compra. Da mesma forma: vales-refeição, valestransporte, etc. Valentão. Flexões: valentona e valentões. Valer. Conjugação. Pres. ind.: Valho, vales, vale, valemos, valeis, valem. Pres. subj.: Valha, valhas, valha, valhamos, valhais, valham. Imper. afirm.: Vale, valha, valhamos, valei, valham. Imper. neg.: Não valhas, não valha, não valhamos, não valhais, não

Vazar

valham. Os demais tempos são regulares. Valer a pena. Sem crase. Valores absolutos. Cuidado, no noticiário, com valores absolutos como o mais, o único, o melhor, o maior e outros do gênero. Nem sempre o maior produtor mundial de... é realmente o maior. Também o mais..., o melhor..., o único... são formas que envolvem avaliações subjetivas. Procure, como norma, atribuir esses conceitos a alguém ou, no caso de o maior ou o único, recorra a estatísticas (mas não aceite meras indicações alheias) que provem a afirmação. E lembre-se: se você escrever que alguém é considerado o maior, o melhor, o mais, o único, explique por quem ele é considerado tudo isso. Valorizar, valorizar-se. Alguma coisa se valoriza e não valoriza, apenas: A moeda valorizou-se rapidamente. / Não sabia que sua casa se havia valorizado tanto. Vão. Flexões: vã e vãos. Varão. Flexões: virago (prefira), varoa, matrona e varões. Variantes. Se uma palavra tiver duas ou mais formas, adote sempre a mais usual. Assim, corrupto (e não corruto), aquarela (e não aguarela), descarrilar (e não desencarrilar, desencarrilhar ou descarrilhar), atribulação (e não tribulação), aspecto (e não aspeto), intacto (e não intato), jato (e não jacto), seção (e não secção), sutil (e não subtil), suscetibilidade (e não susceptibilidade), infectar (e não infetar), bêbado (e não bêbedo), etc. Vários de. Concordância. Ver algum (alguns) de, página 35. Vazar. Uma informação vaza, mas não se “vaza uma informação” (o verbo é intransitivo nesse sentido). Assim, não se pode escrever: Foram os funcionários que “vazaram” a informação. O certo: Foram os funcionários

Velho

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que fizeram (ou deixaram) vazar a informação. Velho. Cuidado com a carga de preconceito que a palavra encerra. Na maior parte dos casos, prefira idoso, menos agressiva. Vem, vêm, vêem. Vem — verbo vir, singular: O presidente vem hoje a São Paulo. Vêm — verbo vir, plural: O presidente e os ministros vêm hoje a São Paulo. Vêem — verbo ver, plural: Eles vêem muito bem. Nos derivados, vem, singular, passa a ser acentuado, enquanto vêm e vêem conservam essa forma: ele provém (de provir), eles intervêm, eles revêem. “Vem de”. Galicismo. Deve ser substituído por acaba de: Acaba de ser publicado o livro... (e não “vem de”) / Acaba de estrear a peça... Vencer o. E nunca vencer ao: O Vasco venceu o Fluminense. Vencimentos. Ver salários, página 259. Venda a. E não venda para: Venda de trigo ao Brasil. / A venda de mercadorias ao supermercado. Ver, vir. O verbo ver, quando usado no futuro do subjuntivo (precedido de se ou quando), assume a forma vir. Use, pois: Se eu vir (e não “ver”) João hoje... / Quando eles virem (e não “verem”) o prejuízo... / Só acreditaremos se virmos (e não “vermos”) a prova... Da mesma forma, quando ele revir (e não “rever”), se ele previr (e não “prever”), se nós entrevirmos (e não “entrevermos”), quando eles antevirem (e não “anteverem”). Atenção: prover não segue essa norma (se eu prover, quando eles proverem). Ver (conjugação). Pres. ind.: Vejo, vês, vê, vemos, vedes, vêem. Imp. ind.: Via, vias, via, víamos, víeis, viam. Pret. perf. ind.: Vi, viste, viu, vimos, vistes, viram. M.-q.-perf. ind.: Vira, viras, vira, víramos, víreis, viram. Pres. subj.: Veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam. Imp. subj.: Visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem.

Verbo (classificação)

Fut. subj.: Vir, vires, vir, virmos, virdes, virem. Imper. afirm.: Vê, veja, vejamos, vede, vejam. Imper. neg.: Não vejas, não veja, não vejamos, não vejais, não vejam. Part.: Visto. Os demais tempos são regulares. Ver (derivados). Atenção para o imp. subj. e fut. subj.: se eu antevisse, se eu antevir; entrevisse, entrevir; previsse, previr; revisse, revir (e não “antevesse “, “antever”; “revesse”, “rever”, etc.). Ver (locuções). As formas corretas são a meu ver, a nosso ver, a seu ver e não “ao” meu ver, “ao” seu ver, “ao” nosso ver, etc. Verão. Plural: verões (prefira) e verãos. Verbo (classificação). 1 — Transitivo direto a) Pede complemento sem preposição (objeto direto): O jornal publicou o artigo (publicou o quê? O artigo). / O contador conferiu o balanço. / O acusado confessou o crime. b) Em geral, pode ser usado na voz passiva: O balanço foi conferido pelo contador. / A reportagem será publicada pelo jornal. c) Admite como objeto direto os pronomes o, a, os e as: Diga-o, mostre-a, faça-os, comente-as. d) Ocasionalmente, pode estar acompanhado de preposição (mas responde normalmente à pergunta o quê?): Pegar da faca (pegar o quê? Da faca). / Arrancar da espada. / Cumprir com o dever. (Ver também objeto direto com preposição, página 201.) 2 — Transitivo indireto a) Pede complemento com preposição (objeto indireto): Todos precisamos de amigos (de quê? De amigos). / A platéia assistiu ao filme em silêncio (a quê? Ao filme). / Ele perdoou ao amigo. / A tropa obedeceu ao general. / Ele conversava com todos. b) Admite, em geral, os pronomes lhe e lhes (principalmente com os verbos que exigem a preposição a):

Verbo (conjugações)

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Ele lhes perdoou. / Obedeci-lhes. / A solução agrada-lhe. / Pagou-lhe. c) Há verbos indiretos que rejeitam lhe e lhes; nesses casos, use a preposição com ele, ela, eles e elas: Aspiro a ele. / Assistimos a ela. / Referiu-se a eles. / Recorreram a elas. Da mesma forma: aludir a, anuir a, atentar em, depender de, investir contra, simpatizar com. d) Não admite a voz passiva, com exceção de pagar, perdoar, obedecer, desobedecer e alguns outros: O médico foi pago por ele. / O amigo foi perdoado por nós. / A ordem foi obedecida por todos. A razão: esses verbos eram diretos antigamente. 3 — Transitivo direto e indireto Exige dois complementos, um sem e outro com preposição (objeto direto e indireto) simultaneamente: Entregou a pauta ao repórter (entregou o quê? a pauta; a quem? ao repórter). Ofereceu-o (dir.) aos amigos (ind.). / Disse-lhe (ind.) a verdade (dir.). / Propôs uma ação (dir.) contra o inquilino (ind.). 4 — Intransitivo a) Dispensa complemento, por já ter sentido completo. Freqüentemente, está acompanhado de palavra ou expressão que designa circunstância de tempo, modo, intensidade, etc. (adjunto adverbial), ou atributo, modo e estado de ser do sujeito (predicativo): Veio cedo (adj. adv.). / Chegou atrasado (pred.). / Ele venceu na vida. / Elas agiram bem. / O menino crescera muito. / Nasceu no Brasil. / O acidente ocorreu na curva. b) Rejeita a voz passiva (não se pode dizer, por exemplo, o acidente “foi ocorrido”). c) Alguns verbos intransitivos podem ocasionalmente ser usados como transitivos: Chorou lágrimas de sangue. / Sorriu um sorriso amarelo. d) Evite usar como intransitivos verbos transitivos (que pedem complemento): O país exporta muito (o

Verbo (conjugações)

quê?). / Os partidos manipulam nos bastidores (quem? o quê?). / O Santos lidera sozinho (o quê?). 5 — Verbo de ligação a) É o verbo que designa um estado, atributo ou modo de ser do sujeito, expresso por uma palavra ou expressão que se chama predicativo: Ele (suj.) é fraco (pred.). / A moça está doente. / O menino parece triste. / Todos andam aborrecidos. / O marido ficou de mau humor. / Ele permanecia calado. Verbo (conjugações). Primeira a) Geral. Exemplo para todos os verbos regulares: falar. INDICATIVO. Presente: Fal-o, fal-as, fal-a, fal-amos, fal-ais, fal-am. Imperfeito: Fal-ava, fal-avas, fal-ava, fal-ávamos, fal-áveis, fal-avam. Pretérito perfeito: Fal-ei, fal-aste, fal-ou, fal-amos, fal-astes, fal-aram. Mais-que-perfeito: Fal-ara, fal-aras, fal-ara, fal-áramos, fal-áreis, fal-aram. Futuro do presente: Fal-arei, fal-arás, fal-ará, fal-aremos, fal-areis, fal-arão. Futuro do pretérito: Fal-aria, fal-arias, fal-aria, fal-aríamos, fal-aríeis, fal-ariam. SUBJUNTIVO. Presente: Fal-e, fal-es, fal-e, fal-emos, fal-eis, fal-em. Imperfeito: Fal-asse, fal-asses, fal-asse, fal-ássemos, fal-ásseis, fal-assem. Futuro: Fal-ar, fal-ares, fal-ar, fal-armos, fal-ardes, fal-arem. IMPERATIVO. Afirmativo: Fal-a tu, fal-e você, fal-emos nós, fal-ai vós, fal-em vocês. Negativo: Não fa-les tu, não fal-e você, não fal-emos nós, não fal-eis vós, não fal-em vocês. INFINITIVO. Fal-ar. Flexionado: Fal-ar, fal-ares, fal-ar, fal-armos, fal-ardes, fal-arem. GERÚNDIO: Fal-ando. PARTICÍPIO: Fal-ado. b) Em ear. Modelo de um verbo regular terminado em ear. Pres. ind.: Ceio, ceias, ceia, ceamos, ceais, ceiam. Imp. ind.: Ceava, ceavas, etc.

Verbo (conjugações)

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Pret. perf. ind.: Ceei, ceaste, ceou, ceamos, ceastes, cearam. M.-q.- perf. ind.: Ceara, cearas, etc. Fut. pres.: Cearei, cearás, etc. Fut. pret.: Cearia, cearias, etc. Pres. subj.: Ceie, ceies, ceie, ceemos, ceeis, ceiem. Imp. subj.: Ceasse, ceasses, etc. Imper. afirm.: Ceia, ceie, ceemos, ceai, ceiem. Imper. neg.: Não ceies, não ceie, não ceemos, não ceeis, não ceiem. c) Em iar. Modelo de um verbo regular terminado em iar: alio, alias, alia, aliamos, aliais, aliam; aliava, aliavas; aliei, aliaste, aliou; aliara, aliaras; aliarei, aliarás; aliaria, aliarias; alie, alies, alie, aliemos, alieis, aliem; aliasse, aliasses; alia tu, aliai vós; etc. Segunda Exemplo para todos os verbos regulares: vender. INDICATIVO. Presente: Vend-o, vend-es, vend-e, vend-emos, vend-eis, vend-em. Imperfeito: Vend-ia, vend-ias, vend-ia, vend-íamos, vend-íeis, vend-iam. Pretérito perfeito: Vend-i, vend-este, vend-eu, vend-emos, vend-estes, vend-eram. Mais-que-perfeito: Vend-era, vend-eras, vend-era, vend-êramos, vend-êreis, vend-eram. Futuro do presente: Vend-erei, vend-erás, vend-erá, vend-eremos, vend-ereis, vend-erão. Futuro do pretérito: Vend-eria, vend-erias, vend-eria, vend-eríamos, vend-eríeis, vend-eriam. SUBJUNTIVO. Presente: Vend-a, vend-as, vend-a, vend-amos, vend-ais, vend-am. Imperfeito: Vend-esse, vend-esses, vend-esse, vend-êssemos, vend-êsseis, vend-essem. Futuro: Vend-er, vend-eres, vend-er, vend-ermos, vend-erdes, vend-erem. IMPERATIVO. Afirmativo: Vend-e tu, vend-a você, vend-amos nós, vend-ei vós, vend-am vocês. Negativo: Não vend-as tu, não vend-a você, não vend-amos nós, não vend-ais vós, não vend-am vocês.

Verbo (conjugações) IN F I N IT IV O. Vend-er. Flexionado: Vend-er, vend-eres, vend-er, vend-ermos, vend-erdes, vend-erem. GERÚNDIO: Vend-endo. PARTICÍPIO: Vend-ido. Terceira a) Geral. Exemplo para todos os verbos regulares: partir. INDICATIVO. Presente: Part-o, part-es, part-e, part-imos, part-is, part-em. Imperfeito: Part-ia, part-ias, part-ia, part-íamos, part-íeis, part-iam. Pretérito perfeito: Part-i, part-iste, part-iu, part-imos, part-istes, part-iram. Mais-que-perfeito: Part-ira, part-iras, part-ira, part-íramos, part-íreis, part-iram. Futuro do presente: Part-irei, part-irás, part-irá, part-iremos, part-ireis, part-irão. Futuro do pretérito: Part-iria, part-irias, part-iria, part-iríamos, part-iríeis, part-iriam. SUBJUNTIVO. Presente: Part-a, part-as, part-a, part-amos, p a r t - ais , par t -am . I m per feit o: Part-isse, part-isses, part-isse, part-íssemos, part-ísseis, part-issem. Futuro: Part-ir, part-ires, part-ir, part-irmos, part-irdes, part-irem. IMPERATIVO. Afirmativo: Part-e tu, part-a você, part-amos nós, part-i vós, part-am vocês. Negativo: Não part-as tu, não part-a você, não part-amos nós, não part-ais vós, não part-am vocês. INFINITIVO. Part-ir. Flexionado: Part-ir, part-ires, part-ir, part-irmos, part-irdes, part-irem. GERÚNDIO: Part-indo. PARTICÍPIO: Part-ido. b) Em uir. Modelo para todos os verbos regulares terminados em uir. Pres. ind.: Concluo, concluis, conclui, concluímos, concluís, concluem. Pres. subj.: Conclua, concluas, conclua, etc. Imper. afirm.: Conclui tu, concluí vós. Outros tempos: Concluía; concluiu; concluíra; concluirá; concluiria; concluísse; etc. Seguem este modelo os verbos afluir, anuir, argüir, atribuir, confluir,

Verbo (formação dos tempos)

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contribuir, constituir, desobstruir, destituir, diluir, diminuir, distribuir, estatuir, evoluir, excluir, fruir, imbuir, incluir, influir, instituir, instruir, intuir, obstruir, poluir, possuir, refluir, restituir, retribuir, substituir e usufruir. NÃO EXISTE a terminação ue nos verbos em uir: o certo é atribui, conclui, possui, inclui, etc. (e nunca “possue”, “inclue”, “atribue”, “conclue “, etc.). Verbo (formação dos tempos). Os tempos primitivos (três) formam todos os demais tempos derivados. Tome-se como exemplo o verbo valer: 1 — Presente do infinitivo pessoal (val-er) a) Imp. ind.: Valias, valia, etc. b) Fut. pres. ind.: Valerá, valerás, etc. c) Fut. pret. ind.: Valeria, valerias, etc. d) Infin. pess.: Valer, valeres, etc. e) Gerúndio: Valendo. f) Particípio: Valido. 2 — Presente do indicativo (valh-o) a) Pres. subj. É formado a partir da 1ª pessoa do pres. ind.: Valho — valha, valhas, valha, valhamos, valhais, valham. b) Imper. afirm.: Vales — vale (tu), valeis — valei (vós). As demais pessoas do imper. afirm. derivam do pres. subj., que também dá origem ao imper. neg. (ver, página 302). 3 — Pretérito perfeito do indicativo (val-i) a) M.-q.-perf. ind.: Valera, valeras, etc. b) Imp. subj.: Valesse, valesses, etc. c) Fut. subj.: Valer, valeres, etc. Verbo (modos e formas nominais). Veja sumariamente como usar os modos e tempos verbais. Indicativo É o modo do verbo que exprime um fato certo, real, ou assim considerado: Quer. / Pediu. / Não faremos. / Saíra cedo.

Verbo (modos e formas nominais) Seus tempos são: 1 — Presente a) Indica uma ação que ocorre no momento em que se fala, um fato de caráter permanente, constante, ou um atributo do sujeito: Quero sair já. / A Terra gira. / O menino é inteligente. / Levanta-se todo dia às 6 horas. b) Pode substituir o futuro, especialmente quando se trata de fatos próximos; é norma, porém, indicar o dia ou a época da ação: O presidente da Argentina chega (= chegará) amanhã ao Brasil. / Não posso (= poderei) sair esta noite. c) Pode substituir o passado, nas narrativas (é o presente histórico), ou o imperativo, tornando a frase, neste caso, menos impositiva: Júlio César sobe as escadas do Senado e recebe a primeira punhalada. / Quer fazer o favor de sair? / Você me vê isso depois. d) É o tempo que se usa, em vez do passado, para divulgar informações constantes de notas, documentos, livros, etc. (a ação não se esgota com a divulgação do fato): Em nota divulgada ontem, o governo condena os distúrbios... / O documento revela outros pormenores da negociata... / Na autobiografia publicada esta semana, o ator desmente... 2 — Pretérito imperfeito a) Indica, no passado, um fato não concluído ou que ocorria quando outro se verificou: Seu gesto mostrava impaciência. / Ele permanecia calado. / Passava pela rua quando ouviu a explosão. b) Exprime um fato habitual, uma ação no passado como se a pessoa a estivesse vivendo ou fatos passados tidos como permanentes: Ele vivia assim desde a morte da mulher. / A moça andava calada. / Do alto do edifício, a jovem olhava a cidade, pensava, imaginava-se em outro tempo e lugar. / A rua dava no porto.

Verbo (modos e formas nominais)

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3 — Pretérito perfeito a) A forma simples indica uma ação concluída, completamente realizada: Ele chegou. / Passamos por aqui na semana passada. / O jornal rejeitou o artigo. b) A forma composta (tenho feito) indica um ato continuado, repetido ou habitual: Ele tem feito falta ao time. / Os meninos têm saído muito. 4 — Pretérito mais-que-perfeito a) Indica o passado do passado, isto é, uma ação anterior a outra já realizada. Neste caso, a forma simples (saíra) equivale à composta (tinha saído): Ao chegar, notamos que a casa fora (havia sido) reformada. / O trem já partira (havia partido) quando ele se deu conta da hora. b) A forma composta, especialmente, pode designar um fato passado em relação ao momento atual ou um fato vagamente situado no passado: Tinha vindo dizer-lhe que este é o seu lugar. / Já haviam chegado os últimos imigrantes. c) Exprime desejo ou vontade, em frases exclamativas: Quisera eu ser rico! / Tomara ela venha hoje! Observação. A forma composta (tinha feito, havia saído) é jornalisticamente preferível à simples (fizera, saíra). 5 — Futuro do presente a) Expressa uma ação que ainda se vai realizar: Faremos amanhã o serviço. / O deputado garante que não comentará o escândalo. b) Pode exprimir incerteza, probabilidade, suposição ou até mesmo substituir o imperativo: Será que ele vem mesmo? / Ele ganhará, quando muito, o segundo prêmio. / Não matarás. c) Locuções formadas por ir, ter e haver mais infinitivo substituem cada vez mais o futuro: Só dois times vão passar (passarão) para a 2ª fase. / O governo vai mudar (mudará) novamente o Imposto de Renda. / Temos

Verbo (modos e formas nominais) de pensar (pensaremos) nisso primeiro. / Hei de vencer (vencerei). Observação. Com o verbo ir mais infinitivo, use o presente e não o futuro: Vai sair (e não irá sair), vai pedir (e não irá pedir), vai enviar (e não irá enviar). d) A forma composta (terão feito) indica a ação futura consumada antes de outra ou incerteza sobre fatos passados: Em uma semana teremos conseguido as informações. / Terá terminado a crise? 6 — Futuro do pretérito a) Antigo condicional, indica um fato futuro dependente da concretização de outro: Se ele pedisse, nós o faríamos. / Poderia sair quando quisesse. b) Exprime um fato futuro situado no passado e expressa dúvida, incerteza, probabilidade, suposição, idéia aproximada: O jogo decidiria quem era o melhor. / Ela teria seus 20 anos. / Eu faria o convite de outra maneira. c) Abranda um pedido, pergunta ou desejo e manifesta surpresa ou indignação em frases exclamativas e interrogativas: Você me faria um favor? / Quem diria que ainda fosse recorrer a nós. d) A forma composta (teria feito) emprega-se para indicar um fato que teria acontecido no passado sob certa condição ou uma dúvida sobre fatos passados: Se não fosse tão indolente, teria conseguido a vaga. / Não imagino como teria vindo parar aqui. Imperativo É o modo verbal que indica ordem, comando, exortação, conselho, convite, solicitação ou súplica: Vai-te embora. / Vá (você) embora. / Cheguem (vocês) mais para cá. / Sejamos (nós) os primeiros a sair. / Não o façais (vós) se perder. O imperativo refere-se sempre àquele a quem se fala;

Verbo (modos e formas nominais)

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por isso, não tem a 1ª pessoa do singular. 1 — Afirmativo a) As formas próprias do imperativo são a 2ª pessoa do singular e a 2ª do plural, ambas derivadas do presente do indicativo com a supressão do s: Tu andas (ind.), anda tu (imper.); vós andais (ind.), andai vós (imper.). b) As demais formas do imperativo são tiradas, sem nenhuma alteração, do presente do subjuntivo (3ª pessoa do singular e do plural e 1ª do plural). No caso das 3ªs pessoas, o interlocutor é você(s), o(s) senhor(es), etc. (e nunca ele ou eles). c) O modo completo: Anda tu, ande você, andemos nós, andai vós, andem vocês. O verbo ser, nas 2ªs pessoas, é a única exceção a essa norma: Sê tu, seja você, sejamos nós, sede vós, sejam vocês. 2 — Negativo Deriva inteiramente do presente do subjuntivo: Não andes tu, não ande você, não andemos nós, não andeis vós, não andem vocês. O verbo ser, neste caso, segue a regra: Não sejas tu, não seja você, não sejamos nós, não sejais vós, não sejam vocês. Subjuntivo É o tempo verbal em que o fato surge como algo duvidoso, incerto, provável, possível, eventual ou mesmo irreal. Usa-se o subjuntivo, assim, segundo Celso Cunha e Lindley Cintra, “nas orações que dependem de verbos cujo sentido está ligado à idéia de ordem, de proibição, de desejo, de vontade, de súplica, de condição e outras correlatas”. É o caso, por exemplo, dos verbos desejar, duvidar, implorar, lamentar, negar, ordenar, pedir, proibir, querer, rogar e suplicar. 1 — Casos principais a) Talvez, embora e negar que exigem sempre o subjuntivo: Talvez lhe

Verbo (modos e formas nominais) diga. / Embora você não queira, não iremos. / Negou que fosse o culpado. / Negou que se tivesse machucado. Se talvez estiver depois do verbo, usa-se o indicativo: O governo quis, talvez, surpreender a Nação. b) Nas orações ou expressões isoladas que exprimem desejo, hipótese, concessão, indignação, ordem ou proibição: Deus lhe pague. / Bons ventos o levem. / Possa ele chegar a tempo. / Raios o partam. c) Quando a oração principal exprime desejo, intenção, recomendação, vontade, dúvida e sentimento ou apreciação a respeito de alguma coisa: Aconselha que eu vá (aconselhou que eu fosse). / Consente que rezem. / Implorou que retornássemos. / Praza aos céus que ele saia. / Prefiro que você fique. / Esperava que tudo tivesse mudado. / Lamento que falem muito. / Temi que viessem hoje. / É bom que ele saia logo. / É pena que nada tenha mudado. / Tomara que soubessem a verdade. / Desconfio que algo o tenha abalado. / Suspeitava que o plano não daria certo. d) Com as alternativas (como quer ... quer, ou ... ou): Quer queira, quer não queira, sairemos todos. e) Quando um pronome relativo (que, quem, cujo, quanto, onde, o qual) exprime incerteza, probabilidade, conjuntura ou fim que se pretende alcançar: Não há mal que sempre dure. / Procuro encontrar quem saiba. / Buscava alguém cuja altura coincidisse com a sua. / Compre quanto queira. f) Nas orações (finais) iniciadas com para que ou a fim de que, nas orações (temporais) iniciadas por quando, antes que, assim que, depois que, logo que, tão logo, enquanto, até que, etc., e nas orações (concessivas) iniciadas por embora, ainda que, conquanto, posto que, mesmo que, se bem que, por mais que e sem que:

Verbo (modos e formas nominais)

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Empenhou-se para que tudo desse certo. / Sairei quando ele vier. / Acabe o trabalho antes que seja tarde. / Ainda que chova, sairemos esta noite. / Sem que tivesse necessidade, expôs-se ao perigo. / Embora não diga, quer mudar de emprego. g) Nas orações condicionais, nas orações intercaladas iniciadas por que, quando limitam uma hipótese, e nas orações causais iniciadas por não porque ou não que: Se estudasse, ele passaria. / Se eu pudesse ir, não mandaria ninguém no meu lugar. / Agiu como se ninguém o conhecesse. / Ninguém, que eu saiba, entrou aqui. / Eu, que me lembre, não disse isso. / Não que fosse o melhor, mas destacava-se pela persistência. h) Nas orações que indicam comparação ou conformidade: Faça como quiser. / Traga tanto quanto puder. i) Quando a oração principal já indica suposição, incerteza ou opinião, a segunda irá para o subjuntivo se essa idéia persistir e para o indicativo se exprimir um fato real: Acredito que ele seja o melhor (suposição). / Acredito que ele é o melhor (real). / Farei como você quiser (opinião). / Farei como você quer (real). j) Usam-se os tempos compostos do subjuntivo para indicar fato passado (supostamente concluído), fato futuro (encerrado em relação a outro fato futuro), ação anterior a outra ação passada, ação irreal no passado e fato futuro concluído em relação a outro fato futuro: Espero que você tenha saído a tempo. / Espero que você já tenha acabado o trabalho quando eu voltar. / Se tivesse recebido uma promoção, não teria mudado de emprego. / Quando vocês tiverem concluído a notícia, comecem a pensar no título. 2 — Tempos a) Presente. Além do momento atual (Ele pede que alguém a traga), o subjuntivo pode também indicar o

Verbo (modos e formas nominais) futuro: Não deixaremos de fazer nada que peça. b) Imperfeito. Pode ter o valor de passado (Não havia nada que lhe negasse), de presente (Tivesse juízo, teria melhor sorte) e de futuro (Queria premiar o que escrevesse a melhor reportagem). c) Perfeito. Forma composta (tenha feito), exprime um fato passado e supostamente concluído (Esperamos que tenha encontrado o que procurava) ou futuro e concluído em relação a outro fato futuro (Em dois meses acreditamos que tenha terminado a tarefa). d) Mais-que-perfeito. Forma composta (tivesse feito), indica ação anterior a outra no passado (Os pais esperavam que os filhos houvessem partido a tempo) ou uma ação irreal no passado (Se tivessem pensado nos amigos, teriam sido recompensados). e) Futuro simples. Depende de uma oração que pode estar no futuro ou no presente: Se puder, sairei cedo. / Quando chegar o momento, ele lhes dirá. / Se eu vier, você saberá. f) Futuro composto. Expressa um fato futuro como terminado em relação a outro fato futuro: Quem tiver feito o melhor texto será premiado. / Se você já tiver iniciado o trabalho, deixe-o de lado. Gerúndio O gerúndio apresenta duas formas, a simples (chegando, vencendo) e a composta (tendo ou havendo chegado, vencido). A forma simples expressa uma ação em curso e a composta, uma ação concluída: Chegando a hora da partida, o trem apitou. / Tendo chegado ao fim da linha, o trem foi recolhido. 1 — Usos do gerúndio a) Define uma circunstância adverbial (causa, tempo, modo, meio, condição, concessão, etc.): Dizendo

Verbo (modos e formas nominais)

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isso, ele se retirou. / Podendo, escreverei o texto ainda hoje. / Sendo muito jovem, não sabia das coisas da vida. b) Modifica um substantivo ou palavra substantivada: Vi o homem fazendo um esforço sobre-humano. / Eram pedras caindo sobre o ônibus. Pode ser substituído pela expressão com o pronome que (que fazia, que caíam) ou pelo infinitivo com a preposição a (a fazer, a cair). c) Nas locuções verbais, como predicativo e como aposto do sujeito: Estava fazendo muito barulho. / Vinha sendo o melhor. / Ele está saindo muito. / Ele vive lutando. / Todos, vendo-me chegar, correram para me abraçar. / Eles, fazendo-se de surdos, desconversaram. d) O gerúndio com a preposição em é característico do estilo literário e deve ser evitado em jornal: Em se realizando o jogo, todos assistiremos a ele. / Ele, em se dando ao trabalho, faria um texto muito melhor. 2 — Gerúndio incorreto a) Nos casos em que o gerúndio equivale a uma oração adjetiva (exprime uma qualidade do substantivo e pode ser substituído por que mais indicativo ou subjuntivo): Precisa-se de um empregado “falando” inglês (o certo: que fale). / Queria uma casa “dispondo” de cinco quartos (que dispusesse). b) Nos casos em que o gerúndio pode ser substituído pelas preposições de ou com: Uma casa “contendo” (o certo: com) cinco quartos. / A casa “tendo” o (de) número 60. / Um livro “incluindo” (com) figuras. c) Com o gerúndio não se usa o infinitivo flexionado: Podendo ser feitos (e não serem feitos). / Querendo ter saído (e não terem). d) Dois ou mais gerúndios só devem aparecer no mesmo período quando ligados por conjunções como e, ou, nem, etc.: Ali passaram a noite,

Verbo (modos e formas nominais) bebendo, jogando e comendo. / Não se pronunciando nem se decidindo, retardava uma decisão do partido. / Nunca sabiam se ele estava partindo ou chegando. Por isso, não use o gerúndio, no mesmo período, em orações que simplesmente se sucedam sem nenhum encadeamento como: Não repercutiram bem no Palácio Guanabara as fotos mostrando o chefe da Polícia Civil visitando a 13ª DP calçando sandálias de couro. / Ele estava continuando compondo as músicas. / Narradores tarimbados ficavam enchendo lingüiça, repetindo frases feitas, confiando na própria experiência para encher o tempo, tendo poucas informações, pontificando sem ter muitos conhecimentos. / O banco está gastando uma fortuna veiculando anúncios dizendo que seus serviços são os melhores do mercado. / O guerrilheiro recusou-se a se render, caindo disparando sua arma. 3 — Repetição Evite a repetição excessiva do gerúndio, que tira a força da frase (principalmente quando ele não faz parte de uma enumeração ou seriação): O presidente, dando ênfase à declaração, garantiu que estava fazendo todos os esforços pelo país, tentando assim convencer a população de que seus esforços não vinham sendo vãos e exortando os cidadãos a que continuassem tendo esperanças. Particípio Indica geralmente uma ação concluída ou relacionada com o passado: Encerrada a festa, todos saíram. / Tinha chegado a sua hora. 1 — Com auxiliar Forma a voz passiva (com ser e estar) e os tempos compostos (com ter e haver) da voz ativa: A festa será iniciada às 21 horas. / Estava prepa-

Verbo (particularidades)

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rada para o casamento. / Temos tido muita sorte. / Havia deixado a sala. 2 — Sem auxiliar a) Exprime uma ação acabada: Feita a ressalva, vamos prosseguir. / Encontrada a solução, deram-se por satisfeitos. b) O particípio dos verbos transitivos tem em geral valor passivo e o dos verbos intransitivos, valor ativo: Definidas as condições, passaram à votação (passivo). / Perdidas as esperanças, encerraram as buscas (passivo). / Vindos da capital, ali buscavam pousada (ativo). / Chegado o momento, todos o procurarão (ativo). c) O particípio freqüentemente tem o valor de simples adjetivo: Era um homem derrotado. / Usava um vestido desbotado. / O touro enfurecido atacou a multidão desprevenida. Verbo (particularidades). 1 — O imperativo exige um interlocutor: por isso não tem a 1ª pessoa do singular (eu) e, na 3ª, refere-se a você e vocês, e não a ele e eles. Na 1ª pessoa do plural, subentende-se que o pronome nós engloba tanto quem fala como o interlocutor ou interlocutores. 2 — O verbo ser é o único que, no imperativo afirmativo, não segue a norma: sê tu, sede vós (e não “é tu”, “soi vós”). 3 — Entre outros, não têm imperativo os verbos poder, caber, querer e acontecer. 4 — Não existe acento nas formas em amos do pretérito perfeito: amamos (e não “amámos”), gostamos, etc. (a pronúncia também é com som fechado). 5 — Os verbos em ear têm som aberto quando essa é a pronúncia do substantivo correspondente: idéio, idéiam (de idear), estréio, estréiam (de estrear). 6 — Os verbos em ger e gir mudam o g em j antes de a e o: protejo, infrinjo (infringir), reja (reger), tanja (tan-

Verbos com se

ger), constranja, dirijo, fuja, exija, finjo, inflija (infligir), etc. 7 — Os verbos em guer e guir perdem o u antes de a e o: ergo, sigo, distingo, extinga. 8 — Os verbos em iar são regulares, com cinco exceções: ansiar, incendiar, mediar (e seu derivado intermediar), odiar (ver este como modelo, página 203) e remediar. 9 — Os verbos em jar mantêm o j em todos os tempos: viajo, viaje, viajem, viajei, viajou, etc. 10 — Os verbos em oar, à exceção de coar (côa, côas), só têm acento no grupo ôo: abençôo, magôo, rôo, vôo. Nos demais tempos: abençoe, magoa, roa, voe. 11 — Atenção para o acento dos verbos em oiar: apóio, apóias, apóia, apoiamos, apoiais, apóiam; que eu apóie, apóies, apóie, apoiemos, apoieis, apóiem; apóia tu, apoiai vós. 12 — Atenção para estas formas verbais corretas: crêem, dêem, lêem e vêem; tem (singular) e têm (plural); vem (sing.) e vêm (pl.). 13 — As formas da 1ª pessoa do plural (nós) perdem o s final antes dos pronomes oblíquos lo, la, los, las, nos e vos: demo-lo, pusemo-la, fizemolos, ouvimo-las, cansamo-nos, pedimo-vos, etc. 14 — Há verbos que têm dois particípios, um regular e outro irregular. Com ter e haver, use o regular e com ser e estar, o irregular: Tinha expulsado, foi expulso; havia suspendido, estava suspenso. 15 — Nunca ligue o pronome oblíquo ao futuro do presente, ao futuro do pretérito e ao particípio (não existem, pois, formas como: “farão-nos”, “dará-lhes”, “pediria-lhe”, “revelariame”, “feito-lhe”, “dado-nos”, “mostrado-a”, “formado-se”, etc.). Verbos com se. Determinados verbos que dispensam complemento só podem ser usados com o pronome se. Repare que na maior parte dos casos

Verbos defectivos

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abaixo eles têm função reflexiva. Eis os principais: aborrecer-se, abster-se, acender-se, afastar-se, apagar-se, apiedar-se, apoderar-se, aposentar-se, aproximar-se, arrepender-se, assustar-se, ater-se, atrever-se, classificarse, complicar-se, comportar-se, comprazer-se, condoer-se, debruçar-se, defender-se, deitar-se, derreter-se, destinar-se, desvalorizar-se, desviar-se, deteriorar-se, difundir-se, dignar-se, distrair-se, divertir-se, encerrar-se, enrugar-se, espalhar-se, espatifar-se, estraçalhar-se, estragar-se, esvaziar-se, evadir-se, expandir-se, formar-se, imiscuir-se, incendiar-se, indignar-se, iniciar-se, irradiar-se, lambuzar-se, lembrar-se, limpar-se, normalizar-se, orgulhar-se, oxidar-se, precaver-se, propagar-se, queixar-se, rasgar-se, refletir-se, reproduzir-se, romper-se (como quebrar-se), suicidar-se, sujarse e valorizar-se. Exemplos: Nós nos aborrecemos com eles. / Eles se abstiveram de opinar. / A luz acendeu-se (apagou-se). / Todos se afastaram do local. / Nós nos apiedamos deles. / Os irmãos apoderaram-se da sua parte. / O contador aposenta-se (e não “aposenta”, apenas) no ano que vem. / A temperatura aproxima-se dos 40 graus. / Ninguém se arrependeu do que fez. / O repórter ateve-se à pauta. / Eu me atrevi a convidá-lo. / O piloto classificou-se para a final. / A situação complicou-se (e não “complicou”) para todos. / Alguns se comportaram mal. / Ele se comprazia com a desgraça alheia. / A mãe condoeu-se da sua situação. / Ela se debruçou à janela. / Todos ali se deitam cedo. / A neve derrete-se no verão. / O livro destinava-se ao amigo. / O carro desviou-se (e não desviou) do outro. / A carne deteriorou-se (estragou-se). / A notícia difundiu-se (espalhou-se, irradiou-se, propagou-se) rapidamente. / Nem se dignou de nos avisar. / Eles se distraíram (se divertiram) muito. / O prazo

Verbos intransitivos

encerra-se amanhã (e não “encerra”, apenas). / A garrafa espatifou-se no chão. / Eles se estraçalharam. / As ruas esvaziaram-se cedo. / Os presos evadiram-se. / O mito expandiu-se pelo país. / Nós nos formamos em Letras. / Não se imiscua em assuntos alheios. / O prédio incendiou-se ao amanhecer. / O jogo inicia-se às 18 horas (e nunca “inicia” às 18 horas). / A criança lambuzou-se. / Ele não se lembrava de nada. / As crianças limparam-se (sujaram-se) logo. / A distribuição de água normalizou-se rapidamente. / Não nos orgulhamos do fato. / O carro oxidou-se pela ação da maresia. / Ele se precavia sempre. / Eu nunca me queixava. / A roupa rasgou-se. / A denúncia refletiu-se (e não “refletiu”) no Congresso. / Bons exemplos nem sempre se reproduzem como deveriam. / A caixa rompeu-se com a queda. / O dinheiro valorizase (desvaloriza-se) todos os dias. Verbos defectivos. São aqueles que não têm alguns tempos ou pessoas: abolir, banir, colorir, falir, latir, explodir, reaver, etc. As formas inexistentes devem ser substituídas por outras, de verbos equivalentes, ou por locuções verbais: Ele recupera (por reaver), que ele revogue ou extinga (por abolir), que ele expulse (por banir), que comece a latir, que abra falência, que venha a explodir, etc. Verbos intransitivos. Não podem ser usados com ser, mas apenas com ter ou haver: Ele tinha saído. / O acidente havia ocorrido uma semana antes. / O homem tinha desaparecido. / Ele havia passado cedo por aqui. / Todos tinham sumido. / Ele havia caído do andaime. Nunca escreva, por isso: Foi saído, foi ocorrido, foi desaparecido, foi passado, foi sumido, foi caído, foi piorado. Literariamente, apenas, se admite a voz passiva com verbos intransitivos, e com poucos deles, como: Cinco sóis eram passa-

Verbos mais que errados

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dos... / Era nascido na capital. / Era vindo do interior. Verbos mais que errados. 1 — Há verbos que, por questão de significado, não podem ser acompanhados de que. Em geral, eles equivalem aos diversos sentidos de dizer (verbos dicendi). Veja um exemplo: alguém defende uma idéia, uma posição, mas nunca defende que alguma coisa se realize ou concretize. Assim, são erradas ou no mínimo impróprias as formas: acusar que, alertar que, antecipar que, apontar que, aprovar que, assumir que, citar que, comentar que, continuar que, defender que, definir que, denunciar que, desmentir que, difundir que, divulgar que, enfatizar que, indicar que, justificar que, mencionar que, narrar que, proferir que, prosseguir que, referir que, registrar que e relatar que. 2 — Podem, porém, ser normalmente usadas as formas: acrescentar que, adiantar que, admitir que, advertir que, afiançar que, afirmar que, aguardar que, assegurar que, asseverar que, atestar que, certificar que, comprovar que, concordar que, confirmar que, constatar que, declarar que, determinar que, dizer que, esperar que, garantir que, jurar que, negar que, ordenar que, prever que, prometer que, reiterar que, repetir que, ressaltar que, ressalvar que, revelar que e verificar que. Verbos sem pronome. Use sem pronome estes verbos: acordar (e não acordar-se), confraternizar, ombrear, proliferar e sobressair. Exemplos: Ele acorda cedo todos os dias. / Nós confraternizamos com os vizinhos. / Todos confraternizaram. / O lutador ombreia com os adversários. / Os micróbios proliferam rapidamente. / Sua inteligência sobressaía pelo brilhantismo. / Ele sobressai aos demais. Vereador. Da Câmara paulistana e não à Câmara paulistana.

Viagem a, viajar para

Ver mais infinitivo. 1 — Não flexione o infinitivo: Vi-os partir. / Os empresários viram seus lucros dobrar. 2 — Ver infinitivo, página 145. Vernissage. Palavra masculina: o vernissage. Versar. Regência. 1 — Versar sobre alguma coisa: A conferência versou sobre os supercondutores. / Ele versava sobre qualquer assunto. 2 — Podese também versar alguma coisa: Seu texto versava os escritores românticos. / Versou tudo que lhe veio à cabeça. Vestir. Conjuga-se como servir (ver, página 266). Vez. 1 — A locução de vez que não existe em português e deve ser substituída por uma vez que, pois, porque: Foi advertido, uma vez que (e não “de vez que”) se portou mal. 2 — Não confunda essa locução com de vez, correta como equivalente a quase maduro ou taxativamente: A fruta estava de vez. / Pôs fim de vez ao boato. 3 — Ver em invés, página 150, a diferença entre em vez de e ao invés de. Via de. A locução é em via de e não em “vias” de: Estava em via de partir. / São espécies em via de extinção. “Via de regra”. Substitua a locução por em geral, normalmente, comumente, quase sempre ou equivalente. Viagem, viajem. Viagem é o substantivo (Uma viagem, a viagem do presidente) e viajem, o tempo do verbo: Tente encontrá-los antes que viajem para Londres. / É preciso que viajem imediatamente. Viagem a, viajar para. Use a com viagem e para com viajar: O presidente iniciou a viagem à China. / O presidente deverá viajar para a China. / O ministro viaja amanhã para Paris. / A nova viagem do ministro a Paris. Viajar admite ainda a preposição por: Viajou pelo Brasil. Não use, porém, a forma viajar a (Viajou “ao” Rio, via-

“Viatura”

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jou “aos” Estados Unidos), que não existe. “Viatura”. Jargão policial. Use carro ou, em último caso, veículo. Vice. 1 — Exige hífen sempre: vice-almirante, vice-campeão, vice-governador, vice-líder, vice-presidente, vice-rei, vice-secretário. 2 — Quando substantivado, tem plural: os vices (governadores, prefeitos, etc.). Vice-Presidência. Inicial maiúscula quando se tratar da Nação: candidato à Vice-Presidência (da República). Minúsculas nos demais casos: a vicepresidência da empresa, etc. Video... Liga-se sem hífen ao elemento seguinte: videocassete, videoclipe, videodisco, videogame, videojogo, videolaser, videoteipe. Viger. 1 — E a forma correta, e não “vigir”. De qualquer forma, prefira vigorar. 2 — Se precisar usar viger, porém, saiba que o verbo é regular, mas não tem a 1ª pessoa do pres. ind. e todo o pres. subj. Nos demais casos: vige, vigem; vigia, vigiam; vigeu, vigeram; vigerá, vigerão; vigesse, vigessem; etc. Vilão. Flexões: vilã (prefira), viloa, vilões (prefira), vilãos e vilães. Vimos, viemos. Vimos indica o presente do verbo vir e viemos, o passado: Vimos agora trazer-lhe nossa solidariedade. / Vimos todo dia de ônibu